O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Para uma explicação pessoal. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Shakespeare já disse que não existe bem nem mal, o que vale é a interpretação. O que eu queria dizer era o seguinte: o que eu me referi aqui foi a “universidade”. Eu tenho uma vivência, sou médico, sou pós-graduado, também tenho curso de gestão pública e administração pela Fundação Getulio Vargas, governei o Estado e fiz o maior desenvolvimento universitário deste País.

            Sr. Presidente, não estou contestando a análise que foi feita aqui sobre os cursos de Medicina, de maneira nenhuma. Mas eu me referi à “universidade”. Em uma universidade há dezenas, até centenas de cursos. Então, eu falei “universidade”. Um dado que já trouxe em um pronunciamento que já fiz nesta Casa é que, em 1990 - não era Presidente nem Luiz Inácio, eu acho que estava deixando a Presidência o nosso grande Presidente Sarney... E universidade não é faculdade. Eu não estou contestando, nem aplaudindo, nem condenando a avaliação feita pelo Enade. Não estou. Mas aqui se trata de faculdade. Eu disse “universidade”, o que é mais complexo. Há universidades com mais de cem cursos. A que eu ajudei a criar e fortalecer no Piauí tinha mais de 400 cursos, 36 campi universitários em cidades do interior.

            Como dizia, num pronunciamento que já havia feito aqui, em 1990, segundo dados oficiais do MEC, das dez melhores universidades do Brasil - universidades, algumas delas têm centenas de cursos -, sete eram públicas, eram do Governo, e três eram privadas, ou seja, particulares. Em 2000, quando eu governava o Piauí, atento ao ensino universitário, houve uma inversão: das dez melhores, três eram públicas, caíram - e, em 2000, Luiz Inácio não era nem Presidente da República -, e sete eram privadas. Hoje, elas cresceram. Com o poder econômico, em Estados fortes, as universidades privadas se fortaleceram muito. Então, hoje, das dez melhores universidades... Não é faculdade de Medicina. Há uma diferença muito grande entre uma faculdade e uma universidade. Há universidades que estão espalhadas pelo País, que estão presentes em vários Estados. Então, hoje, em 2008, das dez melhores, só duas são públicas e oito são particulares.

            Eu não quis contestar. É uma realidade. E isso nos preocupa, porque cada vez mais se tiram as possibilidades dos estudantes pobres, diminuindo relativamente o acesso. Quando eu me formei... Eu fui fazer Medicina no Ceará - não existia nem no Piauí nem no Maranhão. Só havia uma faculdade de Medicina federal. Hoje, por esses anos, vimos que há centenas espalhadas no Brasil. Mas isso, cada vez mais, está tirando a chance do estudante pobre que precisa da universidade pública.

            Essa foi a minha preocupação e acho que é a de V. Exª e do Brasil. Foi um apelo para que haja investimento na universidade pública. Existe uma do Nordeste - não quero citar o nome - em que uma neta minha estudou, e ela pagava R$4 mil por mês no curso de Medicina.

            Então, essa é a minha preocupação. Eu estudei em uma universidade que tinha faculdade de Medicina pública; fiz pós-graduação, mestrado e residência também numa faculdade pública; e fiz, depois, como Governador, na Fundação Getulio Vargas, um curso de Gestão Pública.

            E o Senado é para isso, é para trazer uma luz para o Governo. Essa é a realidade.

            Agradeço, Sr. Presidente.