A SRA. IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC. Pela ordem. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, em primeiro lugar, quero deixar consignado nesta sessão que a interinidade do Senador Tião Viana na Presidência desta Casa, num momento tão delicado - ele assumiu, num primeiro momento, com a licença e, depois, com a renúncia do Senador Renan Calheiros -, encheu de orgulho a Bancada do Partido dos Trabalhadores, pela demonstração inequívoca, por parte do Senador Tião Viana, da capacidade, da firmeza e do respeito a cada uma das Srªs e dos Srs. Senadores, aos Partidos, aos Líderes e, principalmente, ao Regimento desta Casa, Senador Garibaldi Alves Filho.

     Naquele momento, precisávamos mesmo de alguém que proporcionasse à Casa um funcionamento dentro da sua normalidade, até porque vivenciamos momentos difíceis e não faltaram insinuações ou até torcidas, eu diria, para que nada se ajeitasse, porque o funcionamento na normalidade do Congresso Nacional ainda preocupa determinados espíritos que não admitem o funcionamento normal das instituições democráticas.

     Muitas vezes, achamos que determinados períodos já estão absolutamente superados na história da democracia brasileira. Mas, infelizmente, exatamente em situações em que as disputas partidárias se acirram, em que determinadas situações acabam gerando uma conturbação maior no cotidiano de uma instituição como o Senado da República, percebíamos que havia os que torciam para que as coisas não se normalizassem e faziam determinadas cobranças e exigiam pressa muito mais para desgastar a instituição em si do que para que pudéssemos resolver os problemas de responsabilidade de um ou de outro.

     Por isso o período de interinidade do Senador Tião Viana nos orgulhou. E tenho a certeza absoluta de que S. Exª tem o respeito e o reconhecimento unânime desta Casa, como já foi manifestado aqui por vários outros Senadores, inclusive o Senador Gerson Camata e o próprio Senador Garibaldi Alves Filho.

     Com relação à eleição de V. Exª, Senador Garibaldi Alves Filho, em primeiro lugar, deixo registrado que, tão logo foi anunciada a renúncia do Senador Renan Calheiros, e, portanto, foi aberto o processo sucessório, na condição de Líder do Partido dos Trabalhadores, tive um posicionamento claro e firme de que o Partido dos Trabalhadores respeitaria a regra estabelecida nesta Casa, que não é regimental na sua íntegra, porque no Regimento se coloca que preferencialmente a Casa será presidida por um Senador indicado pela maior bancada. Mas nós, do PT, entendíamos - e fiz questão absoluta de, desde o primeiro momento, expor de forma clara - que quem o PMDB escolhesse teria o apoio integral da Bancada.

     Sabíamos que a disputa estava acirrada dentro do PMDB. Vários nomes se apresentaram para a disputa. Tive atuação inclusive no sentido de que não ocorresse interferência externa, porque a soberania e as regras internas de cada partido, de cada bancada têm de ser respeitadas. Se queremos que respeitem a nossa regra e a nossa condução como PT, temos de respeitar as regras e a forma de se conduzir dos demais partidos. Portanto, Senador Garibaldi Alves Filho, V. Exª é testemunha de que tivemos atuação para que as interferências externas na discussão não ocorressem.

     Hoje, tivemos aqui algo muito importante, porque não houve unanimidade. A eleição de V. Exª não foi por unanimidade. V. Exª não teve os 78 votos; teve 68. Mas o fato de não ter tido outra candidatura, de não ter tido disputa, de não termos tido confronto mais uma vez dentro do Senado da República, num momento como este, é importante para o que será feito daqui para frente: resgatar a imagem do Senado, para que o povo brasileiro continue sentindo orgulho desta Casa.

     Durante os últimos meses, período mais conturbado que vivemos, eu disse que muitos dos discursos acirrados, das polêmicas e das cobranças tinham mais a ver com a coceira pela cobiça da cadeira que V. Exª, Senador Garibaldi, agora legitimado pelo voto de 68 Senadores, tomou assento, porque é uma cadeira que representa um poder da nossa República. V. Exª está na condição de chefe do Poder Legislativo do nosso Brasil. Por isso, a coceira por essa cadeira é muito grande. A coceira por essa cadeira acirrou apetites, ânimos e a disputa interna que, muitas vezes, não tenho dúvida, não era a questão falada, mas a questão mais ansiada, mais desejada por muito do que passamos no último período.

     Por isso, só posso, em nome do PT, desejar a V. Exª todo o sucesso, porque o sucesso de V. Exª será o sucesso do Senado na condução com mão firme, com a calma necessária, com o respeito aos parlamentares, aos partidos, aos líderes e ao Regimento, para que esta instituição de quase 200 anos tenha novamente o respeito da população brasileira.

     E, às vezes, Senador Garibaldi Alves Filho, outras personalidades poderiam ter qualidades diferenciadas e, num comparativo, até superiores se cotejarmos um a um. A melhor qualidade que V. Exª deverá primar para exercer na sua plenitude é a capacidade de coordenar, de juntar todas as oitenta outras lideranças, pois aqui todos são líderes - dizem, inclusive, que no Senado temos 81 instituições. Então, o trabalho mais importante será o de coordenar. Tenho certeza de que V. Exª tem essa condição e essa capacidade.

     Desejo sucesso, em nome da Bancada do PT, para V. Exª e para todos nós neste complemento de mandato.