Discurso durante a 214ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Celebração aos oitenta anos da chegada no Brasil dos missionários norte-americanos de Utah e do início da pregação Mórmon no Brasil.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Celebração aos oitenta anos da chegada no Brasil dos missionários norte-americanos de Utah e do início da pregação Mórmon no Brasil.
Publicação
Publicação no DSF de 23/11/2007 - Página 41664
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO, INICIO, ATUAÇÃO, GRUPO RELIGIOSO, BRASIL, SAUDAÇÃO, AUTORIDADE RELIGIOSA, DEPUTADO FEDERAL, PRESENÇA, SESSÃO SOLENE, ELOGIO, DISCURSO, EDSON LOBÃO, SENADOR, ANALISE, ORADOR, IMPORTANCIA, FORTIFICAÇÃO, LEIS, FAMILIA.
  • COMENTARIO, PRONUNCIAMENTO, JORNALISTA, ALEGAÇÕES, REDUÇÃO, CRIME, PROXIMIDADE, CIDADÃO, IGREJA, DEFESA, NECESSIDADE, AMPLIAÇÃO, NUMERO, TEMPLO, INSTITUIÇÃO RELIGIOSA, SAUDAÇÃO, MOTORISTA, ORADOR, PARTICIPANTE, GRUPO RELIGIOSO.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Edison Lobão, que preside esta sessão em homenagem aos mórmons, Parlamentares presentes, peço permissão para saudar todos os líderes religiosos na pessoa do Moroni Torgan. E são tantos que eu poderia esquecer alguns, mesmo involuntariamente, o que seria imperdoável.

            Brasileiras e brasileiros aqui presentes e os que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado. Senador Edison Lobão, Deus escreve certo por linhas tortas. Esta é a única solenidade de homenagem que teve segundo turno, segundo expediente. Deus escreve certo por linhas tortas. V. Exª e todos falaram tão bem; a Casa está representada. Eu já esperava isso, porque recentemente o Senador Edison Lobão, na minha cidade, Parnaíba, foi homenageado por uma emissora que completava 25 anos. No seu pronunciamento, eu detectei a profundeza dos conhecimentos cristãos de Edison Lobão.

            Moroni Torgan, eu só não quero que Edison Lobão transfira o título para o Piauí, porque aí ele levaria todos os votos, pela firmeza cristã que ele passou na minha cidade natal.

            Mas o mundo está aí, o homem é o homem e suas circunstâncias. Ortega y Gasset. O mundo muda e mudou. Até o Deus que o fez tentou, e ele via maldade e tentava melhorar. Muitas tentativas de luz. Aí resolveu mandar um filho especial, Jesus. Começa aí o ensinamento. Ele, o Deus, não desgarrou o filho especial; Ele botou numa família, Jesus, Maria, José, a Sagrada Família. Este é o grande ensinamento: a família.

            Rui Barbosa. Vejam que esta Casa tem 183 anos! Muita confusão. Em uma das grandes confusões, o Edison Lobão fez como Moisés. Atentai bem! Moisés recebeu uma missão e acreditou nela: levar a Igreja de Deus, trazer até hoje, até aqui, até os mórmons. Ele não quis saber se havia Mar Vermelho. 

            Mas nós estamos aqui justamente inspirados em Moisés. Ele pegou as leis, ensinando-nos o que Deus mandou nos dizer: tem que ler lei. Por isso Rui Barbosa está ali e que ele disse: “Só há um caminho e uma salvação: é a lei e a justiça”. O próprio Deus ensinou. Está aqui: Moisés, leve as leis. Esta é a Casa de leis. Mas, houve hora, Moroni, que Moisés quis desistir; mas, bravo, enfrentou o Mar Vermelho, deserto de faraó, peste, seca, muito pior do que aquelas do Ceará. Quarenta anos! E, de repente, o povo desgarrou. Bezerro de ouro. Moisés quebra as leis e quis desistir. E ouviu uma voz: busque os mais velhos e os mais experientes que eles lhe ajudarão a carregar o fardo do povo. Então, Moroni, nasceu essa idéia de Senado, melhorado na Grécia, melhorado em Roma, melhorado na França, na democracia, melhorado na Inglaterra, nos Estados Unidos, dos mórmons, melhorado aqui com Rui Barbosa e conosco.

            Edison Lobão, esse negócio de dizer que o Senado... Aqui houve tormenta; houve um Mar Vermelho revoltoso. De repente, Deus o coloca na presidência. Aí, Ele busca um santo, hoje é santo, está no céu, Ramez Tebet. Então, estamos nestas tormentas, mas há esperança.

            Há aquele livro, Moroni, Verdes mares bravios; V. Exª deve ter lido O Velho e o Mar, de Ernest Hemingway. “A maior estupidez é perder a esperança”. Não podemos perder a esperança; esta Casa tem de ser a esperança da democracia deste País.

            Outro dia, o nosso Presidente Tião foi infeliz, errarre humanum est, quando disse que aqui não tem estrela. Não tem. Mas há homens de vergonhas, homens compromissados com o povo e com a democracia. Esse é o meu entendimento. Mas por que Rui Barbosa está ali? Por isso. A pátria é a família amplificada! É a família. Estou nesta Casa há quatro anos e dez meses, e vou mostrar o que aprendi aqui.

            Cícero, uma vez, no senado dele, mais complicado do que este... Olha que elegeram uma vez um cavalo lá, incitatus, Calígula o fez senador. Lá houve facada, e morreu gente no meio do Senado. Então este é um dos melhores senados da história do mundo; nós estamos aqui para isso e vamos provar isso.

            Este Senado tem essas dificuldades, mas aprendi aqui. E aqui é para conter os pais da Pátria. O Luiz Inácio, nosso Presidente, querido Presidente, homem generoso, ele tem que entender isto. E aprendi aqui uma coisa, e é velha. Lá, no senado romano, ô Romeu Tuma, Cícero já bradou: “Pares cum paribus facilime congregantur”. É, Luiz Inácio, violência atrai violência. Como é atual, não é? Mas aprendi aqui, Luiz Inácio, e V. Exª há de aprender conosco. Só tem uma razão do Senado se batermos aqui e podermos ensinar ao Luiz Inácio que “pares cum paribus facilime congregantur”. Cícero! Eu aprendi aqui nesses debates.

            Aliás, quis Deus estar aí o Magno Malta, que é o que mais fala de violência, que se preocupa, que luta, que brada, que clama, que chora. Mas aprendi aqui e quero trazer isso para o Luiz Inácio. Se não for isso, fecha. Ô Deus, jogue um raio aqui. Para que essa despesa? Eu quero ensinar ao Luiz Inácio. Marisa, não deixe os aloprados nos dois ouvidos do Luiz Inácio. Aloprados. Essa foi a palavra mágica de Luiz Inácio para essa Casa ser clemente. Ele bradou no mar de corrupção: “Foram os aloprados. Foram os aloprados. Foram os aloprados”. E nós fomos clementes. Acreditamos em nosso Presidente. Foi isso que o salvou. Ele podia receber um impeachment. O nosso companheiro Presidente Collor, que hoje é Senador - senta bem aí -, cometeu um pecado venial: um fiatzinho, uma pintura na casa da Dinda. O PC, o Collor nunca o nomeou na prefeitura ou no governo.

            Nós atendemos o clamor e fomos tolerantes. Não fizemos o impeachment. O povo o absolveu e está aí. Não estamos reclamando. Mas, quanto àqueles da Justiça - bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça - carimbaram - corruptos - os quarenta aloprados. E o que mais botou tinta foi o Procurador-Geral da República nomeado pelo Luiz Inácio.

            Essa é a verdade. “Em verdade, em verdade, eu vos digo”... Foi isso, Tuma, que disse o Cristo. Não tem outro caminho a não ser o da verdade. E a CPMF... A CPMF, Luiz Inácio, é mentira. Mentira na sua origem - provisório... provisório é provisório. Luiz Inácio tem que abrir o dicionário. Mentira no seu meio: que vai para a saúde; não vai para saúde. Todo mundo sabe: eu vou fazer 41 anos de médico no dia 16 de dezembro, formado no Ceará, médico de Santa Casa. E é mentira que só branco paga. Usa até preconceito racial para defender.

            Então essa Casa é para isso.

            Eu aprendi aqui, Edison Lobão. E os mórmons estão aqui, o melhor testemunho. E vou dar dizer por que estou aqui. V. Exª me atrai, me lidera, mas um mórmon... E é simples: um quadro vale por dez mil palavras. Nessas reuniões sobre violência, que são inúmeras, nas audiências públicas, chega um e diz: “Bota o Exército, cadeira elétrica, faz um paredão, como Fidel Castro, capa, bota lá... Tem idéia de todo jeito. Cada um dá uma idéia... Eu vi uma idéia de um jornalista, como V. Exª. Em uma dessas audiências, ele só disse o seguinte: Luis Inácio,... Vamos todos nós, brasileiros e brasileiras... O problema é nosso. O jornalista disse que freqüentava as favelas, os bairros pobres onde os índices de criminalidade eram maiores e observou o seguinte: onde tinha uma igreja a criminalidade era menor. Então, este País precisa de Deus. Precisa é... Saiam daqui e trabalhem mais! Nós temos muito poucas igrejas Mórmon. Muito poucas! Nós não temos um milhão, ainda! O País já está com 187 milhões! Nós não temos 1%!

            E eu quero lhe dizer: meu nome é Francisco. Aquele que mais se aproximou de Cristo e que levou a igreja aos pobres. Quero dizer, então, que sou católico, como Edison Lobão. A vida política nos obrigou a conviver, a entender a grandeza de Lutero, de Calvino, de Smith. Por isso estamos aqui.

            (Interrupção no som.)

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Sr. Presidente, peço apenas mais um minuto. Em um minuto Jesus criou o Pai-Nosso. São 56 palavras.

            Tenho 65 anos de idade. Convivi com muita gente, mas - eu disse outro dia - quem mais me comoveu foi meu motorista Bento, mórmon. Vi a grandeza. Eu vi a firmeza. Eu vi a dignidade.

            Agora eu me igualo ao Luiz Inácio. Ele gosta de tomar umas. Eu também tomo. O Edison Lobão confessou que gosta de vinho.

            Com todo o respeito, digo que me tranqüilizava quando andava pelas estradas esburacadas do Piauí, nas piçarras, cumprindo o meu dever, entregue à responsabilidade, à força cristã, à firmeza e à dignidade do motorista mórmon que eu tinha.

            Ó, Deus - como disse Castro Alves em O Navio Negreiro: “Onde estás, Deus, que não respondes?” -, vamos multiplicar essa igreja mórmon no meu Brasil. Aí teremos paz, ordem e progresso.

            Era o que tinha a dizer. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/11/2007 - Página 41664