Discurso durante a 128ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Preocupação com o retorno da inflação e o aumento da violência no País.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
EXPLICAÇÃO PESSOAL. PREVIDENCIA SOCIAL.:
  • Preocupação com o retorno da inflação e o aumento da violência no País.
Publicação
Publicação no DSF de 10/07/2008 - Página 26333
Assunto
Outros > EXPLICAÇÃO PESSOAL. PREVIDENCIA SOCIAL.
Indexação
  • COMENTARIO, ANTERIORIDADE, GRAVIDADE, SITUAÇÃO, EXCESSO, INFLAÇÃO, PERIODO, GESTÃO, JOSE SARNEY, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA.
  • APREENSÃO, RETORNO, EXCESSO, INFLAÇÃO, ESPECIFICAÇÃO, ALIMENTOS, COMBUSTIVEL FOSSIL, SUPERIORIDADE, PREJUIZO, APOSENTADO, PROVOCAÇÃO, CRESCIMENTO, NUMERO, SUICIDIO, AGRAVAÇÃO, VIOLENCIA, ZONA URBANA.
  • DEFESA, AGILIZAÇÃO, APROVAÇÃO, PROJETO DE LEI, AUTORIA, PAULO PAIM, SENADOR, BENEFICIO, APOSENTADO.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Para uma explicação pessoal. Sem revisão do orador.) - Senador Cafeteira, saúdo V. Exª, que preside esta sessão; as Srªs e os Srs. Parlamentares; o Senador Suplicy, a quem expresso meu agradecimento; os brasileiros e as brasileiras que nos assistem pelo sistema de comunicação.

            Senador Cafeteira, V. Exª fica bem aí. V. Exª fica bem aí, e sei que o homem não escolhe a época de governar. V. Exª foi um grande Prefeitinho, um Prefeitão de São Luís e Governador.

            Eu me lembro da época da inflação, em que Sarney era o Presidente, e eu, Prefeito. Eram 80% ao mês. Todo mês, tínhamos de fazer um ajuste salarial. Até certo ponto, isso era positivo, porque era uma maneira de o Governante fazer justiça salarial, todo mês. E eu ficava até a calada da madrugada. Então, dava-se menos para os que ganhavam mais e mais para os que ganhavam menos. Mas a sensibilidade do Presidente Sarney criou o gatilho salarial e tal. O fato é que governar é navegar, e ele navegou. Mas a inflação era um monstro. E ela acabou. Ninguém acreditava que acabaria. Se foi por causa do Itamar ou do Fernando Henrique Cardoso, não se sabe: só fazendo o teste de DNA. Mas a inflação acabou.

            Ô Cafeteira, V. Exª é do PTB. A inflação voltou, em verdade, em verdade. Ó Luiz Inácio, aprendi, no meu Piauí, que a sabedoria popular não se engana. Até na Bíblia, há uns provérbios, como “é mais fácil tapar o sol com uma peneira do que esconder a verdade”. Luiz Inácio, não adianta mentira. Cristo dizia: “Em verdade, em verdade, eu vos digo”. A inflação voltou. Sou médico-cirurgião, Senador, não ando fazendo compras, mas cada um tem a sua maneira.

            Ô Cafeteira, quando fiz campanha, eu pegava o carro, a camionete - era a maneira prática de vir -, puxava 50 paus, enchia o tanque, que chegava a transbordar. Agora, R$150,00 não dão mais para encher o tanque, e a dona de casa vê aumentar o preço de cada produto, do feijão, do pão, da energia, das coisas do Governo. A nossa gasolina é a mais cara do mundo. É a desgraça, Cafeteira! Estou aqui, para advertir o Luiz Inácio, pessoa boa, a enfrentar a realidade.

            Ó Cafeteira, V. Exª é abençoado por Deus, eu também. Somos Senadores da República. Muito bom! E o Luiz Inácio é Presidente. Mas a inflação está aí com violência. Cícero, no plenário, disse: “Pares cum paribus facillime congregantur”, violência atrai violência. Isso é uma barbárie, Luiz Inácio! Isso não é sociedade.

            Ô Cafeteira, V. Exª é do PTB, mas do PTB de Getúlio, de vergonha! E tem de dizer para o Luiz Inácio: vivemos numa barbárie!

            Vim da Suíça. Não vou falar como é na Suíça. Não vi um pobre, não vi um bêbado, não vi um esmoler, não ouvi uma gritaria. Mas, bem aqui na Argentina, há a mesma coisa, é uma sociedade civilizada. Eu ando com minha mulher, namorando, às quatro horas da manhã. Será que o Luiz Inácio tem coragem de pegar a encantadora Primeira-Dama e namorar na Cinelândia, no Rio, na rua do Ouvidor, no Aterro do Flamengo? Quando eu estudava, namorava ali.

            Isto é uma barbárie: o Ministro do Supremo Tribunal é assaltado na praia mais importante de Fortaleza. Há morte e tal.

            Cafeteira, sabe qual é a maior indignidade? A inflação está aí. Luiz Inácio, a violência está aí. Mas a maior - ó Deus, ó Deus, até quando? - é a que se faz aos aposentados. O que há de aposentado se suicidando nesse Brasil!

            Paim, ó Paim, cadê o Castro Alves, no “Navio Negreiro”? Ó Deus, ó Deus, até quando? V. Exª fez a lei, e nós a aprovamos. E os aposentados - estou fazendo um estudo -, ô Cafeteira, os aposentados estão se suicidando. Conheço vários e estou fazendo uma estatística. Por quê? Eles fizeram um acordo para ganhar dez salários mínimos, e o Governo capou, roubou. Só recebem cinco ou quatro salários mínimos. Cinco salários mínimos estão no contrato, mas só recebem dois. E a inflação está aí. E há mais: enganaram os velhinhos, os velhinhos com vista cansada. É hipermetropia a vista cansada, Cafeteira. Eles foram enganados naqueles empréstimos consignados. Agora, quando recebem, 40% são capados.

            Os banqueiros são poderosos e ricos. O PT é o “Partido dos Banqueiros”, PB.

            Olha, Cafeteira, tenho uma pesquisa que diz que nunca houve tanto suicídio de velhinhos aposentados no Brasil! Caparam o salário deles. Há inflação. E o salário deles, dos funcionários públicos, há mais de década?

            E aí, Cafeteira, é aquela história de uma mentira repetida se tornar verdade. Dizem que não há inflação. Mas há inflação, e essa é a verdade.

            Então, é a hora! Ó Cafeteira, V. Exª que é do Partido dos Trabalhadores de Getúlio, inspire-se naquilo que Rui Barbosa disse: a primazia é do trabalho e do trabalhador; são eles que fazem a riqueza. Aqui, a primazia é dos banqueiros. E o País, Cafeteira? Onde estais? É o Cafeteira que aprendi a admirar. Prometeu? Cumpriu?

            V. Exª está aí na Presidência. Atentai bem para esta gravidade: como sofrem os aposentados! V. Exª, como eu, tem o privilégio de estar no Senado da República. Faço um pedido, em nome da tradição daqueles que trabalharam, os aposentados: que se viabilize a lei boa - isto é para termos lei boa e justa - que o Paulo Paim fez, para acabar com o desespero dos nossos aposentados, os velhinhos que se estão suicidando.

            Estou fazendo um trabalho e vou citá-lo no próximo pronunciamento. A inflação está aí, a violência está aí, mas a violência maior de todas é o que esse Governo está fazendo com os velhinhos aposentados, roubando-lhes a dignidade de suas aposentadorias.

            Eram essas as nossas palavras.

            Ó Luiz Inácio, siga o Paulo Paim, que é do Partido de V. Exª e que está clamando como Castro Alves, que, no “Navio Negreiro”, dizia: “Ó Deus, ó Deus, até quando?”. E eu também digo aqui, buscando Cícero, aquele orador: “Até quando, Catilinas, vais zombar da nossa paciência?”. Até quando, Luiz Inácio, vão zombar da paciência e da vida dos nossos velhinhos aposentados?

            Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/07/2008 - Página 26333