Discurso durante a 154ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comemoração pelo anúncio de retomada das obras de modernização do Porto de Luis Correia, no Piauí.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DE TRANSPORTES.:
  • Comemoração pelo anúncio de retomada das obras de modernização do Porto de Luis Correia, no Piauí.
Aparteantes
Flexa Ribeiro.
Publicação
Publicação no DSF de 27/08/2008 - Página 34706
Assunto
Outros > POLITICA DE TRANSPORTES.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, AGRADECIMENTO, INICIATIVA, RECONSTRUÇÃO, PORTO DE LUIS CORREA, ESTADO DO PIAUI (PI), COMENTARIO, HISTORIA, PROJETO, ANTERIORIDADE, TENTATIVA, CONSTRUÇÃO, REGISTRO, RECEBIMENTO, CONVITE, GOVERNADOR, CHEFE, SECRETARIA, PORTOS, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, SOLENIDADE, LANÇAMENTO, REINICIO, OBRAS.
  • COMENTARIO, IMPORTANCIA, CONSTRUÇÃO, PORTO DE LUIS CORREA, ESTADO DO PIAUI (PI), BENEFICIO, AMBITO REGIONAL, REDUÇÃO, CUSTO, COMERCIO, PETROLEO, LAVRA DE PETROLEO, REGIÃO, DEFESA, FERROVIA, MELHORIA, ESCOAMENTO, PRODUÇÃO, FAVORECIMENTO, TURISMO, PESCA.
  • DEFESA, REATIVAÇÃO, AEROPORTO, ESTADO DO PIAUI (PI).

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Presidente Romeu Tuma, Parlamentares presentes, brasileiras e brasileiros aqui presentes e que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado, Senador Marco Maciel, este País já teve muitos governantes. Inventaram as capitanias hereditárias, que, depois, passaram a ser províncias, estados.

Este País teve três governadores-gerais, teve três reis, teve dois regentes e depois - parece-me - 28 Presidentes ditadores. Mas, em 1919, Epitácio Pessoa, Presidente civil, idealizou um porto no Piauí: Luís Correia. De 1919 a 1922, governou Epitácio Pessoa. Vai fazer quase um século, Senador Mário Couto, que governou Epitácio Pessoa.

Em agosto de 1950, eu vi Getúlio Vargas - atente bem, Marco Maciel! -, na Praça Nossa Senhora das Graças, dizer: “Se eleitor for, vou concluir o Porto de Amarração”. Era o Povoado de Luís Correia. Agosto de 1950. Eu o vi acompanhado dos Gregórios. Meu tio era Prefeito. Fumou aquele cachimbo dele e ganhou - em agosto de 1950. Eu vi o Senador Joaquim Pires, do Piauí, bem velhinho, lá em cima das pedras, Tasso Jereissati. E era essa história do Porto do Piauí. Era Luís Correia, do Povoado Amarração. Parece que o nome amarrou o negócio.

O povo do Piauí me fez Deputado Estadual de 1979 a 1982, Mário Couto, e acompanhei toda essa história naquele período. No período ainda ditatorial, era Ministro do Planejamento João Paulo dos Reis Velloso. Ele foi o farol, a luz do período ditatorial e, como piauiense, sonhou em concluir esse porto. Mas, na hora marcada, foram ver os calados, e aquilo que devia ser 7,5 m... Fomos surpreendidos, e aprendi a palavra “assoreamento”. Não dava para inaugurar, porque tinha assoreado. Enfim, o rio Parnaíba, nos seus 1.458km, trouxe areia e aterrou o porto.

O Governador Alberto Silva, que foi Senador, resolveu privatizar para um grupo cearense, um grupo que tem um estaleiro. Depois, Deus me permitiu ser Governador do Piauí, e eu me interessei em estudar. Olhem, ali foram encravados já US$100 milhões, e, com US$20 milhões, se concluiria o modelo simplificado. Mas era privatizado.

Agora o Piauí votou, eu votei, em 1994, em Luiz Inácio, e aí eu disse: “É agora. Com Governador do Partido dos Trabalhadores, Luiz Inácio, esta é hora de sonharmos com o Porto de Luís Correia”.

Li um discurso de um dos mais brilhantes Parlamentares, Auto de Abreu, que fez o Dia do Piauí: 19 de outubro. Nele, Auto de Abreu dizia, aqui neste Congresso: “Dizem que a morte é como um naufrágio. Aceitaria essa definição, mas aí eu faria um esforço e viria à tona e, antes de morrer nesse naufrágio, eu queria ver as luzes o Porto de Luís Correia”. Só conversa. Agora, aqui no Senado, desde o começo, eu conto esta história, muitas vezes repetida.

O Governador do Partido dos Trabalhadores resolveu tomar a frente e sensibilizou o Presidente da República. Entendo que era hora de ele mostrar gratidão ao Piauí, que sempre lhe deu maioria. E hoje, então, nós fomos convidado pelo Governador e pelo chefe da Secretaria de Portos da Presidência da República, Pedro Brito, que vai lançar o reinício dessas obras.

Então, Romeu Tuma, acreditando no livro de Dom Quixote de La Mancha, que diz: “Só não tem jeito para a morte. A esperança é a última que morre” e em Ernest Hemingway, em seu livro O Velho e o Mar, que diz: “A maior estupidez é perder a esperança”, eu, com essa esperança, no Orçamento de 2007, aloquei R$17 milhões; no anterior R$3 milhões, de tal maneira, que sensibilizou, e o Piauí se mexe.

Pedimos à Sua Excelência, o Senhor Presidente da República, que continue aquele sonho de Epitácio Pessoa. Agora, entendo, e entendo bem, que um porto é para longa distância, para carga pesada. Não temos mais longa distância. O Ceará está com dois portos; o Maranhão, de José Sarney Presidente da República, fez um porto gigantesco, o extraordinário Porto de Itaqui, talvez um dos melhores do mundo, com uma linha da qual sai um navio gigantesco de Rotterdam, na Holanda, até São Luís, no Brasil. Mas que se tire lucro do prejuízo, transformando aquele porto, como Santa Catarina tem 3 portos; o Ceará, 2; Santa Catarina, um grande, um misto e um pequeno, de Lagunas, num terminal de petróleo.

O Estado do Ceará tem Paracuru, uma pequena cidade. Paracuru tem um terminal de petróleo. Na região norte do Piauí, bela - Deus fez a sua parte - há o petróleo mais caro do mundo. O Brasil tem o mais caro.

(Interrupção do som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Lá é mais caro porque ele vai do Ceará para Teresina e volta para o nosso litoral, ou de São Luís para Teresina e volta. Então, nesse ponto, o terminal de petróleo já tornaria o combustível mais barato, facilitando o turismo e o desenvolvimento da pesca. Também é dificultada a pesca, porque o combustível é o mais caro do mundo. E seria fundamental uma ferrovia - e do litoral à nossa capital é uma planície, é de fácil reconstrução - como logística das ZPEs. Aí, sim, nós viríamos aqui, em nome do povo do Piauí, agradecer à Presidência da República.

(Interrupção do som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - O que nós vemos é aquela lei de Goebbels: “Uma mentira repetida se torna verdade”. Falam em aeroporto internacional, mas não há nem teco-teco.

Quando eu era menino, saía da Parnaíba e ia fazendo escala em todas capitais até chegar ao Rio de Janeiro: na Aerovia, na Aeronorte, na Aero Brasil, na Panair, e havia até, Mário Couto, uma empresa do Pará, a Paraense Transporte Aéreo, que o povo a apelidou de PTA - Prepara Tua Alma.

Mas havia avião naquela época e, agora, não existe nem teco-teco na nossa cidade. Mas nós esperamos. E aqui, em nome do povo do Piauí, para o Governo Federal, nós já liberamos...

(Interrupção do som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Um minuto, Sr. Presidente.

            Nós incluímos no Orçamento passado R$17 milhões para reiniciar, acreditando que a esperança é a última que morre, acreditando na gratidão de Sua Excelência, o Presidente Luiz Inácio.

O Sr. Flexa Ribeiro (PSDB - PA) - V. Exª me permite um aparte, nobre Senador?

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - E, no anterior, R$3 milhões.

Concedo um aparte ao Senador Flexa Ribeiro.

O SR. PRESIDENTE (Romeu Tuma. PTB - SP) - Senador Flexa, seja rápido, porque já prorroguei várias vezes.

O Sr. Flexa Ribeiro (PSDB - PA) - Serei muito rápido, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Romeu Tuma. PTB - SP) - Obrigado. Seja uma flecha.

O Sr. Flexa Ribeiro (PSDB - PA) - Só para fazer um pedido ao Senador Mão Santa, que acabou de fazer uma observação e um registro sobre uma companhia aérea com sede em Belém, que foi muito importante para o nosso Estado, a Paraense Transportes Aéreos. Como a sigla era PTA, ele disse: “Prepara tua alma”. Quero apenas pedir a V. Exª, Senador Mão Santa, que retire essa frase dos Anais do Senado, porque essa companhia foi muito importante para o Estado do Pará. Lamentavelmente, como várias outras, não conseguiu sobreviver e acabou tendo de fechar. Mas ela teve um papel muito importante, porque foi a primeira companhia aérea genuinamente paraense com vôos regulares para quase todos os Estados do Brasil, sul e nordeste. Só pediria isso a V. Exª, como um admirador do Pará e também por ser admirado pelos paraenses.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Também. Ela deve ter sido muito eficiente.

            Se os passageiros não chegaram ao destino previsto, com certeza, foram todos para o céu, porque não há nenhuma reclamação da família pedindo indenização ao Pará.

Mas pedimos, então, ao Presidente Luiz Inácio que mantenha pelo menos aqueles aviões, Tasso Jereissati, que a gente chamava de teco-teco. Não existe mais nem teco-teco na minha cidade, cidade também de Evandro Lins e Silva, de João Paulo dos Reis Velloso; só existe nas páginas do jornal aeroporto internacional.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 27/08/2008 - Página 34706