O SR. PAPALÉO PAES (PSDB - AP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, o Senador Arthur Virgílio abre mão para eu fazer uso da palavra. Eu já ouvi hoje, pela manhã, o Senador Eduardo Suplicy falar sobre Olavo Setúbal, ouvi outros Senadores e, agora, ouvimos o Senador Sarney falar sobre Olavo Setúbal. Realmente o Presidente Sarney, com suas citações, deixa pouco espaço para nós, para falarmos e acrescentarmos algo.

            Mas o que ficou registrado na história de Olavo Setúbal foi a sua evolução profissional, dele e de sua família. Se pudéssemos fazer um Raio X, um retrospecto de sua vida de evolução patrimonial, íamos constatar que, realmente, todo o patrimônio da família Setúbal é feito em cima de trabalho, de honestidade, de seriedade.

            Além disso, Olavo Setúbal foi um grande político: Ministro das Relações Exteriores, no Governo do Presidente José Sarney - que fez as suas referências aqui -, e um ótimo Prefeito da cidade de São Paulo, a quem a cidade deve muito. Sua forma leal de agir na política fez com que ele pagasse um preço alto, que foi, realmente, o rechaço pelo seu próprio partido, da sigla que lhe daria condições de candidato a governador - e São Paulo seria um Estado vitorioso com Olavo Setúbal sendo seu governador.

            Sr. Presidente, quero prestar a minha solidariedade à família Setúbal, junto com esta Casa e em nome de muitos desta Casa, e também quero falar de outro assunto muito sério.

            Esse assunto muito sério diz respeito à nossa visita oficial à Santa Casa de Misericórdia do Estado do Pará. Foi presidindo a Comissão de Senadores o Senador Flexa Ribeiro, e eu fui designado para ser o Relator. Então, Sr. Presidente, o que fomos fazer ali, naquela reunião, deixei bem claro que não seria uma reunião de caráter político-partidário. Inclusive, a Srª Secretária de Saúde do Estado do Pará está aqui presente. Ela é testemunha disso: de que nós conduzimos uma reunião no mais alto nível possível e não deixamos a política partidária tomar conta dessa situação.

            Fizemos um relatório que foi aprovado, tendo sido eu o Relator. Aprovamos esse relatório na Subcomissão de Saúde. Foi aprovado com alterações propostas por Parlamentares da Base do Governo. Fiz um acordo com o Senador Augusto Botelho, que queria fazer acréscimos ao relatório e, ilogicamente - isso é muito importante, por isso que estou fazendo uso da palavra, vou dizer por que -, a votação desse relatório foi adiado há quinze dias e deveria ser votado hoje.

            Mas, hoje, infelizmente, Sr. Presidente, com a presença até da nossa Presidente da Comissão de Assuntos Sociais, que deixou a reunião que seria às 11h para aguardá-la para ser às 14h30min da tarde, o Partido do Governo... A ex-Senadora Ana Júlia é Governadora do Estado do Pará, e quero registrar que eu conversei com a Governadora Ana Júlia, que conhece os meus propósitos como Relator e sabe muito bem que eu jamais iria cometer injustiça, principalmente em relação a ela. Grande parte dos problemas da Santa Casa não é oriunda da gestão da Senadora, mas de décadas de gestões. E, assim, nós iríamos cumprir rigorosamente nossa missão do relatório.

            Conversei com a Governadora Ana Júlia, conversei com o Senador Augusto Botelho, do PT - lembrando que sou do PSDB -, fizemos uma composição dos dois relatórios para serem votados hoje. Mas, infelizmente, Sr. Presidente - não estou falando contra o Partido de V. Exª nem dos demais - infelizmente, pela primeira vez, foi usado um artigo regimental que determina até 30 minutos de espera para, não tendo quórum, não se fazer a reunião.

            Então, quanto a esse assunto, não há culpa da Srª Presidente, absolutamente. É ação do PT mesmo, porque sei que há uma assessora lá do PT que fica doidinha quando se começa a falar nesse assunto. Fica para lá e para cá, para lá e para cá; ela deve estar até por aqui. Ou seja, essa senhora, em vez de assessorar esta Casa para defender bem a sua Governadora, ela atrapalha. Infelizmente, ela não é bem vista por mim, não, porque estamos fazendo um trabalho sério, e essa senhora está fazendo um trabalho de forma muito errada e prejudicial.

            Sr. Presidente, provavelmente, eu vá entregar essa relatoria. Não quero ser envolvido com alguém que seja negligente. Fiz o meu relatório por dois meses de um assunto extremamente urgente, que é a morte de dezenas, de centenas de crianças neste ano na Santa Casa, mas o PT, por intermédio da sua assessoria parlamentar, está perturbando o bom andamento dos nossos trabalhos na Comissão de Assuntos Sociais por intermédio de uma assessoria, que, realmente, deveria ser revista. Essa senhora está exatamente fazendo política partidária acerca de um assunto muito sério. Falei com a Governadora Ana Júlia para não se preocupar porque defenderei com unhas e dentes a saúde, mas não levarei contra a ela nada de injustiça. Então, vamos ficar, mais uma vez...

            Hoje, cheguei de manhã cedo, só para fazer esse relatório. Quero até justificar-me às pessoas do Amapá, porque hoje é meu aniversário, e eles fariam uma festa lá para mim. Adiei o compromisso dizendo que vinha aqui relatar o caso da Santa Casa, porque não queria adiar por mais sete dias esse assunto tão importante.

            Infelizmente, houve esse problema sério do Governo interferindo. Eu queria até que o Ministro Temporão e a Governadora Ana Júlia telefonassem para a assessoria parlamentar do PT na Casa e falassem do trabalho sério que estamos fazendo.

            Solicito isso a V. Exª e peço desculpas àqueles que estavam propensos a me homenagear hoje no meu Estado, porque estou aqui cumprindo a obrigação de relatar o que fomos observar na Santa Casa. Mas, infelizmente, o Partido do Governo interferiu e conseguiu bloquear a nossa reunião. Por isso, não estou relatando. Agradeço o que iam fazer por mim, mas vim cumprir minha missão, que infelizmente foi atropelada.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.