O SR. CRISTOVAM BUARQUE (PDT - DF. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, há momentos, Senador Mozarildo, em que a gente tem de sair do dia-a-dia e mesmo do entorno da gente e pensar mais globalmente. Creio que este é um dos momentos.

O mundo inteiro está de olho no que acontece hoje nas selvas da Colômbia, onde um número entre setecentas e mil pessoas estão seqüestradas - volto a usar o adjetivo “seqüestradas” - pelas Farc. E nós não podemos ficar calados diante disso.

Mas há uma pessoa que hoje simboliza toda essa tragédia, e é uma colega nossa, porque é Senadora, chamada Ingrid Betancourt. Seqüestrada há anos, sobrevive nas selvas, e tudo indica que está enfrentando um quadro de saúde que pode levá-la à morte em pouco tempo.

Sr. Presidente, em função disso, hoje, na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa e também na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, um grupo de dez Senadores, e eu entre eles, fizemos a proposta de que o Senado brasileiro, o Senado Federal do Brasil, lidere uma campanha mundial que consistiria em apenas um dia, um dia, em que os Parlamentos do mundo inteiro, todos eles, usariam das tribunas para manifestações em defesa da integridade, da vida e da liberdade da nossa colega Ingrid Betancourt.

Senador Efraim Morais, a proposta é de que nós, a partir da Presidência - e passo a V. Exª, que está na Presidência -, por meio do Senador Garibaldi Alves Filho, façamos circulares a todos os Presidentes dos Parlamentos do mundo inteiro, pedindo que, no dia 23 de abril, durante um dia, os Senadores e os Deputados, onde houver as duas Casas, usem da tribuna para falar da necessidade de um esforço para salvar a vida dessa Senadora.

A proposta está na mesa, e espero que ela receba da Mesa a dimensão que merece. Creio que cabe ao Presidente Garibaldi tomar a decisão dos detalhes de como fazer isso chegar - se for aprovado pela Mesa, obviamente, porque foi aprovado apenas pelas Comissões - aos Parlamentos do mundo inteiro. Mas creio que três países merecem atenção imediata: a própria Colômbia, o Congresso colombiano, que tem duas Casas; a Venezuela, em que há apenas uma Casa, é unicameral; e a França, que é um dos países que dão nacionalidade à Senadora Ingrid Betancourt.

Mais ainda: embora eu tenha defendido isso do ponto de vista parlamentar, sem tocar no Governo, no Poder Executivo, porque acredito que o Presidente Lula e o Ministro Amorim devem estar fazendo trâmites de forma discreta para conseguir colaborar na salvação da vida da nossa colega, a Senadora Ingrid Betancourt, creio que o Presidente Garibaldi deveria tentar falar ele próprio com o Presidente Sarkozy, da França, que é um dos mais interessados na solução desse problema, com o Presidente Uribe, da Colômbia, que está envolvido no assunto, com o Presidente Chávez e com o Presidente Lula.

Se a Casa, o Senado, traz para essa luta a Câmara dos Deputados e se nós juntos levamos isso para o mundo inteiro, pelos meios de comunicação simples que hoje existem, o dia 23 de abril é uma data perfeitamente possível de conseguirmos isso.

Do ponto de vista da saúde da Senadora, o dia 23 de abril talvez esteja até muito longe. Esses mais de dez dias que teríamos podem ser um tempo longo demais para salvá-la. Em menos que isso, é difícil organizar e coordenar um trabalho desse tipo. Mas ele é possível, sim, em um prazo de dez dias.

(Interrupção do som.)

O SR. CRISTOVAM BUARQUE (PDT - DF) - Com um tempo um pouquinho maior, foi possível organizar passeatas no mundo inteiro, Senador Casagrande. No mundo inteiro, houve manifestações, como as que estão havendo agora, no mundo inteiro, em função do Tibet, e os Parlamentos calados. Algumas pessoas falam, mas os Parlamentos, não.

Venho propor que não apenas algumas pessoas falem, mas que os Parlamentos usem a voz que têm. Não só um, dois ou três Parlamentos, mas todos os Parlamentos do mundo possam, no dia 23 de abril, levar a mensagem de que nós queremos a Senadora Ingrid Betancourt liberta e com a saúde a que ela tem direito.

(Interrupção do som.)

O SR. PRESIDENTE (Renato Casagrande. PSB - ES) - Mais um minuto, Senador.

O SR. CRISTOVAM BUARQUE (PDT - DF) - Essa é a proposta que nós, hoje, aprovamos na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa e na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional. É a proposta que está na Mesa. Espero que V. Exª e o Senador Efraim Morais, que presidia a sessão há até pouco tempo, levem-na ao Presidente Garibaldi Alves Filho. Ele pode fazer isso.

É um gesto que mostraria que nós aqui não estamos calados, que estamos preocupados, que queremos ajudar, para que não aconteça a tragédia de que um seqüestro longo transforme-se em eterno, se ela morrer no cativeiro.

Era o que tinha a dizer nesta comunicação, inadiável sim, pela urgência do assunto.