Discurso durante a 37ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Elogios à Senadora Marisa Serrano na condução dos trabalhos da CPMI dos Cartões Corporativos e críticas à atitude de parlamentares governistas durante a reunião da referida Comissão, realizada hoje.

Autor
Papaléo Paes (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AP)
Nome completo: João Bosco Papaléo Paes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), CARTÃO DE CREDITO.:
  • Elogios à Senadora Marisa Serrano na condução dos trabalhos da CPMI dos Cartões Corporativos e críticas à atitude de parlamentares governistas durante a reunião da referida Comissão, realizada hoje.
Publicação
Publicação no DSF de 27/03/2008 - Página 7018
Assunto
Outros > COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), CARTÃO DE CREDITO.
Indexação
  • ELOGIO, CONDUTA, PRESIDENTE, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), CARTÃO DE CREDITO, COMENTARIO, SUPERIORIDADE, MEMBROS, APOIO, GOVERNO, FRUSTRAÇÃO, ORADOR, ATUAÇÃO PARLAMENTAR, SUSPEIÇÃO, RECEBIMENTO, PROPINA, FAVORECIMENTO, GOVERNO FEDERAL, TROCA, CARGO PUBLICO, PRIVILEGIO, PREJUIZO, INTERESSE PUBLICO, CONTINUAÇÃO, MALVERSAÇÃO, FUNDOS PUBLICOS, CRITICA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), ATUAÇÃO, EFEITO, PERDA, CONFIANÇA, POLITICA NACIONAL, CONCLAMAÇÃO, LUTA, DEFESA, DEMOCRACIA.

O SR. PAPALÉO PAES (PSDB - AP. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Muito obrigado, Senador Alvaro Dias.

Quero usar meu tempo para uma comunicação inadiável para dizer que, hoje, eu estava ouvindo, não vendo, uma reunião da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Cartões Corporativos e, desde já, quero elogiar a forma como a Srª Presidente, Senadora Marisa Serrano, vem conduzindo aquela Comissão. S. Exª não só transmite como impõe respeito àquela Comissão: sabedoria, competência, prudência, boa condução dos trabalhos.

Essa Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos cartões corporativos tem 24 membros. A população tem de avaliar isso. No Senado, sete membros são da base de apoio ao Governo; quatro são da minoria - está 7 a 4 para o Governo -, e um do PSOL, Senador José Nery. Da Câmara, para compor essa Comissão, tem, da base de apoio ao Governo, nove membros; da minoria, três membros; ou seja, totalizam dezesseis membros da base de apoio ao Governo, sete da minoria e um do PSOL.

O que quero deixar bem claro é que vi, ouvi e depois passei a assistir à reunião de hoje e, como cidadão brasileiro, fiquei decepcionado. Chegamos até a perder as esperanças - imagina o povo que não tem essa vivência de Parlamento - quando assistimos a cenas deploráveis de algumas pessoas, alguns parlamentares, com quem realmente não tenho e não tive ainda nenhum contato nem o prazer de cumprimentar, por fazer parte da outra Casa, servindo - vou usar um termo popular - de pau-mandado do Governo, descaracterizando a sua personalidade, o seu caráter, para defender uma causa que é pública, de povo brasileiro, de dinheiro público, como se fosse uma causa pessoal.

Ali, nitidamente, alguém falou que joga alpiste e o passarinho já vem comer. Infelizmente, Senador Alvaro Dias, vejo que essas pessoas, que eu não conheço pessoalmente - posso até estar fazendo mau juízo, mas não estou relacionando ao lado pessoal -, devem alguma coisa, estão retribuindo alguma coisa. Não sei o que seja. Teve aquela notícia do mensalão. Então, aqueles que pegavam mensalão tinham de votar com o Governo, mas tem muitas outras formas de mensalão. Tem o mensalão que entregam em dinheiro, e é o Governo que faz isso, e não o Senado nem Câmara. É o Executivo que tem dinheiro nas mãos para comprar. Tem o mensalão dos cargos: o camarada, o Deputado ou sei lá quem que recebe cargos, se não votar com o Governo, perde aqueles cargos. Tem o mensalão dos favores. Tem o mensalão do prestígio. Têm várias formas de fazer com que alguns parlamentares vendam o seu voto e participem de uma Comissão como essa.

Isso aqui não é disputa de Situação e Oposição. Isso aqui, essa Comissão, é para ver como está-se gastando o dinheiro público, por meio do uso de cartão corporativo, que é uma verdadeira indecência. Uma indecência!

Sabem o que é aquele cartão corporativo, senhores e senhoras que nos estão assistindo? Significa o Presidente da República pegar um cartão de crédito, entregar na mão de um assessor e dizer: “Use-o da maneira e da forma que você quiser, quanto quiser, porque não tem limite, que ninguém vai lhe cobrar nada.” Assim é que é o cartão corporativo.

E o que nós queremos, por intermédio dessa CPMI dos Cartões Corporativos, é exatamente ver como foi gasto esse dinheiro. Se foi Governo Fernando Henrique, se é Governo Lula, não interessa, porque o dinheiro é do povo. Agora, eu quero aqui dizer que foi um ato de grandeza do Presidente Fernando Henrique, quando, por meio de uma carta ao nosso Líder, ao Presidente do nosso Partido, disse que poderia abrir, escancarar as contas de cartão corporativo de seu Governo. Não havia problema.

E, hoje, nós vimos uma cena deprimente nessa CPI, com a base do Governo, que é um governo liderado pelo Partido dos Trabalhadores, senhoras e senhores, que, a nós todos, que somos determinados pela pressão de todas essas ações de alguns parlamentares, nos fez deixar de acreditar na política. Pelo menos, antes de o PT chegar ao grande poder, talvez fosse o único Partido do qual pudéssemos dizer: “Bom, pelo menos esse se salva”. Ou seja, o PT, com essas ações, jogou as pessoas na descrença partidária, porque é assim que estão fazendo com o povo: fazendo-o descrer dos partidos políticos, que são os representantes do povo, fazendo-o descrer, para agir de outras formas, principalmente de forma autoritária como o Executivo está agindo.

Então, Sr. Presidente, eu, como cidadão brasileiro, um homem de 55 anos, que assinou sua primeira ficha partidária aos 40 anos de idade; que sou médico, militante da minha profissão há 31 anos, fora os ambulatórios de estágio, digo que, como cidadão, fico deprimido, desesperançoso quando vejo, Senador Pedro Simon, aquela cena na CPI em que principalmente Deputados vão servir de pau-mandado, provocando obstrução, fazendo discursos infelizes, desesperançosos, para impedir que possamos realmente apurar esses gastos públicos.

Fica aqui meu registro de mal-estar com a conduta, principalmente do Partido dos Trabalhadores, nitidamente querendo esconder os gastos desonrados feitos com os cartões corporativos.

Àqueles que estão nos assistindo, aos senhores e às senhoras, quero dizer que isso não deve servir de desestímulo ao nosso crédito à democracia. Que isso sirva como força para todos nós que queremos exercer a política de forma correta - que seja meia dúzia, uma dúzia, uma dezena, seja quanto for - possamos nos unir e lutar pela democracia e pela seriedade do nosso Brasil!

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 27/03/2008 - Página 7018