O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Senador Gim Argello, Srs. Senadores, brasileiras e brasileiros aqui presentes e que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado, Senador Paulo Paim, V. Exª defende sempre o trabalho e o trabalhador; mas, antes de V. Exª, o próprio Deus, Senador Gim Argello, disse: "Comerás o pão com o suor do teu rosto". É uma mensagem clara, nítida, de Deus aos governantes: trabalho.

Rui Barbosa, que está ali, disse: "A primazia tem que ser do trabalho e do trabalhador. Os trabalhadores vieram antes; eles que fazem as riquezas".

Já advertíamos sobre isso há muito tempo. É o nosso dever, é a nossa obrigação.

Ontem, este Senado da República recolocou a democracia nos trilhos. Ontem, se nós não existíssemos, seria difícil salvarmos este País. Havia uma medida provisória, feita por um aloprado - não sei, não tenho certeza, mas parece que foi o Paulo Bernardo. O Supremo Tribunal Federal julgou que era inconstitucional qualquer imposição em medida provisória buscando crédito de orçamento. Aí, ele, pensando que a gente ia se atemorizar... Mas o nosso compromisso é muito mais alto, é grandioso, e foi por nós, nós que colocamos aqui; não foi o Governo. Eles pouco sabem; eles pouco entendem; eles pouco estudam. Nós que advertíamos que a democracia é esse tripé. No dia seguinte, então, ele desmoralizava de uma vez só o Poder Judiciário - e nós, aqui, já estávamos desmoralizados.

A democracia precisa desse equilíbrio dos três Poderes: um fiscalizando o outro, freando o outro, controlando. E, ontem, nós freamos o Executivo. Eles voltaram atrás. O Presidente estava... E fomos nós mesmo.

Mas outra coisa que nós advertimos é... Ô Mozarildo, V. Exª foi muito firme.

O Mozarildo exasperou-se porque faz mais de cinco anos que ele adverte o Governo, o Presidente da República. O Estado de Roraima deixou de ser Território, é Estado, tem Governador. Aquele problema é para o Governador resolver, e não... O Governador do Estado, que nasceu do povo, com a mesma legitimidade do Presidente Luiz Inácio. Vai o Ministro e nem procura o Governador do Estado. Hoje, veio o desabafo dos representantes do povo, da Assembléia Legislativa, pelo seu bravo Senador.

Mas nós advertíamos o Presidente de que não adianta esse negócio. Olha, Abraham Lincoln disse, Gim Argello: “Nós podemos enganar muitos por pouco tempo, poucos por muito tempo, mas ninguém pode enganar todo mundo todo o tempo”. É como aquela novela que está aí, em que a mulher diz: “Chega! Chega! Chega! Chega de mentira!” Nós estamos advertindo. Foi o que Deus disse: “Comerás o pão com o suor do teu rosto”. Trabalho. O apóstolo Paulo, mais exigente, ô Zezinho: “Quem não trabalha não merece ganhar para comer”. “Quem não trabalha não merece ganhar para comer”, disse Paulo - o Paim está aí -, o patrono dele. O trabalho.

Eles vão naquela conversa do Duda Mendonça, que é o Goebbels de Hitler. O Hitler tinha um Duda, que dizia que uma mentira repetida se torna verdade. Aí, disse que... Uma maravilha!

Atentai bem! Vamos abrir aqui o Jornal do Brasil: “Brasil é líder no desemprego”.

Olha, como fazem os cinegrafistas, a quem rendemos homenagens, bote aqui! De vez em quando, eu vejo os e-mails... É essa câmera aí que bota? Isso, levanta aí, faz um esforço pela verdade, bota do tamanho de um outdoor, faz de conta que é o Mercadante, o Líder do PT. É O Globo. Bota aqui. Botou? O campeão do desemprego. Caiu por terra.

Eu aprendi no meu Piauí, com o caboclo que diz, ô Senador Carvalho, V. Exª que é homem de Deus - é evangélico, internacional, anda pregando -, e eu nunca vi um provérbio errar, Gim Argello. Tem provérbio até na Bíblia. Lá, no Piauí, a turma diz que “a mentira tem perna curta”. Outro diz que “é mais fácil tapar o sol com uma peneira do que esconder a verdade”.

O Brasil é o líder do desemprego. O essencial é invisível aos olhos. Quem vê bem vê com o coração. A desgraça é maior, Luiz Inácio. Os aloprados estão lhe enganando. Olha aí! O pior é que é entre os jovens.

Há melhor coisa do que a juventude, do que a mocidade?

Por isso é que detectei. Se fossem pessoas que já estão no fim da vida, está certo, mas é a juventude!

Meu amigo, faça a cooperação, em homenagem ao nosso cinegrafista que faleceu. Olha este gráfico aqui! É outro jornal, Folha de S.Paulo.

Luiz Inácio, não adianta!

Olha, bote esse gráfico bem grandão aqui!

Por isso se faz essa campanha contra o Senado da República. Só tem um sentido estarmos aqui, que é levar a verdade, salvaguardar a democracia.

Gim Argello, grande Presidente, de Brasília, olhe aqui este gráfico, o grandão, da Folha de S.Paulo. “Desemprego entre jovens é 3,5 vezes o dos adultos”. Então, o jovem está sem emprego, sem esperança, sem trabalho.

Luiz Inácio, Voltaire, um parlamentar francês, disse, ô Paim, que o trabalho nos livra pelo menos de três desgraças: o tédio, a pobreza e a preguiça. Então, vamos dar isso logo à juventude, e tirá-la do trabalho?

Está aqui, olhem o gráfico: 46,6% dos jovens acima de 16 anos aos 25 anos, a juventude, quase a metade, sem trabalho e sem emprego.

E aí? Olhem a ociosidade. Voltaire falou do tédio e da preguiça.

Então, o trabalho é tão importante, tão importante, Mozarildo - que é médico -, que até hoje a Psiquiatria tem a terapêutica ocupacional. Sem trabalho é a desgraça. E nós sempre dizíamos: “Não é por aí. Vamos buscar e criar trabalho”. A mensagem de Deus é que é dever e obrigação dos governantes propiciar trabalho. É fácil, já fui Prefeitinho, já fui Governador. Não aí...

Então, está aqui, quase a metade: 46,6%. Agora, quem informa isso aí? Luiz Inácio, a mentira tem pernas curtas! É o Ipea. Não sou eu, Senador do Piauí. O Ipea é um instituto do Governo - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. O Ipea, os técnicos do Ipea, os economistas pesquisaram. Daí a fuga dos brasileiros para outros países: mulheres, homens, rapazes, moças.

O desemprego está aqui.

Agora, o mais grave de tudo - atentai bem! - tanta propaganda, tanta mentira.

No que se refere à educação de nível superior e tomando como universo de comparação os países da América Latina e do Caribe, o Brasil está em último lugar. Está em último lugar! É verdade.

“Em verdade, em verdade, eu vos digo...”. Cristo falava assim, e nós somos irmãos de Cristo. Em verdade, em verdade eu vos digo, Mozarildo, nós somos os últimos em educação. Ele vai mais: da América Latina. Não é do Primeiro Mundo, não. Não estou falando dos Estados Unidos, da Inglaterra, da França. Não! Olha, o Brasil está em último lugar.

O número de brasileiros com idade entre 20 e 24 anos que freqüenta a universidade é de apenas 213 por grupo de 10 mil habitantes.

Apenas 2% dos brasileiros estão na universidade. Os outros países todos têm mais. O Brasil é o que tem menos; está perdendo também. Só 2% da nossa mocidade está na universidade. É o último lugar no gráfico.

Então, enquanto nós temos 46,6% de jovens, que são a nossa riqueza, a idade do sonho e da beleza, o México tem 40,4%; a Argentina, 39,6%; a Grã-Bretanha, 38,6%; a Suécia, 33,3%; os Estados Unidos, 33,2%; a Itália, 25,9%; a Espanha, 25,6%; a França, 22,1%; a Alemanha, 16,3%.

Então, nós somos o país líder no desemprego. Infelizmente, essa é a verdade.

Paulo Paim, V. Exª não se desespera e confia no trabalho e no trabalhador. E sempre digo que é uma pena, mas tenho dito para o Presidente Luiz Inácio meditar.

Gim Argello, V. Exª que é um homem dessa ilha de riqueza que é Brasília, atentai bem! Bill Clinton, aquele bonitão, namorador, Presidente dos Estados Unidos... Luiz Inácio, na primeira vez que foi governante, eu votei nele, em 1994. Todos nós queremos que ele tenha êxito; ele é o nosso Presidente, ele ganhou as eleições, mas ele tem que aprender aqui. Então, há cinco anos, eu disse que Bill Clinton foi quatro vezes Governador do Arkansas. O seu mérito foi a educação. E está aqui o gráfico: temos a pior educação. Da mocidade, só 2% estão na universidade. Atentai bem! Bill Clinton foi quatro vezes Governador do Arkansas, e o seu mérito, ô Gim Argello, foi a educação. Daí, ele galgou e tornou-se candidato a Presidente. Então, Bill Clinton viu que era complicada a democracia, que era difícil. Aí mandou buscar os melhores técnicos para reestudar, reinventar o governo. Ted Gaebler e David Osborne fizeram - quantas vezes eu disse isso aqui, Paim? Quantas vezes, João Pedro? É porque você chegou agora, João Pedro - Reinventando o Governo. Eu assisti a uma aula deles.

Tem que estudar, Luiz Inácio. Foi um erro Vossa Excelência dizer que não gosta de ler; que ler uma página de livro dá uma canseira muito grande e que é melhor fazer uma esteira.

Olha o que vem! Vem a verdade. A inflação já está aí, deixem de conversa! Estão fazendo tudo para mascarar a inflação: tiraram os impostos do pãozinho francês porque ele vai disparar; a gasolina, porque a massa tem carro e todo mundo está pegando dinheiro emprestado para comprar carro em dez anos. Isso, aliás, é a maior loucura que existe. É a escravidão da vida moderna. A Princesa Isabel resolveu o problema da escravidão, mas a escravidão moderna é a dívida. Imaginem um jovem se endividar por dez anos para ter um carro! Acabou-se! Abraham Lincoln, que fez aquele país próspero, disse: “Não baseie sua prosperidade em dinheiro emprestado”. V. Exª sabe. Vá ter um cheque ouro para ver onde você pára! É a escravidão do mundo moderno.

O Governo tem sido, com o Bolsa-Família, o pai dos pobres, mas por outras ações suas tem sido o pai e a mãe dos banqueiros. Quem está bem são os banqueiros, que estão estimulando todo mundo a se endividar. Vai chegar a um ponto em que todo mundo vai estar argolado. A escravidão da vida moderna é a dívida.

Ô Paim, quero lhe dizer o seguinte: sabe o que acho que é um bom estado? É o liso. Está liso, está liso. A pior desgraça é estar endividado. Eu já tive um rolo desse com cheque ouro. Sem roubar, sem mensalão, sei que é difícil sair dessa situação. Eu digo: é difícil. Eu já tive um diabo desse negócio de cheque ouro. Depois que você entra, para sair é muito difícil. Eu tive e eu vejo. Todo mundo está se endividando com os bancos. Esta Pátria está boa é para os banqueiros.

Mas olhem o que digo: Ted Gaebler e David Osborne foram ao Nordeste, fizeram uma palestra no Banco do Nordeste, a que eu fui assistir. Resumindo, Mozarildo, eles disseram que um governo não tem que ser grande demais, não. O governo tem que ser menor, tem que ser ágil. Se ele ficar grande demais, não anda. Mesmo o Titanic, com toda sua tecnologia, afundou. O governo afunda.

Então, um governo que nomeia 25 mil de uma vez para funções gratificadas! O “Rei da Guerra”, o Bush, nomeou só 4,5 mil, e os Estados Unidos são maiores territorialmente, maiores populacionalmente e mais ricos do que nós. O Sarkozy, esse namorador, Senador João Pedro - pegou uma garotinha nova -, sabe quantos ele nomeou? Trezentos e sessenta. Luiz Inácio nomeou 25 mil cargos de confiança. Tony Blair, cento e sessenta - existe uma máquina administrativa, e ela está lá. Na Alemanha, seiscentos.

Então, quarenta Ministros! Eu não sei o nome de dez! Não sei se V. Exªs sabem...

Olha o que diz, Paim, no jornal Valor Econômico, Álvaro Bandeira, autoridade em Economia. “Excesso de gasto público é entrave ao crescimento, dizem economistas”.

Olha, Rui Barbosa...

Senador Carvalho, V. Exª, que é de Deus: a pátria é a família amplificada. Fui prefeitinho e fui Governador de Estado. Administrar um Estado é quase a mesma coisa que administrar a casa, algo que a dona de casa sabe fazer. Não se economiza na casa da gente? Com a crise, a gente diminui a conta de luz, de água, diminui o número de funcionários, a gente vai ao supermercado e procura o que é mais barato. Estou comprando vinho argentino com a Adalgisinha para tomar à noite porque é mais barato. Vi uma champanhe que custa R$900,00. Tu é doido? Vamos tomar é Chandon, que custa R$40,00. E assim a gente vai. A dona de casa é que sabe administrar. A pátria é a família amplificada. Não dá jeito.

O que diz o artigo? “Excesso de gasto público é entrave ao crescimento, dizem os economistas.” Já está acontecendo: a inflação já está aí.

Olha, sou muito prático, a minha mulher é quem faz as contas, Mozarildo, mas eu sei uma. Quando eu fui eleito, eu tinha um carro - o mesmo carro, porque não ganhei mensalão para comprar outro.

É o seguinte. Eu sempre fui assim, prático: era na gasolina. Eu sei que, quando fui eleito, eu enchia o bichão, e gastava cinqüenta pau. Cinqüenta pau para encher o carro com que saio por aí, viu, Mozarildo? Agora, já está quase duzentos para encher o tanque. Então, a inflação está aí.

O petróleo é nosso, cantaram por aí. Agora, é deles. É caro, é o mais caro do mundo. O Mozarildo é que sabe: contrabando lá no Estado de Roraima, porque lá é mais barato.

O SR. MOZARILDO CAVALCANTI (PTB - RR) - Venezuela.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Em Roraima e na Venezuela. Vão buscar lá.

Então, a inflação está aí. O meu exemplo é o do carro. Era cinqüenta pau na minha campanha de Senador, agora gasto quase duzentos para encher o tanque. Então, esse negócio aumentou. Quem compra o arroz e o feijão deve estar sentindo a mesma coisa.

Mas olha aqui o que diz o jornal Valor Econômico, Álvaro Bandeira: “Os problemas são os gastos do governo e o tamanho do Estado”.

É aquilo que nós dissemos desde o começo: Luiz Inácio, não está certo, tem que ter austeridade. Austeridade! Austeridade é que leva à prosperidade.

Cacarejar é muito fácil - é homem cacarejando, mulher cacarejando -, mentir é muito fácil, enganar é muito fácil, mas está aqui. O futuro não, é hoje.

As transferências não geram riquezas. Eu não estou contra esse negócio de dar Bolsa-Família. Eu dei. Eu fui o primeiro brasileiro a fazer esses restaurantes populares - o Mário Covas, o Garotinho foram comer no meu restaurante do Piauí. Tinha o programa Luz Santa... Eu não estou contra, mas é preciso entender que as transferências não geram riqueza, não geram, não geram. Dividiu, está certo, mas estamos nos empobrecendo. O que gera riqueza é o trabalho e o trabalhador. Mas como gerar riqueza se a juventude não tem trabalho, não tem emprego? Está desaparecendo a máquina.

Olha que já estão falando de novo em CPMF! Se manquem, aloprados! Este País tem 76 impostos!

(Interrupção do som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Nós somos é preparados mesmo! São 61 anos, muito estudo, muita formatura. Foi longo e sinuoso! Este País tem 76 impostos! É o campeão também de impostos. Neste País, brasileira, brasileiro e todos nós, dos doze meses de trabalho ao ano, cinco meses são para o Governo. E ele não lhe devolve em segurança, não lhe devolve em educação, não lhe devolve em saúde nem em esperança e em perspectiva para a mocidade. E mais: um mês para os bancos! Quem se livra deles? Quem é que não tem conta em banco? É a taxa mais alta. Então, aqui é a verdade.

Bandeira não poupou críticas à proposta de um fundo soberano, anunciada pelo ministro Guido Mantega. “Não consigo ver um objetivo no fundo soberano brasileiro.”

Ainda querem pegar um bocado de dinheiro, aumentar e fazer um fundo soberano para dar para as empresas investirem fora!

Olhem aqui, um quadro vale por dez mil palavras. O essencial é invisível aos olhos. Quem vê bem vê com o coração.

Valor Econômico:

Votorantim [da qual todo mundo se orgulha; é uma empresa do Antonio Ermírio de Moraes, trabalhador] anuncia investimento de 150 milhões este ano em minas de sete países.

Isso quer dizer que a Votorantim está vendo as dificuldades, as perspectivas. O Sr. Antônio Ermírio de Moraes, sabidão, já está investindo...

O Vice-Presidente da República, o homem mais rico aqui, o maior patrimônio dele está bem ali, na Argentina. É a maior fábrica têxtil.

Este é o País!

(Interrupção do som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - ...que ganhou as eleições ganhou, usando esses métodos. Hitler também ganhou sucessivas eleições. Adolf Hitler teve 96% de aprovação em pesquisa, mas a gente tem de ter a verdade, e a verdade é aqui.

Rui está ali, porque ele disse que só há um caminho e uma salvação: a lei e a justiça. E eu digo: Ó Luiz Inácio, só há um caminho e uma salvação para o Brasil, o trabalho e os trabalhadores serem valorizados.

Obrigado.