Discurso durante a 183ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Registro da participação de S.Exa. em reunião do Conselho Político, a ser realizada hoje no Palácio do Planalto, com o fim de se debater a crise internacional. (Como Líder)

Autor
Osmar Dias (PDT - Partido Democrático Trabalhista/PR)
Nome completo: Osmar Fernandes Dias
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA. ECONOMIA INTERNACIONAL.:
  • Registro da participação de S.Exa. em reunião do Conselho Político, a ser realizada hoje no Palácio do Planalto, com o fim de se debater a crise internacional. (Como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 07/10/2008 - Página 38752
Assunto
Outros > POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA. ECONOMIA INTERNACIONAL.
Indexação
  • EXPECTATIVA, REUNIÃO, ORADOR, PRESIDENTE DA REPUBLICA, LIDERANÇA, PARTIDO POLITICO, DEBATE, CRISE, SISTEMA FINANCEIRO INTERNACIONAL, REDUÇÃO, EFEITO, ECONOMIA NACIONAL, ESPECIFICAÇÃO, PREJUIZO, BOLSA DE VALORES, AUMENTO, VALOR, DOLAR.
  • DEFESA, AMPLIAÇÃO, CREDITO RURAL, CUSTEIO, INVESTIMENTO, GARANTIA, PAGAMENTO, REDUÇÃO, CUSTO DE PRODUÇÃO, INSUMO, AUMENTO, PREÇO, IMPORTAÇÃO, NECESSIDADE, MANUTENÇÃO, DESENVOLVIMENTO AGRICOLA, RELEVANCIA, CREDITO INDUSTRIAL, ESTABILIDADE, BALANÇA COMERCIAL, EXPORTAÇÃO.
  • RELEVANCIA, DEBATE, PROVIDENCIA, MANUTENÇÃO, CRESCIMENTO, BRASIL, REDUÇÃO, DESEMPREGO, EFEITO, CRISE.

O SR. OSMAR DIAS (PDT - PR. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, eu agradeço ao Senador Geraldo Mesquita, pois às 16 horas participarei de uma reunião no Palácio do Planalto com o Conselho Político, na qualidade de Líder do PDT.

Essa reunião tem por objetivo debater a crise internacional e fazer uma avaliação das medidas, tanto as já adotadas pelo Governo brasileiro quanto aquelas que ainda deve adotar para amainar, para amenizar o impacto da crise na economia brasileira.

Aproveito este momento, falando como Líder do PDT, para dizer que eu vou levar a minha posição sobre a questão, especialmente no que se refere às notícias que tenho lido. Inclusive, agora, abrindo as notícias on line, vi que a economia sofreu novo impacto. As bolsas de valores estão em queda livre; o dólar teve majorado seu valor em cerca de 6,7%, o que eleva seu preço para R$2,17 neste momento em que estou falando. E é claro que isso traz conseqüências paras as exportações, para as importações e, em curto prazo, tanto para a produção do setor primário quanto da indústria, alterando o nível de emprego.

O Governo brasileiro, que possui reservas cambiais em nível bastante elevado, poderia adotar agora medidas ousadas. Primeiro, falando do setor primário, não dá para plantar a safra que a população brasileira quer plantar (e o Governo espera) com o crédito que foi divulgado. O valor do crédito é baixo, os recursos já estão em falta para pagamento de insumos, principalmente porque estes tiveram aumento de preços exorbitante. Tivemos casos de algumas fórmulas de fertilizantes em que o preço dobrou do ano passado para cá. Então, o custo de produção da agricultura cresceu muito. Quando o Governo anunciou, lá atrás, o valor que seria liberado para o crédito rural, eu, daqui desta tribuna, disse que seria insuficiente. O Governo está entendendo que o aumento de 12%, no valor do crédito, vai se revelar muito acima daquilo que foi liberado o ano passado. E, na verdade, não é isso que está acontecendo.

Eu alertava: o valor do crédito vai crescer 12%, só que o valor do custo de produção vai crescer, em alguns casos, 100%. Para algumas culturas, o custo médio de produção aumentou 60%. Então, não será suficiente o crédito que foi liberado ou que está anunciado para ser liberado. Logo, a primeira medida que o Governo deveria adotar para combater a crise seria produzir mais. E, para produzir mais, deve o Governo rever os seus valores, principalmente em relação ao crédito rural de custeio e de investimento.

Anuncia-se, inclusive, que poderá faltar o crédito de investimento. Se isso acontecer, a modernização que vinha ocorrendo vai ser interrompida. A agricultura teve, nos últimos anos, um ganho de produtividade, avançou especialmente no sentido de incorporar novas tecnologias que, incorporadas, resultaram num aumento substancial da produtividade. Com isso, a produção brasileira alcançou 144 milhões de toneladas no ano, o que é um recorde de produção, em cima praticamente da mesma área plantada na média dos últimos três anos.

Então, se não tivermos, por parte do Governo, a adoção dessa medida agora de rever o patamar e colocar mais crédito - e, se fala que, só para custeio, seriam necessários mais R$8 bilhões -, será muito difícil o Governo manter o nível de tecnologia e, com isso, a produtividade e a produção.

De outro lado, acredito que a indústria não pode ficar sem crédito para exportação. Crédito para exportação é importante neste momento, porque temos de ampliar os nossos mercados, ao invés de reduzi-los neste momento da crise. Temos de conquistar novos mercados, porque, depois, fica mais fácil manter as nossas empresas nos mercados conquistados. Se tivermos o cuidado, agora, de não reduzir os créditos para exportação, não teremos a dificuldade, mais tarde, de ter conquistado um mercado e de tê-lo perdido logo adiante. Para que o Governo mantenha esse nível de comércio exterior e a balança comercial positiva, com saldos positivos cada vez maiores, como se verifica a cada ano, creio que o Governo brasileiro deveria manter ou até ampliar o crédito para exportação, porque, senão, corremos o risco de perder mercados que duramente foram conquistados.

De outro lado, creio que o Governo deve adotar outras medidas no que se refere ao custo da nossa produção. Os insumos que são importados para compor principalmente o custo de produção da agricultura, mas também da indústria, estão com os preços muito elevados. Acredito que, junto com esse elenco de medidas, o Governo deveria adotar providência no sentido de desonerar alguns produtos que têm de ser importados - não tem outro jeito, eles têm de ser importados -, para fazer parte do custo de produção tanto no setor primário quanto na indústria.

Entendo que as três medidas que acabo de citar seriam importantes. Elas não seriam suficientes para resolver a crise, mas elas seriam importantes no sentido de reduzir o impacto da crise no setor produtivo, uma vez que as previsões de crescimento do País para este ano já foram revistas para baixo. E para o ano que vem houve uma previsão, bastante otimista até, de 3,5% - e alguns já consideram que será impossível alcançar 3,5%. Com 3,5% não se gera os empregos necessários para colocar no mercado de trabalho os jovens que nele ingressam - cerca de 1,8 milhão a 2 milhões de jovens por ano -, não se mantém o atual nível de emprego e, principalmente, não se registra mais gente em carteira de trabalho, que é o grande desafio que temos que enfrentar em nosso País.

Por isso, nessa reunião que teremos às 16 horas, pretendo levar essas minhas considerações ao Presidente da República.

Sr. Presidente, muito obrigado pela gentileza de V. Exª.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/10/2008 - Página 38752