Fala da Presidência durante a 151ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem aos cinquenta e quatro anos de morte de Getúlio Vargas.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem aos cinquenta e quatro anos de morte de Getúlio Vargas.
Publicação
Publicação no DSF de 22/08/2008 - Página 34010
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE MORTE, GETULIO VARGAS, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, COMENTARIO, IMPORTANCIA, POLITICA, VALORIZAÇÃO, NACIONALISMO, ESPECIFICAÇÃO, CRIAÇÃO, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), CONSELHO DE SEGURANÇA NACIONAL (CSN), TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL (TSE), PREVIDENCIA SOCIAL.
  • COMENTARIO, CONDUTA, GETULIO VARGAS, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, SITUAÇÃO, PERIODO, GUERRA, MUNDO, QUESTIONAMENTO, POSIÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, ARGENTINA, REGISTRO, CARACTERISTICA, ESTADO NOVO, DITADURA.
  • ELOGIO, GETULIO VARGAS, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, COMENTARIO, RELEVANCIA, HISTORIA.

            O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI.) - Ao assumirmos a Presidência desta sessão, de 21 de agosto de 2008, nós queremos fazer nossas as palavras desse Senador brilhante e que representa o melhor da História Política de Brasil. S. Exª trouxe à lembrança o dia 24 de agosto, próximo domingo, em que o País vive o 54º aniversário da morte de Getúlio Vargas. Sem dúvida nenhuma, ninguém interpretaria o que significou a Era Vargas para o Brasil melhor do que Paulo Duque, que era Deputado estadual naquele período. Todos os brasileiros ganharam com a existência do estadista Getúlio Vargas, mas Paulo Duque, que conviveu com ele, ganhou mais do que todos nós: ele acabou se casando com a bela secretária de Getúlio Vargas. Ele nos traz à lembrança a beleza dessa história. A Presidência, José Nery, recorda a importância daquele período. “O homem é o homem e suas circunstâncias”, disse Ortega Y Gasset.

            Getúlio Dornelles Vargas viveu uma época de corrupção eleitoral. Os resultados das eleições não correspondiam à verdade e aos anseios populares. Ele teve a coragem de se sobrepor a isso. Para assumir o Governo, teve que fazer frente a uma guerra. Foi vítima de duas guerras, inclusive de uma guerra dos paulistas que quiseram derrubá-lo. Depois, foi vítima da Segunda Guerra Mundial. Então, durante seu mandato enfrentou três guerras. Foi o grande estadista desta Pátria. Tudo o que temos de nacionalismo, como a Petrobras, que nos encanta, a siderurgia, a Previdência, o voto secreto, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), devemos ao estadista que estava preparando o País para a redemocratização. Tanto é que tomou a decisão de alinhar-se aos líderes democráticos do mundo, como Franklin Delano Roosevelt, como Winston Churchill, que foram buscar Stalin. Então, tomou essa decisão, foi categórico e mostrou essa visão trazendo esse enriquecimento para a história do Brasil.

            Os vizinhos argentinos não tomaram partido e se beneficiaram da guerra. Não entraram na guerra e venderam alimentos para os dois lados, para a Alemanha, para a Itália, para o Japão, para os Estados Unidos, para a Inglaterra, para a França; daí a beleza da cidade de Buenos Aires. Enquanto o mundo era arrasado, a Argentina construía o avanço cultural de Buenos Aires.

            Getúlio tomou a decisão, sua atuação foi um dos fatores decisivos para que renascesse a democracia. E ele teve a grandeza de reconhecer isso, saiu pacificamente. Ele, que era muito querido, entregou o Governo para eleições livres, quando foi eleito o General Eurico Gaspar Dutra. Em respeito à história de nosso Exército, eu citaria só um fato que mostra a grandeza de Dutra. Quando - isso é muito oportuno para os aloprados que estão assaltando este País - o General Dutra, Senador Jefferson Praia, ao entregar o Governo, pediu ao genro que alugasse uma casa para morar após sair da presidência. E quando foi ver a casa, ele não quis entrar porque era um sobrado, grande, e ele, Dutra, disse que não tinha dinheiro para pagar o aluguel daquela casa no Rio de Janeiro. O General Dutra deu esse exemplo de honestidade. Recuou. Então o genro dele disse que Dutra lhe tinha delegado isso e ele tinha resolvido. Disse também que Dutra não ia pagar o aluguel daquela casa, porque ela era de um amigo que a tinha cedido a ele. Ele, depois de cinco anos de governo, recuou, não quis adentrar aquele sobrado que o genro havia conseguido, porque não tinha dinheiro para pagar o aluguel.

            Getúlio Vargas, depois, voltou ao poder nos braços do povo. Em 1950, eu o conheci. Meu tio João Orlando de Moraes Correa era Prefeito de Parnaíba e, em agosto de 50, ele foi hóspede de meu tio. Eu vi o Getúlio com o seu charuto, de branco, com seu chapéu e acompanhado da sua guarda pessoal, chefiada por Gregório. Realmente, no Governo dele houve tantos avanços que hoje o País o tem como o maior estadista brasileiro.

            Sabemos que o período ditatorial não foi bom. Ele foi descrito por Graciliano Ramos, no livro Memórias do Cárcere. Depois, vivemos a ditadura militar, cujos horrores foram descritos por Elio Gaspari. Ainda hoje estão assombrados e querendo buscar os malfeitos do passado. Mas a Getúlio Vargas o País deve. Ele foi o grande estadista deste País. Sem dúvida nenhuma, se fizermos uma eleição entre todos os que governaram este País - três governadores-gerais; três reis; uma mulher, que, embora tenha ficado poucos instantes, tomou uma decisão das mais belas, que foi a libertação dos escravos; e os 28 presidentes, com ditadores -, tenho a convicção de que a História coloca Getúlio Vargas entre os três melhores da História do País.

            Então, queremos associar-nos à lembrança de Paulo Duque.

            O Brasil precisa valorizar os seus heróis. O nosso País erra ao não fazer isso. Antes do Império só tivemos um herói, 300 anos de Brasil: Tiradentes. É muito pouco.

            Temos que fazer com que a geração de jovens veja os exemplos de grandeza dos nossos heróis que fizeram a República. Entre eles está o estadista Getúlio Dornelles Vargas.

            Citaria um exemplo, para fechar. Quando ele deixou o Governo, Jefferson Praia - talvez o Paulo Duque não tenha percebido um dos atos mais bonitos que nos ensina e deve ensinar aos aloprados que aí estão -, ele se recolheu a São Borja. A fazenda dele não tinha energia elétrica e ele não tinha uma geladeira. Quando ele passou em São Paulo um empresário... Aquela geladeira a querosene que conhecemos, não é, Paulo Duque? Quero dizer que meu avô, na mesma época, lá na Parnaíba, tinha três geladeiras a querosene: uma na fábrica, uma na casa dele e uma na casa de praia.

            O SR. JOSÉ NERY (PSOL - PA) - Sr. Presidente...

            O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - E Getúlio Vergas, depois de 15 anos no Governo - atentai para esse exemplo! - não tinha energia na fazenda dele; hoje, os políticos, a primeira coisa que querem é puxar os benefícios para as suas propriedades. Getúlio não tinha uma geladeira, aquela Eletrolux a querosene, que tinha um espelho metálico. Então, esse é também um grande exemplo.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/08/2008 - Página 34010