Discurso durante a 82ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem de pesar pelo falecimento da escritora Zélia Gattai, ocorrido no último sábado.

Autor
Antonio Carlos Júnior (DEM - Democratas/BA)
Nome completo: Antonio Carlos Peixoto de Magalhães Júnior
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. POLITICA CULTURAL. :
  • Homenagem de pesar pelo falecimento da escritora Zélia Gattai, ocorrido no último sábado.
Publicação
Publicação no DSF de 21/05/2008 - Página 15344
Assunto
Outros > HOMENAGEM. POLITICA CULTURAL.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, ESCRITOR, ESTADO DA BAHIA (BA), ELOGIO, RELEVANCIA, TRABALHO, LITERATURA.
  • RENOVAÇÃO, COMPROMISSO, LUTA, REFORÇO, FUNDAÇÃO, IMPLANTAÇÃO, MEMORIAL, HOMENAGEM, JORGE AMADO, ESCRITOR, ESTADO DA BAHIA (BA).

O SR. ANTONIO CARLOS JÚNIOR (DEM - BA. Pronuncia o seguinte discurso) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, para o lado esquerdo do peito, aquele em que Milton disse que é onde devemos guardar os amigos, têm sido difíceis esses últimos anos.

Agora foi Zélia.

Não vou me estender sobre a enorme perda que representa a morte de Zélia para a literatura - uma escritora excepcional, de verve lírica, e que muito ainda tinha com que nos brindar.

Vou chorar a perda da amiga.

Triste coincidência esta: quando o Brasil ficou sem Jorge Amado, eu, desta mesma tribuna, pranteei sua perda em nome dos baianos e de minha família.

Agora, novamente, não bastasse a dor que trago, de brasileiro, de baiano, por mais essa perda irreparável, dói de forma aguda, mais doída ainda, a dor pela perda da amiga.

Uma amiga minha, de minha mãe, de nossa família.

Zélia, que nas palavras de Auta Rosa Calasans, viúva do artista plástico Calasans Neto, era parte indivisível de Jorge Amado e, por isso, sua morte, era a perda segunda de Jorge.

Um sofrimento redivivo: perdê-la foi como perdê-lo novamente.

Sr. Presidente, os Amado, até onde minha memória alcança, sempre foram nossos amigos.

Zélia e Jorge, minha mãe e meu pai eram daquele casais que nem precisavam se ver tanto, todos os dias, em todas as datas, para serem amigos e dedicarem carinhos recíprocos.

Em meu gabinete, emoldurada, guardo uma pequena carta, doce e bem escrita, daquelas que apenas os amigos poetas fazem, em que Jorge Amado escreve a meu pai, por ocasião de seu aniversário de setenta anos.

Em determinado trecho, Jorge Lembra a amizade que une as famílias:

      “Temos do que nos gabar: somos do teu tempo e da tua terra e, como se isso não bastasse, gozamos da tua amizade e da amizade dos que te cercam. Zélia, João Jorge, Paloma e eu (...) comemoramos, na festa e na alegria, tua presença entre nós.”

Sr. Presidente, de meu pai herdei o compromisso de defender a Bahia. Dele recebi a incumbência de zelar pelos homens, mulheres e valores da minha terra.

Por essa razão, ao mesmo tempo em que lamento a perda de Zélia Gattai, uma escritora ímpar, de luz própria, que adotou a Bahia e por ela foi adotada, quero, daqui da tribuna, renovar meu compromisso de seguir lutando pelo fortalecimento da Fundação Casa de Jorge Amado e pela implantação do Memorial Jorge Amado, a ser instalado na famosa casa do Rio Vermelho, onde eles residiam.

Digo isso e assim farei, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, porque honrar a memória de Jorge e Zélia será, sempre, honrar a Bahia!

Apresentei, juntamente com o Senador César Borges, um requerimento de voto de pesar pelo falecimento da grande escritora Zélia Gattai.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/05/2008 - Página 15344