Discurso durante a 117ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Cobranças da construção do porto de Luís Correa, no Estado do Piauí, pelo Governo Lula.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DE TRANSPORTES.:
  • Cobranças da construção do porto de Luís Correa, no Estado do Piauí, pelo Governo Lula.
Aparteantes
Carlos Dunga.
Publicação
Publicação no DSF de 03/07/2008 - Página 24909
Assunto
Outros > POLITICA DE TRANSPORTES.
Indexação
  • COMENTARIO, HISTORIA, BRASIL, ANTIGUIDADE, INICIO, OBRA PUBLICA, PORTO DE LUIS CORREA, SUCESSÃO, PROMESSA, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, DEMORA, ATUALIDADE, JUSTIFICAÇÃO, VANTAGENS, REDUÇÃO, PREÇO, PETROLEO, COMBUSTIVEL, REGISTRO, PROVIDENCIA, ORADOR, DESTINAÇÃO, TOTAL, EMENDA, ORÇAMENTO, UNIÃO, BANCADA, SOLICITAÇÃO, APOIO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, GOVERNADOR, ESTADO DO PIAUI (PI), ATENÇÃO, CONCLUSÃO, PORTO.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Alvaro Dias, que preside esta sessão de 2 de julho, Parlamentares presentes, brasileiras e brasileiros aqui presentes e que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado; Senador Alvaro Dias, eu fico assim a pensar... Antonio Carlos Valadares, este Brasil tem 508 anos, Luiz Inácio fala de quando em quando e diz que fez tudo. Mas o negócio... Olha, já houve muitos governantes aqui. Primeiro, aquela idéia de capitanias gerais. Foi um monte aí. Os portugueses pegaram uns bichos ruins, e alguns nem chegaram. Fugiram. Entregaram as terras. Eles deram as sesmarias. Aí viram que não deu certo, não é, ô Valadares? E botaram a unidade de comando, as unidades de direção: os governadores-gerais. Lembra-se, Alvaro Dias? Tomé de Sousa - Francisco de Moraes, acho que era meu parente - Duarte da Costa e Mem de Sá. Aí foi esse rolo.

E este Brasil começou a agigantar-se quando D. João VI, devido às invasões de Napoleão, da Espanha, de Portugal, veio se refugiar aqui. Mas D. João VI era sábio. A novela da Globo botou aquele negócio, mas ele não era bobão, não; era inteligente. Foi o único que escapou da guerra, foi o único que enganou Napoleão Bonaparte. Ele veio, nem gastou dinheiro. Os ingleses o defenderam, porque estavam brigados com a França de Napoleão. Então, ele veio escoltado. Em treze anos do seu governo é que este Brasil organizado viveu. Olha que isso foi em 1808. Quer dizer, em 300 anos, foi esse rolo aí de capitania hereditária, governador-geral. Só deu um herói em 300 anos. Um herói. E foi um mineiro, com sua sagacidade. Pegaram aquele negócio do Tiradentes, que achavam que era parecido com Cristo, Alvaro Dias: magro, barbado, um para a cruz e outro para a forca. Então, fizemos um herói em 300 anos.

Atentai bem. O Luiz Inácio veio, houve Dom João VI, deixou para o filho, que voltou a Portugal. Foi outro grande homem, Pedro I, um Júlio César da história. Olha que ele governou aqui e retomou o poder. Aqui, ele passou uns 13 anos. Houve aqueles regentes enquanto o menor, Pedro II, adquiria a maioridade.

E mulher sempre é melhor. Ô Alvaro Dias, mulher é sempre melhor. Na minha cidade, quis me candidatar; e a turma disse: “Não, eu quero é a sua mulher”. Ela é professorinha como a sua, Tuma, a Adalgisa. Mas é mesmo. Isso é baseado na história. Romeu Tuma é o xerife, o machão, o símbolo da Polícia Federal de vergonha. Romeu Tuma, atentai bem nessa história do Brasil para Luiz Inácio. Ele disse que fez tudo, mas houve tantos. Por instantes, fomos governados por uma mulher, e, nesses instantes, ela escreveu a página mais bela: libertou os escravos. Nós somos mais fracos mesmo. Esse negócio de ter... é só um complexo. Mulher é que é mais digna, mais honrada. Não estou dizendo? Lá na Parnaíba, eu quis me candidatar, mas não: “Queremos é sua mulher.” É interessante. Mas é mesmo!

Na crucificação de Cristo, Alvaro Dias, o maior drama da humanidade, que nós todo ano repetimos, Romeu, todos os homens falharam. O Pilatos era governante como eu fui. Lavou as mãos. E a Adalgisinha dele, a mulher dele: “Olha, rapaz, o homem era bom, eu vi, ele pregava, curava, dava peixe para todo mundo, pão, até vinho! O homem era bom, não deixe!”

“Mas eu tenho que servir o Presidente de plantão!”

Viu, Luiz Inácio?

Os homens, quede? O Pedro, que era forte, que sabemos, dizem que ele negou três vezes. Que nós sabemos! Os outros, aqueles que banqueteavam, quede os que ele curou, os leprosos e o diabo? Ninguém. Homens. Aí uma mulher venceu os militares e enxugou o Cristo. Três mulheres lá, três mulheres na hora mesmo do sofrimento. Os homens que estavam ao lado dele dizem que eram ladrões, bom e mau. Eu não sei se tem bom ladrão. Tudo é ladrão. E nós acreditamos em Cristo. Foram as mulheres que disseram: “Ele voltou aos céus!” Se fossem homens, o que estavam dizendo? “Ele estava era bêbado lá!”

Mas o que eu quero dizer é que já teve muito presidente. Epitácio Pessoa. Eu fui ver a data ali. Aqui tem uns assessores... No Senado não precisamos saber nada não. Qualquer um chega aqui e faz qualquer discurso, porque esses assessores sabem mais do que eu. Cutuquei ali João Pedro. Presidente Epitácio Pessoa? E ele disse: “Governou em 1919.” Disse até o dia, o mês, o ano que entrou. “E saiu em 1922”. É muito fácil ser Senador, porque os consultores são sábios. Ali está o João Pedro, a quem agradeço. Mas eu busquei isso, Romeu, porque esse Epitácio Pessoa, que eu não me lembrava, começou o porto do Piauí. Ele foi Presidente em 1919.

Eu vi Getúlio Vargas na minha cidade, no coreto, em agosto de 1950. Antonio Carlos Valadares, ele dizia: “Se eleito for, farei o porto de Amarração” - é o local do porto, Luís Correia -, agosto de 50.

Eu vi um Senador velhinho. João Paulo Reis Velloso, o melhor Ministro deste País, investiu lá, e, quando foram inaugurar - foi a primeira vez que eu ouvi esta palavra: “Não vai ter inauguração, houve assoreamento”. Esse é o Brasil. O rio Parnaíba, que tem 1.458, traz com as águas a terra, ô Romeu Tuma, e os 7 metros se tornaram 3,5. Só dava para receber canoa.

E teve um Deputado Federal que fez um discurso bonito, José Auto de Abreu. Ele disse: “Dizem que a morte é um naufrágio, e eu queria essa morte lá, nas praias do Piauí, e aí faria um esforço para ir à tona e ver as luzes de Luís Correia”. Mas ele morreu e não viu.

E o porto parado. Por isso que eu não voto no Luiz Inácio. E eu já votei. Eu já votei, viu Romeu Tuma?

Mas eles disseram que... Eu pensei que ele ia fazer em 1994 um Governador do PT.

Então o porto lá...E agora renasceu, hoje, na Comissão de Infra-Estrutura, com Heráclito Fortes, o Governador do Estado do Piauí, o Secretário dos Transportes do Piauí. Era para o Secretário dos Portos vir, mas não veio, mas foi bem representado pelo Wilson do Egito Coelho.

Então renasce aquele sonho do Piauí. O seu porto, todos os Estados têm porto, Romeu Tuma. Por que vamos votar mais no Luiz Inácio? 

Evidentemente que nós sabemos que um porto é para transporte marítimo; transporte marítimo é para cargas pesadas em longa distância. Não tem mais longa distância, porque o Presidente Sarney fez um porto maravilhoso, um dos melhores do mundo. Foi uma pena, porque, se eu tivesse sido Presidente antes dele, eu tinha feito era o do Piauí. Deu o Sarney e ele fez o do Maranhão.

Mas o caso é que lá foram encravados já mais de US$100 milhões; com R$20 milhões eles terminam um modelo reduzido.

Justificativa? Quer uma, ô Romeu Tuma? O petróleo. O Luiz Inácio não aprendeu de Chávez a baratear o petróleo. O petróleo, na Venezuela, é bem baratinho; o gás é bem baratinho.

(Interrupção de som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Só cinco minutos para terminar, Alvaro Dias.

Então, ele não aprendeu.

Olha, eu fui a Venezuela. A gente enche o tanque dos carros com R$5.. O maior contrabando que existe é de gasolina em Roraima, o gás. Mas o Luiz Inácio não aprendeu isso do Chávez. E seria bom. Aí sim, acabava com a inflação, baixava o custo de vida, porque o transporte...

Romeu Tuma, se no Brasil o petróleo é um dos mais caros do mundo, o gás de cozinha, no Piauí, ainda é mais, porque para chegar ao litoral do Piauí entra pelo porto de Fortaleza, vai a Teresina e volta para o litoral, onde eu nasci, Parnaíba. Ou por São Luís, vai à capital e volta. É o combustível mais caro do mundo.

Então, é uma razão simples para despertar o Governo Federal e o estadual e concluir o porto. Não tão grande como o que o Sarney fez, que é um dos melhores portos do mundo. Esse de Itaqui tem um naviozão que vai da Europa, da Holanda a São Luís. E quanto maior, mais barato é o transporte de carga O Ceará tem dois. Mas bastaria um terminal de combustível e deixaria de ser, no Norte do Piauí, o combustível, o óleo, a gasolina mais caros do mundo.

Isso seria uma grande contribuição para o turismo no delta. Esse é um dos fatores negativos. As ZPEs, fala-se que lá o Presidente Sarney, há vinte anos, por decreto, encravou.

Mobilizar também em relação à ferrovia, que demonstrou a incompetência de visão de futuro do frete barato.

Então, nós nos reunimos hoje: um Governador do Estado, o Senador Heráclito, nós, Deputados Federais, para unirmos. Acreditando tanto nisso...

O Sr. Carlos Dunga (PTB - PB) - Senador, permita-me um aparte?

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - É um prazer.

Acreditando nisso, coloquei todas as minhas emendas de Bancada, quase R$20 milhões, para que se dê a conclusão disso. Aí sim, virei aqui em nome do Piauí agradecer o Presidente Luiz Inácio.

Com a palavra esse bravo jornalista e Senador da Paraíba.

O Sr. Carlos Dunga (PTB - PB) - Senador Mão Santa, parabenizo V. Exª pelo discurso que faz. Fico muito feliz de a Paraíba já ter ajudado o Estado de V. Exª por intermédio de Epitácio Pessoa. Gostaria também de, acostando-me ao pronunciamento de V. Exª, dizer não só do lado marítimo, mas também do ferroviário: a ligação da malha ferroviária do Nordeste (Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, o Estado de V. Exª) com a Transnordestina. Tudo isso precisamos levar para a nossa região. Parabenizo V. Exª e me acosto ao pronunciamento que V. Exª faz na tarde de hoje.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Carlos Dunga, nós agradecemos, agradecemos a Epitácio Pessoa e a V. Exª, que representa a Paraíba.

Aqui eles tem adotado a tese de Goebbels: “uma mentira repetida e repetida se torna verdade.”

Nas eleições passadas, quando Luiz Inácio abocanhou os votos de quase todo o Brasil, do Nordeste e do Piauí, eu vi o Governador do Estado e o Prefeito da minha cidade dizerem que, em 60 dias, o trem Parnaíba a Porto de Luís Correia. Com quatro meses, de Parnaíba a Teresina. Nenhum dormente foi trocado.

Shakespeare dizia “palavras, palavras”; eu digo “mentiras, mentiras e mentiras”.

Então, em nome do Piauí, venho aqui pedir ao Presidente Luiz Inácio que dê aquilo que o paraibano Epitácio Pessoa sonhou: um porto, pela localização geográfica, muito próximo da Europa, muito próximo dos Estados Unidos.

Então, não tem nenhuma obra consistente no Estado do Piauí.

Em 1994, votei no Luiz Inácio e no Governador. Ninguém está livre de ser enganado. Eu e os piauienses fomos enganados.

Portanto, eu pediria aqui ao Presidente Luiz Inácio e ao Governador do Estado...vi toda a bancada do Piauí unida por aquele sonho do Deputado José Auto de Abreu, Deputado Federal, ele que fez o Dia do Piauí, o dia em que fomos independentes, independente do grito de Dom Pedro, 19 de outubro, na minha cidade.

Ele disse: ”Já que dizem que a morte é como naufrágio, que ele queria que fosse lá, nos verdes mares bravios do Piauí, e faria um esforço de ir à tona e ver as luzes do porto de Luís Correia.”

Presidente Luiz Inácio, a gratidão é a mãe de todas as virtudes. Agradeça ao Piauí. Unidos todos pela conclusão do nosso porto marítimo.

E com o agradecimento a V. Exª, esse extraordinário. Temos que agradecer à Paraíba, que começou, e ao Paraná, que nos deu tempo de clamar a necessidade de conclusão desse porto.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/07/2008 - Página 24909