Discurso durante a 30ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Anuncia estudo sobre a viabilidade de ação judicial pedindo anulação da sessão do Senado que aprovou a TV pública.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
TELECOMUNICAÇÃO. PREVIDENCIA SOCIAL. ADMINISTRAÇÃO PUBLICA.:
  • Anuncia estudo sobre a viabilidade de ação judicial pedindo anulação da sessão do Senado que aprovou a TV pública.
Publicação
Publicação no DSF de 15/03/2008 - Página 5965
Assunto
Outros > TELECOMUNICAÇÃO. PREVIDENCIA SOCIAL. ADMINISTRAÇÃO PUBLICA.
Indexação
  • REPUDIO, APROVAÇÃO, SENADO, EMISSORA, TELEVISÃO, EXECUTIVO, FRUSTRAÇÃO, CONDUTA, PRESIDENTE, RESTRIÇÃO, DISCUSSÃO, MATERIA, PREJUIZO, DEMOCRACIA, QUESTIONAMENTO, ATUAÇÃO, LIDER, GOVERNO, LOBBY, RELEVANCIA, MEDIDA PROVISORIA (MPV), REGISTRO, COMPROMISSO, ORADOR, AUTENTICIDADE, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), RECUSA, LIDERANÇA, ROMERO JUCA, SENADOR.
  • PEDIDO, ORIENTAÇÃO, PEDRO SIMON, SENADOR, POSSIBILIDADE, RECURSO JUDICIAL, SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF), SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA (STJ), ANULAÇÃO, SESSÃO, APROVAÇÃO, EMISSORA, TELEVISÃO, SENADO.
  • APOIO, LUTA, PAULO PAIM, SENADOR, DEFESA, MELHORIA, BENEFICIO PREVIDENCIARIO.
  • CRITICA, TENTATIVA, RETIRADA, CENTRAIS ELETRICAS BRASILEIRAS S/A (ELETROBRAS), VIGENCIA, LEGISLAÇÃO, LICITAÇÃO, PREVISÃO, CORRUPÇÃO, DESVIO, RECURSOS.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Paulo Paim, que preside esta sessão, parlamentares presentes na Casa, brasileiras e brasileiros que nos assistem pelo fabuloso sistema de comunicação, esta vai ser a mais importante sessão do Senado da República neste período legislativo - esta sessão na qual estamos. Não é quantidade, não. Está ali Pedro Simon, está ali Cristo, que nos faz entender Pai, Filho e Espírito. São apenas três, mas a qualidade de toda a vida está ali. Entendemos isso.

Quero dizer, Pedro Simon, que não sei, mas, das que eu freqüentei aqui, a mais feia sessão foi a de terça para quarta-feira. Tanto é que Pedro Simon, Deus o poupou de estar aqui. A mais feia sessão da história que eu presenciei aqui foi presidida pelo nosso Presidente Garibaldi. Sei que houve muitas coisas.

Eu mesmo já apreciei aqueles rolos do Presidente, do Renan. Mas, Pedro Simon, aprendi, no colo de minha mãe, poeta e brava mulher, terceira franciscana... Tenho até uma promessa. Ela fez uma promessa, mas acho que não vale. Eu confesso os meus erros. Podem vasculhar a minha vida. Pedro Simon, ela fez uma promessa para que eu decorasse, Paim, o Cântico do Sol, de São Francisco. Eu li várias vezes. Não sou de decorar, mas ainda vou fazê-lo, em respeito. Decorei aquele que todo mundo sabe e canta:” Senhor faça-me um instrumento de vossa paz; onde houver ódio, leve o amor; o erro, a verdade; a dúvida, a fé; as trevas, a luz.” Mas o Cântico do Sol é grande, é bonito. Paim, a primeira que eu aprendi e já ensinei a meus filhos e a meus netos. Eu não tenho dom poético.

Outro dia, o Presidente Sarney perguntou: “Mão Santa, por que você não escreve?” Eu respondi: “Eu não escrevo, não, porque... “Ele disse: “Mas você fala tão bem, devia escrever.” Aí eu disse: “Eu tenho complexo, a minha mãe escreveu tão bem. E outro dia, quando eu vi a minha filha Daniela, no meu aniversário...” Então, eu pensei que vou ser sempre comparado: “A mãe dele era melhor.” E eu tenho, assim, um trauma.

Eu vejo os livros do Paim, poéticos, do Pedro Simon. Mas eu tenho uma coisa, porque alguns pinçam essas palavras que saem em pronunciamentos. Tem um livro que está na quarta edição - eu até pedi colaboração, uma editora nacional - A Política da Mão Certa, de um intelectual, Herculano de Moraes, que pinçou frases de pronunciamentos meus quando eu governava o Piauí. Mas eu mesmo...

Mas eu aprendi, Paim. Vi as suas, que são lindas. Li seus livros. Vejo, de vez em quando, V. Exª declamar aqui. Vi o Pedro Simon poeticamente descrever o olhar de Dom Aloísio Lorscheider. Que poesia linda! O olhar. É só se ter o dom. Aquilo foi uma poesia. Pegou um olhar e fez dez minutos de coisa linda, sobre o olhar de Dom Lorscheider. Mas o que me encantou foi o que aprendi e veio do Nordeste: Canção do Tamoio.

“Não chores, meu filho;

Não chores, que a vida.

É luta renhida:

Viver é lutar.

A vida é combate,

Que os fracos abate,

Que os fortes, os bravos

Só pode exaltar.”

Sejamos nós esses fortes e bravos. Isso é um pedaço da Canção do Tamoio. E lá ele diz: “Meninos, eu vi”. Eu não digo meninos, mas digo, brasileiras e brasileiros, eu vi. Foi uma vergonha. Pedro Simon, Deus o poupou de estar aqui. Ele viu e não quis.

Olha, eu sou do PMDB. Em 1972, Elias Ximenes , eu e outro, na nossa cidade, nós enfrentávamos a ditadura e ganhávamos a Prefeitura da cidade de Parnaíba, cidade de Evandro Lins e Silva, cidade de João Paulo Reis Velloso. Em 1972! Antes do bravo Ulysses, que foi em 1974. Aí de repente me preparei, ô Pedro Simon. Eu acredito em Deus, eu acredito no amor, que une como cimento e forma as famílias, Pedro, que Rui está ali, porque ele disse: “A pátria é a família amplificada”. Porque Deus botou seu filho predileto numa família, a Sagrada Família. Acredito no estudo, Pedro, no estudo, que busca o saber e a sabedoria, que a Bíblia diz que vale mais do que ouro e prata. Eu acredito no trabalho: “Comerás o pão com o suor do teu rosto.” O apóstolo Paulo, mais enérgico: “”Quem não trabalha não merece ganhar para comer”, Pedro Simon. São minhas crenças.

Quando vi, eu ia adentrando aí. Deus escreve, Deus nos guia, Deus ilumina. Eu não sei para onde vou, mas vou guiado por Deus. Foi longa e sinuosa a minha chegada aqui, às penas do estudo e do trabalho. Pedro Simon, eu nunca vi um título de eleitor. Comprar... Eu levei... A minha família é economicamente poderosa. Minha mãe foi terceira franciscana, e eu dediquei a minha profissão em uma Santa Casa de Misericórdia. Vocês sabem o que é isso.

Senador Paulo Paim, chegando aqui, acreditei no estudo e estudei para discutir as medidas provisória. A humildade é o que une os homens e eu perguntei aos mais experimentados. Peguei os alfarrábios de Tasso Jereissati; peguei os alfarrábios de Alvaro Dias, de José Agripino; discuti com os mais experimentados; estudei e me inscrevi para falar. Aí, de repente, o Presidente Garibaldi Alves Filho me decepcionou muito. Chega um Romero da vida - da vida que o Brasil e o povo conhece -, sobe ali, inventa uma filigrana do Regimento e diz que não fala. Eu quero até um aconselhamento, porque quero recorrer ao STF, ao Supremo Tribunal de Justiça. Eu quero! Eu aprendi com Rui que um homem que não luta pelo seu direito não merece viver. Vou pedir a V. Exª, Pedro Simon, que é advogado, uma orientação.

Quando eu estava preparado... Estou aqui, porque eu me preparei. Tem muita gente do Partido do Governo que não é preparado, é comprado. Aí são outros quinhentos. Mas eu me preparei. Olha, Pedro Simon, no currículo médico, o máximo que se pode exigir eu tenho: residência médica, pós-graduação.

Pedro Simon, eu era Governador do Estado do Piauí e fiz um convênio com a Fundação Getúlio Vargas, porque ela cresceu muito, e, de repente, eu fiquei com medo de que ela não tivesse qualidade. Então, eu entendo que a Fundação Getúlio Vargas, Paim, é a nossa Harvard, para controlar a Uespi. E no convênio, o primeiro curso que eles resolveram dar, parcelado, Pedro Simon, foi gestão pública, com trinta vagas.

Paim, eu me inscrevi e mandei dar as outras vagas para os melhores funcionários do Estado. Pedro Simon, eles iam na quinta-feira, na sexta-feira, no sábado; ia um tempo, voltavam na quinta-feira, na sexta-feira... Eu desaparecia do Palácio às seis horas; às sete horas, eu estava estudando Administração. Eu terminava, o Governador, do meu jeito, os professores capacitados, agradáveis, por vocação, terminava lá pelas onze horas da noite. E eu confesso. E eu, daquele meu jeito - o Governador está ali, na aula, à noite -, quando terminava, dizia: “Agora vamos jantar.” Levava o professor, a professora. Eles faziam o fim de semana, e eu lá, no sábado, até meio-dia. Não ia. Eu, lá, levava. Quer dizer, eu ainda bebia o vinho, mas bebia a sabedoria do professor.

Acabei recebendo o diploma pela Fundação Getúlio Vargas de Administração Pública. E com a convivência eu procuro aprender. O Sr. Luiz Inácio não acredita no estudo. Eu respeito, mas eu acredito. Então, eu me preparei, ô Paim, estudei, e aí sobe um Romero da vida com uma filigrana do Regimento... Aquilo não era urgência, aquilo não era relevância, aquilo era sem-vergonhice. Pode botar aí. Só falavam os líderes.

Ô Pedro Simon, esta democracia começou com o grito do povo de “Liberdade, igualdade, fraternidade”. Se eu não tiver liberdade de escolher o meu líder, estou morto. Não é meu líder Romero Jucá. Faltam-lhe virtudes para ser o meu líder, Líder do PMDB. Em 1972, eu estava lá no pau. Em 1970, já estava votando; em 1972, estava liderando contra a ditadura, contra o governo, contra o prefeito. Com todo o respeito à Drª Roseana, também...

Quando entrei nesta Casa, tive o direito de escolher e escolhi, todo o País: Pedro Simon. As minhas posições têm sido claras. Formamos um grupo, como se formou aqui o “autênticos”, livre, independente, fundamental. Foi dos autênticos que nasceu a idéia de confronto. Não era o Ulysses, era o Barbosa Lima Sobrinho. Mas Ulysses, inteligente, quando viu que ia pegar, pegou a bandeira. E até os autênticos da hora achavam que ele não deveria vir no dia. Eu acho que devia.

Dois discursos lidos: um de Petrônio Portella, defendendo o Governo, página linda; e outro de Ulysses, que eu já li meia dúzia de vezes, não é, Pedro Simon? Mas até os autênticos...

Então, o PMDB é isso. Aqui chegando, demos continuidade aos nossos autênticos: um grupo minoritário, mas qualitativamente melhor. Chegamos a ser sete. Deus chamou Ramez Tebet para o Céu. Foi a maior injustiça aquele episódio de Roriz. Tiraram-no numa pressão, numa manobra, mas não o tiraram do coração dos pobres de Brasília. E fomos diminuindo. Deus chamou Ramez Tebet para o céu. Garibaldi era do nosso grupo. Hoje, somos quatro, mas sou orgulhoso: Pedro Simon, Jarbas - que discurso contundente ontem! Nem fiz aparte. Atentai bem, Paulo Paim, foram minutos de grandeza e de firmeza para a história, mas só um, brasileiros. Façam uma reflexão.

Jarbas, homem forte. Eu vi a Arena indicar três candidatos para ganhar uma disputa no Senado. Ele perdeu o pai às vésperas da eleição. E Jarbas, lembro-me de uma foto que vi, perdeu a eleição e o pai, mas Jarbas é aquele “A vida é um combate que os fracos abate”... Mas, Pedro Simon, ele só deu um exemplo, um quadro. Ele disse que viu e não se atemoriza. É lá de Pernambuco, a terra do Presidente. É forte. Mas ele viu Garrastazu Médici ter 84% da preferência. Na máquina, no poder. Oitenta e quatro por cento, em Pernambuco. Luiz Inácio, essa é a vida.

Eu não conheci Garrastazu Médici. Conheci de literatura, de Presidente, como brasileiro. Conheci pessoalmente Castello Branco, homem honrado. Conheci pessoalmente o Geisel. Ô homem austero e sério! E conheci João Figueiredo. Tomei até duas vezes com ele. O Governador do Piauí não bebia e botou grupos de amigos para beber com ele: “In vino veritas”. Um homem puro, o Figueiredo. Ele era. O homem é o homem e sua circunstância. -Ortega y Gasset. Então, disseram: “Vá e abra.” E ele foi e abriu. Ele não era político. Ele saiu e disse que gostava era só de cavalo. Mas ele era um militar. Se mandassem ele ir lá acabar com as Farc, ele ia. Estamos precisando. Se mandassem ele ir para o Iraque, ele ia. E cumpriu.

E Deus prepara e faz os pronunciamentos. Paim, ontem eu vi V. Exª. E fiquei de madrugada para vir, porque eu estava atarantado. Chegou um mar de medidas provisórias. Eu li, porque estava na presidência, porque eu não podia ser acusado de inverter os papéis. Tem de se curvar. Mas eu li constrangido, decepcionado e fiquei assim nesse estado quando V. Exª pediu a palavra e falou com muito entusiasmo.

Incorporou-se em V. Exª o espírito dos lanceiros negros, em defesa agora não da liberdade dos escravos, não da República, mas na defesa dos velhinhos aposentados. Eu vi V. Exª. Eu estava embalado, porque sempre confiei em V. Exª e V. Exª disse que, nesta semana, todos tinham concordado, e vi aí um mar de medidas provisórias.

Ó Garibaldi, Garibaldi, Garibaldi, V. Exª sabe que gosto da sua pessoa. O Garibaldi prega a resistência e avança no Executivo. Ó Garibaldi, Padre Antônio Vieira: “Palavra sem exemplo é como um tiro sem bala”. Palavras! Olhem, ontem, a enxurrada de medidas provisórias. Um mar... Antigamente, falava-se de lama, um mar de areia, enterrando o Parlamento. V. Exª foi filosófico.

Não estamos defendendo não somente os aposentados e os velhinhos, mas o Parlamento! V. Exª o fez constrangido. Como já fiz aqui, ao dizer que o meu avô era muito rico. Isso é chato. Sou obrigado a dizer isso no Piauí. É constrangedor dizer que ele tinha navios e indústrias, porque tem cada aloprado no Piauí, conhecidos, que nunca trabalharam, nem têm profissão e estão todos milionários. Esta é a banda a que me refiro: os aloprados.

V. Exª também disse ontem, num impulso, como fui obrigado a dizer aqui, eu sei que é ridículo dizer que o meu avô era rico, mas foi! Para dar um choque, para compararem o que eu tenho! O meu avô foi o homem mais rico, tinha navios, dois, tinha indústrias no Rio. Para comparar, e o Estado está comparando. Sem significado, sem profissão, sem nada, estão os milionários, os melhores apartamentos, os melhores carros, ô Pedro Simon. O Paim disse ontem que ele nem coisou!

Olha, saindo hoje daqui, eu tenho quinze mil por mês. Mas ele disse aquilo para mostrar. Do mesmo jeito, eu senti. Para mostrar! Mas ele foi bonito! Eu tenho, mas eu vou chegar para os meus amigos, com os meus quinze mil, e eles, que prometeram dez salários mínimos, estão ganhando um. E tem estudo técnico - V. Exª sabe - de um jornal de Minas, uma técnica, uma mulher - mulher não mente - disse que, em 2030, do jeito que está, com esse fator previdenciário, não sendo aprovado a sua Medida nº 58, nós vamos, todos aposentados, ganhar salário mínimo.

Então, o Paim disse: “Como eu vou para o meu Rio Grande do Sul?”. Os meus amigos, os que me botaram aqui, achatados! Foi muita firmeza.

Paim, e eu ia entrando, e Deus é que guia, eu não estou... Olha, eu fiz uma reflexão da minha cidade. Só duas pessoas na minha cidade conseguiram ser Prefeito, Deputado, Governador e Senador: eu e o Alberto Silva. E eu olhando, disse, então, posso encerrar! Agora, posso encerrar!

João Paulo Reis Veloso foi Ministro, mas não foi... Chagas Rodrigues não foi prefeitinho, homem extraordinário. Só dois! Posso encerrar! Mas continuar desmoralizado. Aí, o Romero, eu inscrito, eu preparado, eu com os alfarrábios; não fala, só o Líder, e o Presidente fraquejou.

Sarney - eu tenho esse reconhecimento - nunca, nunca, nunca, ele cassou as nossas palavras, a minha palavra. E é necessária, Pedro Simon, é necessária, porque sabemos. Se tem os aloprados, se aqueles trezentos picaretas estão se irradiando para cá, o problema é deles, mas vou provar que é necessário. V. Exª se lembra da Medida Provisória que parece é de nº 262. Hoje o número é mais de quatrocentas, eu li ontem. Isso é um deboche!

Aquela dos velhinhos, que taxavam. Pedro Simon, eu nunca vi tanta ignomínia, porque eu sei sobre previdência. Eu acho que eu sou dos homens que sabe mais sobre previdência neste País, porque tive oportunidade. Primeiro, muito cedo, fui monitor da faculdade, de um instituto. Passei em um concurso da prefeitura em primeiro lugar como acadêmico médico; andei ensinando em cursos para o vestibular contratos. Fui do Ipase fazer pós-graduação, aquele instituto, V. Exª sabe.

Depois, de repente, eu era médico da Previdência Social. Paim, quando Prefeito, criei um instituto. Eu não, a minha geração, ou seja, era lei: cidades grandes e capitais podiam formar um instituto. E formei o instituto municipal, tirando a Prefeitura do INPS. Heráclito fez a mesma coisa em Teresina. Era da época, mas é uma experiência, não é Pedro Simon? Criei um instituto. Fui Governador do Estado do Piauí por duas vezes, dirigi o instituto, o Iapep do Estado. Sou aposentado pelo INPS, vou fazer 42 anos de cirurgião.

V. Exª viu. E havia tanta ignomínia, tanta imoralidade, tanto erro naquelas porcarias que mandaram que começamos a reagir, porque era erro demais, era incompetência demais. E V. Exª, mostrando sensibilidade, nos acalmou, porque tivemos direito à palavra. Nós discutimos o mérito.

Heloísa Helena foi levada à fogueira como Joana D’Arc. E tanto é necessário o debate que ela mudou, que nasceu daqui a medida provisória paralela do Paim, para minimizar o assalto que estavam fazendo aos direitos adquiridos dos velhos e aposentados. Fomos nós, não fui só eu não. Depois vieram umas reformas econômicas - sou franco. Foi naquele tempo que o Mão Santa começou a surgir, naqueles debates. E recuamos para apoiar sua medida provisória - uma das páginas mais lindas.

Pedro Simon é o meu guia e é o meu líder - eu já o escolhi e já declarei, viu, Pedro Simon? Se eu não tiver direito de escolher o meu Líder e for forçado a aceitar o Romero, vou-me embora, pode me tirar. Pode, PMDB. Reúnam-se, me tirem, me tirem. Ô Michel Temer, eu que fui fundamental para a sua eleição, faça, reúna. Se eu não tiver direito de escolher o meu Líder, que diabo é isso? Então, escolhi: o meu aqui é o Pedro, e foi claro, todo mundo vê os gestos.

Mas aquele foi um exemplo, e outras que sucederam, e eu não vou cansá-los. Agora essa tinha muito erro. Essa Eletrobrás é uma malandragem. Como é que se vai discutir o futuro da energia do País e um Senador experimentado não pode opinar? Paim, malandragem eu é que sei, fui prefeitinho. Eles querem é tirar a Eletrobrás da Lei das Licitações, a de nº8.666. Então, fugindo das licitações, fica igual à Petrobras, porque está bom para eles. O povo paga a gasolina mais cara do mundo, o óleo diesel mais caro do mundo, o gás mais caro do mundo.

Nisso é que o Luiz Inácio devia intervir. Se ele baixar isso, como na Venezuela, é melhor do que o Bolsa-Família. Se ele baixar o preço dos combustíveis, baixa tudo. Então, a Eletrobrás vai cair, vai dar dinheiro para ONG, que não dá satisfação, não tem lei de licitação. Ó Paim, se estão roubando muito, muito e muito, lá no Piauí, a Luz Santa - Luz Santa era o meu programa, a luz do povo - foi a Gautama, está gravado, Presidente. Com a Lei de Licitação, ô Pedro Simon, livre da Lei de licitação, aí é uma avenida.

É a “porta larga”, como diz a Bíblia, para os corruptos, para os maus, para os indecentes. Isso o eu queria dizer. Achei a Presidência.. .que ele fique na dele, que eu fico na minha. Quando eu, buscando os meus direitos, porque Rui Barbosa ensinou: “O homem que não luta pelos seus direitos não merece viver”, provando, buscando na Constituição a igualdade, a tradição, no próprio Sarney, no próprio Renan, no próprio Tião. Deixava-se discutir! Todo mundo sabe que votar nessa tecnologia são dois minutos - deixava-se discutir! Assim fazia o Presidente Sarney, assim fazia o Presidente Renan, assim fazia o Tião, que foram melhores que o atual Presidente, porque nunca nos cercearam.

O Sarney tem um artigo, Simon, em que fala dos oradores do Senado. Aí falou, veio buscar nos antigos e ele termina assim: “Hoje vive da coragem e do entusiasmo do Mão Santa”. Mas nunca foi cerceado! Inteligentemente, eles deixavam, o Paim ficava ouvindo os discursos e, no dia seguinte, votava-se. Acabou. Discutiu-se, vota. É um minuto, não é? S. Exª poderia marcar a qualquer hora a votação: às 5h da manhã, às 8h, às 6h, meio-dia, isso se faz em dois minutos! Mas cercear... S. Exª, o Presidente Garibaldi foi muito, muito infeliz quando disse: “Mão Santa, você vai usar a palavra nem que seja para encerrar”. Encerrou a minha esperança de que o Garibaldi seria aquele Presidente que sonhávamos.

Eu fui cassado - e vou entrar, quero um advogado, porque eu não sei da lei, mas eu assino e vou lá. A Constituição fala em igualdade, mas não houve igualdade. Aí, ele puxa um papel e diz: “Dessa emergência, não sei o que - já na madrugada -, só os Líderes falam”. Errou!

Há pouco, eu ia entrando e vi uma entrevista sobre Petrônio Portella - olha aí as crianças!. Uma vez um poeta disse: “Criança! não verás nenhum país como este! Olha que céu! que mar! que rios! que floresta!”

Nós não podemos dizer isto. Poeta algum, hoje, pode dizer isto, porque há muita corrupção. Isto aqui é uma farsa! Isto aqui é um teatro! Isto é um circo! Nega-se, numa votação importante, uma tradição de dez minutos para se discutir o mérito, e cinco minutos para encaminhar o voto. Não teve, Pedro Simon! E esse direito, já dizia Rui Barbosa: “Quem não luta pelos seus direitos não é digno deles”. Então, como dizia, eu ia adentrando e ouvi Petrônio Portella - aprenda, Garibaldi! - , eu ia entrando e ouvi. É Deus que guia a gente! É Deus que prepara! Se Deus está conosco, eu não tenho medo aí desse Governo. A TV Senado estava fazendo uma retrospectiva sobre Petrônio Portella. Pedro Simon, é Deus que orienta a gente! Deus é que prepara! Eu não sei para onde vou, o que vai ser... Mas tenho essa confiança de que Deus vai me dar força!

Pedro Simon, Petrônio Portella, novo ainda, com 54 anos. Paim, quantos anos V. Exª tem?

O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS) - Cinqüenta e oito anos farei amanhã.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Olha, Petrônio, com 54 anos, do meu Piauí!

Aí, ele termina, e eu estava do lado dele - V. Exª deve ter vivido o fato -, em 1977, este Congresso, ô Garibaldi, sofreu pressão: uma reforma do Judiciário. Discutiu-se...as cabeças...o Congresso...regime militar...Os congressistas eram melhores do que nós. Luiz Inácio disse que tem 300 picaretas, e eu acho que estão aumentando. Pedro Simon, V. Exª estava nesta Casa em 1979? (Pausa.) Não? Eu estava, ao lado de Petrônio, quando a imprensa... Petrônio mandou votar. Geisel não queria aquela reforma do Judiciário, queria um pacote. E votaram e foi aprovado. Atentai bem! Deus me ofereceu essa passagem. Paim, eu estava no gabinete dele - eu só tenho retrato de três homens no meu gabinete: o do Papa João Paulo, abençoando eu e Adalgisa; do Ramez Tebet, que era do nosso grupo, foi para o Céu, e do Petrônio Portella, que, eu muito novo, me induziu a entrar na política. A imprensa toda em cima dele, eu estava lá, quando o indagaram - ele era elegante, ele não era bonito, mas era um homem que compensava pela elegância: a gravata, o relógio de ouro, os gestos, a maneira de pegar na piteira do cigarro, o alfaiate especializado, era um homem elegante -, aí, ele só disse uma frase - a que o Garibaldi devia pronunciar: “Este é o dia mais triste da minha vida”.

Eu vi e ouvi, sou testemunha. Essa é a força moral de um Presidente. Ele só disse esta frase: “Este é o dia mais triste da minha vida”. Não deu outra palavra. Saiu e acho até que ele me utilizou, eu era seu amigo, para não falar mais. Cinco dias depois o Presidente Geisel manda chamá-lo, e ele manda abrir isso, e com altivez.

Paim, então, eu ia entrando, a retrospectiva estava acabando, mas ainda ouvi a frase dita por Petrônio Portella, a voz dele, novo, na casa dos 50 anos. Vocês viram o Mário Covas defendendo o Márcio Moreira Alves, aqueles Líderes; Teotônio, aquela bravura, moribundo, dizendo: “Resistir falando; falando para resistir”.

Veja o que Petrônio disse, Paim, Presidente Garibaldi, eu lhe trago a inspiração: “Somos o poder que há de perseguir, sem desfalecimentos, os ideais democráticos na pureza dos princípios e postulados e na autenticidade de seus processos legítimos, usando a sua arma: a palavra!”

Usando a sua arma: a palavra! Usando a sua arma: a palavra! Ô Garibaldi, eu não aceito! Recupere-se. “É para encerrar a sessão” - acho que o que encerrou foi V. Exª ser a nossa esperança!

Recupere-se!

Petrônio disse: “Foi o dia mais triste da minha vida”. E eu digo: “Foi a sessão mais feia do Parlamento.” Deus poupou Pedro Simon de estar presente. Mas nós não vamos abdicar!

Senador Paim, sei o que aconteceu, assim como V. Exª, porque vi, eu esperei até de madrugada, também fiquei constrangido, fiquei perplexo, fiquei tonto. Eu acredito em V. Exª, e eu sou franco. V. Exª disse: “Venham! A semana vai ser decisiva; na semana, vamos fazer vigília”. Eu disse: “Este Paim vai acabar em greve de fome” V. Exª já fez? Eu ouvi e pensei: “Rapaz, até greve de fome!” Mas eu estou acompanhando. E vindo dos gaúchos, isso, para mim, tem muito significado: é Bento Gonçalves; é a Farroupilha, dez anos! Foram os gaúchos que anteciparam, a primeira coragem de libertarmos escravos e o sacrifício dos Lanceiros Negros...

E eu digo: “Eu quero ser o Sr. Giuseppe Garibaldi, os gaúchos de Getúlio, com aquela coragem!” Uma guerra para entrar, e outra para não deixarem os paulistas, e entraram na II Guerra Mundial; o gaúcho João Goulart, em que todo o mundo ouvia a voz dele lá na Praça da Estrada de Ferro; o gaúcho Alberto Pasqualini, ícone; o gaúcho Pedro Simon, que é o meu líder aqui. Então, eu acreditei.

Ontem, quando o Piauí comemorava a Batalha do Jenipapo, a mais importante, em que nós piauienses, junto com os cearenses, rechaçamos os portugueses, que queriam dividir o Brasil em dois - a colônia Pará, Maranhão e Piauí seria chamada Colônia do Maranhão, País do Maranhão, para Dom João VI -, eu me lembrava de V. Exª, que pegou ontem o tiro no peito.

Presidente Paim, quero dizer aqui que tenho crença ainda no comando de V. Exª. Não podemos decepcionar os velhinhos.

Garibaldi, recupere-se!

Eu aprendi, no livro Dom Quixote de La Mancha, o que Cervantes disse: “Só não tem jeito para a morte”. V. Exª, Senador Garibaldi, tem jeito ainda de se recuperar. Traga aqui para derrubarmos o veto. Não venha com enrolada de botar outro veto, não. Eu quero é aquele dos velhinhos, em que nós demos 16,7%. Eu quero aqui a derrubada, a análise. E aceito que se vote o fator previdenciário, que se arrasta. Eu quero aqui o Projeto de Lei nº 58.

Paim, vou lhe dar um estímulo: 58 é um número muito importante; em 1958, o Brasil sagrou-se campeão.

(Interrupção do som.)

O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS) - E amanhã farei 58 anos.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Pois é, e o PLS é nº 58; a lei é nº 58. Então, que os velhinhos tenham essa esperança, como Ernest Hemingway disse em seu livro O Velho e o Mar: “A maior estupidez é perder a esperança”. O homem não é para ser derrotado, ele pode ser destruído.

Garibaldi, ou V. Exª nos destrói, ou vamos enterrar essa pressão que está acabando com os velhinhos aposentados.

Paim, avante!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/03/2008 - Página 5965