Fala da Presidência durante a 13ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Leitura de verso do poeta gaúcho Pedro Freitas.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
PREVIDENCIA SOCIAL.:
  • Leitura de verso do poeta gaúcho Pedro Freitas.
Publicação
Publicação no DSF de 23/02/2008 - Página 3404
Assunto
Outros > PREVIDENCIA SOCIAL.
Indexação
  • LEITURA, OBRA LITERARIA, AUTORIA, POETA, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), ELOGIO, ATUAÇÃO, ORADOR, CRITICA, GOVERNO FEDERAL, VETO (VET), REAJUSTE, BENEFICIO, APOSENTADO.

O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Após o brilhante pronunciamento do Senador Paulo Paim, apenas lembramos que Obama é filho do estudo. Ele se formou em Ciências Políticas e, logo depois, em Direito. Tem escritório de advocacia, o mais forte, há quinze anos. Ele está enquadrado em Sócrates, que diz: “Só há um grande bem, que é o saber; só há um grande mal, a ignorância”.

Em homenagem a V. Exª, que é uma mistura de Obama e de Martin Luther King, vou ler um e-mail que recebi a respeito da luta por aquele veto em que o Presidente deu o aumento aos aposentados - e foi muito boa a luta - e que diz: “V. Exª leve à tona também para discussão no plenário o projeto do Senador Paulo Paim que extingue o fator previdenciário do cálculo das aposentadorias”. É o que diz Júlio Eduardo Ayres Borges.

Em homenagem a V. Exª, ao Rio Grande do Sul, a Bento Gonçalves, à Guerra da Farroupilha, que foi a luz para a libertação dos escravos e da República, peço permissão para ler aqui um verso mandado por um poeta do Rio Grande do Sul. Professor Cristovam Buarque, ele diz: “Em tempo: os erros de português fazem parte do folclore gaúcho e da liberdade poética”. O poeta é João Pedro Freitas, Bagé. Atentai bem ao que pensa o poeta gaúcho:

Buenas, meu Senador!

O cumprimento é de um gaúcho,

Aqui não se usa luxo,

Nem os homem e nem as mulhé,

Nesta cidade da Bagé,

Que é a rainha da fronteira,

Uma cidade hospitaleira,

Desta terra de sepé.

Me desculpe, Senador,

Essa minha liberdade,

Mas eu me sinto à vontade,

Para abrir minha garganta,

E dizer que a sua cultura é tanta,

Que retumba nesse Senado,

Se alguém está atrapalhado,

Basta chamar o Mão Santa.

Vou lhe dizer, Senador.

De como é lindo lhe ouvir,

O senhor a repelir,

O que fazem os aloprados,

Se fazendo de coitados,

E embolsando o dinheiro

De todos os brasileiros,

Ainda querem ser respeitados.

É uma vergonha, Senador.

É roubo todos os dias,

Chegam roubar em parceria,

Roubam do peão e da prenda,

Ainda tem quem os defenda.

Eu sou obrigado a reclamar,

Aonde vamos chegar,

Sem nenhuma reprimenda.

Vou lhe contar Senador.

Não dá mais para agüentar,

Os aloprados só querem ganhar,

Primeiro, criaram o mensalão,

Pegaram dinheiro de montão.

Mas acabou o filezinho,

Aí eles deram um jeitinho,

Agora eles compram com cartão.

E os aposentados, Senador!

Não respeitam os velhinhos,

Tá diminuindo o dinheirinho,

Nem pro remédio eles tem.

E o Presidente nesse vai e vem,

Só aumenta a carga tributária,

Prá garantir a viagem e a diária,

E os velhos continuam sem.

Meu querido, Senador.

Não desista da peleia,

Porque aqui a coisa tá feia,

Mas não podemos se entregar.

Caso o senhor venha precisar,

Pode me mandar um recado,

Que estou de cavalo encilhado,

Para fazer eles recuar.

Isso vai ter que ter um basta,

Pois não dá mais prá agüentar,

Eles só querem viajar,

Fazer festa e extrepolia,

Isso virou uma anarquia.

Nós não temos nem pro fumo,

Vamos como ovelha pro consumo,

Mas eles só querem mordomia.

Acredite, meu Senador,

Porque aí e como aqui,

Ou, lá no seu Piiiiauí,

Todo mundo descontente,

Quem fala verdade, não mente,

Eu nem conheço o senhor,

Mas é o melhor orador,

Prá defender nossa gente.

Vou encerrar Senador,

Mas antes vou lhe pedir,

Para o senhor não disistir,

Em vez de se apequenar se agrande,

E não deixe que lhe mande,

Nunca demonstre cansaço,

E, receba um forte abraço,

Deste gaúcho do Rio Grande.

O Rio Grande do Sul é essa grandeza. Foi lá que nasceu a rebeldia da mais bela guerra da história do Brasil, a Guerra dos Farrapos, com os Lanceiros Negros, com o nascer da esperança e da liberdade dos escravos e da República.

Aqui, ô Heráclito, temos de reconhecer que nossa delegação é medalha de prata, porque a delegação Rio Grande do Sul é medalha de ouro nesse caso, com Paim, com Pedro Simon e com Zambiasi.

O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Senador Mão Santa, permita-me dizer que conheço muito a cidade de Bagé. Não poderia deixar de fazer um pequeno registro a respeito da poesia folclórica, bonita, que fez esse gaúcho.

Bagé é administrada pelo Partido dos Trabalhadores. O Prefeito é Luiz Mainardi, que tem a aceitação de 80% da população e que foi reeleito por duas vezes. Sou contra o terceiro mandato - de outra sorte, ele seria reeleito outra vez -, mas tenho a certeza de que ele fará o sucessor.

Fico feliz por perceber que o povo gaúcho acompanha o debate que fazemos aqui, no Congresso Nacional. Aproveito a oportunidade para dizer que, na terça-feira próxima, às 10 horas, este Senado vai debater dois projetos de minha autoria: o PL nº 58, que garantirá aos aposentados o mesmo percentual de reajuste dado ao salário mínimo, que V. Exª apóia, e também o fim do fator previdenciário; e a emenda que fiz ao PL nº 42, que está pronto para ser votado e que garante a recuperação das perdas dos aposentados.

Senador Mão Santa, é importante que o povo gaúcho e o povo brasileiro saibam que esta Casa está debatendo. Nós haveremos de construir uma política de recuperação dos benefícios dos aposentados.

Muito obrigado, Senador Mão Santa.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/02/2008 - Página 3404