Fala da Presidência durante a 29ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem à Batalha do Jenipapo, conflito em que piauienses e cearenses enfrentaram o exército português a favor da unificação do Brasil em 13 de março de 1823.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem à Batalha do Jenipapo, conflito em que piauienses e cearenses enfrentaram o exército português a favor da unificação do Brasil em 13 de março de 1823.
Publicação
Publicação no DSF de 14/03/2008 - Página 5937
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA, CONFLITO, PARTICIPAÇÃO, POPULAÇÃO, ESTADO DO PIAUI (PI), ESTADO DO CEARA (CE), PERIODO, IMPERIO, COMBATE, EXERCITO, PAIS ESTRANGEIRO, PORTUGAL, MOTIVO, DISCORDANCIA, COLONIALISMO, DEFESA, UNIFICAÇÃO, BRASIL, REGISTRO, INICIATIVA, CARLOS CASTELLO BRANCO, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, RECONHECIMENTO, DATA, COMEMORAÇÃO.

     O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Hoje,13 de março, quis Deus, Senador Eurípedes, que eu, piauiense, estivesse presidindo esta sessão. Antes de encerrá-la, quero fazer uma homenagem ao Piauí.

     Hoje é a data mais importante do Piauí, talvez a mais orgulhosa da nossa história. É que, em 13 de março de 1823, piauienses e cearenses enfrentaram o exercito português. A nossa história não foi realmente bem contada.

     Dom João VI, que aqui chegou junto com o Reino de Portugal, foi-se embora e deixou o filho. Mas a sua intenção era o Sul ser Brasil e o Norte - Pará, Maranhão e Piauí - ser colônia de Portugal. Para isso, ele deixou o General Fidié, que era seu sobrinho e afilhado, grande comandante do exército português, instalado em Oeiras. O País seria chamado País Maranhão, Colônia Maranhão, ligados a Portugal.

     Então, no Piauí, em 13 de março de 1823, que piauienses, liderados pelo grande empresário Simplício Dias da Silva, da minha cidade de Parnaíba, arregimentaram heróis de Campo Maior, de Oeiras e do Estado vizinho do Ceará e enfrentaram o exército português, de 1.100 soldados, todos com a boa vontade, o amor e o ideal de tornar este País uno e grande. E houve a batalha. Contam os historiadores, Senador Eurípedes, que uns 400 brasileiros, piauienses e cearenses, morreram nessa batalha. Perdemos a batalha, mas, enquanto isso, Oeiras era tomada pelo povo, em 24 de janeiro.

     Fidié, mesmo vitorioso, mostra-se temeroso em voltar para a capital, já que o povo de Oeiras tinha tomado o palácio, em 24 de janeiro. Ruma, então, a Caxias, no Maranhão.

Fidié era bravo e foi vitorioso, mas nós o sacrificamos. O exército conjunto de piauienses e cearenses não tinha os armamentos que os portugueses tinhas. Porém, há o ditado: “Perdemos a batalha, mas ganhamos a guerra”. Fidié se refugiou em Caxias, no Maranhão (Maranhão era aliado de Portugal nessa batalha). Depois, tendo voltado a Portugal, Fidié foi chefe da Escola Militar. E, na sua aposentadoria, exige do governo português, do Rei de Portugal, o soldo da batalha em que foi vitorioso.

     Hoje se comemora esta Batalha, reconhecida nacionalmente pelo Presidente Carlos Castello Branco, cujos ancestrais são do Piauí, de Campo Maior. A Batalha do Jenipapo, comemorada pelo Exército brasileiro - logicamente, pelo Governo do Estado do Piauí e a Prefeitura de Campo Maior -, é uma festa nacional, assim decretado por ato do ex-Presidente militar Carlos Castello Branco.

     Para terminar, devo dizer que o poeta Carlos Drummond de Andrade, em reconhecimento à bravura dos combatentes, imortalizou-se no poema “Cemitérios” (Fazendeiro do Ar, Campo Maior), que diz: “No cemitério de Batalhão os mortos do Jenipapo/Não sofrem chuva nem solo telheiro os protege/Asa imóvel na ruína campeira”.

     O dia de hoje traduz a bravura do povo piauiense. Quando todas as brasileiras e todos os brasileiros olharem o Brasil grande e uno têm de relembrar da bravura. Daí o Hino do Piauí dizer assim: “Piauí, terra querida/Filha do sol do Equador/Na luta, o teu filho é o primeiro que chega/Pertencem-te a nossa vida, nossos sonhos e nossos amores/Na luta, é o teu filho o primeiro que chega”.

     Só houve outra segunda batalha sangrenta, pelos baianos, em 2 de julho. Dois de julho é depois de 13 de março.

     Quis Deus eu estivesse na Presidência do Senado da República para homenagear aqueles que fizeram a Batalha do Jenipapo, fundamental para a história da unidade e da grandeza do Brasil.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/03/2008 - Página 5937