Discurso durante a 104ª Sessão Especial, no Senado Federal

Homenagem à memória do ex-Senador Jefferson Péres. (como Líder)

Autor
José Agripino (DEM - Democratas/RN)
Nome completo: José Agripino Maia
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem à memória do ex-Senador Jefferson Péres. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 18/06/2008 - Página 20941
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, JEFFERSON PERES, SENADOR, ESTADO DO AMAZONAS (AM), ELOGIO, ETICA, VIDA PUBLICA, CONTRIBUIÇÃO, LEGISLATIVO.

O SR. JOSÉ AGRIPINO (DEM - RN. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Garibaldi Alves; Srª Marlídice Péres, minha querida meio-conterrânea; Ronald, Roger e Rômulo, filhos de Jefferson; Sr. Prefeito de Manaus, Serafim; Sr. Presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Amazonas, Desembargador Florestan Menezes; Senador Arthur Virgílio, autor do Requerimento; Srªs e Srs. Senadores; senhores familiares e amigos de Jefferson Péres.

Marlídice - permita-me chamá-la assim -, hoje é terça-feira, dia de reunião da minha bancada, que ocorre sempre às terças-feiras, ao meio-dia. Esta sessão foi marcada para às 11 horas, então, tomei a iniciativa de cancelar a reunião de bancada da semana.

O Senador Marco Maciel, o Brasil todo conhece, é um homem de comportamento muito discreto, metódico, certo no fazer e muito econômico no pedir a autorização da Liderança para falar em nome do Líder. Ele quebrou a sua forma de ser e me telefonou, ontem, pedindo para falar em nome da Liderança do Democratas. Eu cancelei a reunião de Bancada e Marco Maciel me pediu ontem para falar em nome da Liderança do Democratas. São duas manifestações singulares de apreço, de reconhecimento ao que seu marido significou para esta Casa e para o Brasil.

Eu não quero me alongar, até porque Marco fez um bonito e elaborado pronunciamento. Mas eu quero dizer que eu falava sempre daqui, sempre, eu falo sempre daqui. O seu marido ficava sempre onde está um dos seus filhos, ali, onde está agora o Senador Jefferson Praia.

Com a atenção com que eu ouvia os pronunciamentos dele, ele ouvia os meus. Nós tínhamos uma boa identidade. Nós nos comunicávamos por sinais. Eu me orgulho de dizer. Na terça-feira, quando eu ainda estava no Brasil - no dia seguinte viajei para o exterior -, eu ainda troquei com ele algumas palavras sobre coisa que nos preocupavam, assuntos do Senado, tipo medida provisória, padrão ético, comportamento, sempre na linha ajustada. Eu olho para onde está o seu filho e vejo o vazio de Jefferson. Não é um vazio físico. Eu quero que, Marlídice, você entenda que esta Casa sente falta de Jefferson pela referência que ele era. As denúncias sobre a classe política hoje são muito numerosas e muito freqüentes.

A classe política está em processo de queda em matéria de conceito perante a opinião pública, por culpa de alguns poucos que enlameiam o todo. E são tão poucos os que conseguem puxar para cima, para dar respeitabilidade à classe política, ao Congresso. São tão poucos aqueles que escrevem artigos nos jornais que são lidos e considerados, palavra a palavra. São tão poucos aqueles que falam e que não deixam cair uma palavra no chão, como era o seu marido. E ele se foi.

Eu estava nos Estados Unidos quando soube da notícia da morte de Jefferson e recebi um soco na testa, pela falta que ele fazia a nós todos. Não era a mim, mas à classe a qual pertenço, a classe política do Brasil, que tem em Jefferson e vai ter sempre uma referência positiva, tão positiva, Ronald e Roger, que já houve quem quisesse mudar o nome deste plenário para Plenário Jefferson Péres, tal o conceito dele perante os seus Pares.

Felizmente, aquilo que ele falava ficou escrito. Eu vi a fotografia na Internet de Arthur ao lado do caixão de Jefferson - não vi a sua figura, mas é claro que estava lá -, e, ao lado de Arthur, estava uma figura queridíssima dele, minha e de todos nós chamada Heloísa Helena, que estava não sei onde e foi até lá. Era o padrão ético se encontrando, se solidarizando. As pessoas que não convivem com a improbidade se homenageando mutuamente.

Eu não poderia, apesar do bonito discurso de Marco Maciel, que falou em nome do Partido, deixar de vir aqui para dizer que me orgulhava muito da amizade dele. Creio que você ou a senhora se lembram de quando, no começo do mandato, foram a Natal para visitar os parentes que têm lá e são meus amigos e eu fiz questão de visitá-los, vê-los pelo conceito que já guardava do Senador Jefferson Péres, o Vereador que se tinha transformado em Senador, com quem eu tinha e tenho grandes afinidades.

Ele se foi, mas restam alguns que vão continuar guardiões da ética, da compostura, da palavra pequena. Não precisa falar muito para ser sério, para transmitir credibilidade. Não precisa falar muito. Ele falava pouco e era bem compreendido. E, talvez, para encerrar, eu devo dizer-lhe uma coisa: o discurso de posse que eu fiz, ao assumir pela primeira vez o Governo do meu Estado em 1982, terminou com uma frase que não esqueço de repetir nunca e está lá escrito: “Quem caminha ao lado do povo não se perde dos caminhos do futuro.” E eu nem sabia. “Quem caminha com o povo nunca está sozinho.”

Que a nossa identidade seja a maior homenagem que seu colega José Agripino presta a esse companheiro de virtudes políticas chamado Jefferson Péres. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/06/2008 - Página 20941