O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Gim Argello, que ora preside esta sessão de quinta-feira, 3 de abril, Parlamentares ainda presentes, brasileiras e brasileiros que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado, Senador João Tenório, aprendi no colo de minha mãe - digo isso também em homenagem à Senadora Roseana Sarney, que está ali, - a

–     

–     Canção do Tamoio

–     

–     Não chores, meu filho;

–     Não chores, que a vida

–     É luta renhida:

–     Viver é lutar.

–     A vida é combate,

–     Que os fracos abate,

–     Que os fortes, os bravos

–     Só pode exaltar.

Nós do Piauí somos fortes e bravos, e o Piauí aqui está nessa luta. O Piauí nunca se curvou a chantagens, a ameaças. Nós somos grandes mesmo. Nós viemos de uma batalha sangrenta - expulsamos os portugueses do Brasil.

Estamos aqui para representar a grandeza desse povo e temos as nossas crenças. Acreditamos em Deus; no amor, que alicerça a família; no estudo, que busca a sabedoria. Eu entendo que a sabedoria - está no Livro de Deus - vale mais do que ouro e prata. Está lá.

Eu acredito no trabalho. Ele é que faz as riquezas. E essa é a nossa vida.

–     A vida é combate,

–     Que os fracos abate,

–     Que os fortes, os bravos

–     Só pode exaltar.

Nós somos do Piauí esse forte e bravo povo. Aqui, em uma hora dessa, os três Senadores do Piauí estão aqui: Heráclito, nos liderando, é um homem de uma vasta experiência parlamentar, mais de duas décadas;

João Vicente, um empreendedor, um empresário; eu, e quis Deus, para mostrar a nossa grandeza, a nossa formação, está o Presidente da Assembléia do Piauí, Deputado Themístocles Sampaio. Então, essa é a nossa gente. Em todos os períodos da história, nós saímos com grandeza.

Foi o primeiro Estado a fazer uma batalha sangrenta por sua independência. A Bahia fez depois.

Em um período da República, escrevemos a mais bela página do Piauí, Gim Argello. Essa é a nossa grandeza. Nós não tememos nada.

David Caldas, ó Themístocles, um jornalista... Essa é a nossa... Ninguém se intimida com ameaça, com o poder que está aí, com chantagens. Então esse David Caldas, jornalista, dezessete anos antes da Proclamação da República, João Vicente, ele mudou o nome do jornal O Amigo do Povo para Oitenta e Nove. Ninguém entendia. O Brasil passou a entender. Ele foi o profeta da República. Em novembro de 1889, Teresina já tinha um jornal - Oitenta e Nove, que circulava no Brasil. Cem anos antes já tinha sido dado o grito de “liberdade, igualdade e fraternidade” na França.

Esse é o Piauí heróico.

Rui Barbosa, que fez nascer a lei da liberdade dos escravos, sancionada pela Princesa Isabel, serviu ao primeiro governo militar e ao segundo, mas, quando viu que iam colocar o terceiro, disse que estava fora! Ofereceram a ele o Ministério da Fazenda e ele disse: “Não troco a trouxa de minhas convicções pelo Ministério”. Ele saiu na campanha civilista para consolidar a democracia. José Nery, com muito respeito ao Pará, João Vicente, você sabe que Rui Barbosa ganhou em Teresina? Então, nós somos esse povo.

Todo mundo sabe daquela Coluna Prestes, Paraná, Carlos Prestes... Eles iam tomar a Capital, Teresina, para terem uma capital comunista. Não conseguiram. Prenderam seu companheiro Juarez Távora. Então, nós somos esse povo bravo.

Getúlio Vargas, quando fez sua ditadura, saiu botando tenentes. No Piauí, durou pouco; ficou um médico: Leônidas Melo. Por isso, a ciência médica é avançada. Por isso, estou aqui, representando a classe médica. Nos outros Estados, tudo era tenente. Lá, com uma visão... Teresina tem quatro faculdades de Medicina. Eu ajudei a botar o Estado na era dos transplantes.

Aí, no período da ditadura militar... Atentai bem, José Nery, V. Exª saiu, que bela análise, que bela coragem, você fez - e eu, orgulhoso do Piauí - daquele período que V. Exª escreveu a história.

V. Exª se lembra? E eu digo, o Piauí passou orgulhoso, ô João Vicente, no período. Petrônio Portella escreveu a mais bela página. Ele seria Presidente da República pela Arena, e o Tancredo seria o seu vice, do PP. Iam ganhar no Colégio Eleitoral. Ele, Presidente desta Casa, em um momento difícil, e Deus me fez testemunha - eu estava do lado dele em 1978 - o Parlamento quis fazer uma reforma do Judiciário, e os generais mandaram... Ele mandou votar. Mandaram fechar, com cães, canhões... Eu estava do lado do Petrônio, a imprensa... Ele só disse o seguinte, João Vicente: “Este é o dia mais vergonhoso de minha vida”. A moral... A autoridade é moral. Isso ecoou, e com cinco dias, mandava Geisel abrir o Congresso. Então esse é o Piauí, e nesse instante estão os três Senadores aqui.

Nós somos preparados mesmo. Não foi só Petrônio não; o melhor jornalista foi Carlos Castello Branco, a Coluna do Castellinho. Rui Barbosa está ali, e somente um homem pode se igualar a ele, Evandro Lins e Silva, do STF, na ditadura militar, soltando os presos políticos.

E o progresso? João Paulo Reis Velloso, menino pobre, filho de carteiro com costureira, fez o I e o II PND.

Atentai bem, João Vicente. Ele foi a luz, o farol. Atentai! A luz e o farol. E nenhuma indignidade, nenhum roubo, nenhuma corrupção. Essa é a nossa cara. Agora nós entendemos.

Então, nessa mesma grandeza que é histórica e cristã, eu vim aqui. Não fui desrespeitoso. Fiz uma análise comparativa e histórica, sem qualquer propósito de ofender quem quer que seja. Uma análise histórica do mundo. E tem que se saber. Aqui é a Casa do saber. Na verdade, o que querem mesmo, ô João Tenório, é desviar o foco da produção do dossiê contra o ex-Presidente e sua esposa. Isso é que é o fato principal.

O que me traz aqui, juntamente com os Senadores do Piauí, é o seguinte: João Vicente, olha...

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Sr. Presidente, mais dois minutinhos.

Vou fazer um apelo ao Ministro dos Transportes e ao Ministro do meu Partido, Reinhold Stephanes, pessoa muito boa do PMDB, que já foi Ministro da Previdência: solicito que providências urgentes sejam tomadas no sentido de socorrer a produção do cerrado piauiense.

João Vicente, V. Exª me ajudou muito no meu Governo. Orgulhe-se. Em 1995, a área plantada era de 60 mil hectares. Em 2002, a área plantada era de 230 mil. Hoje, em 2007, são 217 mil.

Então, estou aqui defendendo os interesses porque eles produziram, aumentaram. Pessoas vieram do sul, plantaram e não têm mais condição de transporte.

E aí entra o Piauí. O Piauí entra num artigo desse jornalista Zózimo Tavares, que é o reviver de Carlos Castello Branco, “O Atoleiro do Desenvolvimento”, onde lamenta que o Piauí novamente venha a ser manchete ganha a mídia no Bom Dia Brasil. Mas os carros atolados...aquela estrada com que sonhamos e que fizemos, de barro, de pista, percorrendo o cerrado, a última fronteira agrícola, “A rodovia PI 397, logo batizada de Transcerrados, para servir como corredor para o transporte de praticamente toda a produção de soja em direção aos centros consumidores”; É totalmente um atoleiro. Apareceu duas vezes no Bom Dia Brasil.

Então, aquela produção, o trabalho, a soja caiu de preço. E é isso que nós pedimos. Apesar dos esforços do Prefeito Chico Filho, de Uruçuí, do de Ribeiro Gonçalves, somente em uma nova cooperativa de produtores, a Cooperativa Nova Santa Rosa, na região de Bom Jesus, que tem noventa famílias, a produção estimada é um pouco mais de um milhão de sacas. Mas no local não há armazenamento.

Então, de acordo com Altair Franco, que é um líder classista do Sindicato Rural de Uruçuí, o risco de perda é grande, porque com as atuais condições da estrada não há como transportar a soja colhida para ser beneficiada na sede da Bünge. A estrada foi abandonada no verão, qualquer pessoa sabe que com a chegada do período chuvoso dos meses de janeiro a maio as condições da estrada pioram, mas não fizeram nada quanto a isso.

Estamos com medo de uma catástrofe, porque não se pode escoar a produção e, com o estrangulamento da colheita e da venda, pode haver uma grande perda, afirma o produtor Thomas Kurdies, da região de Uruçuí. Explicou que há uma semana o preço dos produtos caiu. Eles vendiam a R$50,00 a saca de soja e está a R$40,00; e vão ter que baixar, vão ter prejuízo.

Então, estamos aqui apelando ao Ministro dos Transportes, ao Ministro da Agricultura, que é do meu Partido, para que se volte para o Piauí e o Piauí volte com grandeza, volte a circular com a grandeza da história, com a grandeza do seu Parlamento. Este Parlamento, eu sei, vamos continuar como somos, trazendo as nossas idéias e as nossas convicções.

Nós temos certeza que queremos representar os sentimentos do povo sofredor do Brasil. Nada vai nos intimidar. O nosso compromisso é este: é de, aqui, dar grandeza ao povo do Piauí e aos sentimentos do povo do Brasil, a voz rouca do povo nas ruas, como disse Ulysses.

E essa foi uma das nossas preocupações e isso vamos cumprir, na certeza de que, aliado aos outros piauienses e a este Parlamento, vamos garantir melhores dias para a democracia do Brasil.