O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Geovani Borges, que preside esta sessão de 29 de maio, Parlamentares que estão na Casa, brasileiros e brasileiras aqui presentes e que nos assistem pelo Sistema de Comunicação do Senado Federal.

Senador Geovani Borges, é preciso entender a função disso. O sentido do Senado, do Poder Legislativo, é fazer leis boas e justas - a exemplo das leis de Deus entregues a Moisés -, é controlar os outros contrapoderes, frear os outros contrapoderes, e denunciar.

Teotônio Vilela, um grande Senador do nosso Partido, nos deu um exemplo. Moribundo, com câncer, ele denunciava aqui a ditadura, procurando acordar o nosso País para a redemocratização. E ele dizia: "Falar resistindo e resistir falando."

Venho a esta tribuna justamente quando vamos terminar o mês de maio, que é o mês do trabalhador, Dia 1º de maio. O Senador Geovani Borges fez um pronunciamento muito preocupante. Ele, que é do PMDB, aliado do Presidente da República, e o irmão foram firmes. Fez uma advertência muito boa ao Presidente Luiz Inácio: a juventude, a mocidade, está sem perspectiva de trabalho.

Jesus disse: "Comerás o pão com o suor do teu rosto." Ó Luiz Inácio, é uma mensagem de Deus. Os governantes têm de propiciar trabalho. O Apóstolo Paulo foi mais contundente e disse: "Quem não trabalha não merece ganhar para comer." Rui Barbosa, que está ali e nos simboliza, disse: "A primazia é do trabalho e do trabalhador. Eles vêm antes, eles fazem a riqueza."

Geovani Borges, na sua pureza, fez-me lembrar do México. Lembro o nosso querido Presidente Luiz Inácio. Ele tem viajado, foi às pirâmides do México. Lá no Palácio, que é na praça principal, há uma frase do General Obregon, que dizia que preferia o adversário que o levava à verdade ao bajulador, ao puxa-saco, ao aloprado que o enganava. Então V. Exª deve ser olhado assim. Geovani Borges advertiu, e todos nós estamos preocupados que a nossa mocidade está sem perspectiva de trabalho. O trabalho dignifica, o trabalho enobrece.

Olha, eu sou médico cirurgião, tenho uma boa formação na Medicina. Os hospitais psiquiátricos têm a psicoterapia do trabalho, a terapêutica do trabalho.

Eu iria buscar um dos melhores parlamentares da história do mundo, Voltaire, que lutou contra a intolerância religiosa, contra a intolerância da falta de liberdade. Ele disse: “O trabalho nos afasta de pelo menos três grandes males: o tédio, a preguiça e a pobreza.

Então, esse pronunciamento de V. Exª foi muito oportuno, muito sério e acho que deva ser ouvido pelo nosso Presidente Luiz Inácio, porque está partindo de um aliado, de um amigo.

E vai no mesmo sentido. Se abrimos o Livro de Deus, está lá Tiago. Ô Luiz Inácio, você não gosta de ler muito, mas esses cultos religiosos todos são bons. Eu sou católico, mas é tudo bom. Até na televisão tem uns pastores que falam bonito.

E Tiago disse que fé sem obra já nasce morta. Eu quero ajudar o Luiz Inácio. Esse negócio de PAC... Olha, tem muito é negócio de cacarejar. É uma confusão, uma zoada.

Já fui prefeitinho e Governador do Estado. Devemos terminar as obras dos que nos antecederam. Isso é importante. Há mais de 500 obras inacabadas, disse o Tribunal de Contas da União - não sou eu. No Piauí, há umas 30, federais.

Ele ganhou em todo lugar, mas, no Piauí, ganhou sempre bem. O Governador é do Partido dos Trabalhadores. Eu votei, em 1994, neles.

Então, eu traria e-mails que nós recebemos. V. Exª já deve estar recebendo muitos, e eu, por estar aqui há mais tempo, recebo muitos e-mails do Brasil todo, mas muitos do Piauí, e há uma série de obras inacabadas.

Não vou complicar o nosso Luiz Inácio. Vou trazer só dez, que é um número bonito - dez são os mandamentos da lei de Deus, dez é a nota que dou para V. Exª, que fez um pronunciamento muito bom -, para mostrar a realidade. Um quadro vale por dez... Me mandaram uma lista de trinta, mas vou falar de dez, para não complicar.

Porto. Olha começou por Epitácio Pessoa. Aí, você diz: “Mas Mão Santa, você nunca acabou e foi Governador”. Não acabei porque, antes de mim, o Governador privatizou. Deu para uma empresa privada, e eu não podia pagar. Mas os tempos são outros. O Governador é do mesmo lado, tomaram. Botei até as minhas emendas para lá, R$17 milhões de uma vez, e três.

Então, esse porto começou por Epitácio Pessoa. Olha, Epitácio Pessoa, lá da Paraíba, começou. Tem US$90 milhões encravados, e com 10 milhões se termina.

Vejo falar de tanto dinheiro que tem. São 200 milhões aí. Hoje mesmo já foi dito pela Líder do PT. Então, daria esses 10 milhões, e ele ficaria consagrado, um porto.

Sei que hoje há um porto extraordinário no Maranhão, que é um dos melhores portos do mundo. E, do outro lado, há no Ceará. Mas um porto que serviria no mínimo para fazer, Luiz Inácio, um terminal de combustível, de petróleo. Eu sei das coisas.

Paracuru é uma cidadezinha bem pequenininha do Ceará, 100 quilômetros. Eu vou até lá. Há um bar de um francês lá. Olha, e tem...

O petróleo do Brasil é o mais caro do mundo. E o do Piauí, do Norte, é o mais caro do Brasil. O petróleo daqui é o mais caro do mundo.

A confusão de Roraima, não sei no seu Estado, é o contrabando de petróleo, porque o Chávez vende barato. O gás é o mais caro do mundo. E o do Piauí é mais, porque, para chegar ao Piauí, ele vai de Fortaleza para Teresina e para o nosso litoral, ou de São Luís para Teresina. Então, bastaria isso, e já se justificaria o porto.

As ZPEs, que são um sonho de Sarney... Ele visitou a China quando Presidente... E dava uma... Dava... Para o próprio porto de Luís Correia essa ZPE. Estão lá, paradas, só na propaganda.

Estrada de Ferro Central do Piauí. Dizem: “Mas Mão Santa”!

Ontem eu votei com o Governo, não votei? Porque a medida provisória favorecia os pequenos produtores de refrigerante. Eu me lembro de que, na minha cidade, Parnaíba, havia três fabricas: era o Guaraná Tupi, o Guaraná Iracema e o Nordeste. Quando a gente jogava futebol no meio da rua, de pés descalços, Geovani Borges, a gente não gostava desse negócio de taça - menino era menino danado! A gente jogava uma caixa de guaraná contra o outro. Apostávamos! Quem ganhava saia tomando guaraná.

Havia três fábricas, e, de repente, elas desapareceram engolidas pelas poderosas. Naquela medida, naquele rolo, estava incluído um apoio. Por isso, eu votei. Eu voto com os pequenos, com o povo! Não foi para o Governo, não. Por isso, votei, porque eu vi falirem muitas fábricas de refrigerante que havia na minha infância.

Mas a Estrada de Ferro Central do Piauí... Olha, nas últimas eleições, foi lá o Prefeito de Parnaíba, o Governador, o Presidente Luiz Inácio, o Alberto Silva, o Presidente do meu Partido. Em 60 dias, estaria o trem circulando de Parnaíba para a praia de Luís Correia; quatro meses, para Teresina. Não trocaram nenhum dormente. Sabe o que é um dormente? É aquele pau que segura os ferros.

Quer dizer, então, o povo não esquece, ninguém esquece. Está lá.

Então, fica feio prometer e não cumprir. A verdade. Cristo disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”. Quando ele falava, ele dizia: “Em verdade, em verdade, eu vos digo”. Não foi verdade o que o Luiz Inácio disse no litoral do Piauí, com o Governador do Estado do Piauí, com o Prefeito de Parnaíba.

Então, está em tempo de recuperar.

A Universidade do Delta, um projeto de lei que eu fiz aqui. O Alvaro Dias... Há um de um campus avançado na cidade de Parnaíba. João Paulo dos Reis Velloso, que foi o Ministro... E, transformando, o Alvaro Dias foi o Relator, foi aprovado em todas estas Comissões daqui, na CAE, na de Justiça, na de Educação, aqui. E Paulo Renato, o extraordinário Ministro da Educação do Governo Fernando Henrique Cardoso... E não sai a Universidade do Delta.

Aeroporto Internacional. Olha aí como se cacareja. Aí é que é o feio. E dizem que eu sou inteligente. Não. Sou verdadeiro. Esse negócio não dá para a gente mentir. O mundo diz que há aeroporto internacional pela propaganda que fizeram.

Na minha cidade, quando eu era menino, a gente ia de avião de Parnaíba. Saía parando aí... Teresina. Aí, saía parando nestas capitais - era bom que aprendia Geografia: Natal, Aracaju, Recife, Salvador, e acabava chegando ao Rio de Janeiro. Mas eu fiz isso, quando menino, Geovani Borges. Havia até Panair, Aerovias, Aerobrasil, Aeronorte. Havia até uma do Pará, Paraense Transporte Aéreo, PTA. Aí, diziam “Prepare a Tua Alma”, porque, de quando em quando, caía. Mas havia! Agora, Luiz Inácio, não há nem teco-teco. Teco-teco. Não há teco-teco. E falam em aeroporto internacional

E muito mais ao sul, há a Serra da Capivara, São Raimundo Nonato... A Paleontologia diz que o homem viveu lá 30 mil anos atrás. É o berço do homem americano. Lá é que não existe nem jumento. Só há jumento nas pistas.

Então, esses aeroportos internacionais...

Uma ponte em Luzilândia, uma cidade próxima, só o esqueleto, parado... Fica feio aquilo.

Atentai bem! Quem gosta do Luiz Inácio sou eu, porque enganam, os aloprados mentem. Eu acho que o pobre coitado fica atarantado, pega o avião. E mentem. Aí, chegam uns aloprados lá do PAC e dizem que vão fazer cinco hidrelétricas! Cinco! Eles disseram, os aloprados. O rio Piauí é longo; são 1.854 km. Ele é tortuoso, sinuoso, separa o Piauí do Maranhão, nos une. Cinco. Prometeram cinco hidrelétricas!

Olha, tem uma pela metade. Foi um sonho de Juscelino, terminou Castelo Branco, mas falta a eclusa. Então... A de Boa Esperança quase que dá a luz para os dois Estados, a energia. Acabou a navegabilidade do Rio Parnaíba.

Então, a gente quer essa eclusa. E prometem cinco!

Olha aí a história do meio ambiente, olha a confusão. Era para ter a licença, e não terminam a que nós temos, que garante a navegabilidade do rio Parnaíba. Então, está errado Luiz Inácio. Eu sei. Está errado. Que decepção!

Teresina é uma cidade mesopotâmica, entre dois rios: o Poti, que vem do Ceará - um duzentos e poucos quilômetros que ele anda - e o Parnaíba. E se encontram. Ela é no meio. Saraiva botou ela mesopotâmica. Nesse Rio Poti, Deus me permitiu, Luiz Inácio, fazer uma ponte em 87 dias, com o dinheiro do povo do Piauí e engenheiro do Piauí, Lourival Parente. Estou lhe dando até o nome para V. Exª ir atrás, construtora dele. Aí eu chamei o Fernando Henrique Cardoso para desfilar na ponte, para mostrar a grandeza do povo do Piauí, em 87 dias.

O Heráclito fez, Prefeito de Teresina, uma, no mesmo rio, em 100 dias. Eu fiz só para brincar com Heráclito que ia fazer, mas não tem concorrência. Eu adoro o Heráclito. Ele é um grande líder, foi um extraordinário Prefeito. Mas eu contratei em 90, o construtor acho que teve medo de eu não pagar e terminou em 87. O Heráclito fez a dele em 100. Tinha feito antes, no mesmo rio!

Tem lá uma do Governo Federal, do Luiz Inácio. Era para comemorar 150 anos de Teresina. Nós já vamos para 157. No mesmo rio! Ó Luiz Inácio! Ele não tem culpa, não. São os aloprados! Quem está livre de ser enganado? Quem está livre de um cabra mentir? E eles dizem só na propaganda... Ó Deus, Ó Deus, Ó Deus, afastai os aloprados de Luiz Inácio!

Hospital Universitário. É. Tem um hospital lá, universitário. Nós esbravejamos aqui, choramos; eles abriram só um ambulatório. Hospital... Estão enganando o Luiz Inácio. Fechado. E o hospital universitário é para o estudante universitário de Medicina, de Enfermagem, de Fisioterapia, de Farmácia. E para o pobre! E não tem.

Uma Deputada Federal - no PT tem gente boa; a maioria é aloprado - já foi para o céu. Ela morreu, porque reivindicava comigo e não saía. Trindade.

Metrô de Teresina. Levaram o nosso Alberto, Presidente do nosso Partido. Ele não tem culpa, não. Quem tem culpa de ser enganado? Um Senador aí... Disseram que iam fazer o metrô dele. Ele é engenheiro ferroviário. Primeiro emprego dele! Que iam botar um trem em 60 dias para Luís Corrêa, em quatro meses para Teresina, um metrô... Ele foi com razão, mas enganaram o Engenheiro Alberto Silva. Ele já tem um bocado de anos. Não vou dizer que está velhinho, porque ele é muito ativo, é inteligente. Nada! Parado!

E o Presidente Sarney, querido lá em Parnaíba! Ele ganhou um... Ele fez uns tabuleiros. Agricultura irrigada. Ele fez dois: um lá que chamam litorâneo, porque pega uma cidade do Maranhão, São Bernardo; e tem outro lá de Guadalupe, onde tem a hidrelétrica. Parado.

Então, Geovani Borges, V. Exª que é do PMDB afinado, prestigiado, vamos pedir ao Luiz Inácio. Aí, eu venho aqui... Eu aprendi no colo da minha mãe que a maior virtude é a gratidão, é a mãe de todas as virtudes. Eu virei agradecer ao Luiz Inácio. Rezaria por ele todos os dias, mas a verdade é que essas obras estão inacabadas.

Em nome do Piauí, da grandeza da sua história, que nós fomos, num campo sagrado de jenipapos, em batalha sangrenta, expulsar os portugueses que queriam dividir este País - seria o Brasil Sul, e aqui seria o País Maranhão... Então, dessa gente toda, dos eleitores do Luiz Inácio, da crença do Piauí... Então, eu pediria ao Presidente Luiz Inácio... Isso que digo, eu falo aqui, Luiz Inácio, como Cristo: Em verdade, em verdade, eu vos digo: isto não é cacarejamento. É uma prece a Deus, a Cristo, e um pedido a V. Exª, que é Presidente da República. Eu peço, em nome do Piauí, a conclusão dessas obras.