Discurso durante a 105ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Mazelas que estão ocorrendo no Estado do Pará. Apelo em defesa da recuperação das pontes da BR-222, no Pará.

Autor
Mário Couto (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
Nome completo: Mário Couto Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DE TRANSPORTES.:
  • Mazelas que estão ocorrendo no Estado do Pará. Apelo em defesa da recuperação das pontes da BR-222, no Pará.
Publicação
Publicação no DSF de 18/06/2008 - Página 20971
Assunto
Outros > POLITICA DE TRANSPORTES.
Indexação
  • REGISTRO, VISITA, ORADOR, MUNICIPIO, RONDON DO PARA (PA), ABEL FIGUEIREDO (PA), ESTADO DO PARA (PA), UTILIZAÇÃO, ONIBUS, TRANSPORTE COLETIVO, COMPROVAÇÃO, PRECARIEDADE, RODOVIA, JUSTIFICAÇÃO, PROPOSTA, CRIAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), INVESTIGAÇÃO, DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRA-ESTRUTURA DOS TRANSPORTES (DNIT), IRREGULARIDADE, AUSENCIA, APLICAÇÃO, RECURSOS ORÇAMENTARIOS, PONTE, PREJUIZO, POPULAÇÃO, ANUNCIO, APRESENTAÇÃO, REQUERIMENTO DE INFORMAÇÕES.
  • NECESSIDADE, AUXILIO, GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO, GOVERNADOR, ESTADO DO PARA (PA).
  • CRITICA, OPERAÇÃO, COMBATE, DESMATAMENTO, EFEITO, DESEMPREGO, PROTESTO, INTERFERENCIA, ECONOMIA, ESTADO DO PARA (PA), AUSENCIA, OFERTA, ALTERNATIVA, ATIVIDADE ECONOMICA, DESRESPEITO, LEGALIDADE, EMPRESA, EXPLORAÇÃO, MADEIRA, OMISSÃO, GOVERNADOR, QUESTIONAMENTO, GESTÃO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DO MEIO AMBIENTE (MMA).

            O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, Senador José Nery, Senador Flexa Ribeiro, Senadores paraenses, não sou daqueles que torcem pela desgraça; ao contrário, torço para que o meu Estado, o nosso Estado, o nosso querido Estado do Pará viva momentos de glória, momentos de desenvolvimento, respeito à sociedade, naquilo em que ela tem direito: educação, saúde, segurança, estradas boas. Torço para que tudo isso aconteça no meu Estado, Senadores. E tenho certeza de que V. Exªs também torcem por isso.

            Como o paraense é bairrista, ama sua terra, Senador Flexa Ribeiro, é sensível ao amor pelo seu Estado, não acredito que nenhum paraense deseje o mal do seu Estado.

            É impressionante a situação em que vive o Estado do Pará. Vou falar mais tarde sobre o novo imposto, a vergonha da tentativa de criação do novo imposto, porque aqui não vai passar. Aqui não vai passar! Mas hoje não podia deixar de falar das mazelas que estão acontecendo no Estado do Pará.

            Senador, como faço sempre, fui a Rondon do Pará e a Abel Figueiredo, no sul e no sudeste do Pará. Para não dizerem que estou inventando história nesta tribuna, fui de ônibus! Andei 16 horas de ônibus. Quando cheguei à BR-222, aí começou a agonia - na BR-222, uma estrada federal. Senador, é por isso que digo que temos de abrir a CPI do Dnit. Estou calmo, tranqüilo, estou esperando, estou com cuidado, estou armazenando dados, mas vou chegar lá. A minha CPI, a que vou propor, vai dar farofa; não vai dar pizza não. A minha vai dar farofa, porque tenho dados reais.

            Senador Jayme Campos, as pontes da BR-222 já mataram vários, e vários, e vários paraenses. Pontes licitadas, com verbas orçamentárias alocadas... Há desprezo, desleixo do Governo Estadual e do Governo Federal, Senador! Há pontes que a gente não consegue nem de dia, quanto mais de noite, ter a certeza de ultrapassá-las.

            Tivemos que descer do ônibus para puxá-lo, para guiá-lo para passar nas pontes de uma rodovia federal! Como se não bastasse o que estão fazendo nas cidades do sul e do sudeste do meu Estado, onde há milhares, e milhares, e milhares de desempregados.

            Presidente Lula, olhe a situação da Governadora Ana Júlia Carepa! Dê a mão à Governadora Ana Júlia Carepa! Estou quase certo de que a Governadora está perdida, está sem rumo.

            O povo paraense dizia: “Se a Ana Júlia ganhar, o Lula vai ajudá-la”. Quantos milhares de desempregados há em Mato Grosso? Fruto de quê? De uma operação feita na marra, uma operação que misturou o certo com o errado, que desempregou milhares e milhares de brasileiros, que desempregou trabalhadores honestos, que criavam suas famílias com dignidade. Não há estradas, não há pontes, desempregam, geram violência, porque o desempregado faz o quê?

            O setor madeireiro era o que mais empregava no Estado do Pará. Eu não estou aqui - já disse - defendendo a devastação da floresta! Ao contrário. Mas não pode ser na marra! Não pode ser na marra!

            Eu vou dizer a V. Exªs sinceramente: se eu fosse Governador de um Estado em que as coisas viessem do nível federal para serem implantadas na marra no meu Estado, eu não permitiria. Um Estado que trabalhou durante anos, e anos, e anos, e anos para melhorar a sua produção, alcançando um PIB maior do que o PIB brasileiro, tornando-se o sexto maior Estado exportador do Brasil - esse é o Estado do Pará; era o Estado do Pará -, aí, vão lá, fecham toda a produção, fecham as guseiras, fecham as madeireiras, aplicam a taxa do boi em pé e dizem assim: “Está aí, Estado do Pará, porque tu tens uma Governadora do PT, o Presidente é do PT, agora nós vamos te castigar”. E estão castigando o Estado do Pará.

            Fui a Rondon, Senador Flexa Ribeiro, visitar a nossa amiga Cristina, um exemplo de mulher, uma senhora batalhadora, mas, infelizmente, o que eu vi lá me trouxe dó no coração: o número de desempregados na rua, sem saber o que fazer. A população chora, a população está magoada, a população está constrangida, a população está revoltada com o Governo Estadual, que nada faz, e com o Governo Federal, que mandou fazer. E ninguém toma a menor providência!

            Não são centenas não, Brasil - é por isso que me dá revolta, Senador -, são milhares, e milhares, e milhares, e milhares de desempregados!

            Se isso ocorresse no seu Estado, V. Exª não iria agüentar, V. Exª iria externar o sentimento que estou expressando aqui. O sul e o sudeste, Senador Nery, cresciam assustadoramente, maravilhosamente, um crescimento nunca visto na história do Pará, que se tornou o sexto maior Estado exportador do Brasil, alcançando um PIB maior que o PIB nacional. E ver tudo isso sendo destruído, ver que não tem ponte na BR-222.

            Estou fazendo um requerimento, Sr. Presidente - vou já lhe dar um aparte, Senador -, para que o Dnit...

            (Interrupção do som.)

            O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Já vou descer da tribuna, Sr. Presidente.

            Estou fazendo um requerimento para que o Dnit possa dar uma explicação. Quero saber por que as licitações foram feitas e por que as pontes continuam matando. Vou levantar o número de mortes e vou entrar na Justiça contra o Ministério dos Transportes, contra o Dnit.

            O SR. PRESIDENTE (Garibaldi Alves Filho. PMDB - RN) - Aparte é proibido.

            O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Eu quero indenização! Eu quero indenização dessas vidas. Eu quero saber onde está a verba que foi consignada, que foi alocada para construção ou reformas dessa ponte e que até hoje, por negligência, por irresponsabilidade, ou por outra coisa que vamos até lá saber, ainda não foram feitos os devidos reparos.

            Ó meu Pará querido, eu me preocupo muito contigo, muito!

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Saúde, violência, não tem emprego. Demitiram todo mundo. A violência é cada vez maior. Fome, fome! Não é exagero não, Senadores. Fome! E muito ainda está por vir. Preocupo-me muito com o meu Estado. O que me resta é lutar, o que me resta é denunciar, o que me resta é vir a esta tribuna esclarecer e pedir ao Governo Federal que tenha prudência.

            Senador Expedito, tem gente que vai à Amazônia sem saber ou sem nunca ter pisado na Amazônia, sem saber nem o que é. Como é que esse Ministro que não conhece a Amazônia pode fazer um planejamento para a região? V. Exª acredita nisso? V. Exª ouviu a história do presídio que queriam implantar na Ilha do Marajó? Queriam porque queriam - já vou descer, Presidente - implantar um presídio na Ilha do Marajó. É a melhor maneira, Senador Geraldo Mesquita... Olhe aí, Senador, como é: o cara que não conhece e que nunca foi à Ilha do Marajó... Eu achei muita graça. Quá, quá, quá, quá! Achava graça todo dia, Senador, todo dia eu achava graça. Sabe o que o cara queria fazer? Um presídio na Ilha do Marajó, porque de lá os larápios, os bandidos, os “drogueiros” não poderiam fugir. Olha a idéia que ele tem dessa ilha! Ele não tem a dimensão da Ilha do Marajó! É um animal que não pensa um ser humano desse nível. É um animal que não pensa!

            Sr. Presidente, desço desta tribuna e vou protocolar meu ofício para que o Dnit possa me responder. E quero que V. Exª não se esqueça de que nós temos um pedido de uma CPI do Dnit na sua mesa. Mas não nos estamos afobando; estamos catalogando dados, porque essa vou fazer com muito cuidado.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/06/2008 - Página 20971