Discurso durante a 127ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Preocupação com o aumento da violência no Brasil.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SEGURANÇA PUBLICA.:
  • Preocupação com o aumento da violência no Brasil.
Publicação
Publicação no DSF de 09/07/2008 - Página 26238
Assunto
Outros > SEGURANÇA PUBLICA.
Indexação
  • ANALISE, SITUAÇÃO, VIOLENCIA, BRASIL, COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, O GLOBO, JORNAL DO BRASIL, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), MORTE, PESSOAS, VITIMA, FALTA, SEGURANÇA, CORRUPÇÃO, POLICIA MILITAR.
  • SOLICITAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, PROVIDENCIA, COMBATE, VIOLENCIA, PAIS.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Jefferson Praia, que preside esta sessão de 8 de julho, Parlamentares presentes, brasileiros e brasileiras que nos assistem aqui e através do sistema de comunicação do Senado.

            Senador Jefferson Praia, no Senado romano, Cícero uma vez disse: pares cum paribus facillime congregantur. Traduzindo: violência traz violência, violência gera violência, pancada gera pancada.

            Atentai bem, Senador Flávio Arns!

            Senador Flávio Arns, eu nunca votei em Fernando Henrique Cardoso, mas o admiro. Ele é um estadista. Ele é um senhor do mundo, é um exemplo.

            Recentemente, o Brasil chorou quando a sua esposa faleceu. Eu fui um dos que a defenderam em vida, quando surgiu aquela mais vergonhosa ameaça de dossiê diante de uma mulher que representava a pureza, a dignidade, a decência. Eu a defendi aqui!

            Ô, Flávio Arns, eu não falo... Mais importante do que ser Senador é a minha vida de médico. Aquilo pode ter sido a causa mortis de dona Ruth Cardoso - Santa Ruth Cardoso.

            Atentai bem, Flávio Arns! Uma pessoa sem qualidades, sem vergonha, sem caráter, com uma calúnia ele nem sofre. Mas para uma pessoa, viu, Flávio Arns, que tem caráter, que tem história e que seria a herança mais significativa aos seus descendentes, isso afeta!

            Mas Fernando Henrique Cardoso, ele próprio - eu me lembro, eu assisti, Flávio Arns -, que transição bonita! Ele, o estadista - a inveja e a mágoa corrompem os corações; ele não tem inveja, ele é estadista, ele é bem mais preparado do que nós -, no apagar das luzes do seu governo, ele deu uma entrevista a que eu assisti. Ele chamava a atenção do Presidente Luiz Inácio. Ninguém escolhe a época de governar; cada época tem os seus problemas. E a história nos ensina. Governantes bons, nós tivemos. Passou da Capitania Hereditária, aí nós tivemos Tomé de Souza. Ô, Jefferson Praia, ele instituiu as Câmaras Municipais! Sabe como eram chamados os Vereadores, Flávio Arns? Homens do bem. Será que hoje nós podemos chamar a todos os Parlamentares homens e mulheres do bem? Ele instituiu. Tinha o Ouvidor-Mor, que representava a Justiça; o Provedor-Mor, as finanças; o Capitão-Mor, a segurança. E todos iam depor lá: os governantes, homens do bem. Então, nós tivemos cada um com as suas instâncias: o Duarte da Costa, depois o Mem de Sá expulsando os franceses. E, depois, Dom João VI aqui chegando, deixando o seu filho, que fez a independência; logo depois, Pedro II, aos 49 anos, que garantiu esta unidade, este Brasil grande. Depois, veio a República, ressaltando-se Rui Barbosa, que não chegou ao governo. Mas, quando a República quis continuar militarista, depois de Deodoro, Floriano Peixoto, quiseram meter um militar, ô Jefferson Praia, o Rui está ali porque ele disse: “Tô fora!” Aí foram oferecer-lhe um ministério. Ele disse: “Não troco a trouxa de minhas convicções por um ministério”. E saiu na campanha civilista.

            E a República continua. Há um período de exceção que não escolhe. Vargas, um estadista, um homem do bem, enfrentou três guerras: uma para entrar, outra quando São Paulo quis derrubá-lo, e a Segunda Guerra Mundial.

            Mas todo mundo sabe - o pai dos trabalhadores, os direitos da Previdência, as leis salariais, o voto da mulher, o voto secreto - o estadista que era Vargas. Franklin Delano Roosevelt vinha aqui ouvi-lo.

            Depois nós passamos e veio o Juscelino. Otimismo, desenvolvimento, centralização da capital, industrialização do Sul, companhias de desenvolvimento para equilibrar - Sudene, Sudam -, industrialização deste País e otimismo. E aquela mensagem que ele disse, Flávio Arns: “É melhor ser otimista. O otimista pode errar, mas o pessimista já nasce errado e continua errado”.

            E Juscelino, mostrando... A política... Afastado bem aqui, sacado daqui, humilhado e hoje exaltado.

            E aí se continua, sucedem-se. Vem um período ditatorial militar. Sejamos justos, eles trouxeram muito progresso, contra as liberdades. E o Piauí mostrou sua grandeza: o melhor Ministro do Planejamento que já houve foi João Paulo dos Reis Velloso, que fez o primeiro e o segundo PND; Petrônio Portella, aqui, dando grandeza à política.

            E sucederam-se os militares. Nós viemos na primeira eleição. Tancredo, que se imolou, foi aos céus. Sarney, com a sua paciência, fez a mais bela transição para a democracia da história do mundo! Do mundo! Com paciência, enfrentou dez mil greves, mas o País cresceu.

            Sucedeu-lhe Fernando Collor, que abriu este País para a globalização e para a modernização industrial. Ações. Pegou o trabalhador rural, que ganhava um terço, e deu o salário.

            Todos foram resolvendo nas suas épocas.

            Itamar junto com Fernando Henrique: o monstro inflação era o problema. E Fernando Henrique, na sua grandeza de estadista...

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Esses programas de solidariedade da sua companheira, santa, Ruth Cardoso, essa Bolsa-Família com responsabilidade. Mas ele advertiu o Presidente Luiz Inácio - eu ouvi - que o problema era a violência. Eu quero dar um testemunho de que era. Deus me permitiu - por isso, eu não votei em Fernando Henrique, porque eu sou do PMDB, Fernando, e tinha um candidato, Quércia, e eu votei nele. Na segunda vez, eu sou vizinho ali do Ciro, de Parnaíba e Sobral, e votei pela vizinhança, ali, de Sobral. Mas o Fernando Henrique é um estadista.

            Ó Flávio Arns, eu quero dar o testemunho. Luiz Inácio,...

(Interrupção do som.)

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Vossa Excelência não precisa nem ler nem estudar. Os exemplos bons estão aqui no Brasil. Esse Fernando Henrique merece os aplausos. Na minha reeleição, tinha candidato do PSDB, tinha candidato do PFL, eram os coligados. Eu era contra. E eu venci, porque Fernando Henrique era honrado e digno. Ele não usou a máquina; ele não permitiu a máquina... E em um Estado como o Piauí, a máquina federal... Então, dou este testemunho. É assim que Vossa Excelência tem de proceder, ó Luiz Inácio, nessas eleições. E em 1994, eu fui eleito; em 1998, contra os candidatos de Fernando Henrique, do PSDB, do PFL. Por que eu ganhei? Porque o Fernando Henrique foi ético, foi decente, foi magistrado, foi Presidente. Estou dando um testemunho da história.

            Luiz Inácio, é esse o proceder de Vossa Excelência. Vossa Excelência é o árbitro, o juiz, o magistrado ao presidir. Mas, ao sair, Fernando Henrique fez a mais bela transição, porque nós assistimos. Também não usou a máquina, tanto que o Luiz Inácio foi eleito. Eu também votei no Luiz Inácio. Fernando Henrique disse o seguinte: “Olha, Presidente Luiz Inácio, cuide da violência”. Eu vi. Senador Flávio Arns, eu vi. Meninos, eu vi! Está no Juca Pirama:

Não chores, meu filho;

Não chores, que a vida

É luta renhida:

Viver é lutar.

A vida é combate,

Que os fracos abate,

Que os fortes, os bravos

Só pode exaltar.”

            “Meninos, eu vi!” Está lá, ele dizendo.

            Passou-se, e a violência tomou conta deste País. Eu já vi vários discursos hoje, inclusive do filho de Antonio Carlos Magalhães.

            Olha, não era assim não, ô Jefferson. Jefferson, Flávio Arns, Presidente Luiz Inácio, eu governei o Estado do Piauí quando Fernando Henrique começou. Então eu tinha um hábito, e todo o Piauí sabe, porque sou da praia. V. Exª é o Jefferson Praia, pois eu sou o “Mão Santa da praia”, lá do litoral. Eu governava o Piauí, que é comprido, e fazia questão de me aproximar da praia na sexta-feira. Inaugurava as obras na cidade vizinha, no sábado. No domingo, eu amanhecia na praia. Na Praia do Coqueiro, a mesma que João Paulo dos Reis Velloso freqüentava, até a praia popular são dez quilômetros. Esse negócio de ser Governador é chato. Eu sei que eles estão cumprindo a missão deles de segurança, mas é chato. Eu não gosto de andar com homem. Eu gosto de andar com a Adalgisa. E eles são responsáveis. Então, Flávio Arns, eu amanhecia, no domingo, antes dos seguranças, e saía a pé, por dez quilômetros, sozinho e repetidamente. Se quisessem emboscar o Governador... Porque eu saía, procurava e ia para a praia popular. Lembro-me de que, uma vez, me chamaram, eram os familiares de Ciro Gomes - não tem praia em Sobral - e perguntaram se eu era mesmo o Governador. Eu disse: “Parece que não me tiraram, não”. Eu jogava vôlei e saía todos os domingos para manter o físico. Caminhava dez quilômetros, no domingo, sozinho. Fugia antes dos vigias. Às vezes, a Adalgisa me acompanhava. Se não, eu ia até o quebra-mar e nunca...

            No meio da semana, eu saía do Palácio de Karnak - quem conhece Teresina sabe -, no centro. Teresina é quente. É um calor! E eu saía de noite. Ficava no Palácio e, às 11 horas da noite, saía com um ajudante de ordem, só um amigo, a pé pela Ladeira do Uruguai, onde era a Residência do Governador; a pé, às 11 horas da noite, meia-noite. Às vezes, eu dizia: “Vou por outro bairro para ter novidade, para não ficar na rotina”. Não tinha negócio de assalto. Gritavam nos ônibus: “Governador!” Era aquela coisa, às 11 horas da noite, à meia-noite. Foi outro dia: de 1995 para 2000. Era assim! Era assim! Era assim! Estou falando sobre o Piauí. Teresina se lembra, às vezes, quinta-feira, era a maneira de eu fazer o cooper, de me manter fisicamente. Às quintas, eu saía às 11 horas da noite por causa do clima. Em Teresina, ninguém consegue fazer de dia, porque é quente. Então, eu saía de noite andando. Nunca assaltos, nunca nada.

            Agora, Luiz Inácio, a violência tomou conta do Brasil. Flávio Arns, fui a uma missa agora, às seis horas. A Igreja de São Francisco, em Parnaíba, na Guarita, do bairro, mas tem a igreja maior, a sede. Padre Carlos estava contando que a igreja, na véspera, tinha sido assaltada, roubada. Este é o Brasil. Assalta-se até igreja, não se respeita mais nada.

            Jefferson Praia, V. Exª andou nos Estados Unidos. Olhe o respeito à lei. Recentemente, fui representar este País com o Senador Dornelles e o Ministro Carlos Lupi na OIT. Não vou falar da Suíça, daquilo que eu vi. Olhe, não vi uma lâmpada quebrada, um muro riscado, um bêbado, um mendigo nem ninguém falar alto. Eu andava, às vezes, quatro horas da manhã, do lado da Suíça com Adalgisa - fui para a França.

            Mas podem estar dizendo: “É Primeiro Mundo a Suíça, Suécia, Áustria, França”. Mas não é isso não.

            Senador Jefferson Praia, um programa bom... Está ouvindo, Flávio Arns? Eu adoro o Rio de Janeiro. Estudei no Rio de Janeiro, no Hospital dos Servidores do Estado, meu pós-graduado, na Rua Sacadura Cabral; Hospital Mauá.

            Senador Flávio Arns, eu quero lhe dizer, naquele Aterro do Flamengo - acho que Adalgisa não tinha nem nascido -, eu namorei com garota ali no Aterro do Flamengo, de noite, na grama. Só via os carros passarem. Parecia uma música. Quem é que acredita nisso? Mas era o nosso Brasil. O chique era ir na Colombo, tomar um chocolate com a namorada, às cinco horas, e entrava pela noite. Hoje, uma hora dessas, ninguém entra na Confeitaria Colombo, no centro do Rio, na Cinelândia, na Praça Paris. Essa é a violência. E eu andei ali tudo a pé. É de hoje essa violência.

            Mas eu quero, em respeito a Flávio Arns... Evaristo Arns é santo, mas esse aqui também é. Jefferson, eu vi aqui nas audiências públicas sobre a violência. Neste Senado, cada um dá sua idéia: “Bota o Exército, os canhões, forca, cadeira elétrica, morte, briga, arma”.

            Eu vi um jornalista, Flávio Arns, que deu um depoimento. Ele disse que andava nessas favelas, Rocinha, Complexo do Alemão, pela função, mas que onde havia uma igreja, em torno da igreja, havia paz. É isso que nós... A desgraceira não é maior porque estão proliferando as igrejas de Cristo! Eu sou católico, Francisco é um nome católico. Ele andava com uma bandeira: paz e bem. Onde houver ódio, que eu o leve o amor. Mas todas elas é que estão... O Governo fracassou.

            E queria, então, um quadro vale por dez mil palavras. Ô Luiz Inácio!, ainda há tempo, Luiz Inácio! Sei, entende, não sou radical, quero é ajudá-lo, Luiz Inácio.

            General Obregón, lá no México, tem escrita uma frase. Quando for ao México, você foi agora aos Estados Unidos, vá lá no palácio que tem, General Obregón: “Eu prefiro um adversário que me diga a verdade do que um puxa-saco que me engane e que minta”. Esses puxa-sacos que o Luiz Inácio, num momento de verdade, disse: “Aloprados, estou rodeado de aloprados!” Porque é a verdade.

            Olha, eu não sei lá no seu Pará, e no seu Paraná, mas, no Piauí, havia um costume. Quando morria uma pessoa, a gente fazia sentinela, velório, a noite toda, em sinal de solidariedade. Jefferson Praia, outro dia morreu um em Teresina. Eu soube ali às cinco e meia. Eu digo: “Não, Adalgisa, vamos de noite lá, fazer sentinela, o velório”. Quando eu cheguei oito horas, quede? “Não, nós já enterramos! Nós enterramos seis horas, morreu cinco e meia.” “Mas como?” Ele disse: “Aqui na casa da vizinha teve um. Foi fazer o velório, roubaram o defunto, tiraram os sapatos, assaltaram e tudo”. Teresina cristã, pacífica, onde eu andava a pé. Então, essa é a violência.

            Luiz Inácio, “Em verdade, em verdade, vos digo”, assim falava Cristo, assim falo eu, irmão de Cristo. Isso é verdade. O Ministro da Corte Suprema da Justiça, na minha Fortaleza - eu estudei lá, fiz o científico, CPOR, fiz Medicina e depois fui me especializar no Rio -, ali, Gilmar Mendes, vai passear na praia, assalto. Há pouco tempo, no Rio, a Ministra Ellen Gracie, aquela beleza de mulher, etc. Essa é a nossa realidade.

            Mas um quadro vale por dez mil palavras. Aqui, o Jefferson Praia chegou agora. Isso aqui é muito importante. O Senado é muito organizado, os funcionários, os consultores. Aqui está o José Roberto, o João Pedro, a Cláudia, são um pessoal de alto nível, e eles fizeram essa Mídia Impressa, que todos nós recebemos.

            Atentai bem. O Globo, olhem as manchetes. Ô Luiz Inácio, vemos aqui aquilo que Fernando Henrique advertiu. O Presidente tem que cuidar da violência que está se multiplicando mais do que a Aids, mais do que gripe, se alastrando.

            No jornal O Globo, manchete: “Pai acusa PM de metralhar carro da família e matar filho”.

            Atentai bem às manchetes de hoje no Brasil do nosso querido Presidente Luiz Inácio.

            Esse Ancelmo Góis é um grande jornalista. Ó as manchetes para as quais ele chama atenção. Hoje, isso é verdade.

            Acredito muito, Senador Jefferson Praia, em ditado, na sabedoria popular. A Bíblia tem os provérbios, e nunca vi um errar. Lá no Piauí, aprendi: “É mais fácil tapar o sol com a peneira do que esconder a verdade”.

            Aqui o jornalista Ancelmo Góis escolheu umas manchetes: “Carro da PM atropela família e mata criança”; outra manchete: “Candidatos à Polícia fraudam concurso”. Eu falei que Primeiro Mundo, mas bem aí na Argentina, no Uruguai e no Chile...Você chega no Chile, bem aí, do nosso Mercosul, Flávio Arns, o povo diz: “A polícia daqui não é corrupta”.

            Brasileiros e brasileiras, podemos cantar como os chilenos? Eles dizem: “A polícia daqui não é corrupta”. Então, aqui, as manchetes: “Candidatos à Polícia fraudam concurso”; “Menino baleado pela PM tem morte cerebral”; Beltrame: “Não há desculpa”; “Polícia é suspeita de crime que levou ao desaparecimento de mulher na Barra da Tijuca”; “Promotor vai denunciar PM que matou jovem”; “Soldados do Exército são presos fazendo assalto”.

            Então Flávio Arns, se olharmos todos os jornais do Estado de São Paulo, veremos: “Morre no Rio menino fuzilado por PMs”.

            Então, todos os jornais...

(Interrupção do som.)

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - ... todos têm manchete.

            “Que polícia é essa?” - Jornal do Brasil. E assim vai. Então, nós queremos aqui e achamos...

            Flávio Arns, um dos livros mais importantes depois da Bíblia, sem dúvida nenhuma, é Dom Quixote de la Mancha. Cervantes acompanhou Dom Quixote nos seus sonhos de defender os mais fracos. E Dom Quixote se vira para seu companheiro Sancho Pança e lhe diz: “Vou premiá-lo. Vou dar-lhe uma ilha para governar, a Ilha da ‘Bravatália’”. E ele respondeu: “Eu não posso, eu não tenho saber”. Aí Dom Quixote diz: “V. Exª é temente a Deus; isso é uma grande sabedoria. Vou lhe dar...”. E ensinou Sancho Pança a governar: “Case-se com uma mulher honesta, honrada” [uma Adalgisinha aí]; “não beba demais; não coma demais; seja asseado; vista-se bem; seja honesto; justo; trabalhador”. Ensinou. Aí ele vai, depois volta e diz: “Esqueci uma coisa: ô Sancho, só não tem jeito para a morte”.

            Isto é o que digo, Luiz Inácio: só não tem jeito para os que já morreram por essa violência, mas tudo tem jeito. Vossa Excelência, com a sua liderança, que é inconteste, e nós podemos fazer um mutirão para acabar a violência, para enterrar a violência. Lembre-se lá da Itália, do Renascimento, do Senado, de Cícero. Todo o Senado romano era forte como este, como nós somos! Nós somos fortes, nós estamos aqui. Esse Jefferson chegou outro dia e já trabalhou como quê. Ele sentiu... Mas nós podemos dizer aqui como dizia o Senado romano: “O Senado romano e o povo de Roma”... 

            Então, nós aqui, Luiz Inácio, podemos dizer: o Senado do Brasil e o povo do Brasil exigem que V. Exª comande a campanha para enterrarmos a violência, oferecendo ao povo do Brasil aquilo que meu patrono defendia na rua com uma bandeira em que se lia: “Paz e Bem”.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/07/2008 - Página 26238