Discurso durante a 53ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Indignação com o pronunciamento do Ministro Paulo Bernardo, que chamou os parlamentares de irresponsáveis.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. PREVIDENCIA SOCIAL.:
  • Indignação com o pronunciamento do Ministro Paulo Bernardo, que chamou os parlamentares de irresponsáveis.
Publicação
Publicação no DSF de 17/04/2008 - Página 9690
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. PREVIDENCIA SOCIAL.
Indexação
  • REPUDIO, DECLARAÇÃO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DO ORÇAMENTO E GESTÃO (MOG), MINISTERIO DA PREVIDENCIA SOCIAL (MPS), ACUSAÇÃO, SENADO, FALTA, RESPONSABILIDADE, APROVAÇÃO, EXTENSÃO, APOSENTADO, REAJUSTE, SALARIO MINIMO, INEXATIDÃO, ALEGAÇÕES, DEFICIT.
  • ACUSAÇÃO, GOVERNO, DESVIO, RECURSOS, PREVIDENCIA SOCIAL, IRREGULARIDADE, DESTINAÇÃO, ORGANIZAÇÃO NÃO-GOVERNAMENTAL (ONG), CARTÃO DE CREDITO, EXECUTIVO, COMENTARIO, TENTATIVA, MANIPULAÇÃO, TRAMITAÇÃO, SENADO, MATERIA, BENEFICIO, APOSENTADO.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Camata, que preside esta sessão do dia 16 de abril, parlamentares, brasileiras e brasileiros presentes e que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado, penso que somos os pais da Pátria, ou as mães, como queiram.

No Senado romano, Cícero disse: “Até quando, ó Catilina, abusarás da nossa paciência?”.

Aloprados. Ô Luiz Inácio, dê jeito nos aloprados e alopradas que o cercam.

Ontem, revi um pronunciamento, com tanta indignação, Mário Couto, dessas alopradas e desses aloprados que ficam em torno do Luiz Inácio, que até perdi o jornal.

Esta é uma Casa de homens responsáveis, como V. Exª, por isso eu digo que é o número um. Cento e oitenta e três anos, e quantos Presidentes como V. Exª que os simboliza aí?

Atentai bem. Eu tremi de indignação quando li que um aloprado nos chamou de irresponsáveis, o Senado da República.

O Luiz Inácio chamou, ali, de 300 picaretas.

Olhe para cá direito, Luiz Inácio, pois se há picaretas eles são de vocês. Aqui não há isso, não. Não estou aqui para admitir isso, não. Eu me preparei e foi muito. Agora, estou exausto de ensinar a esses ignorantes por aí.

Jayme Campos, do Mato Grosso, foi prefeito por três vezes. Atentai bem, Luiz Inácio: três vezes prefeito.

V. Exª já foi prefeito, Camata? É muita luta, é muita experiência, é muita provação! Não é isso?

Então, ele foi mais objetivo, porque, ontem, fez um pronunciamento: “Jayme Campos critica declaração do Ministro do Planejamento”, do aloprado Paulo Bernardo, que nos chamou de irresponsáveis, a todos nós, por criarmos um Brasil “insustentável”.

Ele é o Ministro, um ministrinho porcaria. Pode botar aí, porque eu não tiro uma palavra - nunca tirei - do que disse. Quase 700 mil piauienses, homens e mulheres - acho que a maioria mulheres, que eu amo, abraço e entendo -, decidiram me mandar para cá.

Então, não bastasse, ontem, o nosso Jayme Campos....

Já dizia um jovem, médico como eu: “Se você é capaz de tremer de indignação a cada vez que se comete uma injustiça no mundo, então somos companheiros”. Che Guevara.

Meu companheiro Camata, da luta, da mulher bela e amada, Rita, da Vitória do Espírito Santo, que eu conheço, V. Exª simboliza esta Casa. Eu o conheço.

Disse o Ministro que somos irresponsáveis e que fizemos uma ação, Flexa Ribeiro, insustentável. Essas porcarias não estudaram, não se prepararam e veio o Ministro do Planejamento... Tanto é assim, que o próprio Luiz Inácio, nosso Presidente, criou outro planejamento, de futuro.

O próprio planejamento, Luiz Inácio, já é futuro. Administrar é planejar, designar, orientar, coordenar e fazer o controle. Planejar é uma ponte de onde nós estamos para onde queremos ir.

Agora já tem dois, não é? Porque o Luiz Inácio viu que esse aqui era uma porcaria: não junta coisa com coisa - e bota PORCARIA com todas as letras grandes, bem grandes.

Aí, escalaram outro. Não teve aquele, um Mangabeira? Ministro era aquele do Piauí, que veio aqui como eu, João Paulo dos Reis Velloso. Fez o I PND e o II PND. Quinze, vinte anos sendo a luz, o farol do período revolucionário. Ô José Nery, nenhuma imoralidade, nenhuma indignidade, nenhuma corrupção. Assim somos nós, do Piauí.

Agora, vem uma porcaria, aqui, chamar-nos de irresponsáveis, de ação insustentável?

Camata, eu queria um Enem para ver o pau nesses bichos e bichas.

Olha aí, presta atenção, a bem da verdade: cheguei na CAE - votei no Luiz Inácio e no Governador do Piauí, do PT, errare humanum est -, aí, caiu nas minhas mãos um projeto deste extraordinário homem de visão, Senador Paulo Octávio, que é, hoje, Vice-Governador. Paulo Octávio, além de ter uma estrutura fabulosa, pois todo mundo sabe que ele é um empresário rico e poderoso, Camata, fez um estudo mostrando que a Previdência Social jamais entraria em falência se o dinheiro arrecadado fosse administrado, colocado na poupança, em suas contas. Eles contavam com o meu desencontro. Olha, quando viram que eu estava concordando com o relatório, usaram todos os meios para eu mudá-lo. Você entendeu o negócio? E eu, de peito aberto, porque sou do Piauí. Não temos medo. Nós enfrentamos, nós botamos os portugueses para fora, em guerra. Na luta, o teu filho é o primeiro que chega. “Piauí, terra querida, filha do sol do Equador”, na luta, é o primeiro. Então, eu olhei para a portadora: “Olha, eu vou dar uma chance. Eu volto hoje, mas, daqui a uma semana, eu venho”. Reuniu-se a CAE. Foi sete a sete. Aí mudaram o Presidente. Era o Ramez Tebet, gente boa. Tirou licença. Entrou o Hélio Costa. Eu perdi. Aí, é que eles viram que não eram capazes e fortes. Sete a sete. Estou contando a verdade. Mas fui para o pau. Mudaram o Presidente para decidir que jamais a Previdência... É porque tiram o dinheiro da Previdência. Dão o dinheiro para os aloprados, dão para os cartões corporativos, dão para as ONGs que roubam este País. A corrupção. Isso é a verdade. Eu defendi. Foi sete a sete. Mudaram o Presidente. Perdi. O que eu posso fazer? Mas existe.

Então, essa PORCARIA - bota aí, em letra grande, eu não tiro nenhuma não... Como é o nome dele aqui? Paulo Bernardo. Esse negócio de chamar de irresponsável... E é um projeto de lei do Paim. O melhor deles. Não é que não tenha gente boa. Tem. Quer que eu lhe diga uma? O candidato a Prefeito do PT de Teresina é um homem probo, honrado, correto. É um médico. Eu disputei a eleição com ele em 1994. É que tinha que ganhar um. Mas é um homem decente. Tem. Mas, aqui, chamar a gente... Chamar o Camata de irresponsável? Criou uma situação insustentável? E o projeto de lei foi feito pelo Paim. Deles.

Ô Luiz Inácio, permita-me o termo: Vossa Excelência deve aos velhinhos, Vossa Excelência deve aos aposentados. Eu fui Relator. Nós ganhamos, ganhamos mesmo. Foi aprovado aqui. Eles estão apelando...

(Interrupção do som.)

O SR. PRESIDENTE (Gerson Camata. PMDB - ES) - V. Exª dispõe de dois minutos para encerrar o pronunciamento.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - E, aí, diz: “Mas tudo bem”.

Aqui, ontem, o Jayme Campos... Ô Camata, para V. Exª se indignar. Hoje, vem outro Ministro aqui. Olhe aqui, ô Camata: “Marinho classifica projetos do Senado de ‘enganadores’”. Ô Mário Couto, enganadores! Nós somos enganadores. Agora, o Paim provou que, no mundo, só o País tem esse fator previdenciário.

Para que me entendam o brasileiro e a brasileira: a brasileira que trabalha de vergonha, a mulher amada que trabalhou pela família 35 anos, pagava para dez salários mínimos, e está recebendo quatro. Quem pagou para cinco, está recebendo dois. Isso é o que nós arrumamos. Lugar nenhum do mundo tem isso, Luiz Inácio. Foi o Paim. Isso é ser irresponsável? Nós vamos ficar para a história do mundo como o único país que persegue os velhinhos e os aposentados? Ignorantes, não. Nós somos é preparados. Eu sou é preparado. Eu quero um Enem aqui. Vai rodar um bocado de gente.

Essa é a verdade. Mas, além do de ontem, veio outro. Bote aí: porcaria. O Ministro... Como é o nome desta porcaria aqui? É escrito. Eu quero ir para toda coisa... Bote em letra grande, não é em pequena, não. Luiz Marinho. Nós somos enganadores. E é uma página para você se envergonhar, Senador, para você se indignar. Só a manchete: “Marinho classifica projetos do Senado de ‘enganadores’”. E diz que a Câmara vai nos dar juízo corrigindo isso. Essa é demais, Camata.

Eu sei que o tempo está passando. Dá apenas para eu fazer como Castro Alves,...

(Interrupção do som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - ...indignado em O Navio Negreiro: Ó Deus, ó Deus, até quando vai permitir esses aloprados?

Luiz Inácio, eu estou preocupado, e Vossa Excelência também.

O Luiz Inácio, nosso Presidente da República - atentai para a preocupação -, vai ao interior do Ceará - eu me formei lá - e diz: “Olha, que esse juizinho não meta o bico aqui em política, não. Esse juizinho, se quiser meter o bico em política, que saia daí e venha disputar a eleição, que não se elege a vereador”. O Juiz Marco Aurélio, do Supremo Tribunal Federal, Presidente do TSE, uma das glórias da Justiça do Brasil.

E, agora, os Senadores, ontem... Está aqui o artigo do homem. Olhe do que ele nos chamou ontem...

(Interrupção do som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Que nós éramos irresponsáveis...

O SR. PRESIDENTE (Senador Gerson Camata. PMDB - ES. Fazendo soar a campainha.) - A Presidência pede a colaboração de V. Exª por um minuto.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - E eu peço a sua decisão de indignação com essas porcarias que querem destruir a nossa democracia.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/04/2008 - Página 9690