Discurso durante a 240ª Sessão Especial, no Senado Federal

Homenagem ao centenário de nascimento do arquiteto Oscar Niemeyer Soares Filho.

Autor
Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
Nome completo: Paulo Renato Paim
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem ao centenário de nascimento do arquiteto Oscar Niemeyer Soares Filho.
Publicação
Publicação no DSF de 21/12/2007 - Página 46310
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, CENTENARIO, NASCIMENTO, OSCAR NIEMEYER, ARQUITETO, ELOGIO, COMPROMISSO, VIDA PUBLICA, COMUNISMO, LUTA, SOLIDARIEDADE, JUSTIÇA SOCIAL, SIMULTANEIDADE, CRIATIVIDADE, OBRAS, MODERNIZAÇÃO, ARQUITETURA.

O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Garibaldi, nossos convidados na Mesa, em especial o neto de Oscar Niemeyer, para falar neste momento de Oscar Niemeyer, confesso que fico na dúvida entre o que está escrito e o improviso. Mas posso dizer-lhe, Oscar Niemeyer Neto, que o seu avô é uma referência para todos nós.

Eu poderia começar dizendo, antes de entrar no texto, que o conheci a distância. Nunca estive perto dele. Conheci as suas obras, a sua história, e sempre me refiro a ele como o arquiteto e o poeta, porque cada obra dele não tem a letra, tem o traço, mas ali está uma poesia.

Chego a dizer que na minha vida tenho algumas referências.

Eu gosto muito da história de Gandhi, e para mim foi bonito nós termos visto, lido, que, para derrotar o império britânico, Gandhi dizia: Estou indo em direção ao mar, buscar o sal. E a população o acompanhava. Vinha a chibata, vinha a agressão, e ele não recuava. Ele foi em direção ao mar e acabou, com a sua força, derrubando o império britânico.

Eu tenho uma outra referência que é Nelson Mandela. Disseram para ele no cárcere: Mandela, se você quer ser liberto, depois de vinte, vinte e cinco, vinte e seis anos de prisão, você tem que não mais combater o apartheid. Responde Nelson Mandela: Fico no cárcere, porque, no dia em que estiver do lado de fora, eu estarei lutando contra o apartheid.

Eu sou daqueles que passaram pela época da ditadura. E como é que eu me lembro de Oscar Niemeyer? Oscar Niemeyer era perguntado em plena ditadura: Você reafirma? E ele dizia: Meu nome é Oscar Niemeyer, arquiteto e comunista. Passaram os anos e tornaram a perguntar para ele: Para voltar ao Brasil você muda? “Meu nome é Oscar Niemeyer, arquiteto e comunista.”

Isso é bonito. É muito bonito, como diz a canção. Se hoje o Brasil avançou muito no social é porque existiram nessa caminhada homens como Oscar Niemeyer. E tenho muito orgulho de saber que, ao mesmo tempo em que ele olha para o horizonte, para as grandes obras, inclusive no meu Rio Grande, e não vou citar todas aqui, ele nunca deixou de olhar para o social. É como se o social estivesse sempre em primeiro lugar.

Eu poderia falar das obras de Porto Alegre, do livro que ele vai lançar em 2008: “O Ser e a Vida”; e de uma passagem em que Fidel Castro diz a ele: “Eu o apóio em sua árdua batalha por estimular o hábito de ler. Você diz que sem a leitura o jovem sai da escola sem conhecer a vida”. Esse é Oscar Niemeyer.

Mas quero ser rápido. Quando ouço uma canção de Toquinho e Vinícius, chamada Aquarela, não sei por que não penso no Toquinho e no Vinícius, mas no Oscar Niemeyer. O que diz a canção? A letra é pequena:

Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo

E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo

Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva

E se faço chover, com dois riscos tenho um guarda-chuva

Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul do papel

Num instante imagino uma linda gaivota a voar no céu (...)

Para mim, Oscar Niemeyer é isso. Da canção, da poesia ele faz uma obra. É isso que me encanta desse gênio, desse gigante que está, sem sombra de dúvida, acima, além do nosso próprio tempo.

E vou terminar dizendo que, certamente, Oscar Niemeyer, que fez a revolução com lápis e papel, conquistou a todos, todos nós!

Ele deixa para nós todos, no longo desses cem anos - e tomara, quem sabe, mais dez, mais vinte, mais trinta, mais quarenta -, um mundo mais bonito e mais humanitário.

Obrigado, Oscar Niemeyer, o arquiteto. Obrigado, Oscar Niemeyer, o poeta. Obrigado, Oscar Niemeyer, o comunista. Cada obra sua é uma poesia que se vai eternizar não somente perante o Brasil, mas perante o mundo. Você é um gigante. Viva Oscar Niemeyer!

Muito obrigado, Sr. Presidente. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/12/2007 - Página 46310