Discurso durante a 49ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários as declarações do Presidente Lula. A situação de abandono em que se encontram as estradas do Piauí.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PREVIDENCIA SOCIAL. SAUDE. PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. ESTADO DO PIAUI (PI), GOVERNO ESTADUAL. LEGISLAÇÃO ELEITORAL. :
  • Comentários as declarações do Presidente Lula. A situação de abandono em que se encontram as estradas do Piauí.
Publicação
Publicação no DSF de 11/04/2008 - Página 9218
Assunto
Outros > PREVIDENCIA SOCIAL. SAUDE. PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. ESTADO DO PIAUI (PI), GOVERNO ESTADUAL. LEGISLAÇÃO ELEITORAL.
Indexação
  • ELOGIO, PAULO PAIM, SENADOR, PROPOSTA, EMENDA CONSTITUCIONAL, REDUÇÃO, PREJUIZO, APOSENTADO, PENSIONISTA, MEDIDA PROVISORIA (MPV), REFORMULAÇÃO, PREVIDENCIA SOCIAL, DEMONSTRAÇÃO, HONRA, ORADOR, RELATOR, PROPOSIÇÃO, EXTINÇÃO, FATOR, NATUREZA PREVIDENCIARIA, SAUDAÇÃO, VITORIA, AUMENTO, PARCELA, PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB), DESTINAÇÃO, SAUDE.
  • CRITICA, PRONUNCIAMENTO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, DESVALORIZAÇÃO, JUIZ, DEFESA, IGUALDADE, PODERES CONSTITUCIONAIS.
  • LEITURA, TRECHO, CARTA, DEPUTADO ESTADUAL, ESTADO DO PIAUI (PI), CRITICA, OMISSÃO, GOVERNADOR, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), PROBLEMA, INFRAESTRUTURA, GRAVIDADE, SITUAÇÃO, RODOVIA, AMBITO ESTADUAL, PREJUIZO, TRANSPORTE, ESCOAMENTO, PRODUÇÃO, GRÃO, FALTA, CAPACIDADE, ARMAZENAGEM, DESVALORIZAÇÃO, PRODUTO.
  • LEITURA, PROTESTO, PRODUTOR RURAL, SITUAÇÃO, INFRAESTRUTURA, REGIÃO, CRITICA, ORADOR, DESCUMPRIMENTO, PROMESSA, GOVERNO FEDERAL, CONSTRUÇÃO, PONTE, CAPITAL DE ESTADO, AEROPORTO, MUNICIPIO, SÃO RAIMUNDO NONATO (PI), ESTADO DO PIAUI (PI), REGISTRO, GRAVIDADE, AUSENCIA, PAGAMENTO, SALARIO, PROFESSOR, UNIVERSIDADE ESTADUAL.
  • SUGESTÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, CRIAÇÃO, CAMARA DE GESTÃO, SIMILARIDADE, GOVERNO, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, BUSCA, SOLUÇÃO, DOENÇA ENDEMICA, AEDES AEGYPTI, CAPITAL DE ESTADO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), INUNDAÇÃO, REGIÃO NORDESTE.
  • CRITICA, PRONUNCIAMENTO, VICE-PRESIDENTE DA REPUBLICA, DEFESA, REELEIÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ALEGAÇÕES, VONTADE, POPULAÇÃO, SIMILARIDADE, OCORRENCIA, EX PRESIDENTE, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), PERIODO, SEGUNDA GUERRA MUNDIAL.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Mozarildo Cavalcanti, que preside esta sessão de 10 de abril, quinta-feira, às 18h49, Parlamentares presentes, brasileiras e brasileiros aqui presentes e que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado, Senador Paulo Paim, ontem foi um dia muito bonito para a democracia. Este Poder aguou, plantou leis boas e justas.

V. Exª foi um jardineiro muito eficiente, muito competente. Sua lei visa a minorar o sofrimento dos nossos velhinhos aposentados, injustiçados, sofridos, enganados, maltratados, justamente quando o Poder Executivo, não tendo bom entendimento da democracia, fez nascer uma medida provisória de uma reforma previdenciária perversa, que V. Exª minimizou com a PEC Paralela.

Foi gratificante, para mim, ser o Relator de uma delas: a do fator previdenciário, que V. Exª ontem traduziu com muita competência ao dizer que o Brasil era o único país em que havia isso. E não podemos ficar na história como o único país que trata mal os velhinhos aposentados. Então, V. Exª redimiu e escreveu essa história.

Também nós médicos aqui avançamos numa melhor assistência à saúde. Lembro-me, Mozarildo, de que, quando governava o Piauí, fui convidado para vir à Comissão de Assuntos Econômicos, para opinar sobre aquela Medida Provisória nº 29. Na época, realmente, com franqueza, disse que, naquele instante, o Governo só gastava 7,5% do PIB em recursos para a saúde e que aquilo deveria ser implantado gradativamente, para que o Governo se preparasse. E faz um bocado de tempo; só aqui, estamos, há mais de cinco anos e três meses.

Ontem, então, foi um dia de grandeza, em que avançamos: 8,5% do PIB, 9%, 9,5% e 10%. Atentai bem, Senador Mozarildo Cavalcanti, à educação - de Pedro Calmon, João Calmon e Darcy Ribeiro - deu-se a parcela justa de 25% dos tributos da Constituição. E à saúde se estava a dever.

Ontem, então, avançamos muito, mas, Senador Paulo Paim, preocupa-me ainda o nosso Luiz Inácio. Ele precisa de um Richelieu lá. Foi um momento muito infeliz dele, quando, lá no interior do Nordeste, no interior do Ceará, vizinho ao meu Piauí, estimulado não sei por quem, já discursava em campanha política e dizia: “Esse juizinho não pode meter o bico na política. Se ele quiser, que saia e venha se candidatar a vereador”. Paim, os Poderes têm de ser eqüipotentes, igualitários, harmônicos.

O Mozarildo, hoje, fez um brilhante e corajoso pronunciamento, mostrando que devemos fortalecer o Poder Judiciário.

Mitterrand, Paim - V. Exª tem a sabedoria de Mitterrand, a luta de Mitterrand -, líder sindicalista, sofrido, apanhou muitas vezes, chegou a perder no primeiro turno de Giscard d’Estaing. Mozarildo, Giscard d’Estaing era do partido de Charles de Gaulle, brilhante, sete anos Presidente da França. Ganhou no primeiro turno. Mitterrand, num jogo de inteligência, diminuiu as horas de trabalho do funcionário público, de oito para cinco horas, e ofereceu uma vacância. Dando promessa de emprego, ganhou. E aquele homem, na França, onde nasceu a democracia, no fim de sua vida, com câncer, moribundo, escreveu seu último livro, que eu li. Mitterrand não tinha mais forças e pediu a um companheiro dele, Prêmio Nobel de Literatura, que o ajudasse. Numa hora lá, ele diz: “Quero dar uma mensagem aos governantes futuros: fortalecei os contrapoderes”. Quer dizer, o presidente deve fortalecer os contrapoderes.

É sobre isso, Paim, que gostaria que o nosso Presidente meditasse. Mitterrand tinha sofrido mais do que ele para chegar ao poder, governou mais tempo e terminou sua vida com esta mensagem: para os futuros governantes fortalecerem os contrapoderes.

Os instantes em que fomos autênticos aqui fizeram nascer duas leis boas e justas, e V. Exª, como jardineiro, tem de estar atento para que elas floresçam e tragam os frutos.

O Mozarildo, hoje, clamava a esperança que se tem no Poder Judiciário. Não foi um momento feliz quando o Presidente disse: “Desça daí e se candidate a vereador”.

Aristóteles, lá onde nasceu essa confusão da democracia, na Grécia, disse, Mozarildo: “Que a coroa da justiça brilhe mais do que a coroa dos reis e esteja mais alta do que a coroa dos santos”. E o próprio Filho de Deus, quando passou no mundo, disse: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça”. “Justiça é o pão de que mais a humanidade necessita”. Não sou eu, foi Montaigne quem disse - não vou roubar isso. Mas são fundamentos que temos de consolidar.

Quando eu disse, Paulo Paim... E como deu confusão! Como fui incompreendido! Botaram como se eu tivesse atacado a mulher, como se a tivesse desrespeitado. Abençoado por Nossa Senhora, aqui sempre disse ter uma mãe santa. E, na minha vida, gosto de Deus porque Ele fez uma mulher para mim, Adalgisa, para abraçá-la e beijá-la, há 40 anos. Deus é tão bom que, de quatro filhos, Paim, botou três mulheres; de sete netos, quatro mulheres. Gastei a minha vida para buscar ciência para a consciência e, com a ciência e a consciência, servir a minha gente. Mozarildo, minha vida de ginecologista e obstetra, ajudando na hora da dor, do sofrimento.

Eu dizia que não é só enganar, cacarejar, mentir: é a verdade. Então, o Mozarildo levou o clamor, o drama, o sofrimento do Governo, que não se está irradiando por todo o Brasil.

Quero trazer aqui, Luiz Inácio...

Mozarildo, V. Exª foi Deputado? Eu também fui. Fui prefeitinho, governador, deputado e senador. Então, o Luiz Inácio há de convir que é um bocado de experiência. E médico de mulheres a vida toda, ginecologista e obstetra. Imagine, em uma Santa Casa, quantas mulheres eu ajudei a dar à luz! Então, cacarejam, insultam, ofendem e fogem da verdade, mas a verdade é a que está aqui. Como o Mozarildo veio lá de Roraima, eu vim do Piauí.

Um Deputado Estadual enviou um discurso. Não sou de fazer discurso escrito, mas ele mandou. É a realidade. Foi um Deputado Estadual do Piauí, onde o Governador é do PT. Eu votei nele, no Presidente. Então, tenho um discurso. V. Exª leu aqui, e eu vou ler o discurso do Deputado Estadual do Piauí.

Sr. Presidente, Srs. Deputados,

Temas de grande importância que aparecem de novo para serem discutidos, nem parece que nós já estamos no sexto ano do Governo do PT no Piauí. É possível que esses temas apareçam justamente porque o Governador do Estado não tem dado a devida atenção aos problemas de infra-estrutura deste Estado.

           Fala o Deputado Roncalli Paulo, de família tradicional. Seu irmão mais velho, Sabino Paulo, foi Deputado comigo, engenheiro - hoje, é do Tribunal de Contas. Então, tradicional, do interior, da terra de São João. Ele diz o seguinte:

(...) apareçam justamente porque o Governador não tem dado a devida atenção aos problemas de infra-estrutura deste Estado.

Venho hoje a esta tribuna fazer novamente um apelo ao Governador (...) [do Piauí]. Um apelo em nome de uma pequena parcela da população do Estado, mas que é responsável pelo Piauí produtivo. Estou aqui hoje para falar em nome dos produtores dos cerrados e dos caminhoneiros que transportam esta produção.

E não é só ele, não.

Os Deputados Edson Ferreira [de São Raimundo Nonato] e João Madison [de Corrente, do PMDB] já estiveram aqui falando sobre as péssimas condições das estradas que cortam a região dos cerrados do Piauí. Mas o que trago hoje a esta tribuna são informações que chocam. Informações que nos fazem refletir e trazem sérias preocupações.

É só cacarejar, só mentira. Essa é a realidade.

Senhoras e senhores [esse é o Deputado Roncalli Paulo, do Piauí], quero falar sobre a situação de abandono em que se encontram as estradas que cortam a região mas produtiva do Piauí. São mais de 700 mil toneladas de grãos colhidas e que os produtores enfrentam todas as dificuldades possíveis para transportar.

Os principais eixos escoadores da produção de soja do Piauí estão intrafegáveis. Isso é resultado do descaso na manutenção das estradas que com inverno rigoroso ficaram intrafegáveis. O eixo Gilbués/Santa Filomena na PI-254, eixo Sebastião Leal à PI-254, eixo Uruçuí/Bertolínea PI-247, sem falar nas péssimas condições do eixo coletor da Transcerrados, de mais de 300 quilômetros, que atravessa as serras de Estiva, serra do Uruçuí e serra do Quilombo. E do trecho da BR-135 que liga Bom Jesus à serra do Quilombo. E ainda sem falar no eixo PI-391, região de Cruzeta da Pratinha em Uruçuí.

São estradas que cortam mais de 8 milhões de hectares produtivos e que não tiveram a devida atenção do Governo do Estado [Governo do PT e, conseqüentemente, do Governo Federal]. São estradas, e pasmem senhores, onde se gastam mais de seis horas...

           Atentai. Na de vocês, não se pode nem entrar de noite porque não deixam, tal a desorganização neste País. É em Roraima, atentai bem. Um brasileiro e uma brasileira não podem transitar pelas estradas à noite porque os índios as fecham. Isso tem de vir à tona. Hoje, o Senador Mozarildo Cavalcanti trouxe a questão.

           “... mais de seis horas para percorrer 100 quilômetros, de caminhonete”. Ô Luiz Inácio, não vamos cacarejar, não. Não dá!

           Diz aqui Roncalli Paulo:

           “...mais de 6 horas para percorrer trechos de 100 quilômetros, de caminhonete, avaliem quanto tempo e o tamanho do prejuízo de não ter o produtor para retirar sua carga.

Este é um exemplo apenas do caso da estrada que liga Gilbués a Santa Filomena.

São trechos, Senhoras e Senhores, onde hoje um produtor e um caminhoneiro chegam a pagar R$100 para que tratores retirem cargas do atoleiro. O desespero dos produtores é imensurável.

São relatos que me trouxeram os próprios produtores da região.

Bota aí. Olha aqui. Olha aqui, Luiz Inácio! Em verdade em verdade vos digo - assim falava Cristo. Está aqui um trator e um carreto de um caminhão. Não é fazendo estrada, não. É rebocado. Então, eles têm que um trator... Luiz Inácio, atentai bem!

Mozarildo, Pedro II governou este País - o estadista Pedro II; compre o livro As Barbas do Imperador, escrito por uma mulher, pesquisadora. Ele só viajou três vezes, em 49 anos: uma para o Egito, outra para Europa e outra para a América. Três: uma, duas e três. Luiz Inácio, em 49 anos, Pedro II só viajou três vezes. Uma dessas, ele escreveu: “Izabel, minha filha, lembre-se de que o maior presente que você pode dar a um povo é uma estrada”. Estrada, a importância; nós já aprendemos, Luiz Inácio! Pedro II: “Izabel, minha filha, lembre-se...” - porque ela ficou governando; foi muito bom o governo de uma mulher; que mulher!: política, inteligente, brava e brilhante. Isso, sim! Isso nos inspira, essa mulher! Essa mulher brilhante! Num desses lances, ela libertou os escravos. E o seu pai mandou uma carta: “Lembre-se de que o melhor presente que você pode dar para um povo é uma estrada”. Depois, veio outro Presidente da República, Luiz Inácio, e disse: “Governar é fazer estradas” - Washington Luís. Depois veio o nosso Juscelino Kubitscheck, que governou Belo Horizonte, Minas e o Brasil com o binômio: energia e transporte. 

É isso que nós queremos pedir, e o Roncalli Paulo.

Está aqui o trator. Olha como está o Piauí: plantam a soja, mas tem de ter o trator e pagar, nos pontos críticos, para rebocar. Está aqui a fotografia: os tratores rebocando nos cerrados, puxando as carretas. Tem lá nos pontos críticos. O cara lá está ganhando a vida, com trator para rebocar as carretas.

E o Governo do Estado se recusa até mesmo a ajudar com o abastecimento de combustível para os tratores que os próprios produtores colocaram à disposição do DER para realizar os reparos das estradas. [São os próprios produtores! Roncalli Paulo, Deputado Estadual.]

Na Cooperativa Nova Santa Rosa está apenas um dos exemplos do prejuízo que as condições dessas estradas podem causar para o Estado. As dificuldades do escoamento da safra podem culminar na perda de mais de 200 mil toneladas de soja. Isto porque a capacidade de armazenamento das fazendas não suporta a grande produção sem o escoamento.

Evidentemente, o inverno bom para os grãos; mas não tem armazenamento, não tem transporte. Então, caiu o preço. Viu, Mozarildo? Caiu o preço. Era R$ 50,00 e já estão vendendo por R$ 30,00. Não tem lugar para armazenar, e o homem do campo, infelicitado.

O prejuízo não é só para a produção. A população destas regiões sofre com a majoração de preços dos produtos. A alegação dos empresários é a mesma, as péssimas estradas tornam as cargas mais caras.

Eu quero ainda chamar a atenção ao fato de que é mais fácil realizar a manutenção das estradas do que refazê-las, já que um quilômetro de estrada naquela região pode custar até R$200 mil.

Além do prejuízo, o resultado de todo este descaso vem sendo a revolta dos produtores, que hoje questionam a atenção que o Governo do Estado vem dando àquela região [é porque o Governador é do PT...].

Sem poder questionar e sem serem atendidos pelo Governo, os produtores encontram em placas que se espalham ao longo das estradas que cortam os cerrados com os seguintes dizeres...

Tem placa, Mozarildo. Olha aqui, esse Deputado é bom mesmo, Deputado Roncalli. Olha a placona aqui. Olha escrito aqui, Mozarildo. Bota lá, grandão, para ver aquilo lá. Olha aí as placas... Os produtores foram homens que saíram... No meu Governo, só num dia chegaram 300 famílias gaúchas. A Cooperativa Cotrirosa. Foram com a esperança, com a experiência dos seus avós e pais, que não tinham mais terra, foram para o Piauí produzir e trabalhar. Olha o que eles escrevem aqui nas placas. Está aqui a fotografia. Bota lá:

Estrada Transcerrado também conhecida como estrada da vergonha e das promessas (interditado). Por abandono, falta de visão do Ministério Público, Transporte, Dnit, falta de respeito com o cidadão, falta de interesse de trabalhar e licitar. Futuro maior anel de soja, corredor da produção do Brasil e do mundo esquecido no tempo.

Trecho entre Perfil Paulista, Cotrirosa, Laranjeira, Ubirajá, Quilombo, Gilbués (isolados). Sujeito a paralisação a qualquer momento, por tempo indeterminado, por agricultores/moradores. Movimento pela divisão do sul do Piauí e formação de um Estado novo Gurguéia. (sic)

Está aqui a placa. São eles, esses homens que saíram do Sul, com a sua competência, com a cultura dos seus avós, foram adquirir terras. Olhem as placas.

Outra placa escrita aqui, citada pelo Deputado:

Empresários, agricultores e caminhoneiros, bem-vindos ao maior chapadão agrícola do Brasil e do mundo. Acima de nove milhões de hectares agrícolas. Estrada Transcerrados eleita a pior estrada do Brasil [a gente vê só cacarejar, propaganda. Está aqui]... e do mundo. É assim que governantes do Estado do Piauí dão incentivo e acolhem a quem vem produzir, trabalhar e gerar divisas ao futuro maior seleiro da produção agrícola da última maior fronteira do Brasil e do mundo.

Esta é a revolta do produtor. E que nos revolta também e eu apelo novamente à Senhora Diretora do DER [...], ao Senhor Diretor do Dnit [...], que olhem para aquela região com mais atenção.

Apelo para o Senhor Governador.

Apelo para que ele deixe de ir àquela região de avião e vá de carro, ou melhor de carreta. Talvez assim sentindo na pele o drama que hoje sentem os produtores, os caminhoneiros e a população que usa aquelas estradas, os problemas se resolvam. 

           Apelo para que se pare de trazer ao Piauí Ministros para assinar ordem de serviço de estradas com trechos de menos de cinco quilômetros.

Só indo, assinando papel, cacarejando, cacarejando.

Uma vergonha. O Governo comemorar a vinda de um Ministro que visita obras inacabadas, obras que há anos esperam por recursos federais, como a Ponte do Sesquicentenário.

Mozarildo, sesquicentenário são 150 anos. Teresina vai fazer 158 anos.

Brasileiros e brasileiras, isso é Governo? Olha, eu fiz... Vou ser justo. O Heráclito fez uma ponte, no mesmo rio, em 100 dias. Eu, brincadeira, governei... Ele foi Prefeito de Teresina, e eu Governador. Aí, eu fiz uma em 90 dias - mas não dá rivalidade - com engenheiro do Piauí, Engenheiro Lourival Parente, construtora do Piauí, operários e dinheiro do Piauí. Na comemoração dos 150 anos, eles prometeram. Teresina vai fazer 158, e só o esqueleto, só cacarejando.

Dizem que tem aeroporto internacional, Mozarildo, na minha cidade. Olha, não tem mais nem teco-teco. Em São Raimundo Nonato só tem jumento na pista. É só cacarejar, mentir. Aí, falam de galinha. As galinhas cacarejam uma verdadeira obra. Elas põem ovos. Isso aqui é só mentira. Essa é que a diferença!. Essa é que é a diferença!

Está aqui o Deputado:

Uma vergonha. O Governo comemorar a vinda de um Ministro que visita obras inacabadas, obras que há anos esperam por recursos federais, como a Ponte do Sesquicentenário.

“Uma vergonha!” Isso é o Deputado Estadual. Não gosto de ler discurso. Falo do coração, do conhecido. Estou lendo um discurso do Deputado Estadual Roncalli Paulo, com um aparte do Deputado Edson Ferreira, dos Democratas, e João Mádison, do PMDB.

O Governo comemorar a vinda de um Ministro para realizar assinatura de ordens de serviço e obras que ficam muito aquém do que andam realizando, com recursos próprios...

           As obras que eles anunciam são menos que as obras com recursos próprios de muitos Prefeitos do Piauí. Só demagogia. Vão lá e...

Como foi esta semana recebida a Ministra do Turismo [É ele que está dizendo, não sou eu. Está ali o Eduardo Suplicy], Marta Suplicy. O que se gastou com a recepção da Ministra poderia ter sido revertido em investimentos nos cerrados, poderia ter sido gasto em óleo diesel para as máquinas das produtoras fazerem a manutenção das estradas.

É o Deputado Estadual do Piauí.

Como é que a gente pode chamar este Governo de Governo do desenvolvimento quando não se tem a infra-estrutura básica para o desenvolvimento, estradas e educação.

Falei aqui do problema dos produtores, e aproveito a oportunidade e abro a discussão para o drama dos professores da Universidade Estadual do Piauí, que estão desde o dia 17 de janeiro tentando falar com o Senhor Governador do PT.

Quer dizer, desde 17 de janeiro, e ainda não atendem os pobres professores.

Queríamos aqui apenas alertar. Está aqui no e-mail recebido:

Estou encaminhando o discurso a ser proferido na sessão de hoje na Assembléia Legislativa do Piauí e gostaria que esse tema fosse repercutido por ser de grande interesse para os que sofrem com os prejuízos causados pela má conservação das estradas na região dos Cerrados.

Então esse é o retrato.

O Luiz Inácio está viajando. D. Pedro II só fez três viagens. Getúlio Vargas também, umas três, e Getúlio governou por 19 anos - 15 e mais 4. Ele está viajando, eu não sei. Mas eu deixo aqui um apelo ao Ministro do Transporte, esse pronunciamento do Deputado Estadual, ao Ministro da Integração, que é do meu Partido, ao Ministro da Agricultura, que também é do meu Partido.

E nós queríamos então... quer dizer, além do sofrimento...

Eu queria lembrar ao Luiz Inácio o seguinte: esse Fernando Henrique Cardoso que está aí é um homem preparado. Estou dizendo porque também sou preparado, eu estudei muito Tenho 65 anos, e foram muitos quilômetros de livro, de páginas. Então, Mozarildo, Jack Welch - já ouviu falar de Jack Welch? - foi o maior administrador da GE. Bill Clinton, Luiz Inácio, sabidão... O americano gosta de jogar aquele golfe. Você já jogou, Mozarildo? Aquilo leva a manhã toda, entra pela tarde. É muito buraco. E o Bill Clinton convidava o Jack Welch, que é tido como o maior administrador. Então, Jack Welch diz em seus livros, que estão aí, que esse negócio de inventar era só para o Einstein. Ele mandava os técnicos dele percorrerem o mundo, e o que tinha de bom, ele copiava e fazia nas empresas dele.

Luiz Inácio, Fernando Henrique Cardoso sofreu um grande drama, que foi aquele negócio de apagão - eu não sei onde você estava Mozarildo, mas eu governava o Piauí. Não choveu - o homem não escolhe a época -, não chovia. A seca secou todos os açudes que hoje estão cheios, estavam todos secos, e era hidráulica a nossa energia.

Ele inventou uma Câmara de Gestão. Para dirigi-la, arrumou um rapaz, filho de piauiense, Pedro Parente, um técnico honrado, trabalhador. Rapaz, o Ministro da Fazenda e todos os outros obedeciam ele, o Ministro das Minas e Energia, Ministro dos Transportes. Tirou o País do apagão. Por isso nós não tivemos; enfrentou...

Então, é hora de o Luiz Inácio criar também aquilo que deu certo: câmaras de gestão - eles chamavam de gabinete de emergência - para resolver o que está atentando ele, a dengue - aquilo é uma vergonha! Vamos criar uma câmara de gestão, assim como Fernando Henrique criou. Era um super-ministro esse Pedro Parente: o Ministro da Fazenda e todos obedeciam a ele, e saímos do apagão. Essa dengue é desmoralizante para nós todos.

Também deveria criar uma câmara de gestão para resolver esses problemas do Nordeste. É lógico que vão acabar as chuvas, mas essa infra-estrutura... Quer dizer, além de milhares e milhares de desabrigados, vamos ter as conseqüências da pobreza, porque não foi a produção...

E queria dizer outra coisa ao Luiz Inácio. Outro dia o Vice-Presidente também falou em Frank Delano Roosevelt - ele tem mais dinheiro do que eu, mas sou mais preparado do que ele.

Atentai bem: querendo justificar o terceiro mandato, José de Alencar - pensei que ele tivesse juízo - disse que o povo queria dar um terceiro mandato a Luiz Inácio - disse isso em cadeia de jornal e televisão paga pelo Governo! Ele disse: “O que é que importa? Franklin Delano Roosevelt não teve três?” Eu quero dizer que não: ele teve foi quatro. Franklin Delano Roosevelt foi quatro vezes Presidente dos Estados Unidos, mas foi durante a guerra, foi na recessão - todos se lembram daquele programa dele, o New Deal. Quatro vezes! Mas o norte-americano viu que não era bom e mudou a Constituição: hoje só pode duas vezes - está aí o Bill Clinton: novo, bonito, fogoso! Não pode mais, só pode duas vezes. E aqui ele insiste...

Mas o Franklin Delano Roosevelt - ô, José de Alencar, ensina aí ao Luiz Inácio - disse uma frase que é muito oportuna com esse discurso do Roncalli. Primeiro, foi na recessão, na guerra. Ele virava para o norte-americano e dizia: “Arrume um trabalho. Trabalho. Norte-americano, trabalhe” - depois da guerra, da recessão. “Se não der certo, persista. Se não der certo, arrume outro trabalho. Tem trabalho”. Ele encaminhou o povo norte-americano para o trabalho.

Rui Barbosa já disse: “A primazia é do trabalho e do trabalhador, ele é que faz as riquezas” - eu estou dizendo que nós temos muitos ensinamentos para ele.

Então, trabalho. E ele foi mais adiante no campo de que Roncalli fala: “As cidades podem ser destruídas, mas elas ressurgirão com a força do campo. Agora, se o campo for destruído, a cidade morre de fome”.

Então, é o campo que, aqui, está sendo destruído.

E ele ainda foi adiante, Mozarildo, ele disse: “Eu vou botar um bico de luz em cada fazenda”. Energia! Juscelino: energia e transporte. Mas ele disse, foi palavra dele - voz de galinha, parece que vão tirar do vocabulário -, que tivesse uma galinha na panela de cada fazenda. Quer dizer, tendo comida, este País será rico.

E aquele país é rico não é pela tecnologia de produção de carro - você sabe que hoje o Japão produz mais -, é pela produção da agricultura de grãos: eles produzem entre seiscentas e setecentas toneladas de grãos e alimentam o mundo.

Então, eram essas as palavras que queria trazer aqui hoje. A história está aí para nos ensinar o que Franklin Delano Roosevelt fez pelo campo.

Queria, portanto, registrar o discurso desse bravo Deputado Estadual e dizer o seguinte ao Luiz Inácio: ele viaja muito. Você já foi, Mozarildo, ao México? Pois vá! O Palácio é bem na praça do centro.

Rapaz, eu esqueci o nome do general, mas tem uma frase que eu nunca esqueci e que eu queria dizer para o Rei Inácio. Ele disse assim: “Olha, eu prefiro o adversário que me leve a verdade do que um aliado mentiroso - um aloprado mentiroso e enganador que fica cacarejando medidas que não existem! A verdade! A verdade! O Mozarildo trouxe a verdade aqui e eu a estou trazendo. Então, a bem da verdade, esta é uma colaboração para o Governo Luiz Inácio.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/04/2008 - Página 9218