Discurso durante a 72ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Avaliação do depoimento da Ministra Dilma Rousseff perante a Comissão de Serviços de Infra-Estrutura do Senado. Comentários ao artigo do jornal O Estado de S.Paulo, intitulado "O engodo do PAC e da Ministra". Cobranças ao Governo Federal pela conclusão das obras inacabadas no Piauí e no Brasil.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Avaliação do depoimento da Ministra Dilma Rousseff perante a Comissão de Serviços de Infra-Estrutura do Senado. Comentários ao artigo do jornal O Estado de S.Paulo, intitulado "O engodo do PAC e da Ministra". Cobranças ao Governo Federal pela conclusão das obras inacabadas no Piauí e no Brasil.
Aparteantes
Mozarildo Cavalcanti.
Publicação
Publicação no DSF de 10/05/2008 - Página 13528
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • DESAPROVAÇÃO, CONDUTA, VICE-PRESIDENTE DA REPUBLICA, DEFESA, REELEIÇÃO, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, PRESIDENTE DA REPUBLICA.
  • CRITICA, PRONUNCIAMENTO, DILMA ROUSSEFF, MINISTRO DE ESTADO, CHEFE, CASA CIVIL, COMISSÃO, SENADO.
  • CRITICA, PROGRAMA, ACELERAÇÃO, CRESCIMENTO ECONOMICO, GOVERNO FEDERAL.
  • SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, O ESTADO DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), COMENTARIO, LEITURA, TRECHO, DESAPROVAÇÃO, ATUAÇÃO, DILMA ROUSSEFF, MINISTRO DE ESTADO, CHEFE, CASA CIVIL.
  • PROTESTO, OMISSÃO, GOVERNO FEDERAL, CONCLUSÃO, OBRAS, ESTADO DO PIAUI (PI).

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Geovani Borges, que preside esta sessão de sexta-feira, Srª e Srs. Parlamentares, brasileiras e brasileiros aqui presentes, este é o melhor Senado deste País, em 183 anos. Nunca dantes “verdes mares bravios navegados”, como diziam os literatos portugueses desde Camões. O nosso Presidente diz: “nunca antes”. Então, “nunca dantes”, ou “nunca antes” do Luiz Inácio, este Senado se reunia às sextas-feiras com um debate claro. Nem nas segundas-feiras. E aqui estamos todos nós, com temas autênticos. Está ali Mozarildo Cavalcanti.

            Há certas coisas, meu Presidente Luiz Inácio, que eu não entendo. Na história do mundo, somos os pais da Pátria. Foi assim que se formou o Senado. E eu não entendo uma coisa, Senador Pedro Simon - V. Exª entende e compreende a coisa, e engrandece este Senado; V. Exª é o único que se está igualando a Rui Barbosa, que teve 32 anos de mandato; a V. Exª, o povo gaúcho já lhe concedeu 32 anos de Senado. Senador Gim Argello, não entendo como vocês que são do PTB, de Getúlio, apóiam o Governo - eu sou testemunha apenas -, e, há cinco anos, Mozarildo Cavalcanti, do PTB, denuncia essas ONGs, as corruptas, as que prestam serviços internacionais. Eu não entendo... Ô Gim Argello, diga a Cafeteira, seu Líder.

            Outro dia, falou-se em Franklin Delano Roosevelt. Eles entendem pouco: o Vice-Presidente pedindo o terceiro mandato de Luiz Inácio. Que ridículo! Mas mais ridículo ainda foi ele mostrar a ignorância dele. Eu sabia que ele era um homem que tinha muito dinheiro. Dizia que Franklin Delano Roosevelt tinha sido três vezes presidente dos Estados Unidos e que, então, Luiz Inácio deveria ser três vezes aqui. A ignorância dele é que Franklin Delano Roosevelt foi quatro! Ainda morreu, e a viúva dele elegeu o Truman. Mas era em guerra. Mas eu não compreendo, porque Franklin Delano Roosevelt disse (e ele não sabe): “Toda pessoa que eu vejo é superior a mim em alguma coisa. E, nesse particular, eu procuro aprender”. Por que Luiz Inácio não chama Mozarildo Cavalcanti, que é do PTB, que é coligado, e sabe tudo sobre Roraima? Tudo, tudo, tudo! Só Deus sabe mais que o Mozarildo - e eu dou meu testemunho. Nós já vamos para o sexto ano aqui, e eu dou meu testemunho de que foi o primeiro que denunciou essas ONGs. Aí o Heráclito pegou o trem e fez a CPI das ONGs, que é muita falcatrua, é muita imoralidade, é muita corrupção! Ele já denunciava esse problema. A metade do Estado é dividido. É índio? Não tem mais negócio de índio. Eu que sei História aqui. Queria que fizessem o exame aqui que fazem na faculdade para os estudantes. Eu sei História. Esse negócio de índio acabou! Acabou! Acabou! Não precisamos mais desse negócio de índio, não! Aqui tinha índio, tinha branco, tinha negro, que veio da África, tem os orientais. E o amor uniu e misturou. Nós somos é brasileiras e brasileiros. Acabou essa palhaçada aí! São umas ONGs querendo dizer que tomam conta dos índios. Os pobres estão morrendo, doentes, estão contrabandeando os minérios. Só é isso. E as ONGs garantindo? Estão nada. Aqui, há trinta anos, passou o índio mais esperto do que todos nós, um tal de Juruna. Isso não tem mais nada. Disso não existe mais nada, não.

            Ô Pedro Simon, os Estados Unidos. Nós só somos mais novos do que eles oito anos, para os que não sabem. Lá foi em 1492, e nós, 1500. Gim Argello, olha, eu ando por aí com a minha Adalgisinha. Mozarildo, fico em hotel barato, caro, mas eu compro excursão, para aprender mesmo. Aí eu não caí num negócio de ver índio? Negócio de carnaval, eu gostava de dançar com as indiazinhas, que eram bonitas. Eu disse: “Eu vou ver esse negócio de índio”.

            Olha, excursão. Acordamos cedo. Ó jornalista e psicólogo Antonio Carlos Ferro Costa, que está ali, testemunha da experiência. Psicologia. Aí eu comprei essa excursão. Aí eu cheguei. Pobre. Eu nunca tive mensalão. Minha mãe, terceira franciscana, não me ensinou a roubar. E o seguinte. Eu digo que eu tenho um ritmo, Senador Mozarildo, quando eu viajo com a Adalgisinha: ou a gente faz um almoço bom ou um jantar com vinho. Eu digo: nós vamos para essa excursão aí. Ninguém compra com negócio de almoço em hotel cinco estrelas não. Nós vamos lá, comemos um cachorro-quente e, de noite, nós vamos tomar um vinho aí... Aí eu fui: pegamos, pagamos aquela excursão de americano, bem ali. Tudo é malandragem, tem mais nada no mundo. Com a tecnologia, isso acabou: acabou a escravidão, acabou a capitania hereditária nos governos. É uma evolução. A globalização hoje: não tem mais ninguém, todo mundo sabe tudo, todo mundo ama todo mundo, todo mundo tem... O Mozarildo disse que a índia mais velha casou foi com um branco e teve filho como o quê. Que rolo! Não tem mais negócio. Está lá. Ele deu o nome dela, o marido, os filhos, o diabo, tá tudo um rolo só.

            Aliás, quem estudou História já sabia, não é? Tem branco com índio, dá o mameluco, e tal. É essa confusão de raça. Não tem mais! Tem brasileiros e brasileiras. Isso, sim, que somos nós todos. Uma Pátria só. Rui Barbosa disse: “A Pátria é a família amplificada”. A Pátria não é ninguém, somos todos nós. Por isso é que Rui Barbosa está ali.

            Mas, Mozarildo, aí eu fui. Aí, chegamos lá, na hora do almoço, todo mundo tinha comprado o almoço e entrou no hotel. Eu saí de mão dada com a Adalgisa e fomos comer um cachorro-quente. Antes, tinha um indião. Mas olha: o índio era mais forte do que o Gim Argello: cabeludo - viu? - o índio, todo pintado, cocar, flecha, índio. E ali botou a tenda dele, e haja gente a comprar flecha, pintura de índio, apito de índio, essas coisas, tanga de índio, e todo mundo... E aí entrou todo mundo lá, e eu fiquei do lado de fora andando com a Adalgisa. Aí o índio olhou assim e não viu ninguém: foi buscar um carrão daqueles grandes, parou lá, aí pegou aquelas bugigangas de índio tudinho que ele estava vendendo e enganando todos nós turistas. Aqueles carros americanos são grandões, tirou um baú e colocou aquilo tudo. E o índio saiu guiando. Eu disse: “Ah, é?” E depois eu fui lá. Pagamos para ver a taba de índio, a maloca. Era índio com óculos, índio de relógio. Ah! Não tem mais nada. Então, a nossa solidariedade, Mozarildo.

            Luiz Inácio, convide o Mozarildo, que é seu aliado, que é do PTB. Franklin Delano Roosevelt: “Toda pessoa que eu vejo a mim é superior num assunto. E, nesse particular, eu aprendo com ele. Ó Luiz Inácio, eu entendo pouco de Roraima, V. Exª muito menos, porque eu tenho muitos quilômetros de estudo - sobre a natureza e a História do Brasil eu sei tudo. Então, convide o Mozarildo.

            O Sr. Mozarildo Cavalcanti (PTB - RR) - Senador Mão Santa, V. Exª me permite?

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Pois não, Senador. Estou preocupado com V. Exª, como médico, porque há seis anos o senhor está enfurecido aqui. Outro dia o Mário disse: é a ira da revolta, da verdade. V. Exª é aquele que um líder da minha geração diz: “Se és capaz de tremer de indignação por uma injustiça em qualquer lugar do mundo, és um companheiro”. Che Guevara lhe cascou esse companheiro, e o senhor está tremendo de indignação. Agora estou preocupado em V. Exª ter um infarto, porque o senhor aí com a verdade e não é auscultado pelo Presidente da República, que o Partido de V. Exª apóia.

            V. Exª tem a palavra.

            O Sr. Mozarildo Cavalcanti (PTB - RR) - Senador Mão Santa, eu quero agradecer a solidariedade de V. Exª, suas palavras generosas, mas eu quero fazer algumas retificações. Primeiro, eu não sou aliado do Presidente Lula. Não sou! Sou oposição ao Presidente Lula. O meu Partido apóia o Presidente Lula; eu não. E não apóio porque eu aprendi a fazer diagnóstico, como V. Exª, e fiz o diagnóstico claro: o Presidente Lula não quer pessoas que falem a verdade. O Presidente Lula não quer companheiros; quer subalternos. Ele gosta de falar de companheiro, não é? Ele quer subalternos. Eu nunca aprendi a ser subalterno. Eu gosto de ser igual. Aprendi na maçonaria a ser igual. Agora, subalterno, nunca. Não sou aliado do Presidente Lula. E não adianta gastar argumento com o Presidente Lula nesse tema não, porque ele está dominado. Está dominado. Aliás, como V. Exª sempre diz, ele não estuda as questões. Se ele estudasse, ele tinha o relatório da Comissão Externa do Senado, que ele encomendou através do Deputado Aldo Rebelo; ele tinha o relatório da Comissão Temporária Externa da Câmara, que ele recebeu - o Senador Delcídio disse isso aqui ontem. Mas ele não está interessado nisso não. Roraima para ele tem pouco eleitor, mas, por isso mesmo, em Roraima ele perdeu; e perdeu nos dois turnos, e cada habitante nordestino de Roraima hoje está pedindo nos seus Estados para votarem contra o PT e contra Lula, porque eles não ouvem as pessoas de Roraima, porque eles mentem. Nem os índios querem isso. Hoje já está se criando lá um ódio intra-étnico de brancos contra índios, pois eu conheço pessoas que dizem que não dão mais carona para índio, porque “índio é que tem direito a tudo”. Então, esse ódio quem está criando, Senador Mão Santa, é o Presidente Lula. Não adianta dizer que é esse Ministro da Injustiça, Tarso Genro; não adianta dizer que é essa Ministra sonhadora, que está no mundo da lua, Marina Silva. Não. É o Presidente Lula. Assessor meu que erra, o culpado sou eu, porque, se ele errar e continuar meu assessor, eu sou o culpado. Errando um assessor meu, eu ponho para rua. E por que é que ele não põe? Obrigado, mas queria colocar principalmente esta ressalva: eu não sou aliado desse Presidente imperador.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Olha, eu apenas continuo preocupado com V. Exª. V. Exª clama, luta pelos mais fracos, por uma justiça de distribuição de terra e do trabalho. V. Exª - eu ainda sou médico - tem que andar aí com um Isordil, um negócio desses. Mas, Pedro Simon... Ô Pedro Simon, Pedro, Pedro... Paim, me ceda o Pedro Simon um instante. Pedro Simon, abra o Livro de Deus. V. Exª sabe, não precisa, está na cabeça de V. Exª, terceiro franciscano. Francisco, o santo, foi o que mais se aproximou de Cristo. Está lá: “Se alegrai, se exultai com os seus irmãos na vitória. Chorai. Seja solidário nos momentos da dificuldade”. Luiz Inácio, eu quero aconselhar o Luiz Inácio. A citação é do Livro de Deus. Olha, acaba esse negócio de estar cacarejando aí. Isso não existe. Essas obras não existem. Esse negócio de fazer política antecipada, Vossa Excelência está desmoralizando a justiça. Não pode. A justiça é uma inspiração divina, Luiz Inácio. Deus entregou as leis a Moisés. O filho de Deus não tinha uma tribuna, uma televisão, não tinha o nosso amigo ali, Alíbio, focalizando, mas ele bradava nas montanhas: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça”.

            Vossa Excelência está desmoralizando a justiça. A própria Ministra disse que era comício. Ela que disse. E Vossa Excelência lançando candidato. O direito é igual para todos, como tanto Rui Barbosa pregou. Se nós formos fazer isso, prendem. Prenderam injustamente o prefeito escolhido pelo povo de Roraima.

            Então, está errado! Vossa Excelência dá mau exemplo. Vossa Excelência foi ao interior do Ceará e disse “Olha, esse juizinho não meta o bico aqui em política, não. Se ele meter, ele tem de largar esse lugar de juizinho e se candidatar a vereador, porque ele vai perder as eleições.” O juizinho era Marco Aurélio, do Supremo Tribunal Federal. Isso não pode estar certo. Respeito é bom; exemplo arrasta.

            Pedro Simon, então, ele devia deixar de estar aí cacarejando no Piauí, no Amazonas, e ficar solidário com o seu Estado. O ciclone arrasou lá. Tem duzentas e tantas cidades sofrendo, com desabrigados. Que é do Presidente? Lá em Santa Catarina, está cacarejando, com a “cacarejadora-mor” dele por aí.

            Pedro Simon, eu estava aqui... Heráclito Fortes, fiquei orgulhoso de V. Exª, quando V. Exª impediu que aquela sessão fosse a mais vergonhosa da história do Senado. Dar mimo para a Ministra, publicamente, numa Comissão, se vangloriar? Ó Adelmir! Adelmir vai ser cidadão piauiense na segunda-feira. Ele já é do Município de Uruçuí. Adelmir, quando se vangloria, porque a Ministra veio aqui e demorou.

            Em 1536, Pedro Simon, depois que a zorra das capitanias hereditárias não deu certo, Dom João III resolveu colocar uma unidade de comando, uma unidade de direção, e o Governador-Geral Tomé de Souza. Ele permitiu uma câmara municipal. Pedro Simon, sabe como se chamava a câmara municipal em 1536? Câmara dos Bons. E ele tinha lá - o nome não era ministro - o ouvidor-mor, que via os problemas e fazia justiça; o corregedor-mor; o provedor-mor, que angariava os fundos financeiramente; e ele tinha o capitão-mor, que era o ministro da guerra, vamos dizer. E eles iam à Câmara Municipal. Em 1536! E o próprio Tomé de Souza foi. Pedro II vinha, deixava coroa e cetro e vinha ouvir. Ele é que era o Poder Moderador. Agora, vem uma Ministra e toca fogo. Em 1536! Isso é anormalidade democrática.

            Agora, sou do Piauí. Heráclito, o comportamento de V. Exª foi brilhante, inteligente. Seria a mais vergonhosa página, o avacalhamento de um Senador presentear publicamente, numa sessão, um mimo para a Ministra. Então, está aqui o Estadão de S. Paulo. Olha, esse jornal combateu todas as ditaduras, toda prepotência: “O engodo do PAC e da Ministra”.

            Ô Pedro Simon, a Ministra se saiu muito mal. Esse negócio do José Agripino, ele tinha que... Shakespeare: “Não tem bem, nem mal; o que vale é a interpretação”. Permita-me, a Ministra gaguejou, não soube soletrar uma palavra que qualquer mobral sabe: mo-ni-to-rar.

            Eu sou médico e psicólogo. Ela saiu-se tão mal que se perdeu. E mais: eu fui quase trucidado aqui por esse Partido quando citei Mein Kampf, galinhas cacarejadoras. Ela se perdeu lá, porque ela buscou a figura da galinha, de Leonardo Boff, o vôo de galinha, vôo curto. Eu só estou analisando como psicólogo, o vôo curto de Leonardo Boff. Vôo da águia é o nosso, é o da verdade, é o da democracia.

            Eu não sei se o José Agripino, mas uma mentira repetida se torna verdade. É o Goebbels. Olha, o Heráclito denunciou lá. No Piauí, tudo foi mentira. Está aqui a ZPE, que eu quero pedir. Vem da Câmara. Vamos votar esta ZPE. Vamos votar a ZPE.

            O Sr. Pedro Simon (PMDB - RS) - Permite, Senador?

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Vou permitir e vou dizer, mas eu vou dizer do Piauí. Ontem eu vim aqui, Jayme Campos, contestar que aquilo tudo é obra fantasiosa. A Rainha Vitória já dizia que o papel aceita tudo.

            E isso... PAC, PAC. Que PAC? Que novidade, Pedro Simon? Meu Juscelino já fez as metas. Eram 30. A meta 101. João Paulo dos Reis Velloso, no período revolucionário, fez o primeiro PND e o segundo PND. Quem se esquece de “mãos à obra”? Quem se esquece de que esse Governo fala mal da herança? A herança é deles mesmos. Quem não se esquece da PPP? Não é partido, não; é aquela parceria público-privada. Passaram cacarejando aí. Que é da PPP? Enterraram e agora surgiram com o PAC.

            O PAC, ô Mozarildo, é um “programa de aceleração de comunicação”. É a mídia: Pá! Pá! Pá! Mas a verdade vem. Sou do Piauí e aprendi com o caboclo que é mais fácil tapar o sol com a peneira do que esconder a verdade.

            A verdade está aqui no jornal O Estado de S. Paulo: “O engodo do PAC e da Ministra.”

(Interrupção do som.)

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Nós nos orgulhamos muito do jornal O Estado de S. Paulo pela sua história, pela sua vida, pela sua verdade.

            Informa O Estado de S. Paulo:

...das 9 horas que durou o depoimento, mentindo despreocupadamente sobre as obras do PAC, que Senadores oposicionistas, como Heráclito Fortes, do Piauí, Tasso Jereissati, do Ceará, Kátia Abreu, de Goiás, demonstraram irrefutavelmente que nunca saíram do papel.

[...]

Ninguém cobrou da Ministra, com a severidade necessária, que dos R$17,2 bilhões destinados ao PAC este ano, só R$1,9 bilhão foi empenhado - e só ínfimos R$13,7 milhões foram efetivamente gastos no primeiro quadrimestre.

            É um artigo longo. Ô meu amigo Alíbio, bote grandão aqui: “O engodo do PAC e da ministra.” Essa é a verdade.

            Pedro Simon, veja V. Exª, que busca a verdade: “Ritmo da indústria cai em todo o País”. Bote bem grande aí, Alíbio. Olhem aí. Aumentam os empregos, mas esse Governo nunca fala dos que estão desempregados, dos empresários que pagam 76 impostos e estão fechando suas empresas. Contem as carteiras que entram e as carteiras que saem. Essa é uma prova aritmética elementar. A mentira tem pernas curtas, Luiz Inácio.

            “Ritmo da indústria cai em todo o País”. O IBGE, do Governo, Mozarildo. O IBGE trouxe a verdade, como a verdade foi trazida...

(Interrupção do som.)

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - ... pelo militar Augusto Heleno. Até o nome: Augusto. Vem à tona. Dizem: “Empregamos tantos”. Mas e os desempregados? E as firmas que estão falindo por este País, que tem a mais perversa carga de tributos?

            Pedro Simon, nós nos rebelamos contra os portugueses, rolaram pescoços... Quem não tem saudade de Tiradentes? Mozarildo, a Globo fez uma novela, O Quinto dos Infernos, falando do imposto; agora são dois quintos dos infernos. São 40%, e 10% mais são dados aos banqueiros. E quem é a mãe dos banqueiros? A Dilma é a mãe do PAC! E a dos banqueiros? Não, não são as nossas esposas, não; são eles mesmos. Mãe dos banqueiros.

            O Itaú e o Bradesco estão brigando para ver quem ganha mais dinheiro no mundo. Estão brigando e enganando os velhinhos, os aposentados, com defeitos visuais, com hipermetropia, que chamamos de vista cansada, e fizeram uns contratos de empréstimo consignado. E os velhinhos não podem pagar mais! Estão sofrendo, não têm dinheiro para comprar. Há uns até que, pela honra, estão fugindo da vida em suicídio.

            Está ali o Paim, querendo resgatar e apagar essa nódoa da nossa sociedade: o fator redutor previdenciário.

(Interrupção de som.)

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - É para terminar, não é?

            Eles pagaram 35 anos com contrato, que o Governo não obedece. Pagaram para aposentarem-se com dez salários mínimos, e estão recebendo quatro; com cinco, e estão recebendo dois. Essa é a verdade!

            Aí, Luiz Inácio, na sua fala fácil, vem cacarejar e diz: “Eu não devo mais ao FMI, aos bancos internacionais”. Eu, Presidente da República, deveria lá, mas pagaria aos velhinhos, aos aposentados, aos funcionários públicos, que, por mais de uma década, estão sem aumento.

            Então, essa é a realidade, e essas as nossas palavras aqui para contestar. Cadê a ZPE do Piauí, Heráclito? Está aqui, passou na Câmara, vamos aprovar, mas ela vai caducar daqui a pouco mais de cem dias, se o Governo do PT não fizer um programa, se não liberar os terrenos. E nós encravamos, acreditando nesse orçamento, os recursos necessários para o Porto de Luís Correia, que foi iniciado no Governo de Epitácio Pessoa.

            A estrada de ferro está parada, os tabuleiros estão parados no Piauí. Tem uma ponte que eles levam oito anos fazendo, quando, no mesmo rio, eu fiz uma em noventa dias, e o Heráclito, no mesmo rio, em cem dias. O pré-metrô de Alberto, o Hospital Universitário, A Transcerrado, a ponte de Luzilândia. Eu pediria aqui a Sua Excelência o Presidente da República o que é fácil: vamos terminar as obras inacabadas.

(Interrupção do som.)

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Eu queria apenas dizer: “Presidente Luiz Inácio, os aloprados estão mentindo, os aloprados estão lhe enganando. Vá, urgentemente, socorrer os irmãos do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, e vamos terminar as obras paradas no Estado do Piauí, que são mais de trinta, mais de quinhentas neste País”. Essas são as nossas palavras.

            E vamos enterrar a corrupção, porque está aí o Tribunal de Contas da União, que disse que, em 33% das obras, há corrupção. E é uma vergonha, Heráclito Fortes. A maioria está em Santa Catarina, e o Piauí ganhou medalha de prata na corrupção de suas obras, porque o Governo de lá é do PT.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR MÃO SANTA EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/05/2008 - Página 13528