Discurso durante a 32ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comemoração do Dia Mundial da Água e o lançamento da Campanha "SOS H2O".

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Comemoração do Dia Mundial da Água e o lançamento da Campanha "SOS H2O".
Publicação
Publicação no DSF de 19/03/2008 - Página 6127
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA INTERNACIONAL, AGUA, DEFESA, AUMENTO, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, MELHORIA, TRATAMENTO, RECURSOS HIDRICOS, CONTENÇÃO, CONTAMINAÇÃO, POPULAÇÃO.
  • REGISTRO, GESTÃO, ORADOR, PREFEITO, MUNICIPIO, PARNAIBA (PI), ESTADO DO PIAUI (PI), COMBATE, EPIDEMIA, COLERA.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente do Senado, Senador Garibaldi Alves, são tantas as autoridades aqui que eu poderia esquecer algumas delas, e isso seria imperdoável. Então, peço permissão para saudar a todos que prestam esta homenagem ao Dia Mundial da Água na pessoa do nosso Senador Osmar Dias. S. Exª é o Senador mais dedicado aos problemas da terra, da agricultura, da produção: é um cientista da produção.

            Parlamentares presentes, brasileiras e brasileiros que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado, Garibaldi, nós, do Nordeste, acreditamos muito em Deus. E isso tudo começa com Deus.

            Gênesis, 1:

E disse Deus: “Haja firmamento no meio das águas e a separação entre águas e águas”. Fez, pois, Deus o firmamento e a separação entre as águas debaixo do firmamento e as águas sobre o firmamento. E assim se fez. E chamou Deus ao firmamento “céu”. Houve tarde e manhã: foi o segundo dia.

Disse também Deus: “Ajuntem-se as águas que estão debaixo do céu num só lugar, e apareça a porção seca”. E assim se fez. À porção seca chamou Deus “terra” e ao ajuntamento das águas, “mar”. E viu Deus que isso era bom.

Disse também Deus: “Povoem-se as águas de enxames de seres viventes”. Criou, pois, Deus, os grandes animais marinhos e todos os seres viventes.

E Deus abençoou, dizendo: “Sede fecundo, multiplicai-vos e enchei as águas dos mares; e voem as aves sobre a terra debaixo do firmamento dos céus”.

            Na própria criação, Deus foi claro. Assim, falo não como Senador, mas como professor de Biologia, de Fisiologia e médico, que desde muito cedo, quando este País tinha educação... Atentai bem, Garibaldi Alves Filho, nós estudávamos no livro de Waldomiro Potsch, lá da escola pública Pedro II: Biologia Geral, Botânica e Zoologia. Nós éramos preparados. Aliás, citar o nome de Pedro II é muito oportuno, Senador Garibaldi Alves Filho, quando se vê que se descobriu o Brasil agora e que se realizou...

            Pedro II, nos seus 49 anos de inteligência e de dedicação a esta Pátria, é um exemplo muito bom para o governante atual. Ô, Jayme Campos, ele ia assistir às aulas no Colégio Pedro II. Sou porta-voz do professor do Pedro II, Waldomiro Potsch, de Biologia. Este era o País que o poeta disse: “Criança, não verá nenhum país como este”. Poeta nenhum tem coragem de dizer isso.

            Estamos aqui, os 81 Senadores, que acreditamos em Deus, no estudo, que traz a sabedoria, e no trabalho, que traz a prosperidade. Foram essas as crenças que nos trouxeram aqui, são essas as crenças que fazem esta Casa muito forte, talvez a melhor dos 183 anos deste Senado.

            Aí está a homenagem que quero fazer ao Senador Osmar Dias. Não é do meu Partido, não temos ligação, mas dou o testemunho da admiração que ele tem pelos problemas da natureza, do meio ambiente, sobre aquilo que aprendemos no livro de Biologia de Waldomiro Potsch.

            Deus me permitiu ser médico e entender muito cedo. O filósofo Sófocles disse, Osmar Dias, que muitas são as maravilhas da natureza, mas a mais maravilhosa é o ser humano. E eu convivi, médico... Puxei muita perna de menino, fazendo cesariana, nos partos. Via que aquele menininho que eu pesava, 80% era de água; aquela vida, 80% era de água. Daí a preocupação de Deus, daí o nosso entendimento. Nós, adultos, temos 60% de água.

            Eu acredito no estudo que leva à sabedoria. No Livro de Deus, Ele diz que a sabedoria vale mais do que o ouro e a prata.

            E Shakespeare que simboliza... E hoje nós estávamos - esta Casa é tão grandiosa - numa Comissão, estudando uma lei boa e justa para dar vida ao teatro - e são sete as artes; o cinema é a sétima arte; o teatro, a música são as primeiras -, para que ele não morra no Brasil. E eu me lembrava de Shakespeare enquanto ouvia as teses.

            Senador Osmar Dias, Shakespeare disse que não há bem nem mal, o que vale é a interpretação. Até aqui, da água, vista assim como tudo, ela pode ser um bem e pode ser um mal. Eu aprendi que ela pode ser o veículo maior do mal, pela transmissão de doenças.

            Deus me permitiu, ô Garibaldi, eu falar aqui com muita firmeza, pois nós estamos aqui é para ensinar. Esta Casa só tem essa razão. Se eu não sentir que faço isso, vou embora.

            Fui prefeitinho, e houve uma epidemia de cólera numa cidade do Nordeste, Parnaíba. Cólera! Eu vi a confusão, e a enfrentei. Água, somente a água.

            Então, é como disse Shakespeare, não há bem nem mal. De repente, a água se torna o mal. E é isso que temos de entender, é sobre isso que temos de refletir, e é sobre isso que este Senado reflete. Este Senado tem sua razão de ser. Se tem seus problemas, tem; afinal, errare humanum est. E, no Senado de Cristo, só havia 13 - Ele escolheu 12, 13 com Ele. Deu muito rolo, muito problema lá. Teve dinheiro, teve arrependimento, teve forca, teve traição. O Senado daqui também tem.

            Atentai bem sobre a inspiração! Qual é a instituição deste Brasil que pára o Senado para uma reflexão sobre a água? Osmar Dias. Está vendo, Sr. Presidente: V. Exª tem o privilégio de liderar este Senado, formado por pessoas cujo símbolo de decência, dignidade e competência está aí do seu lado. E assim tem.

            Mas nós estamos aqui então. E ninguém, como eu, poderia deixar de falar. E eu queria dizer o seguinte: o Piauí - que, para mim, é tudo, é a minha pátria - tem o seu hino. O rio Parnaíba, com 1.480 quilômetros, separa o Piauí do Maranhão. O Sarney diz que une. Mas o rio Parnaíba é inteligente, não é como o Amazonas, que se lança sem inspiração no mar. Ele se abre, abraçando, lembrando a letra grega delta.

            Deus, Deus, Deus - está aqui no Gênesis - só fez três vezes esse espetáculo: no Nilo, no Mekong, cheio de guerra e de confusão, e aqui. Ele se abre - e ninguém sabe grego: delta -, ô Garibaldi, lembrando uma mão, com certeza, santa. Cinco rios formam 78 ilhas, dois terços do Maranhão; um terço do Piauí.

            Na maior ilha do Piauí, nasceu o único - ó Justiça, aprenda com o Piauí - que pode estar do lado de Rui Barbosa: Evandro Lins e Silva. Felizes os juristas brasileiros, que não precisam buscar exemplos em outros países, em outra história. Se não quer um baiano, há um piauiense. Evandro Lins e Silva foi Presidente do Supremo Tribunal Federal no período militar.

            Miguel Arraes me contou que já tinha aceitado ser comida de tubarão lá em Fernando de Noronha. Nunca mais imaginava ser solto. Ele me contou. Evandro Lins e Silva, para citar só um grandioso.

            Mas é lá, naquela terra encantadora, Garibaldi, que nasceu e se criou o melhor Presidente da história deste Senado: Petrônio Portella. Deus é muito bom para mim! Vá ao meu gabinete. Pode ir me visitar. Lá só há três homens. O Garibaldi é muito meu amigo, vizinho, irmão, mas ainda não está lá. Também, só tem defunto. É o Papa - eu e a Adalgisa, ele abençoando; e eu Governador do Piauí -. Ramez Tebet e Petrônio Portella.

            Garibaldi, permita-me recordar: um bem nunca vem só. Eu estava com Petrônio. Ele que me meteu na cabeça, me tirou da medicina para entrar nesse negócio da política. Tem hora que não sei, como diz Shakespeare, se foi um bem ou um mal. O que vale...

            Mas Garibaldi, eu estava... Petrônio Portella, em 1977... Nascem desta Casa leis boas para transformar o Judiciário. Nasceu daqui, Osmar, como não nasce mais nada aqui. Os militares não queriam. Naquele tempo era decreto-lei, mas melhor do que essas porcarias de medida provisória. Eles eram mais decentes, mais honrados, porque só depois de aprovado é o decreto-lei valia. Agora, Luiz Inácio bota o jamegão sem nem saber o que é, porque quarenta aloprados querem mostrar serviço e dão para ele, que disse que não gosta de ler. Não lê mesmo e manda pra cá.

            No meu discurso, nem sabia que falaria sobre isso hoje. Esse é de improviso. Já estou pronto para ir para aquele tema da venda de bebidas nas rodovias, a não ser que prevaleça a lei Romero: ninguém pode mais falar aqui nem discutir. Essa é a lei do cão que está entrando aqui.

            Mas lá no meu Piauí, Antonio Francisco da Costa e Silva, o poeta, escreveu:

Piauí, terra querida,

Filha do sol do Equador,

Pertencem-te a nossa vida,

Nosso sonho, nosso amor!

As águas do Parnaíba,

Rio abaixo, rio arriba,

espalhem pelo sertão

E levem-se pelas quebradas,

Pelas várzeas e chapadas,

Teu canto de exaltação!

            Diz assim: “rio abaixo e rio arriba, as águas do Parnaíba”. É uma homenagem do nosso poeta à água.

            Eu falo aqui para o Governo; para os que sabem pouco; para os que não estudam. O Piauí é o berço destes homens: Petrônio, João Paulo dos Reis Velloso. Aqui se inventa planejamento. João Paulo dos Reis Velloso foi a luz, o farol do regime militar. Fez o primeiro e o segundo PND sozinho. Tanto progresso. Aqui é só criando. São filhotes de planejamento. Eu não sei nem o nome deles.

            Mas o Piauí tem 19 rios, seis deles perenes, cem lagoas, lugares onde jorra água; lençóis freáticos, águas subterrâneas.

            E quero dizer, neste momento muito oportuno - e este Senado há de entender: o que a ciência abraçar respeitaremos. Senador Osmar, V. Exª em todos os temas, mostra-se um profundo conhecedor da ciência. E quando vejo essas discussões, eu me lembro de que no Piauí há uma cidade, Dom Inocêncio, onde não chove. É muito difícil de chover. E o Padre Lira botou em todas as casas um sistema de telhado que se liga a uma cisterna. Simples! E tem a população mais bem educada do Piauí, todos alfabetizados. O que é o homem!

            E quando se vê essa discussão sobre a transposição do rio São Francisco, temos de nos lembrar de que Leonardo da Vinci - Leonardo da Vinci, do Renascimento - já fez a transposição do rio Arno. Então, não podemos deixar esta Casa parar a tecnologia.

            Agora, ô Garibaldi, desse negócio de Orçamento eu tenho é medo! Tenho medo de que aqueles anões do Orçamento, que V. Exª conheceram, agora se transformem em gigantes do Orçamento!

            Garibaldi, quando eu governava o Piauí... Atentai, bem! Entendo das coisas. Foram muitos quilômetros de páginas de livros. Luiz Inácio diz que não gosta de estudar. Eu gosto. Lá temos 19 rios, seis deles perenes, e cem lagoas, e, quando eu via, era só dinheiro para açude. Ouviu, Pedro Simon? Quando resolvi terminar um açude, os Deputados Federais se voltaram contra mim, porque aquilo não era para terminar, não, Pedro Simon. Era para ficar, para todo ano botar, botar, botar recursos. Quando terminei um açude, ingênuo, saindo de uma sala de cirurgia, pensei: aqui tem muito mar morto!

            Então, esta é a hora, no Dia Mundial da Água, de ensinarmos a este Governo que há muito mar morto, muito açude. Vejam a quantidade!

            Qualquer civilização sabe fazer adutora. Leonardo da Vinci fez muitas.

            Então, é isso o que temos de ver.

            Este País tem Amazônia, tem água, mas é um verdadeiro mar morto. Não chega ao ser humano aquilo que é mais importante para ele: água tratada e decente.

            Essas são as palavras que eu queria proferir com os cumprimentos ao Senado da República.

            Um quadro vale por dez mil palavras. Está aqui um trabalho do Senado: Coleção Ambiental, Vol. I: Código de Águas. Há vários volumes.Isso mostra a razão da existência deste Senado. Devemos ser os pais da Pátria.

            Hoje, Osmar Dias, nosso respeito, e nossa admiração.

            V. Exª chama a atenção do País para a importância que temos de dar à água, que é a vida da nossa gente brasileira.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/03/2008 - Página 6127