Discurso durante a Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Elogios ao Senador Pedro Simon. A falta de austeridade no Governo Lula.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SENADO. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Elogios ao Senador Pedro Simon. A falta de austeridade no Governo Lula.
Aparteantes
Pedro Simon.
Publicação
Publicação no DSF de 15/02/2008 - Página 2122
Assunto
Outros > SENADO. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • ELOGIO, CONDUTA, PEDRO SIMON, SENADOR, COMPARAÇÃO, DIGNIDADE, RUI BARBOSA, JURISTA.
  • DESAPROVAÇÃO, ATUAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, DESNECESSIDADE, EXCESSO, FUNCIONARIOS, SEGURANÇA, PARENTE, CRITICA, FALTA, INTEGRIDADE, GOVERNO FEDERAL, AUSENCIA, CONTROLE, ADMINISTRAÇÃO PUBLICA, INEFICACIA, UTILIZAÇÃO, FUNDOS PUBLICOS, CARTÃO DE CREDITO, ORGÃOS, EXECUTIVO, COMPARAÇÃO, HONRA, GETULIO VARGAS, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, ENRIQUECIMENTO ILICITO.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Wellington Salgado, que preside esta sessão, dia 14 de fevereiro, parlamentares presentes, brasileiros e brasileiras que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado, quis Deus ser eu o último orador desta sessão! A Bíblia diz que os últimos serão os primeiros, mas o primeiro, aqui, em ética e em decência é o Senador Pedro Simon. O nosso Senador Wellington Salgado, representando a sensibilidade e a história do povo de Minas, fez esses elogios. Eu diria que Pedro Simon fica e a sua vida é muito importante, porque o que estamos precisando neste País são de exemplos bons.

Padre Antônio Vieira disse que palavra sem exemplo é como um tiro sem bala. As palavras de Pedro Simon são exemplo de vida, de dignidade, de honestidade.

Senador Wellington Salgado, ele não ganhou a Presidência desta Casa, ele não galgou à Presidência da República, mas Rui Barbosa está ali. Nesses 183 anos, quantos passaram por aqui? Portugueses, brasileiros. No primeiro Parlamento, eram 42, sendo 22 da Justiça, da área do Direito; 10 militares, tipo Caxias; 7 da Igreja; 2 médicos; e 2 só ligados ao campo, à produção. Mas, desde aí, só Rui Barbosa tem merecido o reconhecimento de simbolizar essa grandeza.

Rui Barbosa fez nascer a República neste País, depois, Wellington Salgado, de ter conquistado também a liberdade dos escravos. Foi aqui que a Princesa Isabel sancionou a lei feita por este Senado. Estava aqui Rui Barbosa, e o povo jogou flores na Princesa Isabel ao sancionar aquela lei feita aqui. Rui Barbosa, depois de fazer nascer a República, serviu à República, foi Ministro da Fazenda. Ele teve muita coragem e deu muitos exemplos.

Wellington Salgado, quando libertaram os escravos, todos os poderosos - aprenda, Luiz Inácio! -, os ricos, os banqueiros, os poderosos do dinheiro, todos queriam que o governo os indenizasse pelos trabalhadores escravos. O governo ia nascer morto e endividado. Todos os escravos! E Rui Barbosa - o homem é o homem e suas circunstâncias - fez justiça, mandou queimar todos os processos que cobravam indenização deste País. Ele teve a coragem de reagir contra os poderosos, contra os ricos. Por isso que ele está aí.

 

O SR. PRESIDENTE (Wellington Salgado. PMDB - MG) - Senador Mão Santa, tenho de fazer um comunicado, pediria a paciência de V. Exª.

A Ordem do Dia da presente sessão fica transferida para terça-feira, dia 19 próximo.

Lembramos que ainda temos o Senador Heráclito Fortes e o Senador Paulo Paim para falar depois de V. Exª.

Com a palavra, V. Exª.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Pois não.

E aí é que Rui Barbosa se engrandeceu. Vendo abortar a República com que sonhara, cem anos depois de o povo nas ruas da França gritar “liberdade, igualdade e fraternidade”, os militares - Deodoro, Floriano - iam colocar outro militar, e ele se indispôs contra o governo de que fazia parte. Querendo dar grandeza à sociedade civil, iniciou neste País uma campanha civilista, sabendo que não tinha condições de vencer as eleições. Mas chamaram-no para cooptá-lo: ofereceram novamente a chave do cofre, o Ministério da Fazenda. E Rui Barbosa dá ensinamento muito oportuno para o meu partido, para o PMDB: “Não troco a trouxa das minhas convicções por um Ministério”. Isso foi o que fez Rui Barbosa entrar na história.

Hoje, o nosso partido tem Pedro Simon, o único que pode se comparar a Rui Barbosa na honestidade, na firmeza do direito, no altruísmo, na austeridade.

E eis que aqui estamos. Mas Pedro Simon refletiu que Itamar não passou, ele deixou um exemplo. Feliz da Nação que não precisa buscar exemplos em outras histórias, em outros povos: Itamar! Eu o conheci.

Pedro Simon, eu quero dizer a V. Exª que, em 1998, ele governava Minas e sonhou ser candidato do nosso partido à Presidência da República. Ele foi visitar o Piauí. Ele seria contra o candidato do Governo. E esse partido nosso recomendou que eu não o recebesse, que eu me ausentasse. Silas Freitas, um Deputado Estadual, tinha lhe conseguido o título de cidadania. Pedro Simon, eu fiquei como Governador do PMDB a recebê-lo, a homenageá-lo. E, mais ainda, abri o Palácio do povo, do Piauí, o Karnak, e lhe outorguei a maior comenda do Estado, a Grã-Cruz da Ordem Estadual do Mérito Renascença.

Paz de Andrade, Pedro Simon, me telefonara perguntando se podia lançar a chapa dele. Seria Itamar e Mão Santa o seu vice. E eu levei. Fui vítima dessa situação. Essa é que é a verdade. Foi aí. Mas a grandeza do povo do Piauí consagrou, em Teresina, Rui Barbosa, em uma eleição em que o País sabia que ele não venceria. Mas ele venceu em Teresina. Esse mesmo povo me mandou para cá.

Pedro Simon - e quis Deus estarem aqui os gaúchos, V. Exª, representando Alberto Pasqualini, e nosso Paulo Paim, o Martin Luther King do Brasil -, quero dar o exemplo de V. Exª, a mesma admiração que tive por Itamar. Para o Luiz Inácio, é muito fácil, não precisa estudar e ler os livros de História Universal.

Aqui está Getúlio Vargas. Pedro Simon, quinze anos do estadista Getúlio Vargas. “O homem é o homem e suas circunstâncias.” Pedro Simon, agora, revivi o Getúlio, ô Paim. Fui, no fim da semana passada, ao Rio. Uma filha minha está lá, Heráclito, estudando Dermatologia com o Professor Azulay, na Santa Casa. Ela buscava um apartamento próximo ao Flamengo e ao Catete. Aí, eu disse: “Vamos a pé para a Confeitaria Colombo”. Heráclito, e saímos sabe por quê? Porque li o diário de Getúlio Vargas, dois volumes.

Paim, Luiz Inácio, é uma vergonha essa segurança para sua filha em Santa Catarina. Isso é uma vergonha, Luiz Inácio! Getúlio Vargas, no seu diário...

(Interrupção do som.)

O SR. PRESIDENTE (Wellington Salgado de Oliveira. PMDB - MG) - Senador Mão Santa, há mais dois oradores inscritos, senão eu gostaria de ficar ouvindo V. Exª.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Há dois, mas quero chegar ao Luiz Inácio, para ele aprender.

Atentai bem, Paulo Paim, está no diário. Heráclito, sabe qual era a diversão de Getúlio? Sair às 7 horas da noite, lá do Catete, a pé - fiz agora esse percurso - e ir para a Cinelândia com um ajudande-de-ordens assistir a filmes. Era a diversão dele.

Eu disse, muito recentemente, Paim, Heráclito, que podemos nos orgulhar de Petrônio Portella. E V. Exª reconheceu isso, porque levantou um busto de Petrônio Portella quando foi Prefeito de Teresina. Heráclito, Petrônio chegou à minha cidade, Parnaíba, Ministro da Justiça. Fui recebê-lo, Pedro Simon. Foi no carro de um amigo, ditador de moda. Ele, eu, um irmão meu, que foi Deputado, Petrônio e Lauro Andrade Correia, empresário e professor. O povo do Piauí, de Parnaíba, foi buscar o filho do Piauí, Ministro, do qual nos orgulhávamos. Pedro Simon, Heráclito, de repente, ouço Petrônio Portella - aprenda, Luiz Inácio, porque é ridículo esse negócio de suas filhas terem proteção, esse exército, bem como esses cartões corporativos - dizer:

“Pára, pára, pára, Mão Santa. Mande tirar esses batedores”. Ouviu, Wellington Salgado? São aquelas motos, os batedores. Ele, o Ministro da Justiça, não queria andar com isso. “No Rio de Janeiro, Mão Santa, ando sozinho nos calçadões da praia de Copacabana.” Isso foi outro dia. V. Exª conviveu com Petrônio.

E mais ainda: Pedro Simon, tenho aprendido muito com V. Exª, mas aprendi muito com Lucídio Portella, irmão mais velho de Petrônio, que foi Governador do Estado. Eu e Tapety éramos seus líderes. Atentai bem! No discurso de posse de Lucídio, ouvi meia dúzia de vezes ele dizer: “Vou governar com austeridade, austeridade, austeridade”. Pedro Simon, fiquei perplexo, porque essa palavra não era do meu vocabulário.

Mas é isto o que está faltando ao Governo de Luiz Inácio: austeridade.

Com quinze anos, Getúlio saiu - atentai bem, o exemplo está aí: enfrentou três guerras, uma para entrar, os paulistas quiseram tirá-lo, e a Segunda Guerra Mundial -, e ele não tinha uma geladeira a querosene. Meu avô, na mesma época, Wellington Salgado, tinha três. Só estou dizendo isso para fazer o paralelo. Meu avô era empresário, industrial, chegou a botar fábrica na Ilha do Governador. Comprou navios, tinha três geladeiras, lá, na Parnaíba. Getúlio Vargas, na mesma época, não tinha uma geladeira a querosene. Você se lembra delas, Pedro Simon? Perna grande, um espelho, a chama, fumaçava, e não gelava. Meu avô gritava: “Menino, olhe aí a chama”. Tinha que ajeitar.

Três! E Getúlio Vargas não tinha uma, Wellington. Em São Paulo, um amigo quis dar-lhe uma. Ele ficou constrangido.

O Sr. Pedro Simon (PMDB - RS) - No inventário do Dr. Getúlio...

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Concedo um aparte ao Senador Pedro Simon.

O Sr. Pedro Simon (PMDB - RS) - ...ele, que foi Presidente da República por 20 anos, segundo seu inventário, ele tinha metade dos bens que recebeu do pai dele. O pai do Dr. Getúlio era um homem muito rico, morava na fronteira, na cidade de São Borja. Metade, o Dr. Getúlio vendeu para sobreviver. Ele não deixou uma casa, um apartamento, um terreno no Rio de Janeiro; ele não deixou uma casa, um apartamento, um terreno em Porto Alegre; e, em São Borja, ele deixou as fazendas e a casa do pai dele. Foram 20 anos na Presidência da República. É um exemplo, um exemplo real. Em primeiro lugar, quero ser muito sincero e vou dizer de público: Sr. Presidente, V. Exª me comoveu. Digo isso do fundo do meu coração; sua gentileza, sua lembrança em relação àquele episódio. Nem eu me havia dado conta de que 35 e 6... e eu podia ter ganho. Sinceramente, não pensei nisso, porque não pensei nunca em disputar. Fui para a Bancada, aceitei a decisão. Até para o Garibaldi foi sensacional a decisão da Bancada, mas agradeço a gentileza do prezado amigo. Muito obrigado. Mas tenho que dizer a V. Exª: tenho uma casa em Rainha do Mar. Não tenho casa nem em Brasília, nem em Porto Alegre, mas, na praia, tenho uma casinha. E, há 35 anos, passo o verão ali. Gaúcho só tem veraneio em janeiro e fevereiro; só vê mar em janeiro e fevereiro. Em janeiro e em fevereiro, é questão de honra para o gaúcho ir para a praia. Assim como vocês, de Belo Horizonte, que vão para o Espírito Santo. Nós vamos para a praia. Então, todo mundo passava na frente da minha casa. Fiquei impressionado, em primeiro lugar, com a audiência da TV Senado. É uma coisa impressionante como as pessoas assistem à TV Senado! Em segundo lugar, com o prestígio de V. Exª. “E aquele Mão Santa? Ele é mesmo aquilo?” “É.” “Mas, por que ele é Mão Santa?” “Porque ele era um grande médico, um grande cirurgião e não cobrava as cirurgias dele. Por isso, o apelido dele foi Mão Santa.” “Mas, e aquela cultura? Ele tem?” “Eu só posso dizer a você o seguinte: semanalmente, ele me mostra dois ou três livros que ele compra. É Platão, ou é Aristóteles, ou é Churchill, ou é da China, e está tudo sublinhado. Tudo sublinhado!” V. Exª não calcula a credibilidade, o respeito e o carinho que as pessoas têm por V. Exª; o que V. Exª tem dado de aumento de audiência! V. Exª pode até cobrar percentual da TV Senado, porque V. Exª é um campeão de audiência. Em terceiro lugar, salientei a pessoa do Itamar, porque a pessoa do Itamar é malvista politicamente. A imprensa o aponta como um homem antipático. Num debate de televisão, tive de explicar: “Mas como é que um Presidente vai a um Carnaval, no Rio de Janeiro, num sambódromo, e está perto de uma artista sem calça?” Eu disse: “V. Exª tem razão num aspecto, Primeiro, Itamar não devia ter ido. Se fosse, não era para ir ao camarote de não sei quem. Tinha de ir ao camarote do Governador do Rio de Janeiro. Em terceiro lugar, onde está a segurança?” Aparece a figura do Ministro da Justiça, inclusive com um copo de uísque na mão. “Mas onde estão os seguranças que deixaram aquela mulher entrar e deixaram aquela mulher ir lá na frente, ao lado do Presidente da República? E o Presidente estar lá não tinha nada a ver!”

Agora, a segurança dele foi um fiasco. Em terceiro lugar, a fotografia foi tirada de baixo para cima. Quer dizer, ela estava de saia e quem estava do lado dela não podia ver, só quem estava embaixo. Essas são as figuras que sobram do Itamar. Quando a Globo mostrou essa fotografia na capa, eu, Líder do Governo, fui até o Itamar. Levei o jornal e ele ficou olhando. Eu botei o jornal na frente dele: “E aí Presidente?” “Bonita a mulher, não é? Bonita.”. Aí, ele tira uma outra fotografia de capa do mesmo jornal, do início do ano, do Fernando Henrique, Ministro da Fazenda, na queima de fogos de artifícios em Copacabana. Um travesti - como é o nome mais grã-fino? - estava beijando o Fernando Henrique. “E disso aqui, o que tu achas, Simon? Se fosse eu com o travesti, a manchete seria esta: um veado beijando outro. Agora, como é o Fernando Henrique, a fotografia foi espetacular e a minha, foi uma fotografia para desmoralizar”. O que quero dizer é que o Itamar foi, realmente, uma pessoa de dignidade, que subiu à Presidência da República, exerceu o mandato, saiu e a vaidade não subiu à cabeça dele. Não teve um ato diferente. O alfaiate dele foi o mesmo, de roupa de confecção. A roupa dele foi a mesma. O estilo dele foi o mesmo. A comida dele foi a mesma, não veio chefe de cozinha de lá ou de cá. Manteve-se a mesma pessoa. Com todo carinho ao Lula, aquela aparência do Lula tinha de mudar, claro. O Lula não ia ser Presidente da República com aquela barbicha enorme que ele tinha. Acho que o Lula tinha que melhorar a roupa, mas exagerar na vaidade? Não entendi o Presidente da França, lá na Guiana, de gravata, num calor desgraçado, e o Lula de manga de camisa. O protocolo dos dois errou, até porque tinham de se acertar. O protocolo do Brasil e o protocolo da França tinham de se acertar: vão os dois de camisa ou vão os dois de gravata. Agora, um ir de gravata e o outro ir de manga de camisa foi ridículo. São essas coisas. O que o Lula não entende é que o problema da filha dele, lá em Santa Catarina, é grotesco. Todo mundo tem carinho por aquela menina. Aquela menina, o Brasil inteiro adora, ela é uma guria espetacular. Qual é o perigo que tem? Agora, seis, sete seguranças, três carros, isso é piada! É piada isso. E vem o Lula e diz que isso é questão de segurança pessoal, que na segurança pessoal do Presidente ninguém pode mexer. Ninguém quer mexer! Ninguém quer ver as contas! Até, não sei por que isso apareceu no jornal. Nunca pensei numa coisa dessas. Mas é ridículo. Então, acho que ter sensibilidade de ver essas coisas é muito importante. O Brasil está cansado do Lula e do Fernando Henrique, um com o outro. Agora, vou dizer com toda a sinceridade: é capaz de acontecer o que está acontecendo nos Estados Unidos. Foram oito anos do Presidente Clinton e oito anos do Bush. Agora, vem a mulher dele, uma baita de uma candidata, excepcional, mas o rapazinho está entrando por fora. Por quê? “Chega! Chega da família Bush, chega da família Clinton, vamos com um nome novo”. Pode acontecer isso. Pode acontecer isso, no Brasil, se continuar esse negócio de PT e PSDB com essa briga. Não é um dizendo: “Eu fiz isso de bom”. Fernando Henrique pode dizer: “Olha a Vale, que maravilha! Eu fiz isso de bom”. O Lula pode dizer: “Olha o Bolsa-Família como está bom!”. Em vez de ser esse o debate, é o contrário: “Olha o que ele fez de ruim.” “Ah, eu fiz, mas tu também fizeste”. Por amor de Deus, não dá para ser por aí! Não dá para ser por aí, não dá! Não podemos nivelar por baixo, não podemos nivelar por baixo, temos de nivelar por cima. O Fernando Henrique fez muita coisa boa? Fez. O Lula está fazendo muita coisa boa? Está. Agora, nivelar por baixo, não dá. Nessa CPI, por amor de Deus, não quero ser indicado, não vou ser indicado, não faço questão, mas que os partidos indiquem gente que queira buscar o que é verdade e não esconder as coisas de qualquer um. Que se siga um caminho que dê certo. Eu acho V. Exª uma figura muito importante, porque V. Exª tem a isenção de falar, não tem mágoa nenhuma no seu pensamento. Se não me engano, até votou no Lula ou trabalhou para o Lula, quer dizer, V. Exª não tem mágoa nenhuma nesse sentido. V. Exª não pediu cargo, não está preocupado com isso, então, V. Exª tem a isenção de ver o que é bom e de ouvir o que a gente quer. Vamos fazer isso neste Senado. Eu felicito V. Exª, porque V. Exª é um grande integrante dessa caminhada. Muito obrigado.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Em 2002, votei em Luiz Inácio e no candidato do PT a Governador, porque todos nós fomos embalados naquela trajetória do PT - que fez, ontem, 28 anos -, que era a virtude da ética, da decência. Mas realmente, não foi isso o que aconteceu.

O Getúlio não tinha eletricidade e luz na fazenda dele, em São Borja, por isso ganhou, de um industrial paulista, uma geladeira a querosene. Depois, quando lhe perguntaram, ele disse: “Eu gostei. Eu até gostei, porque eu tomava um sorvete de chocolate à noite”.

Dutra, que seguiu Getúlio, ô Heráclito Fortes, saiu do Governo e mandou um genro arrumar uma casa. Entregou a Presidência e, quando viu a casa, um sobrado grande, ele, que era general, disse: “Eu não posso, o meu soldo não dá para eu manter essa casa”. Aí, explicaram que um compadre dele, muito rico, cedeu a casa. Mas ele recuou quando o carro parou, porque ele, Dutra, não tinha dinheiro para pagar. Essa é a história.

Então, são muito ricos os exemplos de austeridade para o Governo.

Esse cartão corporativo é uma imoralidade muito grande: quase 12 mil pessoas!

Pedro Simon, Humberto de Campos tem um conto - ele nasceu no Maranhão, mas passou a sua infância e a sua adolescência na minha cidade - chamado O Brinquedo Roubado.

O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Plantou um cajueiro.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Plantou um cajueiro.

Humberto de Campos era órfão. A mulher, Vera, de família tradicional e rica. Ele pequenininho, um garoto, filho da viúva, com dificuldades, a família poderosa, entrou, no Natal - são comuns, no Nordeste, aqueles presentes sob a árvore de Natal -, na casa de um tio rico e tirou um brinquedo da árvore de Natal. Então, ele disse: “A ocasião faz o ladrão”.

É isso aí, deram esses cartões corporativos a doze mil aloprados e isso é um teste de honradez e de honestidade. É como Pedro Simon disse: aquilo é em branco. E deu no que deu.

É isso, Paim, que está faltando, na Saúde, para se matar o mosquitinho, que é o mesmo ao qual Oswaldo Cruz, com pouco dinheiro, deu fim. É o mesmo mosquitinho da dengue. O que está faltando nas escolas e nos presídios é esse dinheiro. Então, queremos pregar a austeridade.

Getúlio criou, Senador Heráclito Fortes, o Dasp (Departamento Administrativo do Serviço Público) e colocou lá um estadista, que escreveu o livro chamado Chefia - Sua Técnica, Seus Problemas, que tem capítulos a respeito de administração e de critérios de promoção e de punição.

Há um livro sobre Átila, o rei dos hunos, que resume o que eu queria passar para o nosso Presidente da República. Átila, rei dos hunos, disse que administrar é fácil: premiar os bons e punir os maus.

Essa CPI tem de nascer com o apoio do Executivo para punirmos os maus e colocarmos, então, neste País, a austeridade que vai trazer a prosperidade para a nossa Pátria.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/02/2008 - Página 2122