Discurso durante a 36ª Sessão Especial, no Senado Federal

Homenagem à memória do ex-Senador, ex-Presidente do Senado Federal e Patrono da Biblioteca do Senado Federal, Luiz Viana Filho.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem à memória do ex-Senador, ex-Presidente do Senado Federal e Patrono da Biblioteca do Senado Federal, Luiz Viana Filho.
Publicação
Publicação no DSF de 27/03/2008 - Página 6920
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, CENTENARIO, NASCIMENTO, LUIZ VIANA FILHO, EX SENADOR, EX-DEPUTADO, EX PRESIDENTE, SENADO, PATRONO, BIBLIOTECA, VALORIZAÇÃO, CULTURA, LIVRO, INSTRUMENTO, LIBERDADE, PROGRESSO, DEMOCRACIA, ELOGIO, VIDA PUBLICA.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador César Borges, que preside esta sessão destinada a homenagear Luiz Viana Filho, ex-Senador, ex-Presidente do Senado, patrono da biblioteca, são tantas as lideranças, autoridades e familiares importantes que pedi permissão, baseado na Bíblia, que diz: “Árvore boa dá bons frutos”, para saudar a todos na pessoa do Francisco e na do Tomás, frutos dessa boa árvore que homenageamos: Luiz Viana Filho.

Parlamentares, brasileiras e brasileiros aqui presentes e que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado, a Bahia... Ontem eram homenageados nesta Casa os duzentos anos da primeira Faculdade de Medicina. É o Brasil se rendendo à Bahia. Não conheço ex-mãe; Salvador, Bahia, é a mãe de todos nós do Brasil. Não tem ex-mãe.

Então, assim falo do Piauí, mas serei diferente. Tantos oradores e baianos com amor e com orgulho dissertaram. O nosso César Borges está ali, mas está ali em cima outro baiano: o Rui Barbosa. E aqui está o que o fez estar ali?

Há 66 anos - Brasília tem quarenta e poucos anos - um sábio descrevia outro sábio. Era um sábio contando a vida de outro sábio. E que entendam não só os baianos, mas todos nós cristãos porque isso é importante - eu sei que lá vocês são de muita fé, tem lá o Senhor do Bonfim - e, como diz a Sagrada Escritura, a sabedoria vale mais do que ouro e prata. Então, esses homens, esses baianos, plantaram a semente da sabedoria do nosso País. E a sabedoria é eterna. Olha, ela nos guia hoje e amanhã.

Desse livro de João Justiniano da Fonseca, que o Senado mandou fazer, para não cansá-los, eu repetirei palavras, que faço como nossas, porque é muito importante para este Senado, para os dias de hoje, para o Luiz Inácio, para nosso Garibaldi, para todos nós, brasileiros e brasileiras. Como ele é atual, não passa sabedoria. E isso é tanto verdade que, ontem, aqui, eu falava da Faculdade de Medicina. Eu sou médico. E privilegiado nós somos, porque nós temos ética.

O 1Código de Hipócrates é um código de ética, de moral, de vergonha na cara. Cada formando jura ali. Então, não passa... Eu recordava que o próprio Hipócrates - eu que sou cirurgião - disse: “Onde há pus, dá saída ao pus.” Todos nos curvamos à sabedoria dele. Há outras...

César Borges, além daquela frase, há também: “Somente os povos que amam os livros aprendem o amor à liberdade e ambicionam o progresso.” Senado, Cícero, é um e outro. Não sou dado a espiritismo, mas sei lá se Cícero se encarnou ali, porque Cícero, do Senado Romano, do Senado do Renascimento, disse e ficou para o mundo: “Casa sem livro é como um corpo sem alma”. Em outras palavras, o nosso Senador do Brasil se igualou ao Senador de Roma quando disse: “Somente os povos que amam os livros aprendem o amor à liberdade e ambicionam o progresso.” Mas o ensinamento que ele dá, muito atual, está escrito naquela homenagem sábia. Louvo a inteligência privilegiada de Efraim Morais de render essa homenagem.

Eu sei que ele é o patrono da nossa Biblioteca. Nunca dantes uma homenagem foi tão justa ao templo do saber. Eu tenho entrado lá. Esse livro é de lá, da Biblioteca. Ele escreveu em 41, muito antes de Brasília. Talvez aqui é que os Senadores aprenderam quem era Rui Barbosa e os fizeram colocar que um bem nunca vem só, é acompanhado de outro bem, como disse Padre Antonio Vieira. Então, os conhecedores de Rui é que fizeram ali... E nós, ô baiano César Borges? Eu sei que V. Exª fez riqueza na Bahia, implantou a Ford, mas isso é mais do que a Ford. Então, siga aí os baianos. E eu quero tê-lo no meu gabinete; que tenha em todos os gabinetes.

Em 1945, ele escrevia - olha como é atual, pois a sabedoria não fica velha, a beleza até muda, mas a sabedoria se fortalece... Então, ele dizia, em 1945 - eu acho que deveria ter em todos os gabinetes dos Senadores -: “Dos muitos males que afligem atualmente o Brasil poucos serão tão graves e estarão a exigir remédio pronto quanto essa generalizada descrença que hoje envolve os órgãos políticos desta Nação”. Descrença! Descrença!

Outro intelectual, Ernest Hemingway, autor de O Velho e o Mar, disse o seguinte: a maior desgraça é perder a esperança. Ele adverte: nós não podemos perder a esperança de consertar os órgãos da democracia. É disso que ele, Ernest Hemingway, nos adverte.

Vejo entrando aqui o Senador Arthur Virgílio. Eu me lembrei do seu partido quando um ministro escreveu ao estadista Fernando Henrique Cardoso: não se apequene.

Olha, quando eu via esses aloprados que tomaram conta deste País, eu me sentia, em relação a eles, até orgulhoso porque alguns deles dizem que não gostam de ler, que não gostam de livro. O nosso Presidente disse que ler uma página dá uma canseira, que é melhor fazer uma hora de esteira. Eu nunca vi tanta besteira. Esse final é meu.

Como dizia, eu me senti orgulhoso porque somos, diante dos aloprados que estão aí, afortunados. Mas hoje estou humilde como Fernando Henrique, apequenado. Estou pequeno. Eu me sinto um anão, um pigmeu diante da grandeza desse homem que nós homenageamos.

A ele, o respeito do Piauí, a admiração do Piauí, dos que fizeram política. Reconhecemos sempre este homem, em todos os momentos! Como Rui Barbosa, ninguém escolhe, o homem é o homem e suas circunstâncias. Isso é de Ortega y Gasset. Outro dia, um ministro roubou a frase de Disraeli: “não se queixe, não se explique, não se aconselhe, não peça desculpa. Aja ou saia”. Isso é de Benjamin Disraeli, como 1º Ministro da Rainha Vitória. Então, o homem é o homem e suas circunstâncias. Rui Barbosa, que fez nascer a República - atentai bem, baianos! O papel, a França, ô Marco Maciel, que também é imortal, a França, com complicação, rolaram cabeças, é um rolo doido. E nós, da paz, Rui Barbosa, este papel: foi o nosso Imperador para Paris. E a paz? Foi Rui Barbosa. Também a história se repete.

Período revolucionário. Luiz Viana foi o Rui Barbosa, minimizou as truculências, as violências, como Rui Barbosa também escondeu uma espada que tinha ganho de Deodoro. Esse fez prevalecer sempre o Direito e a Justiça, comemorando as conquistas.

Então os baianos garantiram essas transições, e eu venho, em nome do Piauí - e eu sou Senador é da República - manifestar a nossa gratidão e o respeito a esse imortal da democracia que é o baiano Luiz Viana, que se iguala a Rui Barbosa. Rui Barbosa passou 32 anos nesta Casa; ele passou 40, mas iguala-se no nascimento, na grandeza e na história.

Ao Luiz Viana, a admiração e o respeito do Brasil, que eu represento como Senador da República, e do PMDB, que traz o PMDB de vergonha esta homenagem...

Gostei de liderar o partido hoje no mais belo dia da minha passagem aqui. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 27/03/2008 - Página 6920