Discurso durante a Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Críticas a política governamental para a terceira idade.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PREVIDENCIA SOCIAL. POLITICA SOCIAL.:
  • Críticas a política governamental para a terceira idade.
Aparteantes
José Agripino, Pedro Simon.
Publicação
Publicação no DSF de 19/02/2008 - Página 2528
Assunto
Outros > PREVIDENCIA SOCIAL. POLITICA SOCIAL.
Indexação
  • COMENTARIO, LIVRO, AUTORIA, JUSCELINO KUBITSCHEK, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA.
  • REGISTRO, RECEBIMENTO, CARTA, IDOSO, DESCRIÇÃO, MISERIA, APREENSÃO, ORADOR, SITUAÇÃO, APOSENTADO, PENSIONISTA.
  • ACUSAÇÃO, GOVERNO, DESRESPEITO, VELHICE, INSUFICIENCIA, PAGAMENTO, PREVIDENCIA SOCIAL, CRITICA, DEMORA, TRAMITAÇÃO, PROJETO DE LEI, AUTORIA, PAULO PAIM, SENADOR, PROPOSIÇÃO, AUMENTO, APOSENTADORIA, COMPARAÇÃO, AGILIZAÇÃO, TENTATIVA, AMPLIAÇÃO, SALARIO, CONGRESSISTA.
  • COMENTARIO, AUMENTO, PREÇO, GASOLINA, EFEITO, INFLAÇÃO, PRODUTO, ACUSAÇÃO, ERRO, DIVULGAÇÃO, INFORMAÇÃO.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Papaléo Paes, que preside esta reunião de segunda-feira, Parlamentares presentes, brasileiras e brasileiros aqui presentes e os que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado, o Senador Papaléo está garboso, orgulhoso da sua origem de médico.

Na medicina e na psicologia, que evoluiu para a neurolingüística, nós aprendemos, Senador Antonio Carlos Valadares, o fenômeno modelagem: para o que você quer ser, você escolhe um modelo. Se quer ser jogador de futebol, pensa em Pelé, em Romário; cantor, no Roberto Carlos; e evidentemente, para nós médicos - eu, médico-cirurgião -, esse modelo foi Juscelino, da nossa época.

E este é um livro que Juscelino, no seu ostracismo, escreveu. O primeiro, pois ele tem uns três. É um exemplo do sofrimento na política. Com esses três livros - este é o primeiro volume, Senador Papaléo -, ele tentou uma vaga - ele só perdeu uma eleição - na Academia Brasileira de Letras. O governo revolucionário da ditadura deu um jeito e ele perdeu por dois votos.

Então, foi a única eleição que Juscelino perdeu, ó Mário Couto.

Este é o primeiro volume: “A experiência da humanidade”. Eu costumo fazer um resumo. Nós aprendemos, como médico... E eu acho que aqui nós estamos, Mário Couto, para passar, para ensinar - só tenho essa razão no Senado. Entendo que o importante da educação não é aquilo que você aprende e decora - pode esquecer aquilo -, é o que fica. Isso é que é educação. Essa definição não é minha, é do Einstein. Você esquece tudo que aprendeu na escola; o que fica é saber pensar, é saber raciocinar, é saber estudar, é saber discernir o bem do mal, é saber ser disciplinado. Então, aprendemos a estudar. Papaléo, faço um resumo do primeiro livro, porque eu não vou ler. Isso é muito atual. É um resumo tão rápido que o Luiz Inácio...

Aqui, só tem do PT... O PT bom está aqui: é o Paulo Paim. O Mário Couto falou em Paulo Paim e não soube defini-lo; vou ajudá-lo. Senador Antonio Carlos Valadares, para definir o Paulo Paim - eu falo do meu modo, ó Papaléo -, sabe como é que se faz? Imagine Martin Luther King; imagine esse Obama, que está vindo aí; bota no liquidificador que dá um Paulo Paim. Essas virtudes...

O Sr. Paulo Paim (Bloco/PT - RS. Fora do microfone.) - É o livro.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Não, não é o livro não. O PT deve muito a V. Exª. V. Exª salva-se ali.

E chegou, graças a Deus, o Senador Sibá, que também é do PT, é gente boa, nasceu no Piauí. Então, acho que o melhor do PT está aqui, agora. É o Sibá, do Piauí, e o Paim, ali.

Mas, então, este, de Juscelino... Sibá, tire fotocópia só dessa página. Então, eu faço em todos os livros, como o Papaléo. Nós estudávamos Medicina, temos de resumir o negócio. Eu botei assim. Isso é velho, peguei agora.

Eu fui ao aniversário de um irmão meu, Paulo de Tarso, estava na casa dele. Eu disse: Esse livro é meu. Me dê. O Marco Maciel estava no Recife.

Então, Programa de Metas. Conceitos extraídos do livro. Está vendo, Sibá? Neste livro do Juscelino, vamos fotocopiar só o meu resumo e presentear Luiz Inácio como a melhor colaboração que o PMDB dá a ele. Melhor do que aquele desassossego de cargo, de corrupção. Nós somos o PMDB de vergonha. Só uma folhinha, que vai ajudar Luiz Inácio. É o Juscelino, e é oportuno para o meu pronunciamento.

Conceitos extraídos do livro. Explosão demográfica. Atentai bem, Luiz Inácio, é de Juscelino. Quem ousa contestar Juscelino? Estudo mais ação, isso é que dá desenvolvimento.

Ele disse isto: estudo, Luiz Inácio! Juscelino, está aqui.

1) Explosão demográfica. Atentai bem, Geraldo Mesquita, olhe o que ele diz, olhe o que pensa Juscelino: paternidade responsável. Paternidade responsável! Se explodir, tem uma proliferação da miséria.

Pedro Simon, sei que é caridade, mas não está certo, Luiz Inácio. Se uma mulher brasileira, no interior rural, parir, ganha, no ato de parir, R$1.600,00.

Olhe o que Juscelino diz, ô Sibá! Atenção, Sibá!, você evoluiu muito nesses cinco anos, eu tinha dito. Paternidade responsável, Pedro Simon. Hoje, se uma mulher parir, no meio rural... Outro dia, ô Pedro Simon, encontrei uma no meu Piauí, numa fazendola, conhecida: “Menina, tu estás cheia de menino aí? Eu não estou mais operando, mas vou mandar o Dr. Antônio Tomás - um médico mais novo do que eu, que tinha me auxiliado - ligar suas trompas”. “Não! Olha, Dr. Mão Santa, aquele menino ali, que está ali, quando ele nasceu, comprei aquela televisão. Com esse daqui - ó Pedro Simon -, vou comprar uma moto para o meu marido!”.

Ô Sibá, está refletindo? Vou receitar para você também um livro: de André Maurois, A arte de viver. Há também A arte de pensar, A arte de trabalhar, A arte de comandar, A arte de amar e A arte de envelhecer... O telefone, na arte de trabalhar, é um inoportuno.

Sim, mas isso é o que estamos vivendo, Pedro Simon. Não estou... Crescem, mas não vão dar a educação. Isso é contra o Juscelino, é contra toda a civilização. Quer dizer, outra.

2) Frentes de trabalho em todas as direções. Juscelino acreditava no trabalho, em criar frentes de trabalho. Despertar as energias latentes do ser, do povo, em fontes vivas de riqueza.

3) Este é o que veio para o meu pronunciamento, Pedro Simon. Por isso é que fui buscar. Eu vi o Geraldo Mesquita, na ultima reunião de sexta-feira, constrangido, indignado, uma tremenda indignação. E o Che Guevara, ô Siba, disse: “Se és capaz de tremer de indignação diante de uma injustiça que ocorra em qualquer lugar do mundo és um companheiro”.

A indignação era por causa dos e-mails dos aposentados. Eu tinha um assunto determinado, não quis, mas disse: “Vou na segunda-feira”. Olha o que Juscelino Kubitscheck disse, Pedro Simon, ô Luiz Inácio: “Nada mais terrível do que, além da velhice, a pobreza”. Ele disse que a velhice é uma tristeza, mas, desamparada, é uma desgraça. Preocupa-se com a aposentadoria justa e a Previdência.

Foi isto que fomos buscar: aposentados. Este aqui que me mandou uma carta, Pedro Simon - recebemos muitos e-mails, muitos, muitos, do Brasil todo, mas este ainda é da carta, daquela máquina de escrever -, tem 89 anos. Rapaz, no finzinho, ele pede, pelo amor de Deus, que Deus tenha piedade de nós. Manoel, é o seguinte... Então, 89 anos. Ô Luiz Inácio, atentai bem! Ô Paim, por isso meu respeito. Tenho visto a luz de V. Exª. Nós não temos culpa, não. Este Senado está salvando este País. Somos muito poucos. O Governo cooptou tudo da sociedade. Este Paim é um homem de vergonha. Lembro-me de que foi eleita uma comissão para estudar os aumentos salariais. Paim foi eleito Vice-Presidente, mas foi obrigado a se afastar. Quanto sofrimento! Quanto constrangimento! Mas este Senado se reuniu. Paim foi obediente ao partido e disciplinado, mas não se afastou, porque ele era a inspiração. Atentai bem!

E ela se reuniu. O Presidente era Tasso Jereissati e nós varamos madrugada. Atentai bem, Tasso Jereissati eu conheço, sou vizinho dele, três vezes Governador do Estado do Ceará, homem que conhece economia, empresário. O pai dele foi Senador. Entramos madrugada adentro; responsavelmente, fizemos um aumento salarial. Olhamos para os aposentados com que Juscelino se preocupava. Deu-se um aumento de 16,7%, mas um aumento responsável pelos Senadores que somos, os pais da Pátria. Bastaria cortar o supérfluo, ter austeridade. Não foi aumento. Não tem cara de irresponsável e não pode ter, senão toca fogo nisso - 16,7%.

A mídia bombardeia que não tem inflação. Não tem uma ova. Eu vou dizer como tem! Médico cirurgião, não pego nem em dinheiro. A minha mulher é que compra e não sei nem quanto tem, pois a Adalgisinha é quem faz e quem dirige. Quando cheguei nesta Casa, após a eleição, eu tinha um carro, como todo mundo tem, e sempre comparei. Eu botava 50 ”paus” e precisava balançar o carro e enchia. Agora, já estou botando 150 e ele não enche mais. Como é que não tem inflação?

Tudo se resume no transporte. Qualquer gênero que chega usa o transporte. Então, a inflação está aí. Mas não houve inflação para os velhinhos e sim para os aloprados, porque Luiz Inácio é generoso. Mas o fato é que ele vetou e baixou para 4% aquilo que achávamos que deveria ser 16,7%.

Então, esses aposentados... e vou contar agora, pois um quadro vale por dez mil palavras, Senador Pedro Simon, a vida nos ensina. Tem uma pessoa, cujo nome não vou dizer, e, quando cheguei na minha cidade - eu me formei em 1966, no Ceará -, fui para o Rio fazer cirurgia em 1967, 1968 e 1969, e me convidaram para o Rotary. Essa pessoa foi lá, e nós a chamamos de padrinho. Olha, Pedro Simon, de 1969 para cá, Papaléo, não conheci homem mais correto, mais digno, mais honrado, do que o Governador do Estado, o padrinho. Não conheci homem melhor, nem esse negócio de Paul Harris, que foi o fundador do Rotary. Ele era o dar de si, em vez de pensar em si.

Mas se beneficia quem melhor serve. Não vou dizer o nome. Essa pessoa agora, no ano passado... Eu não conheço, e Deus não vai julgar a pessoa por um instante, mas por uma vida, tenho certeza de que ele está no Céu.

Ele se suicidou. Eu não conheço nenhum homem na minha vida melhor do que ele - e tenho 65 anos de idade. Ele é um símbolo, Pedro Simon, do aposentado. Esse homem, que é santo...e eu confio em Deus, porque Deus não vai julgar um instante, um ato impensado, tresloucado, vai julgar uma vida. Eu não conheço vida melhor! É dura a vida de aposentado, um homem honrado, lutador, trabalhou a vida toda, teve uma vida digna; os seus amigos, que eram os médicos da época, faleceram. Eu não estava na cidade, mas sei que ele precisou internar sua mulher, sua amada, a sua Adalgisinha, o que hoje é difícil. Ele tinha um padrão de vida; essa pessoa foi muito importante. E vocês sabem como é difícil a medicina hoje. E ele não tinha dinheiro para pagar o hospital da mulher, pois estava aposentado.

Aqui está uma carta, Papaléo, de um cidadão que tem 89 anos, que pede, pelo amor de Deus, que esta Casa tenha dignidade - o Senador Garibaldi fez esse compromisso. A grandeza nossa, Senador José Agripino, é esse homem de 89 anos que conta a vida. Estão aqui as dificuldades dele. Surgiu um tal de empréstimo consignado que foi a desgraça: mídia, os velhinhos não liam os contratos com letra pequena, doentes da vista, e, agora, estão cobrando...

Abraham Lincoln, Luiz Inácio, ensinou: “Não baseie sua prosperidade em dinheiro emprestado". O dinheiro desses velhinhos não é deles, mas dos filhos, dos netos. Ô coisa boa é velho, é avô. Mas eles estão em dificuldades. Temos de derrubar... A democracia é isso. O Presidente tinha direito de veto. Foi inspirado pelos aloprados, pelos que queriam que o dinheiro sobrasse para ter cartão corporativo, para ter mensalão, para ter farra, para ter orgia. E faltou o dos velhinhos. Se não derrubarmos...

Mais ainda, Senador Paulo Paim, faço uma homenagem a V. Exª. Diz aqui o seguinte: "A propósito, onde está o Projeto de Lei do Senado nº 58/2003?" É o projeto do Senador Paulo Paim, que resolveria esse problema. Cadê, Senador Paulo Paim?

Concedo um aparte ao Senador Pedro Simon.

O Sr. Pedro Simon (PMDB - RS) - V. Exª citou a correspondência que recebeu. Tenho aqui a reportagem que uma das mais importantes revistas semanais publicou a respeito V. Exª. É aquilo que muitos colegas vêm manifestando a V. Exª com relação à sua atuação. O grande destaque da revista é o fenômeno Mão Santa. Informam que V. Exª recebe mil e tantas cartas diariamente do Brasil inteiro e que V. Exª é o político, o parlamentar mais conhecido, mais analisado hoje no Brasil inteiro. Dá a quantidade de pronunciamentos feitos por V. Exª, coisa de 600 e tantos, e o número de apartes, 1.400 e não sei quantos. Chama atenção a reportagem para a cultura de V. Exª, para a interpretação que V. Exª faz do pensamento e das teses de alguns dos mais renomados historiadores, políticos, cientistas, sociólogos e humanistas e para a repercussão que isso vem tendo no Brasil Inteiro, dizendo que V. Exª é um dos grandes responsáveis pelo alto ibope que a TV Senado vem obtendo em todo o Brasil. Eu me emocionei com a reportagem, porque li ali aquilo que nesse um mês e pouco, na Rainha do Mar, no Rio Grande do Sul, na frente da minha casa, eu ouvia os gaúchos conversando, impressionados com relação à atuação de V. Exª. A reportagem chama a atenção pela forma com que V. Exª fala do seu Piauí, que hoje é nome nacional, e do Luiz Inácio. Perguntado por que chama o Presidente de Luiz Inácio da Silva, e não Luiz Inácio Lula da Silva, V. Exª responde: que é esse o nome dele: Luiz Inácio. Por isso que V. Exª o chama de Luiz Inácio. Eu fiquei muito feliz, muito feliz por ver que, na verdade ...

(Interrupção do som.)

O Sr. Pedro Simon (PMDB - RS) - ... chama também a atenção para o recorde de vezes que V. Exª, por estar permanente presente, assumiu a Presidência do Senado Federal. Fico feliz, porque V. Exª está realmente mostrando, com sinceridade, pureza e singeleza ao falar, a preocupação que V. Exª tem com os destinos deste País. Meus cumprimentos. Para mim é uma honra poder apartear V. Exª.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Essas palavras, Senador Papaléo, é porque ele é da Ordem Terceira Franciscana, assim como minha mãe também era. Quero dizer que sou consciente. Senador Pedro Simon, Leonardo da Vinci, que fez o Renascimento, disse que o mau discípulo é o que não suplanta o mestre.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Quero afirmar aqui que eu sou esse mau discípulo. Jamais ouso, penso que se suplantarei o meu mestre Pedro Simon, o meu mestre, o meu líder aqui. Todo mérito é ter seguido a linha de ética, de decência de Pedro Simon no PMDB. Recordações temos de Ulysses Guimarães, encantando no fundo do mar; de Teotônio Vilela, que, moribundo, ensinou aqui que, no Parlamento,devemos resistir falando e falar resistindo; de Juscelino, cassado e humilhado aqui nesta cadeira. Esses nomes são do passado, mas, no presente, a força viva de ética e dignidade é Pedro Simon.

(Interrupção do som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Queria então sensibilizar a todos, e quis Deus estar aqui o grande líder das Oposições, Senador José Agripino, com relação aos aposentados.

E a carta que passa aqui, que revê, numerosa, mostra os sofrimentos, as penúrias, os aumentos de conta, o feijãozinho, o medicamento, as dificuldades...Luiz Inácio, o meu padrinho se enforcou - do Rotary.

V. Exª, Luiz Inácio, teve a curiosidade de saber quantos velhinhos honrados e dignos estão enfrentando essa dificuldade? Eu sei que V. Exª é generoso, Luiz Inácio; foram os aloprados que mandaram V. Exª vetar; os aloprados é que estão impedindo a lei que o nosso aposentado aqui recomenda, do Paim, o PLS nº 58, de 2003.

Pedro Simon, V. Exª já teve muitas vitórias, mas vamos nos comprometer. E eu respondo então a Wilson do Amaral, da Rua Humaitá 116, Bairro Fundação, São Caetano do Sul, São Paulo.

José Agripino, Paulo Paim, Pedro Simon, Geraldo Mesquita - ele que iniciou, que me arrastou para essa campanha, sexta-feira, ele tinha outras cartas que ouvi, tremendo de indignação - Papaléo, vamos todos dar ao nosso aposentado. Ele conta aqui, Pedro Simon, que ele pagou 35 anos, e o País disse que ia aposentá-lo com dez salários mínimos, e ele recebe quatro. Luiz Inácio, isso é roubo. O País, o Presidente, como V. Exª disse, é uma instituição a Presidência da República. Foi um compromisso. V. Exª é o Governo, é a história, é o Presidente. Foram dez salários mínimos!

Senador José Agripino, com a palavra V. Exª.

O Sr. José Agripino (DEM - RN) - Senador Mão Santa, eu gostaria inicialmente de cumprimentar V. Exª pela matéria de que V. Exª é objeto na revista Época desta semana: “Mão Santa, língua solta.” É uma matéria elogiosa, uma matéria que faz jus a sua luta, a suas manifestações praticamente diárias sempre em torno de assuntos de interesse da sociedade e do cidadão brasileiro. V. Exª agora aborda a questão dos aposentados, com muita propriedade. Veja! Há dinheiro para o Bolsa-Família, há dinheiro para cartão corporativo, há dinheiro para tanta coisa, mas não há dinheiro para cumprir a lei, para fazer justiça, para atender àquele que trabalhou a vida inteira e que teria direito aos reajustes da sua aposentadoria se o Governo quisesse ser justo com quem já deu tanto pela Pátria, pelo Estado ou pelo Município. Até porque aquilo que se faz aqui, no plano federal, serve de exemplo para os Estados e para os Municípios. Se bem feito, fica o exemplo para os Estados e para os Municípios. Se mal feito, se injusto, fica a justificativa para que o Estado e o Município pratiquem a injustiça. Quero propor a V. Exª uma atitude pragmática, objetiva. Nós aprovamos, aqui no Congresso, há algum tempo - eu até conferia com o Senador Geraldo Mesquita -, o percentual do reajuste para os aposentados, creio de foi de pouco mais de 16%. Essa matéria foi vetada.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Dezesseis vírgula sete por cento.

O Sr. José Agripino (DEM - RN) - Dezesseis vírgula sete por cento. Essa matéria foi vetada pelo Poder Executivo; pelo Presidente Lula. Ele vetou. Como vetou, por exemplo, a concessão de ajuda, auxílio-transporte e auxílio-alimentação. V. Exª, que é médico, sabe da importância do que vou falar. Trata-se do auxílio-transporte e do auxílio-alimentação para quem tem uma doença, por exemplo, na sua Teresina, mas não consegue cura ali para aquela doença e é obrigado a se deslocar para Recife, Rio de Janeiro, Brasília, São Paulo. Um projeto de lei que fizemos aqui garantindo o auxílio-transporte e o auxílio-alimentação para que o segurado do SUS pudesse se deslocar foi vetado, como foi o da isenção do imposto sobre aparelho de surdez. V. Exª deve se lembrar, como médico, que Lula vetou a isenção. Como vetou aquilo que nós passamos meses discutindo, na Câmara e no Senado: o pacto da renegociação das dívidas do crédito rural para os nossos conterrâneos, agricultores do Nordeste. Está vetado. Como está vetado o aumento dos aposentados. V. Exª sabe que está pactuada, entre a Oposição, os partidos políticos e a Presidência do Senado, uma nova investida na apreciação dos vetos. É compromisso do Presidente Garibaldi colocar em apreciação os vetos. Está na nossa hora, Senador Mão Santa! Está na nossa hora de mobilizar os nossos companheiros, na Câmara e no Senado, para derrubar os vetos injustos. E para fazer com que as coisas boas desta Casa, Senado, ou da Casa vizinha, Câmara, operem em benefício da sociedade, coisas corretas e sérias, como o aumento dos aposentados. Está na hora de nos mobilizarmos para derrubar o veto do Presidente e garantirmos que aquilo que foi dado aos funcionários da ativa seja dado também àqueles que passaram a vida inteira trabalhando pelo Brasil. Cumprimentos a V. Exª! Deixo a minha convocação para que nos unamos em torno da derrubada desse veto.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Faço minhas todas as palavras proferidas pelo grande Líder José Agripino.

Para encerrar, reitero o que disse Juscelino Kubitschek. Luiz Inácio, é uma colaboração, estou resumindo todo o livro numa frase - vou tirar fotocópia. Vejam o que disse Juscelino: “Nada mais terrível do que, além da velhice, a pobreza. A velhice é triste; desamparada, é uma desgraça”. Disse mais Juscelino: “Aposentadoria justa, Previdência. As portas dos poderosos raramente estão abertas aos necessitados”.

Rui está ali, sabe por quê? Porque, Luiz Inácio, ele disse: “Justiça tardia é injustiça manifesta”. E Cristo está mais arriba, Luiz Inácio, porque disse: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça”.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/02/2008 - Página 2528