Discurso durante a 151ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Preocupação com as denúncias veiculadas pela imprensa sobre corrupção no Governo do Piauí.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ADMINISTRAÇÃO PUBLICA. ESTADO DO PIAUI (PI), GOVERNO ESTADUAL. SEGURANÇA PUBLICA.:
  • Preocupação com as denúncias veiculadas pela imprensa sobre corrupção no Governo do Piauí.
Publicação
Publicação no DSF de 22/08/2008 - Página 33990
Assunto
Outros > ADMINISTRAÇÃO PUBLICA. ESTADO DO PIAUI (PI), GOVERNO ESTADUAL. SEGURANÇA PUBLICA.
Indexação
  • QUESTIONAMENTO, TRANSITORIEDADE, CARGO DE CONFIANÇA, FALTA, PREVISÃO, PERMANENCIA, COMPARAÇÃO, CARGO PUBLICO, DEFESA, VALORIZAÇÃO, CONCURSO PUBLICO.
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, DIARIO DO POVO, DENUNCIA, CORRUPÇÃO, SECRETARIO DE ESTADO, SECRETARIA DE EDUCAÇÃO, ESTADO DO PIAUI (PI), DEPUTADOS, INVESTIGAÇÃO, POLICIA FEDERAL, REGISTRO, PROBLEMA, ANTERIORIDADE, ADMINISTRAÇÃO, SECRETARIA DE SAUDE.
  • CRITICA, AUSENCIA, UTILIZAÇÃO, POLICIA FEDERAL, INSTRUMENTO, PRISÃO, ACUSADO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), REGISTRO, AMPLIAÇÃO, PODER, GOVERNO FEDERAL.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Senador Marco Antônio, que preside esta sessão de 21 de agosto; Parlamentares aqui presentes; brasileiras e brasileiros aqui presentes e os que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado, o Senador Alvaro Dias, com sua firmeza e com sua inteligência, em seu brilhante pronunciamento, coloca este Poder em igualdade com os outros Poderes, mostrando que a sabedoria, como disse o Rei Salomão, deve estar no meio. Falo dos 25 mil que entraram pelas portas largas da facilidade. Cargo de confiança é outra coisa, não é emprego. A sabedoria está no meio, e a História dá exemplos.

Bem aí está a vizinha Argentina, que ganhou no futebol do Brasil. Ainda hoje, o povo chora por Eva Perón. Ainda hoje, os argentinos choram, o mundo chora, pela sensibilidade. Ainda hoje, o Brasil chora e paga caro por Darcy Vargas, esposa de Getúlio Vargas, que exerceu cargo de confiança.

Senador Marco Antônio, estamos aqui para ensinar os outros Poderes também, não para nos agacharmos. Devemos ter sabedoria, que vale mais do que o ouro e a prata que o Executivo tem.

A justiça não é privativa do Poder Judiciário; a justiça é uma dádiva de Deus para todos nós, ela é divina. Deus entregou ao seu líder Moisés as Tábuas da Lei, e o Filho de Deus subiu às montanhas e bradou: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça”. Somos todos nós bem-aventurados. Desse assunto eu entendo, e o Alvaro Dias mostrou muito claramente as evidências.

Olha, essa barbárie que ocorre com a nossa infância, com a juventude, não existia, não. Estudei no Rio de Janeiro, era médico cirurgião, Senador Marco Antônio, e nós, os residentes do Hospital dos Servidores do Estado, alugávamos, nos anos 60, o campus da Casa do Pequeno Jornaleiro. Não havia essa barbárie que se vê, não, porque Darcy Vargas, assessorando, exercendo o serviço social, recrutava todos os meninos que perambulavam e os transformava. Eles habitavam, orientados por ela, a Casa do Pequeno Jornaleiro. Era nepotismo? Quanto a Eva Perón, havia nepotismo? Era amor, lealdade aos seus esposos, que tinham a missão de governar.

Então, entendo que a ignorância é audaciosa. Tem-se de diferir o joio do trigo: o que é cargo de confiança - que não é emprego, é limitado a um período -e o que é entrar pela porta larga, como diz a Bíblia. Acho que a entrada tem de ser pela porta estreita do concurso, do mérito, mas é muito oportuno quando se confunde, nesta Casa, a história da Justiça. E ali está Rui Barbosa. Ele era da Justiça e era aqui nosso símbolo maior. Marco Antônio, o País tem de relembrar. Ele disse: “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”. Esse dia chegou: foi o dia do Governo do PT. Os honestos estão acachapados.

Atentai bem, Luiz Inácio, para o que diz o Diário do Povo do Piauí, um jornal conceituado. O jornalista que escreve aqui é Zózimo Tavares. Presidente Luiz Inácio, o maior jornalista da história do Brasil foi piauiense, Carlos Castello Branco, de “A Coluna do Castello”. Na ditadura, ele teve coragem de escrever pelo povo, pelas liberdades, pela austeridade e pela honestidade. E Zózimo Tavares, Senador Alvaro Dias, que voltou a presidir esta sessão, é o Carlos Castello Branco dos nossos dias. Ele é lá do Piauí. Até fisicamente, ele lembra Carlos Castello Branco. Um é da Academia Brasileira de Letras; o outro, da Academia Piauiense de Letras. É escritor acreditado. Atentai ao que ele diz aqui - e, hoje, o Piauí é PT: “Grampos da Polícia Federal flagram corrupção no Governo”.

Senador José Nery, V. Exª, que tem compromisso com a ética, tem de continuar com as denúncias daquela brava mulher parlamentar Heloísa Helena. O PT, que inundou o Piauí, está afundando. Hoje, o Piauí voltou a ter os piores índices do Brasil, coisa que tínhamos tirado. Tínhamos índices bem melhores do que todos do Maranhão, muitos da Paraíba, muitos de Alagoas e do Rio Grande do Norte. Mas também o esquema envolveria o Secretário de Educação, o Deputado Hélio Isaías, Nelson Nery, Joaquim Almeida e Wellington Dias. Não é um jornalista qualquer, não; é o Zózimo Tavares, é o renascer de Carlos Castello Branco.

Olhem aí, coloquem aí, coloquem bem grande como se fosse para o Aloizio Mercadante, como se fosse para o Tião Viana, como se fosse do PT. E, agora, quem denuncia? Coloque aí: a vida dele é dedicada à Polícia Federal; ele foi primeiro suplente de Deputado Federal, Deputado Estadual e Secretário de Segurança por duas vezes.

O Piauí não pode viver só desses escândalos. No escândalo dos sanguessugas, o PT nos colocou lá. No da Gautama, foi gravado por dezessete vezes. Digo daquele da Gautama, da Polícia Federal. A Polícia Federal é bacana, tem uma coragem doida, mas não algema ninguém do PT. É interessante: houve dezessete gravações da Gautama com o Governo do PT. Agora, o Secretário de Segurança, que tem uma vida na Polícia Federal, que foi Deputado Estadual, está aqui denunciando a corrupção do PT. E do PT não se algema ninguém. Daí essa confusão. É estranho. Oh, Deus, não quero saber a lei. Aloprados são muitos. O PT é imune. A Gautama, esse “luz para o campo”, foi as trevas da história do Piauí. Foi só roubalheira. Ninguém teve seu nome gravado dezessete vezes como a Gautama. E aí se vê falar de Governadores. Mas do PT...

Geraldo Mesquita, nada tenho contra Luiz Inácio, votei nele em 1994, mas somos mais preparados do que esse Luiz Inácio. Foi longa e sinuosa nossa chegada aqui. Então, com essa besteira de terceiro mandato, ele acabaria com a democracia. Para ele, nenhum.

Está ali o Geraldo Mesquita. Este Senado é valoroso. S. Exª tem valor igual ao de Rui Barbosa. Conheço seu caráter, a literatura e a inteligência.

Ontem, esta Casa comemorava a Constituição, Nery. São vinte anos. Eu vi, e o País viu. Ulysses Guimarães, que está encantado no fundo do mar, dizia “a corrupção é o cupim que corrói a democracia”, que é mais ou menos o que disse Rui Barbosa: “De tanto ver as nulidades atingirem o poder, de tanto ver campear a corrupção, de tanto rir-se da honra, chegará o dia em que o homem terá vergonha de ser honesto”. O Geraldo Mesquita é honesto. Rui Barbosa não foi mais honesto do que ele, não. Conheço os dois.

Aqui não se vê nada. E qual é o perigo? O perigo é que o Executivo é forte, o Executivo é que tem o BNDES, o Executivo é que tem o Banco do Brasil, é que tem a Caixa Econômica. E o mundo de hoje não é aquele da Bíblia, que diz que “a sabedoria vale mais do que ouro e prata”. Hoje, o que vale mesmo é o mensalão, o ouro, a prata e a corrupção.

Ulysses beijou a Constituição. Eles eram capazes e competentes. Daquilo está por trás o estadista Fernando Henrique Cardoso, Ulysses Guimarães, Affonso Arinos, Bernardo Cabral. Essa Constituição foi bem feita.

(Interrupção do som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Peço-lhe só mais três minutinhos, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE (José Nery. PSOL - PA) - Senador Mão Santa, já dobramos seu tempo, mas V. Exª tem mais três minutos para concluir seu pronunciamento. É a generosidade da Mesa.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Eu queria dizer que eles eram sábios. Eles fizeram aquela Constituição, Senador João Pedro, para o Presidente ter um mandato. Nós é que nos agachamos. O agachamento começou por ali, onde o Luiz Inácio disse que tinha trezentos picaretas. E é bom a gente recontar, para ver se o número de picaretas aumentou, ficou igual ou diminuiu. Foi o Luiz Inácio que passou lá.

Então, com dois mandatos, a Constituição, numa confiabilidade ao presidencialismo - houve plebiscito -, deu direito de ele indicar os homens da Suprema Corte, do Supremo Tribunal Federal (STF). O Presidente Luiz Inácio já vai com quase oito. Há gente lá com carteirinha, com carteirinha do PT, há vinte anos. Falo como médico, como psicologista. É como o cabra que é corintiano há vinte anos: ele não torce de jeito nenhum pelo São Paulo. Então, não venham com essa conversa, não! Se der mais outro mandato, ele nomeia o resto. Então, ele, que já é forte, que tem o dinheiro, terá todo o Poder Judiciário, que pode prender, cassar, multar e interpretar a lei. E vamos continuar a bradar. Mas aqui está a corrupção, e venho bradar.

Aprendi com Teotônio Vilela, orgulho do nosso PMDB, o que se tem de fazer aqui. Ele, moribundo, com câncer, aqui bradava: “Resistir falando, e falar resistindo, para que renasça a democracia”.

Quero dizer neste instante que estou perplexo. Por que a Polícia Federal não algemou ninguém no Piauí? As denúncias estão aqui do Secretário de Segurança da Polícia Federal, duas vezes Deputado. E há mais. Olhe como somos justos! Quem aqui é do PT? Ninguém? Não há ninguém do PT aqui, não? Olhe aí! Eles estão entrando na porta larga neste instante, buscando as facilidades do Governo.

Continua o jornal com uma denúncia de 2007, na Secretaria de Saúde, além da educação, da saúde, do pessoal, da Justiça, que faz o Governo. Agora, quero ser justo. Não tem nada a ver...

(Interrupção do som.)

O SR. PRESIDENTE (José Nery. PSOL - PA) - Senador Mão Santa, concedo-lhe mais um minuto para V. Exª concluir.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Não há importância. Cristo fez o Pai Nosso em um minuto. E lá vamos nós, discípulos de Cristo. Atentai bem! “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça.” O PT tem um candidato a Prefeito em Teresina que nada tem a ver com isso. Ele é probo, honesto, honrado, é o Deputado Nazareno Fonteles. Para quem não entende, o jornal mete o pau em falcatruas na saúde, mas não é com ele, que foi Secretário de Saúde. Disputei o Governo do Estado em 2004 contra ele, candidato do PT. Quero dar o testemunho de que é um dos políticos mais honrados que existem no Piauí. Agora, o que queremos é justiça: que a Polícia Federal separe o joio do trigo, e que Luiz Inácio salvaguarde a democracia! Ó Luiz Inácio, ó Deus, livrai o Piauí desses aloprados!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/08/2008 - Página 33990