Discurso durante a 17ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Novas críticas à excessiva carga tributária do País.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA FISCAL. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Novas críticas à excessiva carga tributária do País.
Publicação
Publicação no DSF de 28/02/2008 - Página 3769
Assunto
Outros > POLITICA FISCAL. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • GRAVIDADE, EXCESSO, NUMERO, IMPOSTOS, SUPERIORIDADE, CARGA, TRIBUTAÇÃO, BRASIL, DEFESA, CIRCULAÇÃO, DINHEIRO, CRESCIMENTO, FONTE, ARRECADAÇÃO.
  • CRITICA, CRESCIMENTO, BUROCRACIA, GOVERNO FEDERAL, NOMEAÇÃO, CRITERIOS, POLITICA PARTIDARIA, PERDA, EFICACIA, ADMINISTRAÇÃO PUBLICA.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Senador Valter Pereira, que preside esta sessão de 27 de fevereiro, parlamentares presentes, brasileiras e brasileiros aqui e que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado, Senador Antonio Carlos Valadares, V. Exª, sem dúvida nenhuma, é uma autoridade do Direito nesta Casa. Mas eu quero dizer, Antonio Carlos Valadares, que eu, pesquisando, denunciei à Pátria que este País tinha 76 impostos, com taxas. Fomos nós também que afirmamos que quem trabalha no Brasil trabalha, dos doze meses, cinco meses para o Governo, e era um mês para o banco. Aumentaram os juros, agora. Esta é a realidade.

            Eu pergunto a quem trabalha se, nesses anos de Governo de Luiz Inácio, aumentou seu patrimônio. Eu acho que só aqueles que ganharam mensalão, tiveram cartões corporativos, os 25 mil nomeados, alguns deles com DAS-6 ganhando R$10.448,00 por mês. Esse é o quadro.

            Mas nós advertimos porque o nosso dever aqui é acordar e alertar o Presidente Luiz Inácio. Nós entendemos as coisas, nós fomos Prefeitinho, governamos o Estado do Piauí por duas vezes, fomos Deputado. Setenta e seis impostos!

            Há um jornalista no Piauí, que foi político, que dizia: “Isso é uma lástima!” A gente tinha um Boris Casoy, que dizia: “Isso é uma vergonha!” Mas deram sumiço no Boris Casoy. Agora, nós advertimos e rumamos para enterrar a CPMF antes de o povo enterrar esta Casa. Nasceu a esperança, a credibilidade.

            A ignorância é audaciosa.

            Valter Pereira, o meu professor de cirurgia, Mariano de Andrade, dizia uma frase: “Para onde a gente vai, a gente leva nossa formação profissional.” A ignorância é audaciosa.

            Depois, estudando, sei que Sócrates dizia: “Só tem um grande bem: o saber. Só tem um grande mal: a ignorância.”

            Nós dizíamos que estava travado por isto: era imposto demais. Dizíamos até que se Cristo passasse no Brasil não ia dizer: “Daí a César o que é de César”, não, que o Luiz Inácio já estava levando muito.

            Eles argumentavam. E nós, consciente, acreditando no estudo, no trabalho, na experiência, que é a mãe da ciência.

            Nós afirmávamos aqui que não iria acabar nada, contra a mídia mentirosa do Duda Mendonça. Ah! Vai acabar. O fim do mundo. Vai acabar! A saúde vai acabar. Quarenta bilhões! A ignorância é audaciosa. Os aloprados intimidavam o Presidente. Era!

            Nós, médicos, dizíamos com convicção, Valter. Sei que V. Exª é filhote de Rui Barbosa, amante do Direito. Mas nós, médicos, damos valor à etiologia. É a causa. E nós sabíamos do Adam Smith.

            Eu disse aqui, no dia do debate, debatendo com os mais preparados do PT. O Delcídio Amaral, que é uma figura, um engenheiro brilhante. O Mercadante. Que nada! Lavoisier já dizia que na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma. Não vai acabar o dinheiro, o trabalho. O dinheiro é uma conseqüência.

            Rui Barbosa já dizia que temos de dar primazia ao trabalho e ao trabalhador. Ele que faz a riqueza, ele vem antes, não é, Valter Pereira? O Rui! Pois os aloprados não entendiam. E nós viemos com convicção, porque fomos prefeitinho. E eu disse aqui, convencemos o País e ganhamos mesmo. Porque aqui é que está a sabedoria. O Senado só presta para isso, Senador Papaléo. Se não tiver, fecha. Só tem esse sentido. E nós votamos com convicção. Enfrentamos, quando governamos a minha cidade... Ó, Antonio Carlos Valadares, ninguém viveu... Naquele tempo, Valter Pereira, eu não sei se V. Exª era prefeito nessa época. Não, era o filho, ele já botou foi o filho, árvore boa dá bons frutos. Mas a inflação era até de 80%! Oitenta por cento! Teve mês que eu passava a noite fazendo folha de pagamento. Todo mês, porque era 80%! E aproveitava para fazer justiça social: dar mais para os que ganham menos e menos para os que ganham mais, muito. Todo mês! E sabe o que é que eu dizia, Valter Pereira, Luiz Inácio? “Tô lascado! Eu não vou pagar essa folha!” Então, aumentava 80% o salário mínimo, a maioria de prefeitura, não é? Do Nordeste, é isso. Eu dizia: “Tô lascado, não vai dar!” E dava! Sobrava! Sobrava, Papaléo! Por quê? Porque o dinheiro circulava, ficava na mão do povo. Todo mundo comprava mais. Aumentava o IPI das indústrias, aumentava o ICMS, o Governo andava mais. Então, tinha que circular riqueza. Essa era a nossa convicção. Nós, Papaléo, é que devíamos ser o Líder do PMDB, porque nós tivemos essa visão de futuro. Tínhamos essa certeza e essa convicção. “Vamos acabar com isso!” “Vai acabar o bolão, tá lascado!” “Vamos aumentar!” Sem CPMF, a arrecadação sobe 9,6 bi. Fenômeno normal, o dinheiro não acabou, o dinheiro ficou na mãe de família, ficou no pai. Eles compraram mais. Mais IPI, mais emprego, mais ICMS. Eis aqui: é o trabalho; é crescer. Era isso que pregávamos - e não crescer este País de pilantras, de aloprados, de preguiçosos, com o Governo nomeando-se.

            Senador Valter Pereira, ...

            (Interrupção do som.)

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) -..vou te dar uma ajuda muito importante. Pode me dar um minuto que você que vai ganhar. A vantagem é para você.

            O SR. PRESIDENTE (Valter Pereira. PMDB - MS.) - Já é a terceira vez que eu prorrogo.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Vou lhe dizer. E é para seu filho e filho é coisa que a gente gosta mais. Sou orgulhoso dos meus filhos: tenho um homem empresário, um engenheiro, um advogado e agora uma médica. Compre agora o livro de Ted Gaebler e David Osborne, Reinventando o Governo, e dê para seu filho.

            O SR. PRESIDENTE (Valter Pereira. PMDB - MS.) - Já fiz esse presente e li a obra duas vezes.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Pois é, olha como nos orgulha. Hoje, recebi o livro de Ramez Tebet, que vou ler e comentar. E V. Exª é fruto político de Ramez Tebet.

            O SR. PRESIDENTE (Valter Pereira. PMDB - MS.) - V. Exª não vai ler o livro da tribuna agora, não é?

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Só vou resumir o livro, porque o Luiz Inácio disse que não gosta de ler, não é, Papaléo, diz que lê uma página e dá uma canseira e que é melhor fazer uma hora de esteira.

            Então eu vou resumir. Foi Bill Clinton quatro vezes governador de Arkansas. Quatro vezes, Papaléo. Você foi prefeito uma vez. Quatro vezes. Antonio Carlos Valadares, V. Exª foi um grande prefeito e esteve lá duas vezes. Bill Clinton foi quatro vezes. Aí ele viu que a democracia é complicada e buscou os maiores técnicos em planejamento e administração: Ted Gaebler e David Osborne. Eu os conheci. Fui a um congresso do PMDB, em Fortaleza, para conhecê-los. Aí ele disse: Governo não pode ser grande não. A gente não pode nomear não. Governo grande demais não dá certo; fica igual ao Titanic - a maior obra de engenharia do mundo afundou, porque era grande demais. Um governo grande demais afunda. O governo precisa ser pequeno, ágil e olhar com estímulo e motivação aquele que produz, trabalha e faz a riqueza.

            É isso, Luiz Inácio. Devemos acabar de vez com esse negócio de Poder Executivo, Poder Legislativo, Poder Judiciário...

            (Interrupção do som.)

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Isso é vaidade. Isso é coisa de reis.

            O SR. PRESIDENTE (Valter Pereira. PMDB - MS.) - Senador Mão Santa, gostaria de lembrar a V. Exª que prorrogamos quatro vezes a sua fala, e há outros oradores inscritos.

            Então, vou conceder mais um minuto, para que V. Exª conclua efetivamente o seu pronunciamento. Sei que ele é interessante. Todos estão aqui muito atentos a sua fala, mas é preciso respeitar o direito de terceiros.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - V. Exª é que tem de treinar mais aí. No painel está que eu tenho 11 minutos. Entendemos que só temos um minuto, mas ali está 11. Estou sendo correto.

            Cristo fez o Pai-Nosso em um minuto e Ele vai baixar aqui e vai...

            Então, onze minutos. Está valendo. Ali tem onze. Olha um técnico para orientar o Presidente para mexer na máquina, para gente ser justo. Ô Papaléo...Ah agora o Presidente aprendeu a manipular...

            (O Sr. Presidente fazendo soar a campainha.)

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Então é o seguinte. Entendo que o poder é Deus. É o povo de Deus que trabalha e que paga a conta. E o povo brasileiro está pagando uma conta muito cara, está trabalhando muito para pagar 40 ministros - 30 desnecessários. Vinte e cinco nomeações desnecessárias, 25 mil entraram pela porta larga sem concurso. Cartões corporativos! E o que está faltando neste Governo - Papaléo, eu digo, basta um segundo - é austeridade. Ô Luiz Inácio, é o casamento da honestidade com a seriedade que vai dar prosperidade ao povo brasileiro.

            Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 28/02/2008 - Página 3769