Discurso durante a 185ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Reflexão sobre as eleições em todo o País.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES.:
  • Reflexão sobre as eleições em todo o País.
Publicação
Publicação no DSF de 09/10/2008 - Página 39128
Assunto
Outros > ELEIÇÕES.
Indexação
  • AVALIAÇÃO, REALIZAÇÃO, ELEIÇÃO MUNICIPAL, AMBITO NACIONAL, CRITICA, EXCESSO, CORRUPÇÃO, COMPARAÇÃO, ELEIÇÕES, PERIODO, REPUBLICA, ANALISE, HISTORIA, BRASIL.
  • ELOGIO, CONDUTA, GETULIO VARGAS, EURICO GASPAR DUTRA, JUSCELINO KUBITSCHEK, CASTELO BRANCO, ERNESTO GEISEL, JOÃO BAPTISTA FIGUEIREDO, JOSE SARNEY, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, RESPEITO, ETICA, ELEIÇÃO MUNICIPAL, ESPECIFICAÇÃO, ESTADO DO PIAUI (PI), COMPARAÇÃO, GRAVIDADE, SITUAÇÃO, ELEIÇÕES, ATUALIDADE, GOVERNO.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Tião Viana, Parlamentares presentes, brasileiras e brasileiros aqui presentes e que nos assistem pelo Sistema de Comunicação do Senado, acabamos de viver o momento maior de uma democracia, que é o chamamento do povo, já que ela nasceu pelo povo nas ruas gritando “liberdade, igualdade e fraternidade”. Com esse grito, caíram todos os reis e surgiu esse regime.

            Agora, Senador Papaléo, atentai, nós não vamos falar da democracia do mundo, porque o tempo é pouco, nem do Brasil todo, mas da República Velha. A República Velha caiu por corrupção eleitoral. Getúlio foi contra. E aí passaram, em homenagem a Pedro Simon e aos gaúchos, quinze anos. Era um homem bom, mas foi um ditador. Aí voltou a República a que assistimos e vivemos, Tião. E para V. Exª e o seu Partido aprenderem.

            Então, o mundo quis voltar à democracia. Winston Churchill reuniu as forças democráticas do mundo e fez sucumbir Hitler, Mussolini, e o Japão. Pedro Simon, aqui, então, voltou ao Rio Grande do Sul o honrado Getúlio, estadista. Mas olha a seqüência - ô Tião, o Senado é para isso, e V. Exª tem por obrigação ensinar o Executivo - V. Exª. Aí vem o Dutra. A eleição do Dutra foi presidida pelo Presidente do STF com neutralidade. Eu já tinha nascido, os mais jovens não, mas Dutra ganhou - eu nasci na guerra - de Eduardo Gomes numa eleição presidida pelo STF. Dutra era aquela pessoa imparcial, incorruptível, honrada, honesta. Quando saiu da Presidência, mandou um sobrinho, Tião Viana, ajeitar uma casa, ao adentrar recuou porque achou que a casa era grande e que não teria condições de pagar por ela. Que exemplo de honestidade de Dutra! O genro explicou que era um amigo que havia cedido a casa. Ele não podia pagar pelo aluguel da casa, que era um sobrado - o ex-Presidente Dutra. 

            Mas ele presidiu com toda lisura o processo democrático. Getúlio Vargas ganha, pela segunda vez, do líder oposicionista da Revolta do Forte de Copacabana, Eduardo Gomes.

            Com o suicídio de Vargas, houve um período conturbado vivido pelo Congresso. Toma posse Café Filho, Carlos Luz. E Nereu Ramos preside imparcialmente, Marco Maciel, V. Exª se lembra, a eleição de Juscelino Kubitschek. E Juscelino, esse aqui, cassado e humilhado ali, deu um exemplo: ele presidiu as eleições e passou a presidência ao seu adversário, Jânio Quadros. Que beleza de exemplo de Juscelino!

            Jânio renunciou, assumiu João Goulart, e veio o período militar.

            Ô Marco Maciel, quero dar um testemunho. No período militar, os militares fizeram aqueles Ais, do AI 2 até o AI 5, mas as eleições eram mais honradas do que as de hoje, ó Presidente do TSE! Elas não vieram... ninguém podia votar em Presidente e Governador, mas as eleições municipais eram puras.

            Ô Pedro Simon, em 1972, antes Ulysses, nós tiramos do Governo...

            (Interrupção do som.)

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) -..., dos militares, da ditadura, a maior prefeitura do Estado do Piauí - antes Ulysses. Eram limpas, eram puras. Eu conheci pessoalmente, ô Marco Maciel, V. Exª pode ter conhecido tudo, mas eu conheci pessoalmente Carlos Castello Branco, homem honrado! Eu estudei em Fortaleza e o conheci de lá. Não conheci Costa e Silva, não conheci Médici, mas conheci Geisel, ô homem honesto, honrado e austero. E conheci João Baptista Figueiredo. Ô Tião, tomei dois porres com ele. Eu era Deputado Estadual, o Governador não gostava de beber, e me chamava. Tomei, tomei. O Dr. Lucídio Portella, no Piauí, não bebia, e o Figueiredo quis, e eu fiz companhia. Mas vou lhe dizer o seguinte: ô homem honrado, ele, o Figueiredo. Não, você tem de aprender e dar o recado ao Presidente da República. Olha, eu vi o Figueiredo, e a gente sabe In vino veritas. Eles deram uma missão para ele, como se dissessem “Vá para o Iraque”, e ele ia; e cumpriu e fez a abertura. Vamos ser justos: homem honrado. As eleições que ele presidiu foram honradas. Esse, eu conheci.

            Aí veio o Presidente Sarney. Que belo comportamento nas eleições que ele presidiu. Passou - não foram os seus que foram eleitos - para o seu adversário, Fernando Collor. O comportamento do Presidente Sarney, ô Marco Maciel, foi de uma austeridade, de uma imparcialidade, de uma dignidade, tanto que o seu adversário ganhou, o Collor. Depois, entrou o Itamar. O Itamar tinha uma popularidade igual ao Presidente Luiz Inácio, quando presidia...

            (Interrupção do som.)

            O SR. PRESIDENTE (Tião Viana. Bloco/PT - AC) - Peço a V. Exª que conclua, Senador Mão Santa.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Vou concluir. É para V. Exª aprender História do Brasil. É necessário todos nós aprendermos, está entendendo?

            Então, aí vem o Fernando Henrique. Olha o comportamento de Itamar. Fernando Henrique Cardoso, quero, ninguém vai me tirar para dar esse ensinamento. Ô Pedro Simon, Fernando Henrique Cardoso... Eu fui eleito, não votei nele, votei em Quércia, sou do PMDB, 98, reeleito. Ô Tião, presta atenção o estadista que era Fernando Henrique. Por que eu ganhei? Eu sou o bom? Não. O candidato ele tinha, do PSDB. Eu ganhei porque ele foi justo, correto, imparcial, ético e decente. Teve um segundo turno? Foi o do PFL para mim. Perdeu porque Fernando Henrique foi digno juiz e árbitro-presidente. Não teria ganhado. Ele tinha os candidatos do Piauí, como estamos vendo agora. Não basta não. Está imoral o negócio. Eu nunca vi tanta corrupção.

            (Interrupção do som.)

            O SR. PRESIDENTE (Tião Viana. Bloco/PT - AC) - Mais um minuto para V. Exª, Senador Mão Santa.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - É o suficiente para eu lembrar o que Ulysses disse. Ulysses, Tião, atentai bem, disse que a corrupção é o cupim que corrói a democracia. Eu nunca vi na minha vida e na história do Brasil eleições tão corruptas.

            Presidente Luiz Inácio, eu quero ajudá-lo. Será que todos esses que representam a história estão errados? Foi por isso, Tião. Aprenda! Está ali Rui Barbosa, porque na Primeira República quiseram fazer essas eleições, facciosas, um militar entregando para o outro, e Rui Barbosa, quiseram lhe dar a chave do cofre, e ele disse: “Não troco as trouxas de minhas convicções por um Ministério”.

Então, as eleições no Brasil voltaram a ser as mais corruptas da história do mundo.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/10/2008 - Página 39128