Discurso durante a 47ª Sessão Especial, no Senado Federal

Comemoração do Dia Mundial da Saúde e os 60 anos de fundação da Organização Mundial de Saúde - OMS.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. SAUDE.:
  • Comemoração do Dia Mundial da Saúde e os 60 anos de fundação da Organização Mundial de Saúde - OMS.
Publicação
Publicação no DSF de 10/04/2008 - Página 8447
Assunto
Outros > HOMENAGEM. SAUDE.
Indexação
  • COMEMORAÇÃO, DIA INTERNACIONAL, SAUDE, HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAUDE (OMS), COMENTARIO, IMPORTANCIA, EXPECTATIVA, REALIZAÇÃO, ELOGIO, ATUAÇÃO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA SAUDE (MS), SUGESTÃO, CRIAÇÃO, GABINETE, EMERGENCIA, COMBATE, EPIDEMIA, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ).

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Garibaldi Alves Filho, Parlamentares, colegas e companheiros que fazem a Medicina e a Saúde, brasileiras e brasileiros, serei muito breve, pois já falei no dia exato da Saúde, que é 7 de abril.

Apenas quero reviver neste Senado aquele que, sem dúvida nenhuma, melhor nos representou e que - para que se veja como a política é conturbada - foi sacado daqui: Juscelino Kubitschek.

E é muito oportuno um pensamento dele, Presidente Garibaldi.

Juscelino, médico como eu, cirurgião como eu, com passagem na vida militar, em Santa Casa, prefeitinho, governador... um bocado de confusão. Mas ele disse uma mensagem que é muito oportuna hoje.

Para nós, diante de um momento difícil, de decepções, ô, Deputado Perondi... Deu tantos Presidentes o Rio Grande do Sul. Eu me lembro quando eu estudava com dois médicos no HSE, gaúchos - o Jaime Pietá, ginecologista, o Léo Gomes, cirurgião-geral como eu, de Dom Pedrito. Eles diziam assim “Nós estamos preparando um Presidente para o mundo”, porque deu muitos Presidentes o Rio Grande do Sul. Muitos foram os Presidentes da República nascidos no Rio Grande do Sul.

Mas eu cito Juscelino, que disse uma mensagem para este tempo: é melhor sermos otimistas. O otimista pode errar, mas o pessimista já nasce errado e continua errado.

Então, o que eu quero dizer é o seguinte, em nome de Juscelino: só deu o Rio Grande do Sul, porque me parece que foi o Estado que deu mais Presidentes da República, e bons Presidentes. Isso é para ver como este País foi construído.

Tantas inteligências e tantos se dedicaram à saúde. Garibaldi está ali, e eu estou aqui. Governamos o nosso Estado.

Ministro Temporão, com todo o respeito e admiração, V. Exª simboliza a história da saúde pública.

O primeiro livro de higiene, de Afrânio Peixoto, ele disse, naquele tempo, e ele já advertia: “No Rio de Janeiro, a saúde pública é feita pelo sol, pela chuva e pelos urubus”. A partir daí, Oswaldo Cruz, Carlos Chagas, Ricardo Veronesi, Alencar Aragão, Samuel Pessoa e V. Exª foram exemplos de saúde pública.

Mas eu queria dizer que quem tem bastante luz própria não precisa diminuir ou apagar a luz dos outros para brilhar. Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio - falo para o nosso querido Presidente Luiz Inácio -, foi um grande estadista, um homem de muita cultura. Olha, eu nunca votei nele. Votei no candidato do meu PMDB, o Quércia, e, na reeleição, também não votei, não. Votei no vizinho ali, por vizinhança, no Ciro Gomes. O meu Partido não tinha candidato. Mas o Fernando Henrique Cardoso, ô, Temporão...

A gente tem que aprender. Este País é grandioso.

Imaginem o Pedro I, quando vejo que ele é o Pedro IV de Portugal; o Pedro II, 49 anos. Quando vimos a Nova República; os militares - Rui Barbosa não chegou, mas foi o que mais contribuiu para a preservação da democracia -; a participação dos civis; a ditadura civil de Vargas, o estadista; os outros que sucederam, todos bons. Mas o Fernando Henrique deu um ensinamento muito oportuno para hoje. Eu vi. Garibaldi está aí e vai dar o testemunho.

Ninguém escolhe a época de governar. Cada um teve sua grandeza histórica. Isso é do País, de quem sabe e de quem conhece a história. Como ela é bela de exemplos. Felizes somos nós, que não precisamos buscar exemplos em outras histórias. Estão aqui nos nossos homens de responsabilidade.

Nós tivemos uma crise. O homem é o homem e suas circunstâncias. Ninguém escolhe a época de governar. No Governo Fernando Henrique, houve o apagão, de verdade. Não chovia. As hidrelétricas, que foram uma inteligência da nossa administração, Garibaldi, secaram. O apagão foi uma realidade. Apagaram as nossas avenidas, as nossas cidades, e nós, governando.

Com coragem, o Presidente Fernando Henrique - não sei em quem se inspirou - constituiu a Câmara de Gestão do Apagão. Digo isso orgulhoso, Arruda, porque sou orgulhoso de ser do Piauí. Ele foi buscar um homem, Pedro Parente, jovem como V. Exª. Aliás, acho que o erro do Fernando Henrique foi não ter posto Pedro Parente para Presidente.

Ô, Perondi, você é vaidoso, do Rio Grande do Sul, mas eu sou do Piauí. Ele era filho... Ele não era piauiense, mas o pai dele. Ele nasceu no Rio, mas o pai dele era piauiense. Eu vi, eu fui, eu era Governador. Eles fizeram aquela Câmara de Gestão, e todo o mundo era subalterno a ele, tudo que era Ministério. Eu vi o José Jorge recebendo ordens dele, assim como o Ministro da Fazenda, porque tem de ter dinheiro. Todos! Era um, vamos dizer, gabinete de emergência.

Ministro, eu pediria atenção a V. Exª. Então, que V. Exª chegue ao Luiz Inácio, nosso Presidente - votei nele em 1994 -, e diga que está na hora de seguirmos o estadista Fernando Henrique. Vamos fazer esse gabinete de emergência, a Câmara de Gestão, porque não podemos deixar as mães, as verdadeiras mulheres chorarem a perda de seus filhos, porque aquilo não admitimos.

Nós sacrificamos os melhores anos de nossas vidas para buscar a ciência para consciência e com consciência servir o Brasil. Então, V. Exª, com seu amor - é igual a mim -, com seu sonho e ideal... Aos médicos como nós, aos que fazem saúde, enfermeiros, paramédicos, não se oferecem banquetes, homenagens. Só se lembram na hora do infortúnio, da dor, da calamidade, da desgraça.

Mas nós não podemos deixar sacrificarem a nossa história, que é muito bela. E V. Exª sintetiza isso tudo.

Nós somos orgulhosos do comportamento de V. Exª, que representa com grandeza. Nós somos. Eu sou orgulhoso.

Permita-me dar um ensinamento a V. Exª. Desses homens, o que eu mais admiro é Simón Bolívar. Eu fui com a minha Adalgisinha lá. E ele nasceu lá na terra do Chávez, mas lá em Bogotá ele andou. Botelho, há uma pracinha e uma casa em que ele morou. E eu fui ver sua estátua, ô, Dr. Perondi, gaúcho. Atentai bem! Aí, eu vi escrito: “Fui tudo, soldado, cabo, sargento, tenente, coronel, marechal, ditador, El Presidente, El Libertador, mas eu abdico de todos esses títulos. Eu só não abdico do título de bom cidadão”.

E nós, Temporão, não vamos abdicar do título de bons médicos. Então, V. Exª crie aí, com seus técnicos, eu sei que são muitos os problemas, mas a exemplo de Fernando, um gabinete específico, uma Câmara de Gestão, para afastarmos essa nódoa que é o dengue. Força total. Nós não podemos... O nosso Oswaldo Cruz, há cem anos, venceu o mosquitinho. Mau discípulo é o que não suplanta o mestre, disse Leonardo da Vinci, estimulando os que fizeram com ele o Renascimento. E V. Exª é um bom discípulo.

Então, desejo isso e desejo que V. Exª faça esse apelo, aí eu virei aqui aplaudir o Presidente Luiz Inácio. Isso é uma homenagem à mulher-mãe que está vendo perder seus filhos para uma doença que temos a capacidade de vencer.

Seja forte, bravo e feliz na missão de defender a saúde dos brasileiros, Ministro! (Palmas).


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/04/2008 - Página 8447