Discurso durante a 88ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Elogios ao lançamento do livro "Pátria somos todos", de autoria do Senador Paulo Paim.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Elogios ao lançamento do livro "Pátria somos todos", de autoria do Senador Paulo Paim.
Publicação
Publicação no DSF de 29/05/2008 - Página 17002
Assunto
Outros > HOMENAGEM. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • ELOGIO, PAULO PAIM, SENADOR, LANÇAMENTO, LIVRO, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS).
  • CRITICA, ATUAÇÃO, GOVERNO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), FAVORECIMENTO, BANQUEIRO.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Parlamentares, brasileiras e brasileiros aqui presentes e que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado, esta Casa, nos seus 183 anos, além de exercer suas funções, tem uma participação cultural muito grande. E isso se dá não apenas por meio do Presidente José Sarney e do Presidente Marco Maciel, que figuram na Academia Brasileira de Letras: aqui mesmo, Presidente Sarney, de quando em quando, Senadores mostram sua vocação literária.

            Na semana passada, fui ao lançamento de um livro de um Senador do Rio Grande do Sul, do Partido dos Trabalhadores, o Paulo Paim. O livro foi lançado lá no Centro de Tradições Gaúchas.

            O Paulo Paim, Senador Antonio Carlos Valadares, é uma espécie de Martin Luther King. Ele é um autêntico, não é? E ele tem também essa capacidade literária. Ele foi tão feliz como o foi Rui Barbosa, cujo busto está ali, ó Romeu Tuma. Definindo a pátria, ele disse: “A pátria não é ninguém. Somos nós. A pátria é a família amplificada”. Assim falava Rui Barbosa. E o Paim, com inspiração própria, lança o livro Pátria somos todos. É muito oportuno, porque as coisas vêm assim, num momento em que os preconceitos... Eu acho que não existem mais. Eu acho que a nossa pátria não tem mais negócio de branco, não tem mais negócio de negro, não tem mais negócio de índio, não tem negócio de orientais, de europeus. Aliás, a ignorância é audaciosa. José Bonifácio já falava nessa miscigenação de raças. Somos nós. Não acredito em raças; não creio.

            Digo isso dos preconceitos porque a vida tem me ensinado. Professor Romeu Tuma, eu tenho 65 anos de idade, e Deus me permitiu estudar em muitos bancos, muitas formaturas, muito, muito, muito. De todos os professores que tive, o que mais me impressionou foi um professor negro, da minha cidade de Parnaíba. Foi o Professor José Rodrigues. Mas não impressionou só a mim, não. O mais sábio, hoje, dos brasileiros, é o economista João Paulo dos Reis Velloso, o melhor Ministro do Planejamento da história deste País. Filho de carteiro com costureira, aos dez anos de idade, ele abria a fábrica de meu avô. Esse homem, mania se primeiro lugar, Harvard, de repente, foi o farol, a luz do período revolucionário, que nos trouxe muito progresso - mesmo cerceadas as liberdades em alguns aspectos. Mas a luz era João Paulo dos Reis Velloso.

            João Paulo dos Reis Veloso deu um grande ensinamento. Ele nasceu na minha cidade. Vinte anos de mando. Augusto Botelho, nenhuma indignidade, nenhuma imoralidade, nenhuma corrupção. Esse Ministro, em um período revolucionário, Romeu Tuma, foi visitar a minha cidade, a nossa cidade, a cidade dele, de Evandro Lins e Silva também, Parnaíba. E eu era Deputado Estadual novinho, Antonio Carlos. O Governador do Estado era o ex-Senador Lucídio Portella, irmão de Petrônio Portella. E toda a cidade foi buscar o filho, o Ministro.

            Eu me lembro, Romeu Tuma, que eram mais ou menos 10 horas, 11 horas, o sol quente do Nordeste, carros, todos, de repente, o Ministro disse, Antonio Carlos Magalhães Júnior: “Pára, pára, pára”. Parou o cortejo. Ele viu que era a casa do professor José Rodrigues Filho, de cor negra. E o Ministro saltou do carro. Eu o acompanhei, porque ele tinha sido o meu professor também, embora eu fosse mais novo. Ai, com todo o mundo parado, no sol quente, ele tranqüilamente puxou essa homenagem. V. Exª casou com uma professora de azul e branco da escola normal e eu também. E ele ficou conversando, mostrando a gratidão àquele professor. Ele tinha ido ao Piauí justamente determinar a conclusão de uma ponte do Jandira que liga o Piauí ao Maranhão.

            Nasci numa cidade que, pelo contrário, cultua quem tem cor negra: o melhor professor, o melhor mestre, todos nós. Eu mesmo, Deus me permitiu ser Prefeito dessa cidade, Governador do Estado, fiz várias homenagens de nome de colégio, de praça, com ele, com a esposa dele e com familiares.

            Aqui, sem dúvida nenhuma, um dos companheiros que mais nos prende é o Paulo Paim. Entendo que é hora de este País e do próprio Partido do Paim vê-lo. Acho que ele pode ser o Obama do Brasil. Está aí o Partido dos Trabalhadores. Augusto Botelho, seu Partido está errado. Esse Paim pode ser... Vimos as qualidade dele. Ele é autor de vários livros: O Rufar dos Tambores; Salário Mínimo - Uma História de Luta; Cumplicidade; Vidas, Sonhos e Poesia; e lançou este livro aqui, que enriquece a cultura do Brasil.

            Ele busca todos que fizeram a grandeza do Rio Grande do Sul e do Brasil e homenageia-os. As personalidades do Rio Grande do Sul, que conhecemos, de importância na política e que ele homenageia são: o almirante negro João Cândido; Leonel Brizola; Sepé Tiarajú, um índio; Getúlio Vargas; Érico Veríssimo - Olhai os Lírios do Campo, não é, professor Cristovam? -; Mário Quintana. Mas o que mais me cativa é a homenagem que ele faz aos lanceiros negros.

            Precisamente cem anos antes de Getúlio - atentai bem como é a história! -, os gaúchos foram os primeiros a sonhar com a liberdade do negro e com um governo democrático do povo, a República. Cem anos! E levaram dez anos. E foram os negros, os lanceiros negros que, por dez anos, garantiram essa guerra precursora da liberdade dos negros e da República. Como conseguiram o apoio desses lanceiros negros? Prometendo que eles que seriam libertados após a guerra. Finalmente o Império ganhou, com Pedro II, Duque de Caxias, e não veio a liberdade dos negros, mas, mesmo assim, eles enfrentaram os soldados do Império e foram trucidados.

            Esse foi o primeiro sonho do nascimento, da liberdade dos negros e da nossa liberdade política com a República.

            (Interrupção do som.)

            O SR. PRESIDENTE (Romeu Tuma. PTB - SP) - Senador, de quanto tempo V. Exª precisa?

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Dois minutos.

            Então, é interessante reviver isso. Foram trucidados os lanceiros negros. Com toda a certeza, o Paim é um descendente desses lanceiros negros. Operário, trabalhador, ele adentrou esta Casa. Sem dúvida nenhuma, ninguém mais do que ele tem defendido o salário do trabalho, fiel ao nosso patrono Rui Barbosa, que disse que a primazia é do trabalho e do trabalhador. Eles vieram antes. Eles que fizeram a riqueza. E assim tem sido o Paim nesta Casa.

            Mas é triste dizer que o Partido dele, o Partido dos Trabalhadores, que ele sonhou, sobre o qual ele escreve, transformou-se no partido dos banqueiros. Se o nosso Presidente Luiz Inácio tem sido o pai de muitos pobres, ele tem sido a mãe dos banqueiros.

            Aqui está o Jornal do Brasil : “Juros extorsivos no cheque especial”.[...] É uma linha de crédito de baixa qualidade por causa de seu custo elevado. Infelizmente as pessoas a usam por descontrole”.

            Se você tira R$500, você paga, em um ano, R$1.259,00. E o povo do Brasil é iludido, Presidente Sarney, com esse apoio que se dá...

(Interrupção do som.)

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - ...o PT se transformou em PB - Partido dos Banqueiros.

            Presidente Sarney, V. Exª que é o Richelieu que Luiz Inácio pode ter, lembre-se de Abraham Lincoln: “Não baseie sua prosperidade em dinheiro emprestado”. Eu me preocupo, Presidente Sarney. Nós nos livramos da escravidão dos homens de cor preta, mas a escravidão moderna é a dívida. Da outra, a Princesa Isabel cuidou. Os lanceiros negros se sacrificaram. A escravidão hoje, da vida moderna, é a dívida. País que estimula velhinhos, idosos e aposentados a pegar dinheiro emprestado!

            Abraham Lincoln: “Não baseie sua prosperidade em dinheiro emprestado.”

(Interrupção do som.)

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Um minuto só, Sr. Presidente.

            Estimula-se a defesa dos banqueiros. Está aqui no jornal: “Nunca se ganhou tanto dinheiro.”

            Presidente Sarney, comprar-se um carro em dez anos? Vemos como estão as ruas! Quem está ganhando são os banqueiros.

            E a nossa mocidade: escrava! A dívida é a escravidão da vida moderna.

            Queremos advertir esta Casa, Jarbas Vasconcelos, para valorizarmos o trabalho e o trabalhador. Esses que fizeram a riqueza.

            Este é o Governo: a mãe dos banqueiros, dos que estão enriquecendo, escravizando a mocidade brasileira.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/05/2008 - Página 17002