Discurso durante a Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Elogio ao esforço para criação da CPI que irá investigar os gastos com cartões corporativos.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), CARTÃO DE CREDITO. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Elogio ao esforço para criação da CPI que irá investigar os gastos com cartões corporativos.
Aparteantes
Geraldo Mesquita Júnior.
Publicação
Publicação no DSF de 16/02/2008 - Página 2413
Assunto
Outros > COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), CARTÃO DE CREDITO. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • ELOGIO, EMPENHO, LIDER, REPRESENTAÇÃO PARTIDARIA, RECOLHIMENTO, ASSINATURA, CRIAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), CARTÃO DE CREDITO, EXPECTATIVA, EFICACIA, INVESTIGAÇÃO, DEFESA, PUNIÇÃO, MINISTRO DE ESTADO, IRREGULARIDADE, UTILIZAÇÃO, FUNDOS PUBLICOS.
  • REGISTRO, TRECHO, BIBLIA, IMPORTANCIA, APLICAÇÃO, JUSTIÇA, COMPARAÇÃO, BIOGRAFIA, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, DEMONSTRAÇÃO, FALTA, HONRA, DIGNIDADE, GOVERNO, ATUALIDADE, APREENSÃO, EXCESSO, CARGO DE CONFIANÇA, PREJUIZO, FAZENDA NACIONAL.
  • ELOGIO, INICIATIVA, PRESIDENTE, SENADO, COMPROMISSO, ANALISE, VETO (VET), PRESIDENTE DA REPUBLICA, PRESERVAÇÃO, AUTONOMIA, LEGISLATIVO, DEFESA, REPARAÇÃO, VETO PARCIAL, AUMENTO, SALARIO, APOSENTADO.
  • LEITURA, OBRA LITERARIA, AUTORIA, POETA, CRITICA, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, IRREGULARIDADE, UTILIZAÇÃO, CARTÃO DE CREDITO, ELOGIO, SENADOR, HONRA, EXPECTATIVA, PUNIÇÃO, CORRUPÇÃO.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Paulo Paim, que preside esta sessão de sexta-feira, 15 de fevereiro, parlamentares aqui presentes, brasileiros e brasileiras presentes aqui no Senado, brasileiros e brasileiras que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado, o sistema de comunicação do Senado, Senador Geraldo Mesquita, é muito eficiente e a verdade que leva contagia o País.

Eu realmente me sinto perplexo porque eu e o Heráclito nos limitamos ao Piauí, mas hoje não só no Brasil, mas em outros países, encontram-se brasileiros e eles acompanham e identificam. Sobre eu e o Heráclito, eles consideram como uma dupla, tipo Pelé e Coutinho, que defende o Piauí. Mas é porque é eficiente mesmo.

Ontem, Senador Heráclito Fortes, foi um dia de grandeza do Parlamento brasileiro. Às 9 horas, começava uma reunião presidida pelo nosso Presidente e continuada pelo Presidente da Comissão de Direitos Humanos, Paulo Paim, que já está aqui. Atentamente observei aquela reunião. Era diferente, ela traduziu o Senado moderno que representamos. Por isso que digo e repito que este é um dos melhores Senados. Uma sessão aberta, em que técnicos, líderes religiosos discutiram um dos temas mais importantes para este País. Autoridades que, da divergência, buscavam um rumo e, depois, falaram os Senadores mais ligados ao tema. Em seguida veio a sessão normal deliberativa. E era quase 22 horas e este Senado escreveu uma das páginas mais bonitas. Porque o Senado é para seguir, estar em sintonia com o povo.

O Rio Grande do Sul é cheio de ensinamentos e, ontem, nós recordávamos a austeridade de Getúlio Vargas, bastava conversar com quem conviveu com ele. Luiz Inácio não gosta de ler, ele mesmo declarou que é melhor fazer uma hora de esteira do que ler a página de um livro. Mas Getúlio é muito rico e há muitos documentários e pessoas que com ele conviveram. O nosso Senador Paulo Duque - talvez você não saiba, Geraldo Mesquita - escreveu um livro sobre os oradores e, por bondade dele, me incluiu. O que me surpreendeu é que há uma fotografia da mulher dele: bonita, empata com a Adalgisa. Aí eu perguntei ao Paulo Duque: “Ela foi misse?” Bonita, ô Paim. E ele disse que quando a conheceu ela era secretária particular de Getúlio Vargas. Então, ele viveu, ele era Deputado, novinho; casaram. E ele já vai escrever o segundo livro. Eu tenho muita gratidão porque não sei como ele me incluiu nos livros dos grandes oradores. Mas, Geraldo Mesquita, ele está pronto, sobre o Vargas. Eu sou encantado. Aliás, isso se chama de paradigma. A lingüística diz que paradigma é um fato que você acredita até vir outro fato. 

Mas primeiro vem Juscelino. Eu sou médico e cirurgião como ele; prefeitinho; com passagem pela vida militar, ele, no CPOR, e eu, na polícia; ele foi governador, também foi cassado, muita confusão. Então, otimista, sorridente, o Juscelino. Mas um dia um advogado, um dos mais honrados que eu conheço, Reginaldo Furtado, foi da OAB, Presidente, Conselheiro, me disse assim: “O Getúlio é melhor.” Paulo Paim, foi um choque. Não entrava na cabeça minha porque existe na psicologia, na neurolingüística, a modelagem: se você quiser um jogador, você pensa no Pelé. Se você quiser ser um sindicalista, você pensa no Paim, que saiu lá do sindicato e está aí; se quiser ser um cantor, pensa em Roberto Carlos. Isso é modelagem. Mas o Reginaldo Furtado disse que o Getúlio era melhor. Aquilo me deixou perplexo.

Eu tinha conhecido Getúlio Vargas pessoalmente. Em agosto de 1950, na Praça Nossa Senhora da Graça, no coreto, às 10 horas, ele candidato à Presidência da República, eu o vi: baixinho, de branco, com um charuto, chapéu, sorriso agradável. Para ver como são as coisas, ele disse: “Se eleito for, termino o Porto de Luís Correia, de Amarração”. Ele aí saiu a pé e foi para a casa do meu tio, João Orlando, que era Prefeito, em agosto de 1950. Todo de branco, almoçou, deitou-se em uma rede. Foi eleito, morreu... Então, Juscelino era o paradigma. Mas o Reginaldo me convence e eu passei a ler Getúlio. E Getúlio é uma fonte de ensinamento. Ontem nós demos exemplo disso.

É disso que quero dizer: da grandeza deste Parlamento. Olha que era às dez horas da noite, Geraldo Mesquita, esta cena que está no jornal. Acordamos às sete horas da manhã, e o jornal está nos nossos apartamentos, está sendo distribuído. Paim, quando terminamos a sessão, esse grupo, no dia de ontem - dia de muita atribuição -, liderado por Arthur Virgílio, conseguiu refazer o documento, satisfazendo às exigências do Regimento, para estar sintonizado, para atender aos anseios do povo, e o povo entender que não havia manobras de prorrogação para protelar a CPI dos cartões.

Estamos aqui. Estão aqui na foto do jornal o Líder Arthur Virgílio e o Líder da Câmara Carlos Sampaio, que coletaram as assinaturas. O Arthur Virgílio, em um trabalho excepcional, refez 28 assinaturas. Houve um atraso apenas de horas.

Dos que assinaram, compromissados, eu fui a uma reunião representando aquele nosso grupo do PMDB autêntico, independente e compromissado com o povo, com a verdade... Lá ficou acertado que haveria CPI, e está aqui o resultado: entregamos o requerimento à nossa Secretária-Executiva, que está aqui presente, Drª Cláudia Lyra. Estão aqui na foto Pedro Simon - o Rio Grande do Sul ganhando -, Paulo Paim, eu e Arthur Virgílio entregando o documento. Houve apenas um atraso de horas, e a CPI vai sair como deve ser: com a grandeza e a independência deste Parlamento em busca da verdade.

Agora, quis Deus estar presente o Geraldo Mesquita. A admiração dele é o seguinte: uma pessoa que muito me impressionou foi Franklin Delano Roosevelt, que foi quatro vezes Presidente dos Estados Unidos. Ele disse: “Cada pessoa que vejo é superior a mim em determinado assunto, e naquele particular eu procuro aprender.” Geraldo Mesquita é um jurista. Eu digo que ele é o que mais se aproxima, amante da firmeza do Direito, ao que Rui Barbosa foi nesta Casa. Abraham Lincoln, também advogado, disse: “Caridade para todos, malícia para nenhum e firmeza no Direito.” Eu sou médico-cirurgião. Para onde a gente vai, leva a formação. Então, reconheço isso. Mas eu indago, aqui, a responsabilidade.

Certa vez, estive com Fernando Henrique Cardoso, que, como todos sabemos, é o maior intelectual deste País. Não adianta ter inveja. Ele conhece as coisas. Mas, num debate com ele, eu disse: “Sei que o senhor sabe tudo, é sociólogo, sabe tudo, mas eu sou médico-cirurgião, às vezes dá certo; quem fez isso aqui foi um médico-cirurgião.” Aí, ele tomou um impacto.

Mas eu queria dizer, Geraldo Mesquita, do compromisso, porque estou observando o que está havendo aqui. Vi o Wellington Salgado, rapaz bom, mineiro, cortou até já um pouco do cabelo, e está mais simpático.

Ele estava defendendo um Ministro, dizendo que ele devolveu... Olha, eu não sei, Geraldo Mesquita... O Paim é um líder sindical, é o único que se aproxima do Lula na história de líder sindical firme, próprio, com personalidade. Mas o Geraldo Mesquita entende mais de Direito. Eu acho que está errado. Devolveu, mas eu acho que não é por aí, não.

Paim, Wellington Salgado, Luiz Inácio: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça”. Quer dizer, comprou a tapioca, entrou no motel e devolveu. Devolveu e trouxe o contracheque: “Não, foi R$8,50 a tapioca”. Gente boa! Não penso assim, Paim! Posso estar errado, não sou o dono da verdade, eu me curvarei, mas esta Casa tem aqueles que entendem mais da Justiça e do Direito do que eu. A minha é limitada a respeito das leis. Mas ao ler o Sermão da Montanha de Cristo e quando leio a Bíblia, vejo que uma das palavras mais repetitivas é “justiça”. E lá diz o seguinte... Ô Paim, atentai bem! É assim que a CPI tem que funcionar. Não quer dizer que porque descobriram, aí devolve - e esses homens têm muito dinheiro - e pronto, acabou, está aqui, devolveu. Não! Luiz Inácio, ele tem que ser demitido; essa é a menor pena. Aliás, é muito generosa a pena só de demitir, Luiz Inácio. V. Exª é um homem generoso, mas o livro de Deus não diz isso, exige mais, Paim. O livro de Deus diz: “àqueles que muito lhes é dado, muito é cobrado”.

Então, esses pilantras, 12 mil aloprados, aproveitaram-se de uma boa intenção do Presidente passado, para agilizar as coisas públicas. Vamos buscar aqueles que transformaram o cartão corporativo - necessário para casos de emergência, de viagem, para questões necessárias ao Governo, ao coletivo -, aqueles que usaram aquilo, aqueles que o desvirtuaram e o transformaram numa epidemia. Vamos punir quem distribuiu graciosamente 12 mil cartões corporativos.

Paim, eu vou levar o assunto para o que sou. Fiz cirurgia, fiz ginecologia. Nunca vi negócio de “meio virgem”. Também entrei na política e não entendo esse negócio de “sou meio honesto”. “Tirei e vou devolver” - é meio honesto, porque devolveu... Não existe isso não! Shakespeare se eternizou porque disse “to be or not to be”. É “ser ou não ser”; é ladrão ou não é ladrão; é honesto ou não é honesto. Muito deve ser cobrado daquele a quem muito é dado. Essa é a justiça de Deus, Luiz Inácio. Vossa Excelência deu muito. Escolheu um Ministro em confiança, deu a ele um crédito, um cartão de crédito de confiança. Vossa Excelência deu muito, então tem que cobrar muito.

Paim, há um livro chamado Segredos de Liderança de Átila, o Huno, de uma mulher que defendeu uma tese. Aquele Átila não é o que vocês pensam, não é o “flagelo da humanidade”; era gente muito boa. O pai dele morreu, seu tio era rei e o mandou para ser educado em Roma. Ele se educou, quis fugir, aprendeu - Roma era a capital da civilização -, mas voltou e liderou os hunos. Os hunos eram ciganos, nômades, era um povo disperso. Era difícil liderá-los. Ele fazia reuniões de administração, exigia austeridade no vestir, na sua condução, ao cavalo. Aquele negócio de dizer que ele era o flagelo de Deus era para fazer medo aos outros, para ser respeitado, mas ele era bom para o povo dele.

Ele administrou, ele uniu. Todo mundo sabe que ele teve uma conversa e não invadiu Roma porque não quis. Ele era poderoso, recebeu o Papa e desviou... Todo mundo sabe daquele fato, porque ele tinha estudado em Roma. Ele dialogou. Agora, ele passava aquilo de flagelo da humanidade para ser respeitado, “se queres a paz, prepara-te para a guerra”. Não foi isso que disse McNamara, Senador Geraldo Mesquita?

Então, o Átila era bom, generoso e preparado. Ele dava aula de administração.

Resumindo, Geraldo Mesquita, eu passaria ao Luiz Inácio. Átila dizia que administrar é fácil. Olha que ele administrava nômades, ciganos. Premiava os bons e punia os maus. É isso, Luiz Inácio.

A CPI vai levar à verdade, porque o que está no site, o que está na imprensa, o que o povo fala, é muita vergonha. Viu, Geraldo Mesquita? Estão, está na hora de fazer nascer a verdade, e essa CPI é para isso.

Luiz Inácio, Vossa Excelência já deu demonstração de generosidade, mas está na hora de firmeza, de punir os maus. E não justifica, Geraldo Mesquita, esse negócio que o Wellington Salgado falou: “Está aqui a cópia; ele tomou mas devolveu”. Não é assim! E o exemplo?

Padre Antônio Vieira, Luiz Inácio, disse que palavra sem exemplo é um tiro sem bala. O exemplo arrasta. Então, essa gente deu mau exemplo. Além de pecar contra a lei de Deus, de não furtar, deu um mau exemplo.

Senador Geraldo Mesquita, eu estava no Leblon, em uma igreja, de Santa Mônica - porque, quando fiz pós-graduação, eu tinha uma tia e ia lá a missa. Era um padre estrangeiro. Aí o padre leu a mensagem do Evangelho, era um negócio de tentação. Todo mundo foi tentado, os cristãos, as mulheres, a roupa. Ele dizia: “Agora, tem essa tentação aí desse cartão, cartão...” Como o padre era estrangeiro, os fiéis complementaram: “corporativo, corporativo”. Pois é, essa é uma grande tentação. Luiz Inácio, eu estava lá. Graças a Deus, porque, se fosse em um lugar onde sou mais conhecido, todo mundo ia dizer “esses políticos dão mau exemplo”. Era lá no Leblon, e eu lá no cantinho, assim. Já pensou se fosse lá na minha Teresina, na minha Parnaíba, o padre começar a dizer que os políticos dão mau exemplo, que deram mau exemplo?

O Geraldo Mesquita sabe o que tem no Direito, no Código Penal, as punições. Mas no Livro de Deus está escrito que muito deve ser cobrado daquele a quem muito é dado. Dele muito tem que ser exigido. Então, temos que ser severos com isso. Esse negócio não é conversa, não.

Fui prefeitinho e fui Governador. Eu nomeei aquele Reginaldo Furtado para o departamento anticorrupção, para caçar “fantasmas”, porque era costume, no passado, haver milhares de funcionários em outros países, em outros lugares. No meu Governo, Luiz Inácio, o Presidente desse departamento era esse da OAB, que foi da Defensoria Pública, Procurador, um homem muito honrado, muito honrado. Sabe o que ele fazia? Ele teve que sair, porque era Promotor, sabe como é. Pois ele devolveu o dinheiro. “Sobrou, não gastei”. Isso é raro. Estou dizendo que é raro porque outro assim eu não tive. Ele tinha um outro Promotor, Ezequiel, que era também Procurador, e outro... Era um departamento anticorrupção, de “caça-fantasmas”.

Está na hora, Luiz Inácio, de Vossa Excelência nomear um para acompanhar essa CPI. Votei nesse Luiz Inácio em 94. Ele é generoso. Outro dia, Paim, fiz um pedido a ele, um pedido bom. Quando o PMDB estava se aproximando... Está aí o Mercadante, um homem honrado... O PT tem gente boa, embora a maioria não o seja. Mas o Mercadante me pediu uma opinião e eu disse: “Rapaz, convide só um para ser Ministro, o Pedro Simon, que ele nos representa.” Foi um argumento forte. O Mercadante se curvou. Só o Pedro Simon representa o PMDB. Isso, no começo, quando eu tinha votado nele, no Lula. Mas eu acho que as políticas do Rio Grande do Sul - você sabe como é - devem ter vetado, porque ele nunca foi convidado. Eu imagino, né?

Mas há poucos dias eu disse: “Está na hora de você melhorar o seu Ministério. Essa vergonha que houve aí...”

O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS) - Senador Mão Santa, só para ajudar, quero dizer que tenho quase que certeza que o PMDB do Rio Grande do Sul não vetaria o nome de Simon se ele fosse indicado, por conhecer...

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Não sei por que ele não foi. Existe a política regional...

O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS) - Por outro lado, na tradição gaúcha, um partido não interfere na vida do outro quanto às indicações.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Mas lamentamos. Outro dia, quando houve o escândalo da Ministra da Igualdade Racial, que pelo menos saiu... Não sei se ela saiu ou se o Luiz Inácio...

O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS) - No momento em que houve o equívoco, que ela reconheceu, do uso indevido do cartão, ela pediu demissão na mesma hora.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Mostrou grandeza. Eu fiz um pedido. Não sei, não conheço esse Ministro, mas eu gostaria que ele tivesse nomeado V. Exª. Eu fiz...

O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS) - Senador Mão Santa, só para ajudar. Eu e o Senador Mesquita conversamos sobre esse tema. Quero dizer a V. Exª que, em nenhum momento, eu me apresentei como candidato, até porque a minha atuação aqui no Parlamento - se me permitir, já que estamos em uma manhã em que o Senado tem um pouco mais de tranqüilidade para dialogarmos sobre esses temas - é ampla, pois cuido do combate - e o faço com muito orgulho - a todo tipo de preconceito. V. Exª sabe do meu compromisso com os aposentados, com os idosos, com os índios, com os negros, com os brancos, com o imigrantes, enfim, com todos os setores da sociedade. Sinto-me muito mais à vontade no Parlamento, onde tenho essa visão mais universal do povo brasileiro, podendo defender todos, sem negar, naturalmente, meu compromisso de combate à discriminação contra todos os povos e contra a comunidade negra, naturalmente. Por isso, em nenhum momento apresentei o meu nome.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Apresentei, querendo cooperar com Luiz Inácio.

O Sr. Geraldo Mesquita Júnior (PMDB - AC) - V. Exª me concede um aparte?

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Darei já.

Apresentei querendo cooperar com Luiz Inácio. Afinal de contas, ele quer conquistar o PMDB. Nós somos minoritários: Geraldo Mesquita, Pedro Simon, Jarbas. Então, quero dizer que o nosso PMDB, minoritário, não se compromete. As indicações foram essas e engrandecem a política.

Concedo o aparte ao Senador Geraldo Mesquita, que, por coincidência, lidera esse grupo.

O Sr. Geraldo Mesquita Júnior (PMDB - AC) - Não lidero absolutamente nada, Senador Mão Santa. Já que V. Exª fez referência ao assunto da indicação que V. Exª fez do nome do Senador Paulo Paim para assumir a Secretaria de Igualdade Racial, parece-me que o Presidente da República tomou uma decisão, que é da alçada de Sua Excelência, logicamente. V. Exª fez não uma indicação, mas uma sugestão ao Presidente da República e o fez publicamente, aqui do plenário, pela consideração, pelo respeito que tem pelo Senador Paulo Paim e por saber que a Secretaria estaria em mãos valiosas. O Senador Paim, aqui no Senado ou em qualquer função pública, com a autoridade e com a honestidade de homem público que tem, daria e dá respeitabilidade a qualquer cargo que exerça. V. Exª o fez publicamente, e eu agora posso revelar que o fiz reservadamente e depois avisei ao Senador Paim, dizendo: olha, Paim, liguei para o Ministro da Articulação Política do Presidente Lula e tomei a liberdade de dar meu testemunho acerca da atuação de V. Exª aqui. Não precisava, mas disse: olha, Ministro Múcio, estou ligando para dar meu testemunho acerca da consideração, da lealdade e do respeito que o Senador Paim sempre teve, ao longo destes anos, com o próprio Presidente da República. Ele é uma autoridade nesse assunto. Acho que, se ele não fosse convidado para assumir a Seppir, emprestaria uma respeitabilidade enorme à Secretaria. Deveria, pelo menos, ser ouvido quando da escolha do próximo Ministro. Tomei essa liberdade, como digo, pelo que eu conheço do Senador Paim, pelo convívio que tenho com ele nesta Casa, como V. Exª também tem. O Presidente da República já tomou uma decisão: escolheu um eminente membro do PT, um Deputado do Rio, parece-me, e a coisa já está pacificada e resolvida. Mas, já que V. Exª tocou no assunto, queria apenas trazer esse esclarecimento, para que a população brasileira compreenda a consideração que todos aqui temos pelo Senador Paulo Paim. Costumo dizer: olha, o Senador Paulo Paim é daqueles parlamentares que não estão aqui para defender coisas e, sim, causas. Esta é uma causa, a causa da igualdade racial; a luta que ele trava aqui em favor dos aposentados, a luta que ele trava, há anos, aqui, pela melhoria da remuneração da maioria dos trabalhadores brasileiros; enfim, pelos deficientes, por aqueles que, muitas das vezes, não têm quem fale por eles. O Senador Paulo Paim está aqui, este tempo todo, de forma leal, de forma sincera, tratando dessas questões com uma propriedade que poucas vezes a gente vê. Portanto, somo-me a V. Exª como um daqueles - e acredito que muitos outros devam ter feito a mesma coisa - que sugerem o nome do Senador Paulo Paim para exercer esse e outros cargos que apareçam por aí. Repito: em qualquer cargo público que ele esteja ocupando, emprestará a respeitabilidade que empresta exercendo a grande responsabilidade de ser Senador pelo Rio Grande do Sul nesta Casa.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Faço as palavras do Senador Geraldo Mesquita Junior minhas palavras. Todos nós recebemos muitos e-mails, mas há tem um, Paim, que se refere àquela causa.

Ô Luiz Inácio, atentai bem, vou dizer uma verdade: esse Bolsa-Família distribuiu renda. Ninguém vai dizer que não. Queremos aprimorá-lo. Mas a grande conquista de Sua Excelência é devida a Paulo Paim. Eu ajudei, Geraldo Mesquita ajudou, porque nós lutamos para melhorar o salário mínimo. Reconheço que o Paulo Paim pegou essa bandeira primeiro, mas estivemos juntos. Era US$70,00. O Geraldo Mesquita se lembra.

Este foi o maior êxito de Governo de Luiz Inácio: a distribuição de riqueza por meio da valorização do salário mínimo, pois nós lutamos muito - Geraldo Mesquita e eu lutamos -, mas reconhecemos que V. Exª estava com a bandeira e nós éramos cireneus desse caminho.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS) - Permita-me, por questão de justiça?

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Pois não.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS) - Tanto V. Exª como o Senador Geraldo Mesquita foram Relatores de projetos meus do salário mínimo que apontavam uma política permanente de recuperação das perdas vinculada à inflação e ao PIB.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Quando V. Exª me manda relatar, quero dizer que ontem mesmo fui abraçado por funcionários dos Correios. É aquilo que está na Bíblia: plantou, colhe. V. Exª tem plantado essa justiça.

Mas com os aposentados, Paim, estamos fracassando. Aí, quero fazer outro apelo ao Luiz Inácio. Nós somos minoritários, mas uma minoria muito boa. Orgulhamo-nos do PMDB, Geraldo Mesquita.

O Garibaldi, que era do nosso bloco, que começou com o nosso bloco - o homem é o homem e as suas circunstâncias; estamos com ele - tem o compromisso de permitir que analisemos os vetos, o que é uma respeitabilidade da democracia.

Então, Paim, vamos convencer o Luiz Inácio a desfazer aquilo que os aloprados o convenceram: o veto ao aumento salarial dos aposentados. De 16,7%, ele baixou para quase 5%. Ele, só.

Eu tenho uma carta aqui, de Wilson Amaral, Rua Matão, São Caetano, que vou ler na segunda-feira, porque ele conta o drama do aposentado. Só uma frase eu lerei: “que Deus tenha piedade de nós”.

Nós vamos continuar juntos. V. Exª foi vitorioso no salário mínimo. Era US$70,00 - só isso dá a nossa grandeza e a do Senado -, hoje é US$200,00.

Foi isso, Luiz Inácio. Eu ouço a voz rouca das ruas. Foi isso que deu a estabilidade, não foram os poderosos ou os banqueiros, não. Foi essa. E Paim o levou para o caminho certo, para a vereda da verdade e da Justiça. Mas vamos continuar isso.

Recebi um e-mail que pedi para ler aqui rapidamente, porque se refere ao combate à corrupção, ao gesto de ontem. V. Exª está aqui. Lamento o Geraldo Mesquita, mas ele ficou até tarde, assinou a CPI; estávamos nós, às dez horas da noite. Este é um Senado que trabalha, garantindo, ouvindo a voz rouca das ruas.

O negócio está tão vergonhoso que eu recebi um desses e-mails de que eu gosto, de um poeta. Eu tenho inveja e respeito.

Ao nobre Senador Francisco de Assis M. Souza.

Cartões corporativos

Todo mundo tem cartão

Para gastar à vontade

E o pobre do ancião

Já do pão sente saudade!

Nos cartões corporativos

Ministra gasta sem freio

Da igualdade, sem motivos

Usou-o pra todos os meios.

Vejam só a confusão

Que o cartão lhe causou

No free shopping sem razão

O particular… pagou.

Estressada com o peso

Sua bolsa balançou

- Nas compras sair ileso

O salário que ganhou.

Mas nessa tal de confusa

Muito dinheiro gastou

Pouco brasileiro usa

Ganhar o tanto que esbanjou.

Foi cerca de quinze mil

O desperdício mensal

- Não tira cinco, em dez mil

Que ganhe salário igual.

Inda em Brasília um Reitor

Meio milhão dilapidou

No apartamento. E o pior...

Descoberto... o entregou!

A farra é generalizada

Para gastar quanto quer

Se não houver uma parada

- O que nós vamos fazer?

Aos Senadores honrados [Olhem aí o tratamento agora!]

Meu preito de gratidão

Acabem com os safados

Antes que acabe a Nação.

Descalabros às centenas

Primeiro e segundo escalão

Roubo não. Desvio apenas

- Esse pessoal não rouba, não.

Até no terceiro escalão

Num só dia, gasta mais

Que ganham Pedro e João

Trabalhando o mês inteiro

Diferenças... tão desiguais!

Gastos desproporcionais

Pra quem já tem bom cachê

Nosso povo é bom demais

Resolve na rádio e tevê.

Falta moral e civismo

Vergonha e educação

Falta até cavalheirismo

Que honre nossa Nação.

Por favor, chega de nós...

Conchavos ou acordões

O povo legou a vós

Pôr um freio nos ladrões!

São Paulo, 14/2/2008.”

O poeta é Armando A. C. Garcia. Essa é a palavra, e vamos, sem dúvida nenhuma, enterrar os corruptos que usaram os cartões corporativos, para a prosperidade e felicidade do povo do Brasil.

Era o que eu tinha a dizer.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/02/2008 - Página 2413