Discurso durante a 222ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Congratulações ao povo venezuelano pelo "não" dado ao Presidente Hugo Chávez no plebiscito realizado ontem.

Autor
Flexa Ribeiro (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
Nome completo: Fernando de Souza Flexa Ribeiro
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA INTERNACIONAL. POLITICA EXTERNA.:
  • Congratulações ao povo venezuelano pelo "não" dado ao Presidente Hugo Chávez no plebiscito realizado ontem.
Publicação
Publicação no DSF de 04/12/2007 - Página 43072
Assunto
Outros > POLITICA INTERNACIONAL. POLITICA EXTERNA.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, POPULAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, VENEZUELA, DESAPROVAÇÃO, TENTATIVA, HUGO CHAVEZ, PRESIDENTE DE REPUBLICA ESTRANGEIRA, ALTERAÇÃO, CONSTITUIÇÃO ESTRANGEIRA, GARANTIA, PERPETUIDADE, PODER, RESTRIÇÃO, LIBERDADE DE EXPRESSÃO, IMPLANTAÇÃO, AUTORITARISMO, AMERICA DO SUL.
  • LEITURA, TRECHO, DISCURSO, MARISA SERRANO, SENADOR, DEFESA, NECESSIDADE, CONGRESSO NACIONAL, EMPENHO, GARANTIA, PAZ, PAIS, AMERICA LATINA.
  • QUESTIONAMENTO, CONDUTA, EDUARDO SUPLICY, SENADOR, AUSENCIA, ASSINATURA, VOTO, CONGRATULAÇÕES, REI, PAIS ESTRANGEIRO, ESPANHA.

O SR. FLEXA RIBEIRO (PSDB - PA. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Antonio Carlos Valadares, Srªs e Srs. Senadores, venho a esta tribuna para me congratular com o povo venezuelano pelo rotundo “não” dado ao histriônico Presidente Hugo Chávez no plebiscito realizado ontem, domingo, barrando seu projeto ditatorial de perpetuação no poder.

Mais de 50% dos eleitores venezuelanos disseram “não” às esdrúxulas propostas de mudança na Constituição venezuelana, contrariando três pesquisas de boca-de-urna, Senador Heráclito Fortes, e as declarações de Chávez e de seus Ministros. Soberanamente, disseram “não” à possibilidade de Chávez concorrer indefinidamente à reeleição e à concessão de poderes extraordinários para restringir a liberdade de expressão durante os estados de exceção, propostas às quais se opunham até mesmo alguns membros do governo.

Embora Hugo Chávez continue popular e poderoso, essa foi a primeira derrota sofrida por ele em nove anos. Apesar da derrota, Chávez já declarou que sua proposta continua viva, o que sinaliza sua intenção de continuar lutando para implantar na América do Sul seu modelo autoritário de estado.

Acho que a lição de democracia do povo venezuelano deve servir de alerta a todos aqueles que se acham ungidos e perdem a noção dos limites impostos pela democracia. É ótima lição para o ex-Ministro José Dirceu, que disse, Senador Antonio Carlos Valadares - e sei que V. Exª não compactua com isso -, antes de votar na eleição interna do Partido dos Trabalhadores, que um terceiro mandato para o Presidente Lula é legal e constitucional. Digo que não o é, por uma simples questão: o povo não quer.

Na Venezuela, uniram-se estudantes, trabalhadores, ONGs, empresários, partidos de oposição, o clero católico, antigos aliados e até a ex-mulher de Chávez, normalmente leal a ele, todos dizendo “não” à proposta de eternização no poder. No Brasil, não será diferente.

Precisamos ficar em alerta permanente, para que não haja nenhum tipo de cumplicidade do nosso País com as artimanhas do Presidente Chávez, que estão paralisadas apenas “por enquanto”, como ele já afirmou.

Bem disse a Senadora Marisa Serrano em seu pronunciamento sobre a entrada da Venezuela no Mercosul:

O nosso País, tenho a certeza, sempre trabalhou pela democracia e, principalmente, com diplomacia, por intermédio do Itamaraty, e vai continuar a fazê-lo. E esta Casa tem de ser uma trincheira em busca da paz, da democracia, dos bons princípios, da boa convivência, da séria convivência com os nossos vizinhos países.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, estava certo o Sr. Teodoro Petkoff, economista e político venezuelano, hoje um dos principais nomes da oposição a Chávez. Diz ele:

Chávez faz muito barulho. Mas é o ruído que faz um barril vazio quando roda pelas ruas. A corrente principal das grandes forças democráticas de esquerda da América Latina não é sensível ao discurso de Chávez, que só chamo de esquerda por comodidade. No comportamento concreto de Chávez, há mais elementos fascistóides que de esquerda.

A propósito, eu gostaria de dizer ao meu amigo, nobre Senador Suplicy, que já não se encontra no plenário, que o requerimento de voto de aplauso ao Rei Juan Carlos pela sua conduta na Cúpula Ibero-Americana, que apresentei e que foi aprovado na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, prescinde de sua assinatura. O Senador Eduardo Suplicy se posicionou contrariamente após o resultado ter sido promulgado pelo Senador Heráclito Fortes, Presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional. Mas ele prescinde da sua assinatura, Senador Eduardo Suplicy. Sabe por que, Senador Eduardo Suplicy? O povo venezuelano, indiretamente, deu seu endosso. O povo venezuelano endossou o aplauso ao Rei Juan Carlos, da Espanha, quando disse para o Presidente Chávez: “Por que não te calas?”. O povo venezuelano foi sábio e, como afirmou Leopoldo López, o popular prefeito de um dos distritos de Caracas: “A Venezuela disse ‘não’ ao socialismo. A Venezuela disse ‘sim’ à democracia”.

Encerro, Sr. Presidente, dizendo que espero que o exemplo da Venezuela seja assimilado pelos governantes...

(Interrupção do som.)

O SR. PRESIDENTE (Antonio Carlos Valadares. Bloco/PSB - SE) - Senador Flexa Ribeiro, tenho de encerrar a sessão às 20 horas.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Peço a palavra pela ordem, Sr. Presidente.

O SR. FLEXA RIBEIRO (PSDB - PA) - Que o exemplo da Venezuela seja assimilado pelos governantes latino-americanos, para que não tentem, por meios golpistas, impedir a alternância no poder! Que Chávez esteja realmente conformado com a derrota e deixe o poder em 2013, antecedido pelo Presidente Lula em 2010!

Parabéns ao povo venezuelano!

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/12/2007 - Página 43072