Discurso durante a 148ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Satisfação com a melhoria da malha ferroviária de Alagoas, que passará a integrar a Transnordestina. Apelo à Vale do Rio Doce, pela urgente recuperação do trecho entre Porto Real do Colégio até Aracaju, Sergipe.

Autor
Renan Calheiros (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AL)
Nome completo: José Renan Vasconcelos Calheiros
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DE TRANSPORTES.:
  • Satisfação com a melhoria da malha ferroviária de Alagoas, que passará a integrar a Transnordestina. Apelo à Vale do Rio Doce, pela urgente recuperação do trecho entre Porto Real do Colégio até Aracaju, Sergipe.
Publicação
Publicação no DSF de 20/08/2008 - Página 30922
Assunto
Outros > POLITICA DE TRANSPORTES.
Indexação
  • ANALISE, DECADENCIA, FERROVIA, BRASIL, DENUNCIA, ABANDONO, TRANSPORTE FERROVIARIO, REGIÃO NORDESTE, PRIVATIZAÇÃO, REDE FERROVIARIA FEDERAL S/A (RFFSA), PARALISAÇÃO, TRAFEGO, ESTADO DE ALAGOAS (AL), ELOGIO, ATUAÇÃO, EMPRESA PRIVADA, SETOR, INICIO, OBRAS, REATIVAÇÃO, ATENDIMENTO, MUNICIPIOS, REGISTRO, VISITA, ORADOR, INAUGURAÇÃO, TRECHO, AGRADECIMENTO, PARTICIPAÇÃO, COMPANHIA SIDERURGICA NACIONAL.
  • SOLICITAÇÃO, COMPANHIA VALE DO RIO DOCE (CVRD), AGILIZAÇÃO, RECUPERAÇÃO, TRECHO, FERROVIA, LIGAÇÃO, ESTADO DE ALAGOAS (AL), ESTADO DE SERGIPE (SE), ANALISE, VANTAGENS, PROJETO, RETOMADA, TRANSPORTE FERROVIARIO, REDUÇÃO, CUSTO, TRANSPORTE DE CARGA, ACESSO, PORTO DE SUAPE, FACILITAÇÃO, ESCOAMENTO, PRODUÇÃO AGRICOLA, AÇUCAR, ALCOOL, REGIÃO NORDESTE, PRESERVAÇÃO, PATRIMONIO HISTORICO.
  • ANUNCIO, OBRAS, AMPLIAÇÃO, RODOVIA, LIGAÇÃO, ESTADO DE ALAGOAS (AL), ESTADO DE PERNAMBUCO (PE), ESTADO DE SERGIPE (SE), CAPITAL DE ESTADO, MUNICIPIOS, ANTERIORIDADE, BANCADA, DESVIO, RECURSOS ORÇAMENTARIOS.

            O SR. RENAN CALHEIROS (PMDB - AL. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, para quem já morou perto das ferrovias, o apito da locomotiva sempre foi sinal de desenvolvimento. Muitas cidades que cresceram em volta das estações de trem, junto às velhas locomotivas, são importantes patrimônios culturais e fontes de riqueza pelo seu potencial turístico e econômico.

            Infelizmente, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, uma série de fatores contribuiu para a decadência, quase o fim da ferrovia. A rápida expansão dos transportes rodoviários, o crescimento da indústria automobilística e a pobreza de algumas regiões - incompatível com o alto custo de manutenção - contribuíram de forma decisiva para uma melancólica degradação das estradas de ferro.

            Em agosto de 2003, eu denunciava, desta tribuna do Senado Federal, o abandono da malha ferroviária do Nordeste. Lembrei, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, que Alagoas estava com o tráfego ferroviário paralisado desde 2000, por causa das fortes chuvas. E foram cerca de vinte anos de problemas, de paralisações e de falta de investimento. Mas, agora, Sr. Presidente, parece que nosso Estado terá a chance de se desenvolver pelos trilhos. Alagoas passará a integrar a grande malha da Transnordestina e ampliará, como conseqüência, as bases para a promoção de taxas de crescimento mais altas. Hoje, Alagoas usa menos de 10% da malha, mesmo assim para transportar passageiros. As cargas não têm trilhos para escoar.

            Em 1998, a Rede Ferroviária Federal foi privatizada. Os 356 quilômetros de linha férrea passaram a ser administrados pela Companhia Ferroviária do Nordeste, hoje com o nome de Transnordestina Logística. No ano passado, a empresa iniciou as obras de reativação das linhas férreas alagoanas. A malha ferroviária passa por diversos Municípios, como São José da Laje, União dos Palmares, Branquinha, Murici, Rio Largo, Atalaia, Capela, Cajueiro, Viçosa, Paulo Jacinto, Quebrangulo, Palmeira dos Índios, Arapiraca, Campo Grande e Porto Real do Colégio.

            Pude, pessoalmente, constatar a rapidez, a eficiência e a qualidade das obras nessa última segunda-feira, quando, acompanhado do Governador Teotonio Vilela Filho e do Presidente da Transnordestina, Tufi Daher, fui vistoriar o trabalho na linha férrea e entregar, formalmente, o trecho de Arapiraca a Palmeira dos Índios. Nos próximos dois meses, estará pronto o trecho de Palmeira dos Índios a Viçosa.

            Gostaria de agradecer aqui à Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) a participação decisiva na recuperação da malha ferroviária de Alagoas. Não tenham dúvida da importância estratégica que o projeto está tendo para o Estado e para sua população. São mais de quinhentos empregos diretos!

            Por isso, faço um apelo à Vale do Rio Doce, para que agilize a recuperação do trecho sob sua responsabilidade, que vai de Porto Real do Colégio a Aracaju, no Estado de Sergipe. Quando a linha começar efetivamente a funcionar, será mais fácil exportar tudo o que produzimos em Alagoas, a exemplo do álcool, do açúcar, do cimento, do PVC, produtos que já são vendidos em outros Estados, mas por rodovias, o que os torna mais caros e menos competitivos. Sr. Presidente, ao custo total de R$132 milhões, a reforma vai dar competitividade ao Estado. A ferrovia ligará o porto de Suape, em Pernambuco, a Aracaju, em Sergipe. De um total de 350 quilômetros, já foram restaurados mais de 100 quilômetros. Hoje, as cidades de Arapiraca, de Palmeira dos Índios, de Viçosa, de Quebrangulo, de Capela e de Cajueiro possuem trechos praticamente recuperados.

            As ferrovias conectadas aos portos são fundamentais para o desenvolvimento econômico. Esse é um dos muitos investimentos da iniciativa privada que são importantes para Alagoas. Temos trabalhado, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, para que esses investimentos efetivamente aconteçam.

            A obra tem como principal objetivo facilitar, como eu disse, o escoamento de boa parte da produção agrícola e sucroalcooleira de Alagoas, ligando o Estado ao restante do Nordeste e do Sudeste. Além disso, há redução conseqüente de custos em relação aos transportes rodoviários.

            Outras obras, Sr. Presidente, também importantes para nosso Estado começarão nos próximos dias, como a duplicação da BR-101, também entre a divisa de Alagoas com Pernambuco e a divisa de Alagoas com o Estado de Sergipe, e como a duplicação da rodovia que liga Maceió à Barra de São Miguel, para onde a Bancada federal já alocou os respectivos recursos. Tudo isso vai deixar Alagoas mais eficiente no escoamento de sua produção, na geração de empregos e de renda e na modernização da infra-estrutura do Estado.

            Recuperar nossa malha ferroviária é também preservar nossa história. A primeira estrada de ferro alagoana foi inaugurada em 1873, com apenas dez quilômetros. Quem sabe, depois dessas reformas, possamos presenciar cenas como as que foram descritas pelo coletor de impostos de Alagoas Walfrido Moraes, pelos idos de 1937, tão bem registradas pelo grande historiador Douglas Apratto: “Por fim, o trem partiu. E lá se foi, fungando, soltando fumaça, apitando, trepidando, rangindo os ferros velhos, varando a caatinga braba, estorricada, sedenta. Parando aqui e parando ali, nas estaçõezinhas do caminho”.

            Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/08/2008 - Página 30922