Fala da Presidência durante a 60ª Sessão Especial, no Senado Federal

Comemoração do centenário da fundação da Associação Brasileira de Imprensa.

Autor
Inácio Arruda (PC DO B - Partido Comunista do Brasil/CE)
Nome completo: Inácio Francisco de Assis Nunes Arruda
Casa
Senado Federal
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
HOMENAGEM. IMPRENSA.:
  • Comemoração do centenário da fundação da Associação Brasileira de Imprensa.
Publicação
Publicação no DSF de 25/04/2008 - Página 10737
Assunto
Outros > HOMENAGEM. IMPRENSA.
Indexação
  • ENCERRAMENTO, SESSÃO ESPECIAL, HOMENAGEM, CENTENARIO, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE IMPRENSA (ABI), COMENTARIO, HISTORIA, IMPRENSA, BRASIL, FATO, NECESSIDADE, JOSE BONIFACIO DE ANDRADA E SILVA, VULTO HISTORICO, JOSE DE ALENCAR, ESCRITOR, CRIAÇÃO, JORNAL, GARANTIA, LIBERDADE DE IMPRENSA, EXERCICIO, OPOSIÇÃO, POLITICA NACIONAL.
  • DEFESA, DEMOCRACIA, MEIOS DE COMUNICAÇÃO, ACESSO, DIVERSIDADE, OPINIÃO.
  • CONVITE, LANÇAMENTO, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE IMPRENSA (ABI), MOVIMENTAÇÃO, DEFESA, REGIÃO AMAZONICA.

            O SR. PRESIDENTE (Inácio Arruda. Bloco/PCdoB - CE.) - Srªs e Srs. Senadores, Srs. Convidados, antes de concluir a nossa sessão de homenagem à Associação Brasileira de Imprensa, registro a presença do Prefeito de Tejussuoca, terra próxima a Redenção, no Estado do Ceará. Redenção é a terra de Pompeu de Souza, esse grande Senador, grande jornalista. Está aqui conosco o Prefeito Edilardo Eufrásio, acompanhando a nossa sessão.

            Quero lembrar dois episódios históricos. Tivemos a fundação da imprensa brasileira no exterior, no exílio. Logo após a Independência ou um pouco antes dela, tivemos a saga do patriarca da Independência, que, assim como o Senador Mão Santa - não sei se para se defender dos outros jornais -, teve que criar e fundar um jornalzinho. Mas o Senador, o Patriarca da Independência, José Bonifácio de Andrada e Silva teve que fundar um jornal para se defender dos ataques virulentos da mídia da época. A liberdade de imprensa pressupõe que todos possam se pronunciar, mas, às vezes, apenas uma pequena parte da população tem o direito de se pronunciar, tem o direito de defender as suas idéias e assacar contra todos posições muitas vezes injustas e inverídicas. E, para buscar a verdade, o Patriarca então teve que fundar o seu jornal para se defender e atacar os seus adversários, que era o que ele fazia.

            Outro, lá do Ceará, que virou Deputado Federal, mas era jornalista e advogado, mas ficou renomado no Brasil como escritor e romancista: José de Alencar. Ele teve que fundar cinco jornais. Escrevia em um, mas quando as idéias começavam a se incompatibilizar com as idéias dos donos dos jornais, os proprietários, ele tinha que pedir para sair, porque as idéias não cabiam mais ali. E teve que, ao longo da sua história, fundar mais de cinco jornais para poder defender as suas posições, as suas opiniões, até se transformar, no plenário do Congresso Nacional e mesmo no governo, ainda no Império de D. Pedro II, no inimigo do rei, embora fosse do partido do rei, do Partido Conservador. Mas virou inimigo do rei, porque também as suas idéias não se compatibilizavam mais com a do governo do Imperado Pedro II. Era, portanto, uma luta atroz.

            Nos dias atuais também, uma das causas mais importantes da vida política brasileira, que se mantém na ordem do dia - por isso, a existência da ABI se transforma numa necessidade permanente: a causa da liberdade de imprensa. Quer dizer, é garantir a todos os segmentos da sociedade que têm opiniões, muitas vezes distintas umas das outras, o direito de poder se expressar através de órgão de comunicação, do rádio, da televisão, que ainda está nas mãos de poucos; poucos no Brasil têm esse direito.

            Então, essa liberdade para ser alcançada precisa de ampla democratização dos meios de comunicação do nosso País. É uma bandeira fortíssima do nosso País: garantir a democratização dos meios de comunicação no Brasil para que a verdade então possa se expressar, confrontando entre as várias idéias e as várias opiniões quais as que mais interessam ao povo brasileiro.

            Encerro, meu caro Maurício Azêdo, fazendo um convite público para um acontecimento que marca a história da ABI. A Drª Maria Augusta Tibiriçá, uma médica de 90 anos de idade, mas com um vigor esplendoroso, vai lançar, na segunda-feira, na sede da Associação Brasileira de Imprensa, um movimento que será denominado Movimento Nacional em Defesa da Amazônia, para que os interesses maiores do povo brasileiro, não só dos que vivem na Amazônia, mas de todo o povo brasileiro, sejam expressos verdadeiramente. Será na segunda-feira, na sede da ABI.

            Portanto, a ABI tem essas causas, que são as de todo o povo, de toda a Nação brasileira, que deixamos em suas mãos. A Dr. Augusta é médica, não é jornalista, mas, daqui a pouco, a ABI vai ter que associá-la na Associação Brasileira de Imprensa como uma daquelas que mais marcaram também a vida da ABI.

            Meu caro Presidente, quero render mais uma vez as homenagens do Senado Federal a esta importantíssima instituição do povo brasileiro. Disse-nos aqui o Presidente Garibaldi que quem a está homenageando é o povo brasileiro, porque foi o povo brasileiro que recebeu das mãos da ABI bandeiras extraordinárias de luta em defesa dos maiores interesses da nossa Pátria.

            Por isso, os nossos parabéns à Associação Brasileira de Imprensa, em seu nome, Maurício Azêdo.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/04/2008 - Página 10737