Discurso durante a 76ª Sessão Especial, no Senado Federal

Homenagem aos 60 anos de criação do Estado de Israel.

Autor
Cristovam Buarque (PDT - Partido Democrático Trabalhista/DF)
Nome completo: Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem aos 60 anos de criação do Estado de Israel.
Publicação
Publicação no DSF de 15/05/2008 - Página 14006
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, AUTORIDADE, PARTICIPAÇÃO, SESSÃO, SENADO.
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, ISRAEL, ELOGIO, RELEVANCIA, POPULAÇÃO, JUDAISMO, DESENVOLVIMENTO, PENSAMENTO, CIENCIAS, ARTES, FILOSOFIA, MUNDO, EXPECTATIVA, EMPENHO, GOVERNO ESTRANGEIRO, FRONTEIRA, MANUTENÇÃO, PAZ.

O SR. CRISTOVAM BUARQUE (PDT - DF. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente da Mesa, Srª Embaixadora, Srs. Senadores, Sr. Presidente da Sociedade Israelense Brasileira, minhas senhoras e meus senhores, se há algo que é unânime no mundo é o reconhecimento da contribuição do povo judeu, dos judeus individualmente, às ciências, às artes, à filosofia no mundo. É unânime. Todos sabemos que nenhum povo isolado deu uma contribuição tão grande ao pensamento, até mesmo porque países que deram contribuições as deram por intermédio dos judeus que lá viveram.

Creio que há dúvidas, mas considero que uma dessas grandes contribuições, do ponto de vista do pensamento, da formulação de uma idéia, foi o Estado de Israel. É um país que surgiu de uma idéia, talvez o único que assim tenha surgido modernamente. Depois de milhares de anos de existência, depois de algumas milhares de diásporas, conseguiram transformar a idéia de um país em um país real. Essa construção é um exemplo da capacidade intelectual, da força de luta, da mobilização política de um povo.

Hoje, sessenta anos depois, creio que alguns que viram aquele surgimento ainda crianças, sessenta anos atrás, se pensarem bem, deverão se surpreender com o fato de tantas dificuldades terem sido vencidas e existirem de maneira tão plena.

A única coisa que falta, de fato, não depende só de Israel - e já conversei com a Embaixadora sobre isso. Depende do mundo inteiro, depende dos países árabes, depende da população palestina local. Refiro-me à construção da paz. É o que falta, a única coisa. Tudo mais foi conseguido, não apenas o hino que a gente escuta, não apenas a Constituição em funcionamento: tudo foi feito, salvo a paz, que não depende só de Israel.

O que desejo na comemoração destes sessenta anos é que não esperemos sessenta anos para que os povos daquela região consigam fazer com que todos eles, Israel e os outros, vivam em paz.

Quero dizer à Embaixadora - já disse para ela uma vez em nossas conversas - que faço parte de uma bancada de amigos brasileiros dos países árabes. Aliás, aqui existem muitas bancadas de amizade entre países e deve haver uma bancada Brasil-Israel, mas não me convidaram ainda para fazer parte dela! E quero dizer que a decisão de falar aqui, em parte, Srª Embaixadora, deveu-se à sugestão do presidente da bancada de Amizade Brasil-Países Árabes. Ele me ligou ontem e sugeriu que eu falasse. Obviamente, eu queria falar em caráter pessoal, mas pedi para falar em nome do meu partido para dizer desse reconhecimento de um povo que consegue fazer de uma idéia um país, diferentemente dos outros que fazem de um país um povo; do reconhecimento dessa capacidade da arquitetura de construir um país e da engenharia de fazê-lo real, engenharia que passa pelas forças políticas, militares e todas as outras.

É com satisfação que participamos da comemoração dos sessenta anos da criação do Estado de Israel, processo no qual o Brasil teve uma pequena participação...

O SR. PRESIDENTE (Adelmir Santana. DEM - DF) - Senador Cristovam, vou interromper V. Exª para passar a Presidência ao nosso Presidente da Casa, Senador Garibaldi Alves. (Palmas.)

O SR. CRISTOVAM BUARQUE (PDT - DF) - Como eu dizia, o Brasil deu um pontinho de contribuição à criação de Israel do ponto de vista da legalização, como ponto final ou inicial da longa luta.

Mas quero concluir desejando não apenas felizes sessenta anos, mas desejando muita paz, muita felicidade, porque a Israel não é preciso desejar progresso, Israel sabe construir. Desejo que haja muita paz para que Israel comemore os próximos anos em uma região sem conflitos.

Isso não depende só de Israel, devo dizer. Depende de Israel, mas também do mundo inteiro. Por isso, eu não vou dizer parabéns, vou dizer shalom.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/05/2008 - Página 14006