O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Augusto Botelho, que preside esta sessão de segunda-feira 24 de março, parlamentares presentes na Casa, brasileiras e brasileiros aqui e que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado Federal, vivemos no País um momento de enganação. Atentai bem: propaganda, propaganda, propaganda.

            Sei que a comunicação sempre foi muito forte. Goebbels - atentai bem, Luiz Inácio - iludiu Hitler. A propaganda era tão grandiosa que Adolf Hitler se perdeu com ela. Goebbels tinha a filosofia de que uma mentira repetida várias vezes se tornava verdade. Então, Goebbels adotava a seguinte estratégia: quando Hitler, com três mil soldados, ia invadir uma cidade, um país, Augusto Botelho, Goebbels anunciava - Suplicy, atentai bem: “Lá vai Hitler com dez mil soldados, vinte mil soldados”. Então, atemorizava. E aquilo deu certo. Ele era superpoderoso, intimidava, e a mentira ia. Fez tanto mal ao Hitler que ele se enganou a si mesmo, queria dominar o mundo.

            Esses meninos estão fazendo mal ao Luiz Inácio. Suplicy, V. Exª é homem de verdade e vai dizer que estou aqui para ajudar. Eles estão mentindo tanto, mentindo tanto e mentindo tanto...

            Eu vinha no avião e lia. O Piauí, graças a Deus, tem dois jornais muito fortes, Suplicy, como a Folha de S.Paulo e O Estado de S. Paulo: o Meio Norte e o Diário do Povo, que são de empresários vitoriosos, grandiosos e independentes, graças a Deus! Então, eles levam a verdade pela independência. Eu estava lendo - eles dão um lado e outro, Suplicy -, e o que há de promessa de dinheiro...

            Agora, o que eu queria dizer era o seguinte: ô Luiz Inácio, fui Prefeitinho, governei o Piauí, e fui Secretário de Saúde. A grande obra é continuarmos as que os nossos antecessores começaram e não concluíram, as obras inacabadas. Este País está um cemitério de obras inacabadas. Por vaidade, inventam um bocado de nomes - e já há até uma mãe do PAC -, saem discursando e prometendo.

            Olha, o que vi nesses jornais! Os jornais são bons. Dizem e eles têm de publicar. Não é do jornal, não. Os jornais, graças a Deus, são de empresários vitoriosos, que trabalharam, são vencedores. Falo de Damásio, de Paulo Guimarães, que são independentes. A mentira não é deles.

            Senador Augusto Botelho, o Piauí e V. Exª sabem. O Suplicy está aí. Já o convidei até para passar uma lua-de-mel com Mônica lá no Delta, mar caliente. Ele disse que vai.

            Começo pelo porto. O porto, Epitácio Pessoa, ô Suplicy, o iniciou. No porto foram gastos US$90 milhões encravados. O Ministro piauiense João Paulo dos Reis Velloso fez avançar muito. Faltam US$10 milhões. Um porto será fundamental. Basta colocar um terminal de combustível. O combustível do Piauí é o mais caro do mundo. Por quê? Porque vem ou de Fortaleza ou de São Luís. Então, se o Piauí tiver o seu porto... Bastaria isso para justificar. O combustível, pelo qual vocês já pagam caro, no Piauí ainda é mais. Baratearia com um terminal no porto.

            Então, coloquei recursos com essas minhas emendas, desde o ano passado, e, agora, quase R$20 milhões, para ver se concluem esse porto. Então, há essa obra inacabada, simples. Porque foi dos outros, querem ter a vaidade de anunciar. É terminar o que está iniciado, o que é necessário.

            Um bem nunca vem só. Há uma tal de ZPE, inspirada pelo Presidente Sarney há vinte anos. E Sarney se inspirou na China, onde se desenvolveu. Então, Parnaíba tem uma cuja validade vai acabar já, já. Precisa-se do porto. Essa ZPE precisa de uma área que o Prefeito, insensível, não pôs. Então, é uma obra iniciada que já está para se extinguir. E nós botamos dinheiro. Todas as minhas emendas, eu taquei para lá. Então, há recurso. E está aqui. Nós acreditamos. Conversamos com o Governador que íamos fazer isso; e conversamos com Elói Portela, um engenheiro, irmão de Petrônio Portella, de Lucídio Portella, que entende tudo de portos. Um modelo simplificado: US$10 milhões. Então, já “tocanhei”, botei nessas emendas, foi aprovado no Orçamento, todinho. Se não botam é porque há má vontade, querem só demagogia. Então, está lá inacabado o porto.

            A Estrada de Ferro Central do Piauí. Eu, menino, ô Suplicy, eu me lembro. Meus avós eram de São Luís, eu ia de trem: Parnaíba-Teresina-São Luís.

            Na campanha política, o Prefeito de Parnaíba; o Governador de Estado, do PT; o engenheiro Alberto Silva, gente boa, que foi enganado. Quem está livre de ser enganado? Disseram que iam fazer em 60 dias o trecho Parnaíba-Luís Correia e, em quatro meses, até a capital. Não trocaram nem um dormente! Dormente é aquela madeira que segura o ferro. Falam, falam, falam...

            Ô Suplicy, Suplicy, pelo amor de Deus, advirta o Luiz Inácio!

            Um aeroporto internacional que existe lá. Está nos jornais, tudo. Vim de lá agora. Não há mais nem teco-teco! Essa gente mente demais!

            Levei lá um jornalista da Bandeirantes. Pegamos um carro, andamos 340 quilômetros para o litoral. Mas está em todo o mundo. Não há mais nem teco-teco. E não adianta a mentira. Aprendi, com o caboclo, com a sabedoria do povo, um provérbio: “A mentira tem pernas curtas”. Aeroporto internacional: não há mais nem teco-teco.

            Então, esses desgraçados mentem, mentem, mentem. Não tenho nada contra Luiz Inácio, numa boa, estou levando a ele a verdade. Ele deve ter raiva dos aloprados, dos mentirosos que o estão enganando. Estou dizendo a verdade, nunca ofendi. É para isso o Senado da República, mas não se pode dizer. O Boris Casoy foi dizer “Isto é uma vergonha!”, pá! Mas me tirarem daqui é muito complicado: têm que acabar com a democracia neste País.

            Então, é isso.

         Luiz Inácio, há um jornalista macho, ô cabra de coragem! Ele escreve num desses dois jornais grandes: Nelito Marques. Eu o chamo de Ibrahim Sued. Escreveu: “Governador, crie vergonha, renuncie, deixe o vice”. Agora, eu li. Porque há dois jornais lá que, graças a Deus, são independentes mesmo, e os jornalistas são muito qualificados. São empresários vitoriosos, botam as coisas do Governo, mas são independentes. Então, esse Nelito Marques: “Governador [está na crônica escrita], crie vergonha, deixe de ser mentiroso. Você já nos entristeceu muito, já estamos envergonhados. Vocês viram que o Barras, um time heróico da cidade de Barras...” É a cidade de David Caldas, precursor da República, está vendo, Augusto Botelho, por isso estou aqui; é porque o piauiense é macho. Dezessete anos antes de nascer esta República, ele botou um jornal em Teresina, o Oitenta e Nove. Era para despertar o povo brasileiro, porque, em 1789, tinha-se dado o grito de liberdade, igualdade e fraternidade. Então, ele botou lá. Ele foi o profeta. Ele era dessa cidade. O Prefeito é um cabra-macho, danado. Sem dúvida nenhuma, vai ser... Botou esse Barras aí e saiu ganhando. Foi jogar em Goiânia a final, porque não tem time. O Estádio Alberto Silva, Albertão, o nome é esse. Anote, bote aí: esculhambaram tudo os aloprados. Não foi intervenção.

            E havia um campo municipal também. O nome é esse. Nunca houve isso. Nunca dantes foram jogar em Bacabal, no Maranhão. Eu sei, sou filho de maranhense. Mas não sei nem onde é Bacabal, apenas sei de citar. Foram jogar lá, numa confusão, o time de Barras. Olhem a vergonha! A Prefeitura tinha o municipal. O Estado, também.

            Então, essa praga do PT está lá. Vamos ajeitar, porque isso é vergonha demais. O Barras foi jogar lá em Bacabal, outro dia, acolá, porque não tem campo. Havia o Albertão, o estádio municipal, e havia também um esportivo, que o Dirceu fez e eu recuperei. Está tudo acabado.

            Então, vamos fazer essas obras, e cuidar.

            Acho que eles têm ódio a Alberto Silva. Eu e Alberto Silva fizemos uma Frei Serafim lá... Trocaram as pedras portuguesas por um negócio que a gente vê que não dá 10 anos. Andei em Lisboa, onde as pedras portuguesas estão lá há mil anos. No Rio de Janeiro, em Copacabana, na Praça do Ferreira. E se troca... Uma Potycabana.

            Então, o Estádio Municipal Lindolfo Monteiro também... O time.

            Tem um tabuleiro litorâneo, que pega o norte do Piauí e pega parte de São Bernardo do Maranhão: inacabado! É para a agricultura. Inconcluso. Não tem nem energia, cortaram. A coisa é do governo, tabuleiro de agricultura.

            Tem outros. Tem uma ponte federal em Luzilândia: paradona. Não liga ao Maranhão.

            Em Teresina, tem uma ponte que se chamou Sesquicentenário. Por que Sesquicentenário? Porque seria em homenagem aos 150 anos de Teresina. Teresina vai fazer 158, e a ponte está só o esqueleto.

            No mesmo rio, eu fiz uma ponte, com a ajuda de Deus, do povo do Piauí, com dinheiro do Piauí, engenheiro do Piauí - Lourival Parente -, em 87 dias! No mesmo rio. Esse Governo, paradão, está há oito anos! Então, vamos acabar.

            Teresina tem uma Universidade Federal. Nós, aqui, lutamos muito para abrir um ambulatório. Abriu. Tinha a Deputada Federal do PT Francisca Trindade - até morreu nessa luta, está no céu. O PT tinha gente boa. Ela foi a estrela; morreu na luta. E o hospital nunca foi concluído. Aquilo - V. Exª, que é médico, Presidente Botelho - aquilo, Luiz Inácio, beneficia o estudante de Medicina, beneficia a pobreza, porque ela é que busca o hospital universitário, porque ela não tem planos de assistência de saúde, não tem dinheiro para pagar médico. Inacabado!

            Essas são as histórias que vamos ver, vamos catalogar as obras inacabadas que estão lá e vamos ajudar o Piauí. O Piauí tem um cerrado, a última fronteira agrícola, 11 milhões de hectares de cerrado, 4 milhões de quilômetros, ao lado do rio Parnaíba. Construímos uma estrada, a Transcerrado, a pedido dos agricultores. Ela está totalmente acabada. Está muito pior, os carros atolando. Está inviável comercializar, porque não tem transporte.

            Tem uma hidroelétrica - atentai, Suplicy! Suplicy, V. Exª tem vergonha. Foi Deus que o botou aí, porque V. Exª... Tem uma hidroelétrica que foi sonhada por Juscelino, foi inaugurada por Castello Branco. César Cals era Ministro. É a de Boa Esperança de Guadalupe. Falta a eclusa. Sem eclusa, o rio Parnaíba morreu, não tem navegabilidade. Quando eu era menino, navegava, tinha aqueles vapores. Agora, os mentirosos - não tenho outro adjetivo, ô Suplicy -, os idiotas disseram que vão fazer cinco hidroelétricas. Por que não terminam a que existe, não fazem a eclusa? Enchem os jornais com propagandas de que vão fazer cinco, e não terminam a Hidrelétrica de Boa Esperança, sonhada pelo Deputado Federal Milton Brandão, por Juscelino, por Castello Branco e por César Cals. Mas falta a eclusa; acabou a navegabilidade.

            Ô PAC, vamos fazer cinco hidrelétricas! Não terminam a primeira, a estrada do cerrado!

            Essas são as nossas palavras.

            Fui informado por este piauiense extraordinário, o irmão caçula de Petrônio Portella, de Lucídio Portella, de que o Secretário-Executivo, o Ministro-Chefe da Secretaria Especial dos Portos, vai visitar esses portos inacabados. Quero dizer, acreditando nele, que Pedro Brito do Nascimento, segundo ouvi dizer - ele é do PSB, um extraordinário Partido, do extraordinário Miguel Arraes. Trata-se de um extraordinário Partido. O Vice-Governador do Piauí é desse Partido -, fui informado de que Pedro Brito do Nascimento está viabilizando uma visita e talvez esta semana vá ao Piauí. Fui informado disso por técnicos, pelo Dr. Elói Portela.

            Acredito tanto nele, no Pedro Brito Nascimento, que coloquei todas as minhas emendas para a conclusão desse porto, porque vai viabilizar um terminal de gás combustível, vai viabilizar a ZPE, vai exigir a necessidade da recuperação da ferrovia, que é fácil. É fácil, Luiz Inácio! Esse Alberto Silva, ele é engenheiro de estrada de ferro, foi o seu primeiro emprego. Chame ele, que ele faz isso da noite para o dia. Por quê? Porque é uma planície. De Parnaíba à capital, é uma planície. Tem duas rodovias: uma federal, que está recuperada - colocamos as dotações de nossas emendas para lá; e tem uma beirando o rio Parnaíba, que nós fizemos.

            Agora, a estrada de ferro é de fácil consecução, porque é uma planície. Uma estrada de ferro, ô Suplicy, nós sabemos das coisas, ela é difícil quando se tem que pagar, indenizar a terra; lá já existiu, é recuperar. As terras são da estrada de ferro, são do governo. Aquilo, além dos trilhos, tem que ter 100 metros de um lado, 100 metros de outro. Todo mundo acompanhou a luta de Andrew Carnegie, o homem mais rico dos Estados Unidos, que fez as estradas de ferro, nos filmes. Mas lá já está pago, já existe. Então, é uma planície. Alberto Silva é um engenheiro competente, capaz. Basta chamá-lo, Luiz Inácio. Ele acreditou em vocês, ele votou em vocês. Ele é o presidente do partido, e eu, o vice. O Alberto faz isso, dê dinheiro para ele que ele tem competência, ele é competente.

            Mas só fazem enganar, só fazem mentir, e essa é a decepção.

            Então, ao terminar estas palavras, quero agradecer a oportunidade de falar, dizendo que cremos, tanto é verdade, no representante do PSB, o Ministro-Chefe da Secretaria Especial de Portos, Pedro Brito Nascimento. Esse Elói Portela, por coincidência, foi Senador. Ele era suplente do extraordinário homem público Freitas Neto, que foi Governador do Estado, me antecedeu, foi Senador e foi Ministro de Fernando Henrique. E Elói passou meses aqui como Senador. É um engenheiro idôneo, profundo conhecedor dos portos e rios navegáveis, funcionário de carreira. E, com esses recursos que eu botei no Orçamento, toda a minha dotação, acreditando... Basta chamar Elói Portela que ele conhece essa problemática do porto.

            Então, o que queremos é isso, Luiz Inácio. Estão enganando Vossa Excelência.

            Ainda tem o Aeroporto Internacional de São Raimundo Nonato, que existe nos jornais, na imprensa, na Serra da Capivara. Augusto Botelho, lá só tem jumento no meio. Lá não tem nada, não tem nem gasolina.

            Então, é isso. Não estamos contra o Presidente da República. Acho que ele é vítima de aloprados que o enganam, que mentem. É muito grande o Brasil.

            Ah, tem o metrô de superfície em Teresina. Foi obra iniciada por Alberto Silva. Um prolongamento que vai lá do centro, há um troca-troca... Está só o esqueleto!

            É gritante: são obras federais paradas! Vamos, Luiz Inácio, terminar as obras inacabadas. Sabe por que estou aqui, Luiz Inácio? Porque Alberto Silva começou um bocado de obras, o outro era de outro partido e não quis concluir. Eu saí concluindo: os hotéis, o complexo Atalaia, o Hotel Delta e muitas obras, como o Açude Petrônio Portella, inacabadas. Eu as concluí.

            Então, Luiz Inácio, eu aqui quero dizer, com a nossa experiência e com a nossa representatividade, da grandeza histórica e da dignidade do Piauí, siga este conselho: bote uma comissão. Não já tem tanto ministro aloprado? Bote um só para cuidar e levar a verdade às obras inacabadas. O Brasil está um cemitério de obras inacabadas!

            Agora, eu quero, Suplicy, que nasça aqui um cemitério para enterrarmos a mentira que o PT está espalhando pelo País.

            Muito obrigado, Presidente.