Discurso durante a 218ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Preocupação acerca da declaração, feita pelo Senador Geraldo Mesquita, de que o Chefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil tentou trocar emendas parlamentares pelo voto dele na CPMF.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Preocupação acerca da declaração, feita pelo Senador Geraldo Mesquita, de que o Chefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil tentou trocar emendas parlamentares pelo voto dele na CPMF.
Publicação
Publicação no DSF de 28/11/2007 - Página 41961
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, JORNAL DO BRASIL, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), GRAVIDADE, DECLARAÇÃO, GERALDO MESQUITA JUNIOR, SENADOR, ACUSAÇÃO, ASSESSOR, CASA CIVIL, TENTATIVA, TROCA, VOTO, APOIO, CONTRIBUIÇÃO PROVISORIA SOBRE A MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA (CPMF), FAVORECIMENTO, LIBERAÇÃO, EMENDA, ORÇAMENTO.
  • CONCLAMAÇÃO, SENADOR, DETALHAMENTO, DENUNCIA, PROVIDENCIA, SENADO, INVESTIGAÇÃO, ASSUNTO, PRESERVAÇÃO, REPUTAÇÃO, LEGISLATIVO, COBRANÇA, ESCLARECIMENTOS, MINISTRO DE ESTADO.

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, antes de entrarmos na Ordem do Dia, eu gostaria de trazer à Casa uma preocupação que, creio, deve de fato ser refletida e meditada por nós.

            O prestigioso colunista do Jornal do Brasil, Weiller Diniz, traz hoje uma declaração. Ele tem credibilidade, mas coloca aspas para um colega nosso, o Senador Geraldo Mesquita, que diz, textualmente, que estaria em curso uma nova leva de tentativas de compra de votos nesta Casa. Ele diz, com nitidez, que recebeu a proposta de uma figura que sempre transitou muito bem pela Casa, o Chefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil da Presidência da República, mas o fato é que tem-se que investigar isso. Weiller Diniz abre aspas para o Senador Geraldo Mesquita, dizendo algo tipo ‘‘tentaram trocar emendas parlamentares pelo voto dele na CPMF”. S. Exª diz mais: “Que teria feito já uma advertência da tribuna quanto ao assédio que estaria sendo praticado contra ele por parte do Governo”. Isso é prenúncio de momentos turbulentos, porque, se nem começou ainda para valer a luta da CPMF e já se fere uma disputa nesse nível, podemos imaginar que daqui a pouco o Brasil estará contemplando novos momentos de desprestígio do Senado Federal, de desprestígio do Congresso Nacional, de desprestígio do Parlamento brasileiro.

            Portanto, entendo que está na hora de o Senador Geraldo Mesquita, de maneira muito clara, vir à tribuna prestar as suas declarações à Nação, e nós vamos providenciar, de maneira muito objetiva, o pronunciamento do articulador político da Presidência, o Deputado José Múcio, recém-transformado em chefe do Dr. Marcos Lima. Mas, o Ministro José Múcio já tem o que explicar. Isso deve ser tratado de maneira muito séria por todos nós. Não podemos fingir que não lemos; a Mesa não pode achar que não tem relevância; o Senador Geraldo Mesquita não pode supor que isso se encerre aqui e nem o Sr. Marcos Lima e, sobretudo, o seu chefe, Ministro José Múcio, pode achar que se passou um fato corriqueiro, a menos que estejamos, todos nós, entorpecidos e que não estejamos mais atentos aos episódios que possam manchar a vida deste Congresso.

            Ao Sr. Ministro José Múcio, a quem eu dou boas-vindas, dou as minhas melhores boas-vindas, por gostar dele pessoalmente, por saber que se trata de um profissional responsável, respeitável da articulação política, com que conta o Governo a partir de agora, ele entrou, assim, muito fluente, inclusive recomendando ao Presidente Fernando Henrique Cardoso que se portasse como um ex-presidente americano, esquecendo-se de que não existe essa proibição nos Estados Unidos a se fazer críticas a quem nos sucedeu na presidência. O presidente Bush criticou o envio de tropas para o Iraque, os bombardeios no Iraque, criticou a política econômica que criou os déficits gêmeos, que hoje são um problema para a economia mundial. Mas, supondo que fossem verdades, eu até aceitaria sugerir ao ex-Presidente Fernando Henrique virar ele um ex-presidente americano em troca de o Ministro José Múcio virar um deputado americano também. Deputado americano não troca de partido. Deputado americano encerra a sua carreira no partido republicano ou no partido democrata, ele não fica passando por vários, até pelo meu S. Exª já passou. Mas isso não é o que está em jogo agora. O que está em jogo é que tem uma denúncia muito clara, assinada por um respeitável jornalista, envolvendo “um Senador, Colega nosso, que se diz pressionado e com proposta de suborno por parte de autoridade do Governo Federal”. Creio que temos, de maneira muito nítida, aclarar essa questão. É a cobrança que faço à Mesa, ao Senador Geraldo Mesquita, ao Ministro José Múcio e ao seu funcionário, obviamente. O Senado não pode achar que não houve nada, porque houve. Houve algo errado por parte do Senador, ele vai falar, e não sei por que ele falaria algo sem ter, na verdade, razão para isso, e o Governo tem de explicar que não estamos diante de um novo caso Waldomiro Diniz, que já deu tantos transtornos ao Governo e que já gerou, inclusive, uma Comissão Parlamentar de Inquérito momentosíssima aqui na Casa, presidida pelo Senador Efraim Morais. 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 28/11/2007 - Página 41961