Discurso durante a 69ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Lamento e indignação com os naufrágios de embarcações na região amazonense. (como Líder)

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DE TRANSPORTES.:
  • Lamento e indignação com os naufrágios de embarcações na região amazonense. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 07/05/2008 - Página 12125
Assunto
Outros > POLITICA DE TRANSPORTES.
Indexação
  • GRAVIDADE, MORTE, CIDADÃO, NAUFRAGIO, RIO SOLIMÕES, REPETIÇÃO, ACIDENTES, TRANSPORTE AQUATICO, RIO AMAZONAS, COMPROVAÇÃO, FALTA, RESPONSABILIDADE, SETOR PUBLICO, AUSENCIA, FISCALIZAÇÃO, NEGLIGENCIA, EMPRESA DE NAVEGAÇÃO, EXCESSO, LOTAÇÃO, COMENTARIO, NOTA OFICIAL, DISTRITO, MARINHA, IRREGULARIDADE, EMBARCAÇÃO, LEITURA, RELAÇÃO, NOME, HOMENAGEM POSTUMA, VITIMA.
  • ANUNCIO, PEDIDO, MINISTERIO PUBLICO FEDERAL, INVESTIGAÇÃO, RESPONSABILIDADE, COBRANÇA, PUNIÇÃO.

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Como Líder. Sem revisão do orador) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, Rosimeire, André, Francisco e tantos outros. Quem são? Quantos são? Por que trago seus nomes a este plenário?

            Esses e mais alguns são as vitimas de mais um naufrágio no meu Estado, desta vez no rio Solimões. Acredito que, nesta Casa, ninguém diria que estou aqui a tratar de assunto paroquial, porque vida humana é algo de interesse profundo de qualquer brasileiro sensível. É tragédia que se repete pela irresponsabilidade e pelo descaso público.

            A anterior aconteceu no rio Amazonas há menos de três meses do acidente da madrugada de domingo, nas proximidades de Manacapuru. Ambos aconteceram em madrugadas. Ambos, acidentes que poderiam ter sido evitados. E, certamente, um e outro não teriam ocorrido se não tivesse faltado responsabilidade. Lamentavelmente, negligenciaram pilotos ou empresários de navegação marítima, de um lado; e, de outro lado, os órgãos que deveriam fiscalizar e não o fizeram, optando pelo descaso.

            A lamentar, a perda, numa e noutra tragédias, as dezenas de vidas ceifadas em duas madrugadas, em situações assemelhadas, marcadas, repito, pela irresponsabilidade.

            Eram todas pessoas simples que se deslocavam para o trabalho ou na volta do lazer pelo único meio de transporte ao alcance.

            Primeiro, a madrugada em que o barco Almirante Monteiro navegava pelo rio Amazonas para chocar-se com uma balsa nas imediações de Novo Remanso, no Município de Itacoatiara.

            Agora, também numa madrugada, nova tragédia surpreende a população amazonense e brasileira, repetindo-se algo de difícil aceitação.

            Estava eu em Manaus nesse fim de semana e senti de perto a reação do povo amazonense. Ninguém queria acreditar! Mas, pela incúria e pela irresponsabilidade, o barco Comandante Sales naufragou diante da cidade de Manacapuru.

            Até quando?

            No primeiro e no segundo episódios, a mesma evidência: excesso de lotação. No começo do ano, morreram 13 passageiros e sete foram dados como desaparecidos. No naufrágio de domingo, até agora seriam 17 vítimas.

            Além de lamentar a perda de vidas preciosas, interpreto o pensamento dos amazonenses, indagando por que cenas como essas continuam ocorrendo.

            O 9º Distrito Naval, em nota, informa que “a embarcação deveria estar apreendida por falta de documentação exigida”. Além disso, o barco foi apreendido em janeiro último também por não ter tripulação habilitada.

            O proprietário, desde então, passou à condição de depositário fiel da embarcação, que não poderia navegar até que a situação se regularizasse. Mas continuou navegando.

            Continuou, sim. Por conta da irresponsabilidade dos operadores e da vista grossa à fiscalização pelo Poder Público, até agora as vítimas do naufrágio somam 25 pessoas. Pela manhã, oito corpos foram resgatados, entre eles o de duas mulheres. Dezessete já estavam no Instituto Médico Legal, em Manaus, e foram identificados: Lenilza Dias, 22 anos; Jardriana Balbina Lopes, 19; Antunes Valdo Mendes de Souza, 31; Rosemeire Marques de Araújo; André Araújo Sales, 19 anos; Lucimeire da Silva Sales; Francisco Alves de Sales, 44 anos (proprietário do barco Comandante Sales); Pedro Henrique de Lima Ferreira Filho, 33 anos; Marcelo de Souza Pereia, 22 anos; Ednalva de Souza Coelho, 32 anos; Rigson Pereira da Silva, 16 anos; Alzenira Ribeiro da Silva, 27 anos; Maria Antônio da Costa Maciel; Maria Raquel Souza Ricardo, 14 anos apenas; Aldilene Gomes Macedo, 21; Tanuce da Silva Assis, 18 anos; e Jader Balbino Lopes, 22 anos.

            Independentemente de outras considerações, como a necessidade de oferecer mais segurança para a navegação no Amazonas, ergo minha voz e meu sentimento mais profundo pela dor que todos nós sentimos com a morte desses passageiros. A eles e às famílias enlutadas, nossos pêsames.

            O momento é, sem dúvida, de preces, mas também de opor o devido protesto contra o quadro de insegurança a que se sujeitam os usuários do transporte fluvial no Estado do Amazonas.

            Sr. Presidente, eu gostaria de dizer a V. Exª que estou indo ao Ministério Público Federal para pedir apuração irrestrita, dura, das responsabilidades. O Governador do Amazonas nenhuma palavra disse, que eu saiba, sobre o assunto, acossado que está pelas mais terríveis denúncias de corrupção feitas por mim, inclusive, todas elas irrespondíveis, porque lastreadas em provas que são elas próprias provas irresponsáveis. Quero saber a responsabilidade do Governo Federal, já que os rios são federais. Quero saber, enfim, pela palavra do Ministério Público, como se chega à punição dos culpados desses dois episódios e como se chega a prevenir novos acidentes que são tragédias.

            Nesses dois acidentes fluviais no meu Estado, morreram mais pessoas do que em, praticamente, quaisquer batalhas que possa ter havido na guerra entre Estados Unidos e Iraque.

            Como cidadão do Amazonas, como Senador por aquele Estado, fico simplesmente indignado, absolutamente indignado, com o fato de a vida dos meus conterrâneos...

(Interrupção do som.)

            O SR. PRESIDENTE (Antonio Carlos Valadares. Bloco/PSB - SE) - Concederei mais um minuto a V. Exª.

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Agradeço e já concluo, Sr. Presidente.

            Fico indignado com o fato de a vida dos meus conterrâneos, nesse momento, estar valendo menos do que a vida dos outros seres humanos. É uma hora em que percebemos que há mais de um Brasil e que o Brasil delegado aos meus concidadãos, aos meus conterrâneos amazonenses é um Brasil de menor peso, aos olhos das autoridades, de menor valor, aos olhos dos brasileiros que comandam este País, do que o peso que conferem aos brasileiros mais ricos, que ainda conseguem se abrigar da insegurança pública nas suas fortalezas. E não há fortaleza que abrigue os amazonenses, que perecem estupidamente, em mortes desnecessárias, descabidas, nesses acidentes que se repetem a cada instante.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.

            Era o que tinha a dizer.

 

            


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/05/2008 - Página 12125