O SR. CRISTOVAM BUARQUE (PDT - DF. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ultimamente, eu tenho vindo aqui falar da crise que nós vivemos, da necessidade de uma reorientação não apenas do sistema financeiro, mas de todo o modelo produtivo brasileiro. Não disse modelo econômico, porque é uma coisa muito mais ampla. Implicaria saber se fechamos ou abrimos a economia - e não há outra forma de se manter aberto -, se deixamos ou não o mercado funcionando - não há outra maneira a não ser deixar o mercado funcionando. Mas o que produzir? Onde incentivar produções novas? É o que eu venho dizendo, para deixar claro que, se nós não fizermos a reorientação do modelo produtivo, a crise atual, mesmo superada, voltará.

Mas hoje, Sr. Presidente, não venho falar disso, nem dessas discussões sobre a eleição em São Paulo; venho falar sobre uma experiência agradável ocorrida ontem, à noite, na entrega do Prêmio Educador Nota 10, promoção anual da Fundação Victor Civita.

Eu, que tanto critico a situação da educação brasileira e não tenho motivo para dizer que ela está melhor, tenho que reconhecer no exercício feito pela Fundação Victor Civita uma grande contribuição para elevar a auto-estima dos professores brasileiros e, ao mesmo tempo, para divulgar boas experiências.

Ontem foram entregues dez prêmios e um prêmio a uma escola. Eu faço questão de aproveitar aqui a oportunidade para divulgar não só o Prêmio Educador Nota Dez, da Fundação Vitor Civita, mas citar os vencedores, como o Prof. Ademir Pereira Júnior, que formulou - e nós vimos lá a experiência dele - formas formidáveis de cálculo mental para as suas crianças na 5ª série, em Maringá, no Colégio Adailde Maria Leite; a professora que foi inclusive a escolhida como a grande vencedora, Andréia Silva Brito, que ensinou, criou uma forma de ensinar poliedros e corpos redondos aos seus alunos da 6ª série, numa escola chamada Carlos Drummond de Andrade, em Presidente Médici, Rondônia; a Profª Débora Lisiane Carneiro Tura, que inventou a maneira de utilizar blog para ensinar inglês aos seus alunos da 5º série. Aquilo que nós todos defendemos e que muitos países já estão fazendo, isto é, o ensino do inglês desde a 1ª série, a gente vê lá longe, em Quevedos, no Rio Grande do Sul, com a professora não só fazendo isso, mas utilizando modernos métodos, como o uso do blog. Cito, ainda, a Profª Elaine Terezinha Matiolli Coviello, que é de Pirangi, São Paulo, que deu aulas... A gente viu isso num vídeo, de uma maneira animadora, sobre a resolução de problemas de medidas e cálculos, na prática, para alunos da 3ª série na Escola Joaquim de Abreu Sampaio Vidal; o professor Herivaldo Alves Pereira, de Bertioga, que fez um programa de cooperação das crianças de Bertioga, da 6ª série, com pessoas de Macau, lá longe, na Ásia, sobre a diversidade cultural e intercâmbio postal na Escola Professora Maria Aparecida Pinto de Abreu Magno, em Bertioga; a professora Inês Prates Galindo, que ensinou uma maneira de renovar, aproveitar, utilizar pilhas com criança no 1º ano, na Escola Básica Profissional Fundação Bradesco, em Marília; o professor Joalton Suruí - e eu tive o prazer de entregar-lhe o prêmio - que inventou uma maneira não apenas de ensinar, mas de escrever a língua do seu povo paiter suruí, que tem uma língua, tem histórias, tem lendas e não tinha como escrever, porque eles não tinham método de escritura. Ele criou a escrita e ensinou a seus alunos do sexto ao nono ano, lá em Cacoal, Rondônia. O professor Jorge Luiz Marques de Moraes fez um belo estudo sobre Ariano Suassuna para alunos da língua portuguesa da oitava série no colégio Pedro II, no Rio de Janeiro. A professora Luciana do Nascimento Santos ganhou o prêmio por um programa bonito para criança, da educação infantil, sobre as origens africanas num país chamado Brasil, em São Paulo, São Paulo; Maria Helena Klein, professora, fez um programa sobre interação escolar e meio ambiente para os alunos de Geografia da segunda série, na Escola Francisco Lacerda de Aguiar, em Vitória, Espírito Santo.

E finalmente um prêmio para a escola inteira. Quem recebeu foi a professora Adilma de Sousa Oliveira, com um programa sobre formação continuada dos professores na Escola Serafina Carvalho, em Itupiranga, Pará.

Sr. Presidente, eu quero dizer que, desses prêmios, ficou faltando mais um e eu preciso de um minuto para concluir.

O SR. PRESIDENTE (Jayme Campos. DEM - MT) - Eu concedo mais dois minutos a V. Exª.

O SR. CRISTOVAM BUARQUE (PDT - DF) - Eu nem vou precisar dos dois minutos - agradeço a generosidade de V. Exª.

Faltou um prêmio, aqui, e quero que este Senado o reconheça - faltou um prêmio à própria Fundação Victor Civita. Faltou um prêmio para essa Fundação que há anos vem oferecendo o prêmio “Educador Nota 10” no Brasil. Se tivéssemos outros prêmios como esse, se tivéssemos outras mobilizações como essa, reconhecendo o trabalho de educadores ao longo do Brasil, eu tenho certeza de que não seria suficiente para fazer a revolução que nós precisamos mas seria, sim, um passo para dar auto-estima aos nossos professores, que, amanhã, tem o seu dia sendo comemorado.

Era isso, Sr. Presidente, e agradeço o tempo concedido.