Discurso durante a 36ª Sessão Especial, no Senado Federal

Homenagem à memória do ex-Senador, ex-Presidente do Senado Federal e Patrono da Biblioteca do Senado Federal, Luiz Viana Filho.

Autor
Heráclito Fortes (DEM - Democratas/PI)
Nome completo: Heráclito de Sousa Fortes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem à memória do ex-Senador, ex-Presidente do Senado Federal e Patrono da Biblioteca do Senado Federal, Luiz Viana Filho.
Publicação
Publicação no DSF de 27/03/2008 - Página 6927
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, CENTENARIO, NASCIMENTO, LUIZ VIANA FILHO, EX SENADOR, EX-DEPUTADO, EX PRESIDENTE, SENADO, PATRONO, BIBLIOTECA, EX MINISTRO DE ESTADO, EX GOVERNADOR, ESTADO DA BAHIA (BA), ELOGIO, VIDA PUBLICA.

O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador César Borges, meu caro ex-companheiro Luiz Viana Neto, em nome de quem eu cumprimento todos os familiares de Luiz Viana, quero pedir aos familiares, como também a todos, que não interpretem como audácia ou ousadia falar após Marco Maciel, Arthur Virgílio, César Borges e tantos outros. Interpretem, sim, como orgulho, orgulho de poder falar de alguém que eu vi; já vi, é claro, famoso. Conheci Luiz Viana, já Governador, já Ministro, mas, acima de tudo, o intelectual e o Professor.

Eu olho hoje, meu caro Marco Maciel, e vejo, neste plenário, figuras como Prisco Viana, que está aqui e teve também comigo e com tantos outros o privilégio de viver a mesma época. Se entrássemos no plenário do Senado e da Câmara, qualquer que fosse a ocasião, iríamos ver transitando figuras misteriosas, fantásticas, uns indecifráveis, outros, não - Luiz Viana, Paulo Guerra - e víamos as sombras dos que não estavam no plenário, porque tinham sido impedidos por atos revolucionários, mas que os seus ecos se faziam sentir em cada uma das paredes da Casa. Lacerda era um exemplo.

Em qualquer roda, eram citados e reverenciados pelos que não estavam dela podendo participar. Você tinha figuras exponenciais que elevavam e engrandeciam o debate deste Congresso.

Meu caro Luiz Viana Neto, quero dizer que feliz é o país que, na sua maior representação popular, pode homenagear figuras como seu pai, que passaram não só por esta Casa mas pela vida pública brasileira sem máculas e que têm, em todo o seu traçado de vida, um perfil exclusivamente de construção.

Essas palavras são também de nostalgia porque vejo, hoje, depois de uma demorada caminhada pela vida pública, chegar ao Senado, embalado pelos sonhos das lutas de antigamente, e ver o Brasil nas suas duas Casas tão esvaziadas de pensamento e, acima de tudo, de idéias.

Governos colaboram para o seu esvaziamento, é claro, mas o desestímulo, a falta de perspectiva, vai esvaziando precocemente os plenários e fazendo com que, prematuramente, grandes valores da vida pública procurem o caminho de casa ou outros destinos, deixando uma grande e insubstituível lacuna na vida pública do Brasil.

Ao ver dois garotos, dois jovens no plenário, espero, com toda a sinceridade, que eles saiam daqui impregnados pelo menos do exemplo de Luiz Viana e, no momento oportuno, sigam esse, hoje, difícil e desestimulante caminho, que, ao deixar vazio, leva o Brasil, muitas vezes, para a aventura de improvisações e, por conseqüência, incertezas.

A digital de Luiz Viana marca presença em todas as dependências desta Casa, pontificando-se exatamente na sua biblioteca, maior homenagem que ele poderia receber, porque ali retrata toda a história de sua vida.

A Bahia, que, como diz Gil, “deu régua e compasso”, tem em Luiz Viana um dos grandes expoentes da geração recente.

E o Congresso brasileiro, ao ter a oportunidade de aqui homenageá-lo, deve, sem dúvida alguma,refletir sobre esse homem, a sua obra e o seu exemplo.

Seria bom, meu caro Deputado Prisco, que este plenário estivesse lotado também de Parlamentares, para verem como se constrói uma vida e como se seguem os bons exemplos que vêm da família, pois, ao partir, ele deixa também, por meio dos filhos e sucessores, uma semente. A história pública é transitória; a história do homem é permanente. Existem homens que, em qualquer função, deixam a sua marca. Luiz Viana é um deles.

Portanto, meu caro César Borges, que tem o privilégio histórico, como baiano, de presidir esta sessão, quero deixar, em nome do meu Partido, mas também em nome pessoal, esta mensagem e a certeza de que procuraremos avaliar, neste ocaso de novos valores, novas revelações e novas lideranças, esta falta - por que não dizer, meu caro Marco Maciel - de vocações políticas. Esse é um fenômeno difícil de avaliar exatamente a sua causa: são várias, são diversas, mas existem. A verdade é que, neste início de tarde, ao se homenagear, nesta Casa, a memória de Luiz Viana, nós sentimos um vazio que nunca será preenchido.

Muito obrigado. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 27/03/2008 - Página 6927