Discurso durante a 186ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Morosidade na apreciação, pela Câmara dos Deputados, do projeto que extingue o fator previdenciário.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PREVIDENCIA SOCIAL.:
  • Morosidade na apreciação, pela Câmara dos Deputados, do projeto que extingue o fator previdenciário.
Aparteantes
Paulo Paim.
Publicação
Publicação no DSF de 10/10/2008 - Página 39303
Assunto
Outros > PREVIDENCIA SOCIAL.
Indexação
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), APROVAÇÃO, COMISSÃO, SENADO, EXTINÇÃO, FATOR, NATUREZA PREVIDENCIARIA.
  • REGISTRO, LUTA, PAULO PAIM, SENADOR, AUTOR, PROJETO DE LEI, PROPOSIÇÃO, EXTINÇÃO, FATOR, NATUREZA PREVIDENCIARIA, CRITICA, DEMORA, CONGRESSO NACIONAL, VOTAÇÃO, APROVAÇÃO, MATERIA, FALTA, APOIO, LIDER, BANCADA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), CAMARA DOS DEPUTADOS, PREJUIZO, APOSENTADO.
  • ELOGIO, COMPROMETIMENTO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, EFETIVAÇÃO, SANÇÃO, EXTINÇÃO, FATOR, NATUREZA PREVIDENCIARIA, MELHORIA, SITUAÇÃO, APOSENTADO.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Alvaro Dias, Parlamentares presentes, brasileiras e brasileiros aqui presentes e os que nos assistem pelo Sistema de Comunicação do Senado, atentai bem, o Senado realmente é uma instituição que funciona, porque, nesses 183 anos, são gerações e gerações de iluminados organizados.

            Os Senadores, pela manhã, recebem uma mídia com todos os assuntos que interessam ao País e ao mundo. Ô, Paim, Ô Geraldo Mesquita, depois de olhar todas as informações, tirei a mais importante, que é uma lástima, e lamento, mas é verdade. Olha, eu acho que quem tem mais ajudado Sua Excelência o Presidente da República sou eu, porque eu levo a verdade. Cristo dizia: “De verdade em verdade vos digo”. Paim, quando for ao México, verás uma frase de um General que diz: “Eu prefiro o adversário que me diga a verdade ao puxa-saco aloprado que me mente e me engana”. É o General Obregón. Que coisa bonita que o Presidente deveria entender.

            Folha de S.Paulo: “Comissão aprova o fim do fator previdenciário”. Paulo Paim, eu vou dizer: eu fui representar este Senado com Dornelles e o Ministro Lupi, na OIT, em Genebra. Eu disse: “Ministro, o mais bonito do Governo Luiz Inácio - gente boa, o Lupi, agradável - foi o salário mínimo que melhorou.” Quando aqui nós entramos, era US$70. Paim esbravejou ali que íamos passar para US$100, e eu fui seu Cirineu nessa jornada. Hoje já está por US$220. Essa foi a maior realização. E o Ministro parou, mudou o discurso dele e eu sugeri que terminasse com Rui Barbosa, que só tinha cinco minutos. Rui Barbosa disse: “A primazia tem que ser dada ao trabalho e ao trabalhador.” Ele veio antes, ele é que faz a riqueza.

            Isso, com certeza - está ouvindo, Suplicy? - ele disse inspirado em Deus, que disse: “Comerás o pão com o suor do teu rosto.” E no próprio Apóstolo Paulo, que disse: “Quem não trabalha não merece ganhar para comer.” Mas e aqueles que trabalharam, os nossos velhinhos aposentados? Ô, Presidente Luiz Inácio, eles estão muito sofridos!

            Juscelino tem um pensamento que diz que a velhice é uma tristeza, mas desamparada é uma desgraça. Juscelino, sorridente, simpático.

            E os nossos aposentados estão desamparados. Nós roubamos os aposentados. Nós, quando eu digo, não é o Luiz Inácio, não, somos nós. O Governo somos nós; tem três pernas: o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. Nós nos comprometemos a pagar dez salários mínimos; estão recebendo cinco; nós nos comprometemos a pagar cinco salários; e estão recebendo dois.

            E Paulo Paim, do Partido dos Trabalhadores, que honra esse nome e essa luta - antes de chegar aqui, eu já o conhecia por essa luta - foi que nem o Dom Quixote. Eu o ajudei. Fui Relator na CAE, na Comissão de Justiça, aqui. E posso dizer como Cícero dizia sobre o Senado e o povo de Roma: “O Senado e o povo do Brasil, aqui.” Depois de Paim andar muito tempo, por muitos anos, com muitos tropeços, muita luta, ela foi aprovada por unanimidade. E foi à Câmara. Na Câmara, vocês têm de separar o joio do trigo. Aquele Chinaglia, ali, ô vergonha nacional! Atentai bem, é ele o culpado! Atentai bem para o que está aqui, Paim. Eu lamento, Paim. Eu não sei como V. Exª ainda não teve um enfarte, porque tanto lutou, com o seu coração grande, generoso e sensível, pelos pobres aposentados deste País.

            Olha aí a manchete: “A Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara aprovou ontem, por unanimidade, o projeto que extingue o fator previdenciário, índice usado para calcular o valor das aposentadorias”.

            Paim ensinou que só o Brasil tem esta vergonha. Nenhuma sociedade do mundo inventou essa malandragem para roubar os aposentados. E ele provou, convenceu a todos. Foi aprovado. Está lá. E a tristeza.

            Lembro-me, Geraldo Mesquita, de Charles de Gaulle, aquele que disse: “Este não é um país sério.” Foi verdade. Ele estava no Itamaraty, aí começaram a apresentá-lo a general, general, general. Na França tem quatro generais só, cinco em guerra. E ali ele conheceu uns doze. Ele se virou para o assessor e disse: “Este não me parece um país sério.” Mas esse Charles de Gaulle disse o que eu quero lhe dizer. Rapaz, o Rio Grande do Sul, de tanta gente de grandeza, olha aqui. O Charles de Gaulle disse: “Os maiores inimigos da França estão em Paris.” Para ele libertar a França do jugo dos alemães, de Hitler, ele teve que fugir para a Alemanha. Os maiores adversários da França estão em Paris. E V. Exª, o Líder do Governo, diante PT, diz o seguinte: “Apesar de contar com o apoio de grande parte dos deputados da base aliada do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o líder Henrique Fontana, PT do Rio Grande do Sul, avisou que o projeto não está entre as prioridades do Governo e não deve ser votado em 2008”.

            Olha, gaúcho, onde está o trabalho de Getúlio Vargas, Alberto Pasqualini, João Goulart, Pedro Simon, Zambiasi? O gaúcho enterrou. Vão morrer os velhinhos. Não dá mais para explorar. Tem é velhinhos se suicidando porque estão capando e estão sofrendo.

            Nessas andanças políticas, Gilvam Borges, quero lhe dizer que encontrei muitos aposentados. Por isso, estou falando aqui. Todos choramingando e acreditando no Paim, acreditando no PT, acreditando no Presidente Luiz Inácio. E o Chinaglia embrulha e manda esse do Rio Grande do Sul.

            Concedo um aparte ao Paim, que deve estar... Eu compreendo. Ao sair daqui, você tem que ir ao cardiologista Até tu, Brutus! - você tem que dizer isso ao irmão gaúcho, do PT, que está enterrando o seu projeto. Isso é uma indignidade!

            O Sr. Paulo Paim (Bloco/PT - RS) - Senador Mão Santa, um rápido aparte. Primeiro, quero dizer, por uma questão de justiça, que o Presidente da Câmara, Deputado Arlindo Chinaglia, esteve em Porto Alegre na semana retrasada. Eu conversei com ele, que me disse exatamente que, como o Presidente Lula tinha já anunciado que, uma vez que o projeto do fim do fator e do reajuste dos aposentados fosse aprovado na Câmara, ele não o vetaria. O Arlindo disse a mim que ele colocará os dois projetos em votação, porque entende que a Câmara vai decidir. E se o Presidente não vetar, naturalmente será um ganho enorme para os aposentados. Quanto ao Líder Henrique Fontana, pelo que percebi da sua explicação, ele não é contra o projeto do fator previdenciário. Ele está dizendo que, até o momento, não houve orientação da prioridade. Eu entendo que a orientação da prioridade vai ser dada a partir do dia 26, Senador Mão Santa. Por quê? Nós teremos milhares de brasileiros fazendo uma vigília e uma caminhada em direção à Câmara. Essa caminhada, com certeza, vai garantir a prioridade e, conseqüentemente, a votação e a aprovação, tanto do 42 como do fator previdenciário ainda neste ano. A mobilização popular é que vai dar a prioridade. E eu sei que isso vai acontecer no mês de novembro, o mais tardar na data-limite de 3 de dezembro, quando teremos aqui uma concentração que esperamos que ultrapasse a 20 mil pessoas, cujo eixo é o fim do fator previdenciário.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Incorporo todas as palavras, aliás, a luta do Paim. Continuamos sendo seu Cirineu. Estamos aqui acreditando. Não foi brincadeira a luta. Aquela tem que ter resultado. O Paim não vai nadar, nadar, morrer na praia e, com sua morte, os velhinhos vão sofrer muito.

            Então, eu queria dizer o que ele diz, o líder, o gaúcho: “A nossa prioridade agora é votar o fundo soberano [o que é uma besteira, não tem finalidade, principalmente nesse mundo convulsivo da economia. Isso é uma palhaçada nesse momento da economia!] e a medida provisória contra a crise da reforma tributária.”

            O jornalista da Folha de S.Paulo, sucursal de Brasília, diz: O texto, de autoria do senador petista Paulo Paim (RS), chegou a receber críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pelo fato de ele não indicar a fonte de recursos para custear o aumento das despesas.

Depois, no entanto, o presidente disse que a proposta não será vetada quando chegar para sua sanção.

            Então, os nossos aplausos ao Presidente da República e a nossa decepção quanto ao Líder do PT.

            Sr. Presidente, para terminar, diria que lembro-me do Castro Alves, do Navio Negreiro, dos escravos: “Ó, Deus, onde estás que não acaba com o sofrimento desses nossos aposentados? Afastai pessoas como o Líder do PT, que está atormentando e arruinando os nossos velhinhos!”

            Era o que tinha a dizer.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/10/2008 - Página 39303