O SR. JOSÉ AGRIPINO (DEM - RN. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, aproveito a oportunidade que V. Exª me dá para me associar à manifestação que o Senador Arthur Virgílio faz em seu próprio nome e em nome do seu Partido. Associo-me a essa manifestação, porque fui companheiro do Senador Meira Filho, que foi pioneiro em Brasília. Ele, talvez, tenha sido o primeiro locutor de programa de rádio desta cidade.

            Ele era figura conhecidíssima e se elegeu Senador na primeira eleição direta para o Senado, quando se elegeram três Senadores. Ele foi o mais votado e exerceu, por oito anos, o mandato de Senador. Foi meu colega, inclusive, na Constituinte.

            Guardo de S. Exª as melhores recordações e aqui me associo às manifestações de pesar a toda a sua família e ao Distrito Federal, que perde, na figura de Meira Filho, uma de suas melhores expressões políticas. Era homem sério, correto, decente, que, quando foi Parlamentar, exerceu com dignidade seu mandato.

            Sr. Presidente, como não tive oportunidade antes, eu queria também manifestar meu apreço pela figura do ex-Governador Leonel Brizola.

            Tive momentos de confluência, de convergência, e momentos de divergência de Brizola. Guardo boas recordações dos momentos de convergência. Tive oportunidade de partilhar palanque eleitoral com Brizola na minha Capital. Disputamos uma eleição em que Brizola e eu somamos forças políticas em torno dos nossos candidatos.

            Mais recentemente, já líder do então PFL - hoje, Democratas -, tive oportunidade de participar de muitos encontros com o ex-Governador, com o ex-Parlamentar Leonel Brizola. Conversávamos muito, e eu sentia em S. Exª vibração ao falar da questão da educação.

            Brizola foi o homem do Sambódromo do Rio do Janeiro, foi o homem da Linha Vermelha do Rio de Janeiro, foi o homem da estatização da Companhia Estadual de Energia Elétrica do Rio Grande do Sul, foi o homem dos Centros Integrados de Educação Pública (Cieps), foi o homem das escolas de tempo integral do Rio de Janeiro quando foi Governador, foi o homem que, quando Governador do Rio Grande do Sul, construiu mais de seis mil escolas. Entendo que, para um homem público, para um detentor do Poder Executivo, nada é mais meritório do que a visão de futuro pela prioridade que o governante dá à educação, à verba que o governante gasta para manter a educação de boa qualidade.

            Eu me lembro muito bem, Presidente Garibaldi, Senador Papaléo, de que meu pai foi Secretário de Educação e Cultura do Estado do Rio Grande do Norte há muitos anos. E ele foi Relator da Lei de Diretrizes e Bases quando Deputado Federal. Quando Deputado, ele conheceu os melhores educadores do Brasil. Quando ele foi Secretário de Educação do Estado do Rio Grande do Norte, anos depois, ele levou para o Estado do Rio Grande do Norte exatamente uma professora, a Professora Lia Campos, de quem me lembro. Eu era menino. Era professora de alta qualificação, gaúcha, certamente produto da ação de Brizola como Governador, que se voltou fundamentalmente para a educação do seu Estado e que produziu esse resultado lá no meu Estado. Meu pai, que se dedicou, em grande medida, a melhorar a educação do meu Estado, levou uma expressão do magistério gaúcho para qualificar a educação do Rio Grande do Norte, produto de Leonel de Moura Brizola.

            Com essas palavras, Sr. Presidente, agradecendo-lhe a oportunidade, quero manifestar minha saudade cívica do ex-Governador, do ex-Deputado, do ex-Parlamentar Leonel de Moura Brizola, um brasileiro acima de qualquer suspeita. Ele teve acertos e equívocos, mas foi um homem probo, um homem decente, um homem com qualidades de espírito público singulares e que, por essa razão, merece a homenagem de que foi objeto na tarde de hoje.