Discurso durante a 18ª Sessão Especial, no Senado Federal

Homenagem ao eminente brasileiro Senador Jonas Pinheiro, que exerceu importantes cargos, dedicando sua vida pública a serviço do País e em defesa da agricultura brasileira.

Autor
José Agripino (DEM - Democratas/RN)
Nome completo: José Agripino Maia
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem ao eminente brasileiro Senador Jonas Pinheiro, que exerceu importantes cargos, dedicando sua vida pública a serviço do País e em defesa da agricultura brasileira.
Publicação
Publicação no DSF de 29/02/2008 - Página 3970
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, JONAS PINHEIRO, SENADOR, ESTADO DE MATO GROSSO (MT), COMENTARIO, SUPERIORIDADE, MANIFESTAÇÃO COLETIVA, FUNERAL, ELOGIO, VIDA PUBLICA, COLABORAÇÃO, DESENVOLVIMENTO REGIONAL, ESPECIFICAÇÃO, INCENTIVO, AGRICULTURA, PECUARIA, COMPROMISSO, BRASIL.
  • QUALIDADE, LIDER, PARTIDO POLITICO, DEMOCRATAS (DEM), DEPOIMENTO, FIDELIDADE PARTIDARIA, COLABORAÇÃO, JONAS PINHEIRO, SENADOR, EXTINÇÃO, CONTRIBUIÇÃO PROVISORIA SOBRE A MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA (CPMF).

O SR. JOSÉ AGRIPINO (DEM - RN. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Jayme Campos; Presidente Fábio Meirelles, da CNA; colega Maguito Vilela; Giorgio e Giani; minha querida amiga Celcita Pinheiro; eu esperava tudo em 2008, menos que este ano nos levasse Jonas.

Jonas tinha problema de coluna, e eu me preocupava com a coluna de Jonas. Eu lhe perguntava: “Como está a coluna?” Ele operou e disse: “Faz de conta que eu nunca tive”. Como é que eu poderia imaginar que Jonas viesse a morrer de parada respiratória?

Celcita, eu já fui, nesses trinta e poucos anos de vida pública, a muitos eventos fúnebres e a despedidas de líderes políticos, líderes de alto coturno. Muito poucos, muito poucos, tiveram a solidariedade, a franqueza, a sinceridade, a emoção que eu vi em Santo Antônio, na casa de vocês, com a presença do povo e com a presença maciça de colegas dele, Deputados e Senadores.

Eu digo isso com a franqueza de quem já foi Governador, Prefeito, Senador; de quem participou de tantos eventos e pode dar um testemunho.

Aquele encontro foi do tamanho do bem-querer que o povo de Mato Grosso e a classe política dedicam a Jonas Pinheiro. Esse é um momento duro, é um momento de homenagem, é um momento de pranto, mas é um momento de recordações, Giorgio. A sua mãe está emocionada; Giani também. Esses são momentos de cortar coração, mas são momentos em que cada palavra que é dita vai ser guardada para vocês recordarem o resto da vida, porque é um momento em que o Senado da República presta homenagem a um homem que cresceu junto com Mato Grosso.

Jayme, eu estive em Cuiabá, pela primeira vez, há vários anos. Eu a comparava com Natal, a minha capital, e achava Natal muito melhor. Eu achava Cuiabá uma cidade aquém da potencialidade do Mato Grosso. Voltei lá, com freqüência, ultimamente. Como cresceu!

Como Mato Grosso e como Cuiabá cresceram! É a história do Estado se confundindo com a história de um homem que foi deputado, Deputado e Senador. O Estado e ele cresceram juntos, e a história dos dois eram coincidentes: é o agronegócio, é a agricultura, é a tecnologia agrícola, é a comercialização, é a luta no campo pela sobrevivência. E, nisso tudo, a figura de Jonas Pinheiro foi um protagonista fundamental para que Mato Grosso fosse o que é hoje: um grande produtor de carne, um grande produtor de grãos, um grande produtor de algodão. É um Estado que só está indo para a frente.

Celcita Pinheiro, você não participava das sessões do Senado. O seu marido ficava ali ao lado da Senadora Serys Slhessarenko, atrás da Senadora Lúcia Vânia. Ele chegava, discreto, assentava-se ali, ouvia com muita atenção tudo o que se falava e votava discretamente. Agora, quando o assunto era agricultura, as atenções do Plenário se voltavam para aquele cantinho ali. Aí, era a “praia” de Jonas; aí era a opinião em que o Partido dele, da vida inteira dele, estabelecia como referência; aí era o Norte. Era ali atrás da Senadora Lúcia Vânia. Era a opinião que ouvíamos. Sabe por quê? Celcita Pinheiro, seu marido era um homem sério. Por isso ele defendia as causas da terra, mas ele era um homem sério. A Senadora Lúcia Vânia falou que, na renegociação das dívidas, na questão da tecnologia agrícola dos transgênicos, ele era um apaixonado defensor, mas não transacionava com a seriedade. Ele não colocava interesses de ninguém acima do interesse público. Quando ele defendia a renegociação das dívidas ou a comercialização, ele defendia o interesse coletivo de uma categoria que gera milhares de empregos neste País e que ele defendia por conhecimento de causa. Ele, que tinha sido técnico agrícola, formou-se em Medicina Veterinária, era um homem do assunto, que cresceu junto com o assunto e por isso ele era, Fábio, respeitado dentro do Partido.

Ele vai fazer muita falta ao Mato Grosso, muita falta, Senador Gilberto Goellner! Eu não tenho nenhuma dúvida. Neste momento, as pessoas estão apenas sentindo a falta de Jonas, mas, com o passar dos anos, a experiência acumulada ao longo de uma vida inteira colocada em favor de um Estado vão fazer falta e vocês vão ter que se desdobrar: você, Serys, Jayme, vão ter que se desdobrar para ocupar o espaço que discretamente, sutilmente, sem disputar nem brilho nem espaço, ele ofereceu ao seu Estado para que pudesse crescer.

Mas, o que eu queria mesmo, Celcita, era prestar um depoimento sobre o homem de Partido. Eu vou aqui revelar uma coisa que o Brasil não sabe: ele foi o homem das grandes causas do campo, mas Jonas talvez tenha sido o homem que, no Partido, pela atitude que tomou, independentemente das pressões que sofreu, garantiu ao Partido a vitória na guerra pela CPMF.

Senador Eliseu, você participou de tantas reuniões de Bancada e ouviu os depoimentos que, com franqueza, o Senador Jonas fazia sobre os pedidos que ele recebia do Governador do Estado em favor das causas do Mato Grosso e das pressões que ele recebia para, em nome das causas do seu Estado, ter uma posição compreensiva com o desejo do Governo de manter a CPMF.

Você ouviu dizer, em diversas oportunidades, que ele era homem de partido. O Senador Jayme Campos acompanhou essa história do começo ao fim. Só não participou da última reunião, quando tanto se especulava que Jonas Pinheiro iria votar atendendo ao pedido do Planalto pela prorrogação da CPMF.

Tivemos, Rodrigo Maia, ele e eu, uma última conversa na antevéspera da votação no gabinete da Liderança. Quando ele chegou, manso, perguntei pela coluna dele, e ele respondeu: “Está boa. Parece que nunca tive coluna”. Sentou-se, conversamos afável e amigavelmente, e perguntei: “E a CPMF, Jonas?” Ele me disse: “O Governador me disse que fica assegurado isso, isso e isso para o meu Estado. Estou numa situação difícil, mas sou homem de partido. O que o Partido quiser, eu faço”.

Eu disse: “Jonas, fique certo de que as causas do Mato Grosso que o Governador lhe pede serão causas do seu Partido, e nós exigiremos, em qualquer negociação que se venha a fazer daqui para frente, que essas causas sejam causas do Partido, para que elas sejam cumpridas, independentemente de voto”. Ele disse: “Eu nem precisava ouvir essa sua opinião para lhe garantir que o meu voto é do Partido”. E definiu: “O meu voto é do Partido e voto como o Partido quer. Eu fui a vida inteira desse Partido e não vou mudar. Se o Partido dá cobertura a que os pleitos do meu Estado sejam pleitos do Partido, fico mais confortável ainda perante o Brasil e perante o meu Estado”.

A partir dali, o Democratas, que foi o Partido que mais lutou para que a CPMF morresse, apresentou ao Brasil uma posição monolítica. Não tem defecção nenhuma, não adianta especular que A, que B ou que C vai votar assim ou assado. Não tem, ninguém vai mudar... Ninguém!

Sempre agiu com muita coragem, com muita determinação, com posição firme de homem com H maiúsculo, que merece o respeito do seu Mato Grosso e do Brasil. A partir daí, os nossos parceiros do PSDB estabeleceram também o “monolitismo” na posição deles. E os companheiros de outros Partidos, ancorados numa posição de perspectiva de vitória, garantiram ao povo do Brasil a vitória do fim da CPMF.

Porém, o seu marido, Celcita, foi talvez o brasileiro que mais pressão recebeu e o brasileiro que mais soube resistir às pressões, em nome do Partido. (Palmas.)

Era só isso que eu queria dizer, além de dizer que o Partido sente muita falta de Jonas. Muita.

Eu - você sabe disto, Celcita - sou amigo do casal e vocês são meus amigos. Demonstraram isso em algumas oportunidades de que eu não me esqueço nunca. Nunca!

Fique certa de que o Partido tem e vai continuar tendo um lugar especial para Jonas Pinheiro no rol daqueles que entendem de um assunto. Jonas Pinheiro entende de seriedade de propósitos, entende de agricultura e entende de espírito público e compromisso com o Brasil.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/02/2008 - Página 3970