Discurso durante a 66ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Exaltação ao esforço e homenagem ao trabalhador brasileiro.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Exaltação ao esforço e homenagem ao trabalhador brasileiro.
Publicação
Publicação no DSF de 01/05/2008 - Página 11246
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA INTERNACIONAL, TRABALHO.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Srª trabalhadora, Senadora Rosalba Ciarlini, Srªs e Srs. Parlamentares, brasileiras e brasileiros aqui presentes e que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado Federal.

            Deus: “Comerás o pão com o suor do teu rosto”. Uma mensagem de Deus para que busquemos o trabalho. Uma mensagem de Deus aos governantes para propiciarem o trabalho.

            O Apóstolo Paulo, mais rígido - Paulo, Paim, seu patrono: quem não trabalha não merece ganhar para viver.

            O próprio Deus colocou seu filho especial, Jesus, na casa de um trabalhador.

            Rosalba Ciarlini, atentai bem! Nós todos somos cristãos. Cristo falou bonito. O Pai-Nosso é um discurso bonito; o Sermão da Montanha é outro belo discurso. São muitos discursos bonitos, mas nós seguimos Cristo porque Ele deu exemplo de trabalho, Ele fez obras: Ele fez o cego ver, fez aleijado andar; o mudo falar; o surdo ouvir; limpou os corpos dos leprosos; tirou o demônio dos endemoniados; ressuscitou mortos, multiplicou os alimentos, pães e peixes; fez até o vinho para nos alegrar.

            Isso tudo nos leva ao trabalho.

            Mas, neste dia e nesta Casa, nada mais justo do que buscar palavras do nosso patrono Rui Barbosa.

            Por que ele está aí? Em 1919, aqui, ele disse:

O trabalho.

Há na vossa grandeza um condão, para atrair os que se não rendem a outras: é que é a grandeza do trabalho. O trabalho não é o castigo: é a santificação das criaturas. Tudo o que nasce do trabalho é bom [falou Rui].

            Tudo o que se amontoa pelo trabalho é justo. Tudo o que assenta no trabalho é útil. Por isso, a riqueza, por isso, o capital, que emanam do trabalho, são, como ele, providenciais; como ele, necessários, benfazejos como ele. Mas já que do capital e da riqueza é manancial o trabalho, ao trabalho cabe a primazia incontestável sobre a riqueza e o capital.

Lincoln [está sendo citado por Rui Barbosa] não era um demagogo, não era um revolucionário, não era um agitador popular. Era o presidente da grande república norte-americana durante a mais tremenda crise da sua história; e o consenso geral da posteridade o sagra, hoje, como o maior gênio de estadista que a tem governado. Pois Lincoln, senhores, não duvidava reivindicar, em uma das suas mensagens ao Congresso Nacional, em dezembro de 1861, a preeminência do trabalho aos outros fatores sociais.

O trabalho - dizia ele - precede ao capital, e deste não depende.

O capital não é senão um fruto do trabalho, e não chegaria nunca a existir, se primeiro não existisse o trabalho. O trabalho é, pois, superior ao capital e merece consideração muito mais elevada.

            Essas são as palavras de Rui.

            E nós? Temos nossas crenças. Eu creio em Deus. Eu creio no amor, que consolida a instituição mais importante.

            Por isso V. Exª está aí, bem. V. Exª simboliza a família, a mãe, a mulher digna e decente, a avó, a família cimentada por esse amor em que eu creio. Eu creio no estudo. Nós cremos, ô Rosalba, no estudo que busca a sabedoria e que, segundo o Livro de Deus, vale mais do que o ouro e a prata. E o trabalho é que faz essas riquezas; o trabalho hoje que plantamos todos nós, brasileiros e brasileiras. E nossos antepassados fazem esta Pátria em que vivemos hoje.

            Mas quero falar do trabalho, daquelas fábulas do La Fontaine que estudávamos. Nós estudamos. A nossa geração teve boas escolas, porque este País teve bons governos. Lembro-me de La Fontaine, que dizia: “O trabalho é um tesouro”.

            Aquele estadista guerreiro da França, Napoleão Bonaparte, não só ficou na História por vencer guerras, mas porque ele fez o Código de Napoleão, o primeiro estatuto de Direito na França. E ele disse um pensamento que eu reproduzo aqui. Rosalba, ele disse: “Conheci os limites dos meus braços; conheci os limites das minhas pernas; conheci os limites dos meus olhos, da minha visão, mas nunca conheci o limite do trabalho”.

            Franklin Delano Roosevelt, esse aí governou por quatro vezes, eleito Presidente dos Estados Unidos. Pós-guerra, recessão, e ele dava um conselho: “Norte-americanos, busquem o trabalho; não dando certo, persistam; não dando certo, procurem outro, o trabalho”. E disse mais - fez o new deal: “Se eu colocar um bico de luz em cada fazenda e tiver uma galinha - esse negócio de galinha, eu estou até com...mas foi o que ele disse - em uma panela, este país estará salvo”. Ele continua o seu raciocínio e diz, Rosalba: “As cidades poderão ser destruídas, mas o campo não; tem de ser apoiado, porque, se ele for destruído, as cidades morrerão de fome”. E é o exemplo da grandeza dos Estados Unidos: são 600 milhões de toneladas de grão. Então, são essas as palavras do trabalho.

            Voltaire, o nosso filósofo, que foi Parlamentar da França, disse que o trabalho afasta, no mínimo, três grandes males: o tédio, a preguiça e a pobreza.

            Eu iria a um muito simples, médico como nós, que depois viu de um estudo uma nova ciência, a Neurolinguística: Lair Ribeiro. Muito objetivo, Lair Ribeiro, cardiologista, diz, Professor Cristovam que só conhece um lugar em que o sucesso vem antes do trabalho; é no dicionário.

            Então, queríamos, já se aproximando aquele compromisso do minuto, dizer que nós vamos agora pegar o avião para a minha cidade, Parnaíba. Podemos dizer que lá foi a sede inicial da federação das indústrias, cidade de passado de trabalho, que construiu sua grandeza. Uma emissora, do qual fui fundador, com meu irmão, Antônio José de Moraes Souza, Rádio Igaraçu, vai homenagear os trabalhadores, pessoas que, através do trabalho, fizeram o engrandecimento...

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - E alguns que, mesmo falecidos, deixaram o exemplo de trabalho. Um dos homenageados vai ser o Senador Geraldo Mesquita Júnior.

            Então, queremos deixar aqui as nossas palavras.

            E, para terminar em tempo, atentai bem, atentai bem, brasileiras e brasileiros! Eu falo assim porque me vem à mente Getúlio Vargas, tido como o pai dos trabalhadores. Todo 1º de maio, eu, criança, o ouvia discursar: “Trabalhadores do Brasil...”. Aí, anunciava essa legislação, os benefícios e a esperança.

            Então, eu digo da minha maneira: Atentai bem, brasileiras e brasileiros! Atentai bem, acreditai, estudai, trabalhai e amai, que, aí sim, estaremos construindo um Brasil grande, mais rico e feliz e um mundo melhor em que almejamos viver.

            Era o que eu tinha a dizer.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 01/05/2008 - Página 11246