Discurso durante a 141ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Transcurso, no próximo domingo, do Dia dos Pais.

Autor
Mozarildo Cavalcanti (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/RR)
Nome completo: Francisco Mozarildo de Melo Cavalcanti
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Transcurso, no próximo domingo, do Dia dos Pais.
Publicação
Publicação no DSF de 09/08/2008 - Página 29845
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA NACIONAL, PAI, ANALISE, IMPORTANCIA, RELACIONAMENTO, AMIZADE, FAMILIA, ESPECIFICAÇÃO, FILHO, LEITURA, OBRA MUSICAL, SAUDAÇÃO.

O SR. MOZARILDO CAVALCANTI (PTB - RR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Paulo Paim, Srªs e Srs. Senadores, pena que não haja sessão no Senado aos domingos para que eu pudesse falar, já que o próximo domingo é dedicado ao Dia dos Pais.

Senador Paim, é verdade que sempre reverenciamos muito mais as mães do que os pais. Também é verdade que elas merecem, porque o encargo delas é bem maior do que o dos pais. Mas não podemos nos esquecer de que elas não seriam mães se não existissem os pais; assim como não existiriam os filhos se não existissem pais.

Quero dizer a V. Exª - tenho a certeza de que é o sentimento de todo brasileiro e de toda brasileira - que a figura da família é algo que faz diferente o brasileiro, porque realmente o povo brasileiro é muito sentimental, e tem como base desse sentimento justamente as figuras do pai e da mãe, transmitindo-nos esse amor que nutre a mente e os corações de todos nós.

            Como dizem os maçons, o meu pai já está no oriente eterno; os religiosos, ele está no céu, próximo de Deus, assim como dizem também muitos brasileiros.

Mas, hoje, quero homenagear a todos os pais, os pais que estão vivos, os pais que já são avós, como eu, e dizer que é uma felicidade muito grande ser pai. Como, talvez, não tivesse as palavras apropriadas para homenagear a todos, escolhi algumas letras de músicas que marcaram muito a minha juventude, a minha idade adulta, e agora a chamada fase da melhor idade.

Primeiramente, vou ler um trecho da música de Roberto Carlos, que alguns dizem que foi em homenagem a Erasmo Carlos, mas eu acho que foi em homenagem ao pai dele, que é a música Amigo, que diz:

Você meu amigo de fé, meu irmão camarada

Amigo de tantos caminhos e tantas jornadas

Cabeça de homem mas o coração de menino

Aquele que está do meu lado em qualquer caminhada

Me lembro de todas as lutas, meu bom companheiro

Você tantas vezes provou que é um grande guerreiro...”

O seu coração é uma casa de portas abertas

Amigo, você é o mais certo

Das horas incertas

As vezes em certos momentos difíceis da vida

Em que precisamos de alguém pra ajudar na saída

A sua palavra de força, de fé e de carinho

Me dá a certeza de que eu nunca estive sozinho

Você meu amigo de fé

Meu irmão camarada

Sorriso e abraço festivo na minha chegada

Você que me diz as verdades com frases abertas

Amigo, você é o mais certo nas horas incertas

Não preciso nem dizer

Tudo isso que eu lhe digo

Mas é muito bom saber

Que você é meu amigo.”

            Eu quero, ao ler essas frases, lembrar aos pais que mais importante mesmo é ser amigo dos filhos, e é muito bom ter a amizade dos filhos quando a gente é pai, para não sermos vistos apenas como o educador ou como o repressor que a gente às vezes tem que ser. Não ser apenas aquele que corrige, que orienta, mas ser amigo.

Outra música também que me toca muito é do Fábio Jr., cujo título é Pai. Ele diz:

Pai, pode ser que daqui a algum tempo

Haja tempo pra gente ser mais

Muito mais que dois grandes amigos, pai e filho talvez

Pai, pode ser que daí você sinta

Qualquer coisa entre esses vinte ou trinta

Longos anos em busca de paz

Pai, pode crer, eu tô bem eu vou indo, tô tentando, vivendo e pedindo

Com loucura pra você renascer

Pai, eu não faço questão de ser tudo, só não quero e não vou ficar mudo

Pra falar de amor pra você

Pai, senta aqui que o jantar tá na mesa, fala um pouco

Tua voz tá tão presa

Nos ensine esse jogo da vida, onde a vida só paga pra ver

Pai, me perdoa essa insegurança, é que eu não sou mais aquela criança

Que um dia morrendo de medo, nos teus braços você fez segredo

Nos teus passos você foi mais eu

Pai, eu cresci e não houve outro jeito, quero só reencostar no teu peito

Pra pedir pra você ir lá em casa

E brincar de vovô com meu filho no tapete da sala de estar

Pai, você foi meu herói meu bandido, hoje é mais muito mais que um amigo

Nem você nem ninguém tá sozinho

Você faz parte desse caminho

Que hoje eu sigo em paz

Pai, paz

E a última é realmente para aqueles que já não têm mais o pai presente, chamada Naquela Mesa, de Nelson Gonçalves. Diz a letra:

Naquela mesa ele sentava sempre

e me dizia sempre o que é viver melhor

Naquela mesa ele contava histórias

que hoje na memória eu guardo e sei de cor

Naquela mesa ele juntava gente

e contava contente o que fez de manhã

e nos seus olhos era tanto brilho

que mais que seu filho

eu fiquei seu fã

Eu não sabia que doía tanto

uma mesa num canto, uma casa e um jardim

Se eu soubesse o quanto dói a vida

essa dor tão doída, não doía assim

Agora resta uma mesa na sala

e hoje ninguém mais fala do seu bandolim

naquela mesa tá faltando ele

e a saudade dele tá doendo em mim.

Senador Paim, nós, homens, fomos treinados desde pequenos para não chorar, não nos emocionarmos, porque colocaram tradicionalmente na cabeça dos homens que homem tem que ser valente, forte, guerreiro e, portanto, não pode chorar, não pode demonstrar emoção.

Eu só quero dizer que tenho muitas lembranças boas do meu pai. Boas. E sempre digo para os meus filhos - e principalmente para o meu filho, porque tenho um filho e duas filhas - que para mim a coisa mais importante da minha vida é ter tido um pai, ser pai e hoje já ser avô.

Eu quero, portanto, abraçar todos os pais do Brasil e todos aqueles filhos que, no domingo, vão homenagear seus pais dizendo que cultivem, tanto em vida quanto depois da vida terrena, a memória dos pais. Por “ruim” - entre aspas -que possa ser um pai, o pai é sempre aquela figura que dirige e coordena uma família. Não digo isso me esquecendo ou menosprezando a figura da mãe. Pelo contrário. Digo que sem a mulher ninguém poderia ser digno da palavra de ser pai.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/08/2008 - Página 29845