Discurso durante a 49ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem ao jornal mineiro Estado de Minas, pelo transcurso dos seus 80 anos de fundação.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem ao jornal mineiro Estado de Minas, pelo transcurso dos seus 80 anos de fundação.
Publicação
Publicação no DSF de 11/04/2008 - Página 9036
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, JORNAL, ESTADO DE MINAS, ESTADO DE MINAS GERAIS (MG).

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Eduardo Azeredo, que preside esta solenidade; autoridades presentes - e são tantas -, peço permissão para saudar a todos em nome da justiça, que Rui Barbosa simboliza. Minas igualá-se à Bahia e ao Piauí, com Evandro Lins e Silva, e Minas, com nosso Carlos Velloso.

Eu poderia esquecer alguns nomes de tantas lideranças e personalidades importantes, o que seria imperdoável.

Brasileiros e encantadoras brasileiras aqui presentes e que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado, Minas é de todos nós, é do Brasil. Tudo de Minas. E gostaria de fazer uma observação.

Eduardo Azeredo, V. Exª me condecorou com a comenda-maior “Libertas quae sera tamen”. Eu tenho 65 anos de idade - eu e Arthur Virgílio, não é, Arthur Virgílio? Eu percorri o meu caminho, preguei minha fé e combati o bom combate. Então, eu tive algumas comendas. Mas tem uma de que eu me orgulho e pensei que não ia ganhá-la - e quero contar aqui -, e ninguém mais vai ganhá-la. Esse jornal é grandioso: 80 anos. Minas é grandiosa. E quero dizer e conceituar a grandeza de Minas para o Brasil. A história nós sabemos. Mas o que eu acho de maior valia é que, quando se fala em Minas, com muito respeito, todos os brasileiros dizem “A tradicional família mineira”. Família, Rui Barbosa está ali, porque ele disse: “Pátria é a família amplificada”. Então, o próprio Deus, quando colocou o seu filho não O desgarrou, deixou-O em uma família.

Então, o respeito que todas as brasileiras e brasileiros têm quando se fala em Minas: a tradicional família mineira. É de respeito, é de amor. Rui sintetizou: “A Pátria é a família amplificada.”

Há 105 anos, nasceu o maior dos brasileiros, Juscelino Kubitschek de Oliveira. E eu, quando cheguei nesta Casa, ele completava 100 anos, um centenário. O Memorial JK concedeu algumas comendas. Duas seriam dadas a este Congresso. Eu aprendi com Juscelino: seja otimista. É melhor ser otimista. Um otimista pode errar; o pessimista já nasce errado e continua errado. Eu sou otimista, sou cirurgião, realista, como ele. Fui médico como ele, cirurgião de Santa Casa, passagem pelo Exército, prefeitinho, governador, eles tiraram-no daqui, cassaram, também sofri esses revezes, mas queria dizer que não pensava em ganhar. Alguém disse que eu estava sendo observado. Aí, eu raciocinei: Paulo Octávio, brilhante e extraordinário Senador, hoje vice-governador, perspectiva invejável, casado com a encantadora neta de Juscelino. Está vendo, Arthur Virgílio, você não estava nessa corrida, porque aí a gente ia correr, como nós temos outras disputas.

Aí o Paulo Octávio me estimulava: “Você está sendo analisado para ganhar a segunda”. Mas Antonio Carlos Magalhães é uma história, uma lenda da Bahia, tinha convivido com ele. E é até bom eu contar isso, porque pouca gente sabe, porque eu mesmo não acreditava que eu ia ganhar de Antonio Carlos Magalhães. Vamos ser justos: Piauí, Bahia. Professor Cristovam, faltando 48 horas, se apresentaram no meu gabinete. Eu fiquei surpreso. Não deu nem tempo para fazer o marketing. Eu não acreditava que ia ganhar. E eu ganhei. O general, amigo de Juscelino, que dirige o Memorial extrapolou e disse que o critério foi o Senador que mais citou Juscelino Kubitschek. E havia sido eu. E ganhamos. Eu abdico de tudo, Wellington Salgado, mas dessa eu jamais vou abdicar.

Todo mundo sabe muitas histórias de Juscelino, mas eu vou contar uma que está ligada a Minas. Um homem é a genética e o meio ambiente. Quando começou a sua carreira política, ele estava com 25 anos, foi quando surgiu o Estado de Minas.

Quer dizer, foi o Estado de Minas que projetou aquela grandeza. São fatos. Sei que todo mundo tem muitos.

Eu Governava o Piauí e fui fazer um convênio com a Universidade de Coimbra, universidade que mais cresceu. Levaram-nos até Óbidos, uma cidade próximo de Lisboa. Aquela cantiga da mulher, a Adalgisinha foi comprar... E eu fiquei ali. Velloso, eu sou parecido com o Luiz Inácio, eu gosto de tomar uma. Eu digo: eu vou tomar uma ginja. Vocês já foram a Portugal? Aquele licor de cereja nativa. Entrei num sobradinho. Atentai bem para esse fato. Olha, quando entrei e vi duas cartas de Juscelino Kubitschek. Eu as li, um nome diferente. Olha, eu tinha entrado num boteco e tomado umas, mas nunca me lembrei de agradecer. Então, ele, naquele ostracismo que lhe impuseram, no período em que esteve em Portugal, ele ia até Óbidos tomar um Scotch. As duas cartas, as coisas mais lindas que eu vi, uma agradecendo ao dono do bar aqueles instantes que ele tinha tomado o Scotch, a outra era cumprimentando a família do dono do bar, a mulher e os filhos. Eu olhei e disse: você tem o documento mais importante do Brasil. Esse homem é o maior fruto do País, unânime em 500 anos. Coloque um retrato desse homem na porta, que todo brasileiro vai se curvar. Estão ali as cartas de Juscelino. Mas o bar não era mais do dono. Tinha passado para outro.

Para vocês verem aquela personalidade... Carta agradecendo... Eu queria ser breve, dizer da grandeza desse Estado de Minas. Essa grandeza política toda fez nascer Juscelino. Juscelino começou com seus 25 anos aqui, quer dizer, o jornal divulgou, desbravou aquele que foi diferente de todos nós.

Estou muito à vontade aqui porque sou do Piauí e sei interpretar o valor de um jornal. Eu entendo que, se tivéssemos uma olimpíada aqui, está ali o Adelmir Santana, - aquele negócio que vai ter na China, confusão doida com a tocha - eu ficaria em dúvida. Eu sei que iam para o pódio Minas e o Piauí, mas, se a medalha de ouro ia para Minas ou para o Piauí, estou em dúvida.

Professor Cristovam, aprenda. Entendo bem a valia disso. Sou do Piauí. E temos muita afinidade. Teresina foi a primeira capital planejada, por um baiano, 158 anos. Vocês têm pouco mais de 100, Belo Horizonte, né? Goiânia, Brasília, 48, e Palmas.

Então, lá havia o jornal A Ordem. E o jornalista David Caldas mudou o nome do jornal para Oitenta e Nove. Wellington Salgado, parece que é nome de cachaça, não é? Mas não é não! Colocou o nome do jornal Oitenta e Nove para despertar o Brasil para que acontecesse o governo do povo, pelo povo e para o povo. Há cem anos, já tinham gritado: liberdade, igualdade e fraternidade! E aqui não.

Então, lá foi o primeiro jornalista. Oitenta e Nove. Dezessete anos antes, para espalhar a nossa grandeza. Dezessete anos antes, em 15 de novembro de 1889. Então, isso nos dá o espírito.

Todos nós sabemos da grandeza de Minas. Aqueles que se insurgiram contra os impostos; contra a derrama. E os portugueses eram até bons. A tal de derrama... A Globo fez a novela O Quinto dos Infernos. O imposto era um quinto. Era 20%, Wellington Salgado! Cinco quilos de ouro? Um era para Portugal. Cinco bois? Um era para Portugal. Cinco bodes do Piauí? Um era para Portugal. Agora é 40%! E não se devolve no essencial: a segurança, a educação - está aí o Cristovam - e a saúde. Está aí, não é? Oswaldo Cruz, há cem anos, ganhava de um mosquitinho. Hoje, nós estamos perdendo feio.

Mas, então é isso! Vocês fizeram, ensaiaram a Independência. Nós piauienses fizemos uma batalha sangrenta para colocar os portugueses para fora em 13 de março de 1823. Nós vingamos mesmo o Tiradentes. Nós é que fizemos uma batalha sangrenta. Depois os baianos fizeram, mas foi em julho - julho é depois de março, não é? Então, nós temos essa grandeza.

E o jornal Estado de Minas é como Minas - grandiosa, com as montanhas -, já nasceu grande. Eu nunca vi um jornal tão grande. É como Minas Gerais: já nasceu com ouro, famílias, mulheres. É o maior jornal, e eu vi logo que vocês são da grandeza. E nós queríamos, então, neste instante, dizer desse intercâmbio e dessa grandeza histórica política.

Interessante lembrar aquele fato, quando Getúlio Vargas começou, de 30 a 45. Ele ia para a reunião - os mineiros são grandes -, aí ele dizia: “Presidente Getúlio Vargas”. Aí o “mineirão” Olegário Maciel: “Presidente de Minas”. Aí o povo não entendia. Presidente do Brasil, Getúlio Vargas; Presidente de Minas, Olegário Maciel. Ele não abria, o Olegário Maciel, um mineiro que mostrava essa maneira de se postar. Aí, vem o Benedito Valadares, vem o nosso Juscelino...

E nós estamos aqui para comemorar. Um jornal vale pela verdade que diz.

Então, quando o Senado da República, quando os Senadores que representam os Estados homenageiam esse jornal, é porque ele atingiu o essencial, ele buscou e transmitiu a verdade. E agradecido pelas conquistas, pelo exemplo dos filhos políticos, que sintetizamos em Juscelino, mas todos brilhantes; os Srs. Senadores Eduardo Azeredo, Eliseu Resende, jovem, brilhante, e o nosso Wellington Salgado representam essa grandeza.

Quis ontem, Deus permitiu, adentrasse aqui o Governador de Minas, abraçado por todos, como se todos nós abraçássemos a história de Minas.

Mas a nossa identidade, senão vocês vão ganhar a medalha de ouro, é do Piauí, que vai ganhar. O Piauí, nesse intercâmbio de respeito, mandou o seu melhor filho para governar Minas Gerais. E eu quero render essa homenagem ao nosso piauiense Francelino Pereira, que representou essa identidade de bravura, de civismo e de amor à Pátria, que Minas e o Piauí deram de exemplo ao Brasil.

Era o que tinha a dizer. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/04/2008 - Página 9036